Gálatas 3:6-14: Salvação por Maldição
- Pastor Alex Daher
- 15 de abr.
- 19 min de leitura
Série em Gálatas: A Mensagem da Cruz 13 de abril de 2025 – IBJM
O que é fé? Como você definiria “fé”? Diferentes pessoas usam a palavra “fé” de diferentes maneiras.
Uma pessoa está na fila da loteria. Ela encontra uma amiga lá e fala para ela: “Eu preenchi a cartela. Eu tenho fé essa semana eu vou ganhar os R$ 30 milhões da Mega-Sena”. Essa é uma maneira de usar a palavra fé, mas não é essa a maneira como a Bíblia usa.
Ou, o que você diria se eu que preciso fazer uma cirurgia no coração e eu digo para você: “Eu vou para o Centro de Sumaré hoje à tarde, vou vendar meus olhos, e a primeira pessoa que esbarrar em mim, eu vou pedir para ela operar meu coração. Eu tenho fé que vai dar certo.”? Isso não é fé. Isso me parece loucura.
Mas e se eu preciso fazer uma cirurgia no coração, e eu descubro que o melhor cardiologista do Brasil mora em Sumaré. E ele é cristão. E ele opera pastores sem cobrar nada. E eu vou até o consultório dele, e nós ficamos 2 horas conversando.
Assim que entrei na sala dele, ele me recebeu com um sorriso, pediu para eu entrar, e orou por mim. Ele tirou todas as minhas dúvidas. Na parede atrás dele, tem mais diploma do que parede. E eu digo para você: “Dr. João Fonseca vai operar o meu coração. Eu confio nele”. Agora nós estamos nos aproximando da maneira como a Bíblia fala de fé.
O que nós temos mais perto de uma definição de fé na Bíblia está em Hebreus 11:1:
Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que não se veem.
Certeza. Convicção. Fé é confiança.
Ter fé é confiar que aquilo que aquela pessoa prometeu, ela vai cumprir. Você percebe como ter fé em alguém honra aquela pessoa?
Quando eu confio em alguém, eu estou fazendo uma declaração sobre o caráter dela. Eu estou dizendo: “Você é digno da minha confiança”. Fé honra aquele em quem nós colocamos nossa fé.
A pessoa mais confiável nesse mundo é Deus. Você pode confiar nele. Sempre. Você pode colocar toda a sua vida nas mãos dele e descansar. Sempre.
• Ele nunca vai prometer alguma coisa e deixar de cumprir.
• Ele nunca vai fazer nada errado com você.
• Ele nunca vai mentir para você.
Você pode colocar sua fé em cada palavra que sai da boca de Deus. E viver por elas.
Nessa passagem de Gálatas, Paulo está usando as palavras que saíram da boca de Deus no Antigo Testamento para continuar mostrando que nós somos justificados pela fé em Cristo, não pelas obras da lei—não pela nossa obediência.
E porque Deus é completamente confiável, nós e os Gálatas devemos viver pela fé.
No parágrafo anterior, Paulo usou a experiência dos Gálatas na pregação, na conversão e na santificação deles para trazer os Gálatas de volta ao evangelho da graça.
Agora Paulo usa as Escrituras para resgatar os Gálatas das garras do enganadores. Ele quer provar um único ponto: que a justificação é pela fé em Cristo e não pelas obediência às obras da lei. Paulo constrói o argumento dele em 3 etapas:
1. VOCÊ SE TORNA CRISTÃO CONFIANDO COMO ABRAÃO
2. CONFIAR NA LEI TRAZ MALDIÇÃO
3. CONFIAR EM CRISTO TRAZ BÊNÇÃO
1. VOCÊ SE TORNA CRISTÃO CONFIANDO COMO ABRAÃO (vv. 7-9)
Abraão também era crente, como você.
Paulo usa o exemplo de Abraão porque Abraão é o pai da nação de Israel. Se Paulo consegue provar que Abraão foi justificado pela fé e não por obras, ele consegue demolir o castelo maligno da justificação pela obediência à lei.
Esses enganadores que invadiram as igrejas de vocês estão dizendo que vocês precisam obedecer a lei de Moisés para vocês, gentios, serem parte do povo de Deus. Mas nem com Abraão foi assim!
Paulo usa 2 momentos da vida de Abraão para mostrar que ele foi justificado (salvo) pela fé.
Primeiro, o dia em que Deus falou para Abraão contar as estrelas.
1.1 GÊNESIS 15: CONTE AS ESTRELAS
[6] É o caso de Abraão, que [ele cita Gênesis 15:6] “creu em Deus, e isso lhe foi atribuído para justiça”.
Deus tinha prometido que faria de Abraão uma grande nação. Na época, Abraão já tinha 75 anos. E passa um mês, e Sara não fica grávida. E passa mais um mês, e Sara não fica grávida. E mais um ano. E mais um ano. E mais um ano. E o tempo passa, Abraão e Sara estão ficando cada vez mais velhos e os filhos não vem.
E como aconteceria com qualquer um de nós, eu imagino, Abraão começa a ficar preocupado. Ansioso. Com medo.
Mas existe um Deus no céu que conhece o nosso coração. Ele sabe a Palavra que você precisa ouvir para continuar tendo fé. Ele vê o coração de Abraão tremendo, e ele diz para Abraão.
— Não tenha medo, Abrão, eu sou o seu escudo, e lhe darei uma grande recompensa (Gênesis 15:1).
Mas como nós, muitas vezes, é uma luta para confiar em Deus, mesmo Deus sendo completamente confiável.
[2] Abrão respondeu: — Senhor Deus, que me darás, se continuo sem filhos e o herdeiro da minha casa é o damasceno Eliézer [um servo dele]?
Muitas vezes, é uma luta para confiarmos em Deus. O problema não está em Deus. Ele é perfeitamente confiável. O problema também não está na situação em si, porque Deus é soberano e pode fazer qualquer coisa. O problema está no nosso coração que ainda não é perfeitamente crente.
É verdadeiramente crente, mas ainda não perfeitamente crente.
Mas não tenha medo, crente. Nós temos um Deus perfeitamente compassivo e bondoso, tardio em irar-se e grande em misericórdia e fidelidade. Então Deus no céu fala com Abraão na terra:
— Esse não será o seu herdeiro. Pelo contrário, aquele que será gerado por você, esse será o seu herdeiro (Gênesis 15:4).
O Senhor tira Abrão da tenda dele. Leva-o para fora e diz:
— Olhe para os céus e conte as estrelas, se puder contá-las. E [Deus diz]: — Assim será a sua posteridade (Gênesis 15:5).
Abraão olha para o céu e acontece um milagre: o milagre da fé.
Gênesis 15:1-6—Abrão creu no Senhor, e isso lhe foi atribuído para justiça.
Essa é a passagem que Paulo está citando.
Abraão não fez nada para Deus. Na verdade, Deus é quem está prometendo fazer coisas para Abraão. Abraão não moveu uma palha. Abraão não levantou um dedo. Abraão só levantou os olhos para o céu.
Abraão não obedeceu nenhuma das leis de Moisés—que por sinal nem existiam ainda. Moisés nem tinha nascido. Moisés e a lei de Moisés vieram só 700 anos depois de Abraão.
Abraão não foi circuncidado, e isso lhe foi atribuído para justiça.
Abraão não foi batizado, e isso lhe foi atribuído para justiça.
O texto diz: Abrão creu!
Abrão creu no Senhor, e isso lhe foi atribuído para justiça (Gênesis 15:1-6).
A justificação é pela fé. Sempre foi.
Fé fez Abraão ser considerado justo—foi atribuída, imputada, creditada a justiça de Deus na conta do pecador Abraão. Sem ele ter feito nada a não ser crer.
Conclusão:
[7] Saibam, portanto, que os que têm fé é que são filhos de Abraão.
Os filhos de Abraão—que é só uma outra maneira de dizer: aqueles que são parte do povo de Deus—são aqueles que têm fé. Assim você é perdoado por Deus. Não fazendo para Deus. Crendo em Deus.
Crente, não tenha medo. Deus é seu escudo. Continue crendo. Continue esperando no Senhor. Ele é digno da sua confiança, mesmo quando ele faz você esperar. Eu sei que você crê nisso. Continue sendo um crente.
Paulo agora volta no tempo, ele vai de Gênesis 15 para Gênesis 12, quando Abraão era um pagão e Deus chamou Abraão (na época, Abrão) para se tornar pai de uma grande nação. Essa é uma das passagens mais importantes do Antigo Testamento.
1.2 GÊNESIS 12: SAI DA SUA TERRA
[8] Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria os gentios pela fé, preanunciou o evangelho a Abraão, dizendo: “Em você serão abençoados todos os povos.”
Não só os judeus. Todos os povos: judeus, brasileiros, americanos, haitianos, indianos, australianos, moçambicanos, chineses, japoneses e portugueses.
A promessa que Deus deu para Abraão foi que seriam abençoados todos os povos.
Vamos abrir em Gênesis 12 e ler essa promessa. Essa promessa é fundamental para entender a história da Bíblia e o evangelho:
Gênesis 12:1-3—O Senhor disse a Abrão: — Saia da sua terra, da sua parentela e da casa do seu pai e vá para a terra que lhe mostrarei. Farei de você uma grande nação, e o abençoarei, e engrandecerei o seu nome. Seja uma bênção! Abençoarei aqueles que o abençoarem e amaldiçoarei aquele que o amaldiçoar. Em você serão benditas todas as famílias da terra.
Paulo chama essa promessa de um pré-anúncio do evangelho da justificação pela fé. Eu amo o apóstolo Paulo! Deus está prometendo benção para todas as famílias da terra—ou todos os povos—através de Abraão.
E quando nós continuamos na história de Deus com Abraão, nós vemos que Deus conecta a bênção de Gênesis 12 com a justificação de Gênesis 15. É isso que Paulo está fazendo. A benção é ser justificado pela fé para ser reconciliado com Deus. Ser abençoado é ser justificado.
Conclusão:
[9] De modo que os que têm fé são abençoados com o crente Abraão.
O versículo 7 e o versículo 9 são paralelos. Eles são conclusões do relacionamento de Deus com Abraão. Vamos juntar os dois:
[7] Saibam, portanto, que os que têm fé é que são filhos de Abraão.
[9] De modo que os que têm fé são abençoados com o crente Abraão.
A benção de Deus vem pela fé em Deus. Foi assim com Abraão. É assim hoje com você. A benção de fazer parte do povo de Deus (ser um filho de Abraão), a benção de ser justificado (salvo!).
UMA JUSTIÇA ATÉ O CÉU
Tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento, as pessoas são salvas pela fé. Sempre foi assim e sempre será. Nenhuma pessoa que está no céu hoje foi salva pela obediência dela.
Nenhuma pessoa no céu está lá porque viveu uma vida boa o suficiente. Para você ser bom o suficiente e ir para o céu, você precisa ter vivido como Jesus.
E a distância entra a nossa justiça e a justiça de Jesus é a distância entre a Terra e o Sol: 150 milhões de quilômetros. Essa é a distância.
Nossa tendência é nos compararmos com as pessoas desse mundo e pensarmos que estamos bem. Mas o problema com a tentativa de irmos para o céu nos comparando com os outros é que Deus não vai nos comparar com os outros. Deus vai nos comparar com Jesus.
Imagine a pessoa mais santa que já viveu nesse mundo. Eu não sei se foi José. Ou Isaías. Ou Daniel. Ou João Batista. Ou o apóstolo Paulo. Ou o Patriarca.
Mas imagine a pessoa mais santa. Ele está no topo do Monte Everest. E a pessoa mais vil, o pior criminoso nesse mundo está na terra. Os dois levantam a mão para alcançar o Sol, qual dos dois consegue?
O criminoso está a 150 milhões de quilômetros. E o homem mais santo no monte Everest, o monte mais alto, está 10km mais perto—ele está há 149 milhões e 999 mil e 990 quilômetros. Ele está 0,000007% mais perto. Nossas obras não ajudam.
Quando nós percebemos quão longe nós estamos da justiça que Deus exige, quão longe nós estamos de viver a perfeição de Jesus, o evangelho da graça—da justificação pela fé—é libertador. Ele se torna, realmente, uma boa notícia.
Mesmo com a nossa montanha de pecados que vai até o céu, Deus nos perdoa porque a justiça de Cristo está acima do céu.
Ele é a nossa esperança. Ele é a nossa justiça:
1Coríntios 1:30-31—Mas vocês são dele, em Cristo Jesus, o qual se tornou para nós, da parte de Deus, sabedoria, justiça, santificação e redenção, para que, como está escrito, “aquele que se gloria, glorie-se no Senhor”.
Meditar no nosso perdão na cruz é libertador.
Na segunda etapa do argumento que Paulo está construído, ele mostra que fé leva à benção, mas tentar ser salvo pela obediência à lei leva maldição.
Paulo prova usando as próprias Escrituras (a Bíblia) que:
2. CONFIAR NA LEI TRAZ MALDIÇÃO (vv. 10-12)
Enquanto confiar em Deus traz a benção da salvação, confiar na lei—na justificação dos pecados pela obediência a lei—só vai trazer maldição para a nossa vida.
Paulo, por que eu sou justificado só pela fé e não por nenhuma obra que eu faça?
[10] Pois [porque] todos os que são das obras da lei estão debaixo de maldição, porque está escrito:
Paulo empilha 3 passagens do Antigo Testamento para sustentar a verdade de que confiar na lei traz maldição:
2.1 DEUTERONÔMIO 27 (v. 26)
[10] (...) “Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da Lei, para praticá-las.”
2.2 HABACUQUE 2 (v. 4)
[11] E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque “o justo viverá pela fé”.
2.3 LEVÍTICO 18 (v. 5)
[12] Ora, a lei [a justiça que vem da lei] não procede de fé, mas “aquele que observar os seus preceitos por eles viverá”.
Paulo empilha 3 passagens do Antigo Testamento—Deuteronômio 27, Habacuque 2 e Levítico 18—para provar que a salvação (o perdão dos nossos pecados) sempre foi pela fé, e não pela obediência a lei.
Paulo está mostrando que esses dois caminhos para a justificação—o caminho da fé ou o caminho da lei—são incompatíveis. Eles não podem se reconciliar. Eles são caminhos diferentes que levam a destinos diferentes. O caminho da fé leva a benção e o caminho da lei leva à maldição.
A intenção de Deus nunca foi justificar ninguém através da lei de Moisés.
O plano de salvação de Deus nunca foi perdoar aqueles que obedecem toda a lei. Nunca.
Como as pessoas eram salvas na época do Antigo Testamento? Da mesma maneira que elas são salvas hoje, na época do Novo Testamento. Sempre foi e sempre será pela fé, não pelas obras.
O papel da Lei de Moisés—dada 700 anos depois que Abraão nasceu—era mostrar que Deus é santo e que nós somos pecadores e dar um sistema de sacrifícios que permitisse que esse Deus santo habitasse com pecadores.
Um sistema de sacrifícios que incluía matar cordeiros inocentes no lugar de pecadores que tinham fé. Cordeiros que apontavam para o Cordeiro de Deus—Cristo, sacrificado no altar da Cruz do Calvário no lugar daqueles que confiavam na promessa de salvação de Deus.
Tanto no Antigo Testamento quanto no Novo Testamento, a salvação sempre foi pela fé—fé na promessa de Deus de enviar um Salvador. No Antigo Testamento, a promessa de que ele viria. No Novo Testamento, a promessa de que ele já veio.
Justificação, salvação, o perdão de Deus, sempre foi e sempre será pela graça somente por meio da fé somente em Cristo somente. De acordo com a Escritura somente. Para a glória de Deus somente.
“Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor”.
DOIS MONTES, DUAS ALIANÇAS
Veja como Deus, desde o início, estava mostrando para Israel que ninguém é salvo pela obediência e lei, mas pela fé no Deus que perdoa pecados.
A primeira citação está no versículo 10. Paulo cita Deuteronômio 27:
[10] (...) “Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da Lei, para praticá-las.”
Essa frase é uma declaração que deveria aconteceu no meio de uma cerimônia. Uma cerimônia de aliança entre Deus e Israel.
Eles estavam prestes a cruzar o Rio Jordão e entrar na Terra Prometida, depois de 40 anos no deserto. E assim que eles atravessassem o Rio Jordão, eles deveriam parar na cidade de Siquém. (A mesma cidade em que Deus fez a promessa de benção para Abraão!).
Em Siquém, o povo foi dividido em dois Montes: 6 tribos ficariam sobre o Monte Gerizim e 6 tribos ficariam sobre o Monte Ebal. As 6 tribos no Monte Gerizim iriam abençoar o povo. E as 6 tribos no Monte Ebal iriam amaldiçoar o povo.
Com todo povo ouvindo, os sacerdotes levitas deveriam proclamar 12 maldições como punição pela desobediência a lei. E para cada maldição, todo o povo dizia: “Amém!”
Sacerdotes: “Maldito o homem que fizer imagem de escultura”. E todo o povo de Israel gritava: “Amém!”.
Sacerdotes: “Maldito aquele que desprezar o seu pai”. “Amém!”
“Maldito aquele que tiver relações sexual ilícitas”. “Amém!”
“Maldito aquele que matar o seu próximo”. A todo o povo: “Amém!”
Imaginem a força desse “Amém!”. Moisés fala que 600 mil homens entraram na Terra Prometida. Isso dá uma população de pelo menos 2 milhões de pessoas somando mulheres e crianças. Imagine a força de 2 milhões de vozes.
Os sacerdotes dizem: “Maldito aquele que matar o seu próximo” e 2 milhões de pessoas gritando juntas: “Amém!”
A última maldição das 12 maldições é a citação em Gálatas:
[10] (...) “Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da Lei, para praticá-las.”
E 2 milhões de Israelitas gritaram: “Amém!”.
Agora, veja que interessante e triste ao mesmo tempo. Logo depois, na continuação dessa passagem em Deuteronômio, Moisés lista das bençãos e as maldições em mais detalhes. Ele usa 14 versículos para falar as bençãos e 54 versículos para falar das maldições.
Bençãos: 14. Maldições: 54.
Deus estava preparando Israel para o seu futuro—um futuro de desobediência. Entre as bençãos do Monte Gerizim e as maldições do Monte Ebal, Israel poderia esperar que Ebal iria engolir Gerizim, como as vacas magras engoliram as vagas gordas no sonho do Faraó. As maldições vão vencer com facilidade: 54 a 14.
Nós não precisamos ler muitas páginas depois para ver como essa foi a história de Israel com Deus. Um Deus muito compassivo e bondoso lidando com um povo muito desobediente e teimoso.
É impressionante como Deus não desistiu de Israel e destruiu todo o povo. É muito ingratidão e idolatria e desobediência.
Mas a lei não testemunha só contra Israel. A lei testemunha contra o Alex. A lei testemunha contra você. A lei expõe a minha ingratidão, minha idolatria e minha desobediência. A lei testemunha contra todo o mundo. Literalmente, todo o mundo.
Não sobra um inocente diante dela. A lei é uma testemunha de acusação invencível.
Paulo, em Romanos 3:
Ora, sabemos que tudo o que a lei diz é dito aos que vivem sob a lei, para que toda boca se cale, e todo o mundo seja culpável diante de Deus. Porque ninguém será justificado diante de Deus por obras da lei, pois pela lei vem o pleno conhecimento do pecado (Romanos 3:19-20).
Eu sei, essa é uma notícia horrível. A lei grita mais alto que os 2 milhões de Israelitas no Montes Ebal e Gerizim. A lei expõe nossa culpa, nossa vergonha, nosso pecado.
Essa passagem não termina em maldição. Porque a história da Bíblia não termina em maldição. A história do relacionamento de Deus conosco não termina em maldição. Termina em bênção.
Paulo não quer só derrubar o castelo mal-assombrado da salvação pelas obras da lei. Ele quer construir o castelo celestial revestido de ouro—que resplandece como diamante. O castelo que é habitado por um Rei compassivo e bondoso, tardio em irar-se e grande em misericórdia e fidelidade.
O castelo da graça. O castelo em que você não precisa fazer força nem para abrir os portões. Basta você levantar os olhos para o céu e crer nesse Rei. E os portões se abrem pela fé e justiça é atribuída a você.
O castelo em que os Gálatas nunca deveriam sair. Nem você. Dentro desse castelo, você está tão seguro como se você estivesse no céu.
Na última etapa do argumento de Paulo, é como se Paulo também saísse do Monte da Maldição e fosse para o Monte de Benção.
Paulo sai do Monte Sinai—onde a lei foi promulgada e nossa sentença de maldição determinada, e ele nos guia para o alto do Monte Calvário—onde está a cruz, e onde nós recebemos a bênção da salvação.
Confiar na lei traz maldição, mas:
3. CONFIAR EM CRISTO TRAZ BÊNÇÃO (vv. 13-14)
Paulo usa a Palavra de Deus para fazer uma operação de graça no nosso coração.
Sim, por causa da nossa desobediência a Deus, nós merecemos maldição, mas... Mas:
[13] Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar — porque está escrito: “Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro” [a cruz] —, [14] para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios, em Cristo Jesus, a fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido.
Paulo está citando uma lei em Deuteronômio 21.
Um homem pendurado no madeiro—um homem crucificado—contaminava a terra. Ele contamina porque ele é, a lei diz, “maldito de Deus”. Deus amaldiçoou aquele homem e aquele corpo pendurado no madeiro suja, polui, corrompe, contagia a terra com maldição.
Para nós entendermos o que Paulo está falando no versículo 13, vamos voltar para o versículo 10. Quem está debaixo de maldição?
Final do v.[10] (...) “Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da Lei, para praticá-las.”
De quem o versículo 10 está falando? Ele está falando de nós! Nós estamos debaixo da maldição de Deus porque nós não permanecemos em todas as coisas escritas no Livro da Lei. O resultado da nossa desobediência a Deus é a maldição.
Vocês sabem que Deus é um Juiz justo. Ele não pode ir contra a justiça dele e ignorar o nosso pecado. Mas vocês sabem que ele é também compassivo e bondoso, tardio em irar-se e grande em misericórdia e fidelidade.
Mas Deus não pode remover a justiça dele para ser amoroso. Ele é perfeitamente justo e perfeitamente amoroso ao mesmo tempo e sempre. Deus não suspende um atributo para usar outro.
Então nós temos um problema impossível de ser resolvido:
• Deus é justo e precisa nos amaldiçoar por causa do nosso pecado.
• Deus é gracioso e quer nos perdoar apesar do nosso pecado.
Nós temos um problema impossível de se resolver. Para os homens. Mas para Deus, nada é impossível. O plano de Deus, desde a eternidade, foi ele mesmo ser amaldiçoado para salvar ímpios como nós—ingratos, idólatras e desobedientes como nós.
O plano de Deus, onde justiça e graça se encontram, é e sempre foi a CRUZ.
Eu tenho boas notícias para você, pecador: existe uma maneira da maldição da lei que está sobre você ser removida, ser levantada de você e lançada para longe.
[13] Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar.
A maldição que nós merecemos não foi ignorada pelo Juiz de Toda a Terra. Deus levantou a maldição que estava sobre nós e lançou com toda a força nas costas de Jesus.
Nós cantamos aqui na igreja:
Este é o poder da Cruz // O próprio Deus por nós morreu
Quanto amor, o que custou // Seu sangue nos comprou perdão.
Nunca existiu e nunca existirá um plano como o plano de salvação que o nosso Deus criou.
Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão inexplicáveis são os seus juízos, e quão insondáveis são os seus caminhos! (Romanos 11:33-34).
Existe um objeto nesse mundo que tem força para fazer uma alavanca e retirar a maldição de cima de nós: é a cruz. E o poder da cruz está na pessoa que foi crucificada nela: o Filho de Deus, nosso Senhor Jesus.
John Stott, que foi pastor na Inglaterra alguns anos atrás, explicou assim em um excelente livro chamado “A Cruz de Cristo”:
A essência do pecado é o homem substituindo Deus por ele mesmo, enquanto a essência da salvação é Deus substituindo o homem por ele mesmo.
O homem se declara contra Deus e se coloca no lugar onde só Deus merece estar; Deus sacrifica a si mesmo pelo homem e se coloca no lugar onde só o homem merece estar.
O homem reivindica prerrogativas que pertencem a Deus somente; Deus aceita a penalidade que pertence ao homem somente.
Para você ser salvo, para você ser justificado, você não precisa (e não pode!) fazer nada. Você deve só levantar os olhos para o céu, como Abraão fez, e crer que Deus justifica aqueles que creem em Cristo.
• Nessa troca salvadora, nós só levantamos os olhos, mas Cristo teve que levantar o peso insuportável do nosso pecado e levar tudo até a cruz.
• E ainda mais. Ele teve que aguentar o peso de Satanás e os demônios puxando ele para o inferno.
• E mais o maior de todos os pesos. O peso da força da ira de Deus esmagando Jesus. E ele aguentou. Ele suportou. Ele absorveu. Tudo. Sozinho.
E quando você coloca sua fé em Cristo, sua maldição é lançada em Jesus e da cruz de Jesus é lançada bênção em você.
Paulo amarra o argumento dele no final voltando para Abraão. O que Jesus conquistou para nós na cruz? Para quê ele recebeu maldição no nosso lugar?
[14] para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios [nós!], em Cristo Jesus, a fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido.
Nós recebemos a benção de Abraão pela fé. E essa benção se manifesta em receber o Espírito Santo.
Por que o Espírito é a Benção? Porque o Espírito é a presença de Deus conosco. Ter o Espírito Santo habitando em você é ter Deus com você. O que Adão perdeu no Jardim, Jesus nos devolveu na cruz.
DEUS PASSOU SOZINHO
Paulo terminou a passagem voltando para Abraão. Eu quero terminar voltando para Abraão também. Voltando para o primeiro versículo:
[6] (...) Abraão (...) “creu em Deus, e isso lhe foi atribuído para justiça”.
Vocês lembram o que estava acontecendo antes: Abraão estava com medo. Ele ainda não tinha um descendente. Deus tira Abraão da tenda, fala para ele olhar para o céu e contar as estrelas. Abraão levanta os olhos e o milagre da fé desce até ele. Abraão creu e isso lhe foi atribuído para justiça.
Mas a passagem de Gênesis 15 continua. Ela continua em uma cerimônia. Uma cerimônia de aliança. Como teve no Monte Sinai. E nos Montes Gerizim e no Monte Ebal.
Deus fala para Abraão trazer uma novilha, uma cabra, um cordeiro, uma rolinha e um pombinho (v. 9). Abraão traz os animais, corta-os no meio e coloca as metades umas diante das outras (v. 10).
O sol de põe. Tudo fica escuro e Abraão fica com medo. De novo. Deus repete a promessa de herdeiros e de terra e avisa Abraão que o povo dele sofrerá, mas no final será salvo. Deus avisa também que aqueles não confiam nele podem se exaltar nesse mundo, mas no final eles serão julgados.
E chega o ponto alto da cerimônia. Deus se manifesta à Abraão:
[17] Quando o sol se pôs e houve densas trevas, eis que um fogareiro fumegante e uma tocha de fogo passaram entre aqueles pedaços dos animais.
O fogo e a fumaça representam Deus. Assim como Deus apareceu para Moisés em uma sarça pegando fogo e assim como o Monte Sinai ficou cheio de fumaça quando Deus deu a Moisés os 10 mandamentos, e assim como o templo ficava cheio de fumaça quando Deus se manifestada, aqui com Abraão, Deus usa também fumaça e fogo como símbolos visíveis da presença dele.
O que essa cerimônia significa? O que animais mortos com fogo passando pelo meio representam?
Esse tipo de cerimônia servia para confirmar as promessas que duas pessoas faziam. Os animais eram mortos e as duas pessoas passavam entre os animais. Passar pelo meio era uma maneira simbólica de dizer:
“Se eu não cumprir as promessas que eu fiz, que aconteça comigo o que aconteceu com esses animais. Que eu pague com a minha vida”.
Era um voto de automaldição.
Mas quando nós olhamos para a cerimônia de Gênesis 15, Abraão não passou junto com Deus por entre as partes dos animais mortos. Só uma das pessoas na aliança passou entre os animais. Deus passou sozinho. Abraão ficou olhando a tocha de fogo passar. Deus estava pregando o evangelho para Abraão.
Abraão, se você quebrar a aliança, a maldição cairá sobre mim. Sozinho. No seu lugar.
Dois mil anos depois dessa cerimônia que Deus fez com Abraão, Deus nos mostrou o amor dele de forma ainda mais forte do que uma tocha de fogo passando entre animais à noite.
O próprio Deus—no corpo de Cristo—foi amaldiçoado na cruz. Para nós sermos abençoados com o perdão de Deus, Jesus teve que ser amaldiçoado com a punição de Deus.
Na cruz, Deus também passou pelo meio da morte, mas não só como um símbolo. Como o cumprimento. O Filho de Deus atravessou a morte da cruz, em um céu de trevas, pagou o preço do nosso pecado e chegou do outro lado vivo. Porque depois que o preço do nosso resgate foi pago, Ele ressuscitou.
CONCLUSÃO
Essa é a graça de Deus: Ele se faz maldito de Deus, para que você seja um bendito de Deus. E assim Deus é glorificado como o único que salva e tem poder para salvar.
Pela fé, nós nos tornamos filhos de Deus. A cruz proclama com uma força maior do que de 2 milhões de pessoas:
Mateus 25:34—“Venham, benditos de meu Pai! Venham herdar o Reino que está preparado para vocês desde a fundação do mundo”.
A pessoa mais confiável nesse mundo é Deus. Você pode confiar nele. Sempre. Você pode colocar toda a sua vida nas mãos dele e descansar. Sempre.
Creia em Cristo, sem obras da lei, e isso lhe será atribuído para a justiça. E o Deus que foi amaldiçoado pelo seu pecado vai resgatar você e habitar com você. Sempre.
Igreja Batista Jardim Minesota
Rua Clotildes Barbosa de Souza, 144
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