Gálatas 3:15-18: A Lei Não Pode Anular a Graça
- Pastor Alex Daher
- 13 de mai.
- 18 min de leitura
Série em Gálatas: A Mensagem da Cruz 11 de maio de 2025 – IBJM
A Bíblia é um livro com muitas páginas e com muitas história. Se você olhar para cada história como um vagão de trem, você vai perceber que esses vagões não estão soltos. Esses vagões (essas pessoas e histórias) estão conectados em uma determinada ordem e de uma determinada maneira. O nome do encaixe entre cada vagão se chama aliança.
Deus fez alianças com Adão, Noé, Abraão, Moisés, Davi e, finalmente, com Jesus. Essas alianças conectam—como um encaixe de vagão—toda a história da Bíblia.
Paulo tem um objetivo nessa passagem: mostrar que a LEI (a aliança com Moisés) não anula a GRAÇA (prometida na aliança com Abraão). Em outras palavras: a mandamentos da lei que Deus deu não cancelam as promessas que Deus fez para Abraão de nos salvar por causa da graça dele.
E assim Paulo prova que Deus salva você, não através da sua obediência a lei, mas através da sua fé em Jesus.
Entender a relação das alianças que Deus fez com Abraão e com Moisés não é uma questão para os teólogos que escrevem livros complicados. Paulo não está escrevendo para os professores dos seminários de Israel.
Paulo está escrevendo para os membros das igrejas da Galácia (gentios) para salvá-los da mensagem falsa da salvação pelas obras. Entender as alianças salva nossa vida. E nos leva para Deus.
Eu prometo: entender as alianças que Deus fez com os homens ao longo do tempo irá revolucionar a maneira como você entende a Bíblia. Você vai conseguir ver Jesus mais claramente no Antigo Testamento.
É como se você parasse de usar uma câmera preta e branca de 50 anos atrás e começasse a ver a Bíblia com milhões de cores em altíssima definição—ultra HD. Tudo fica mais nítido. Mais claro. Mais cheio de vida e cor. E quanto mais claramente você vê Cristo, você vive com mais fé, mais esperança e mais amor.
Nosso texto tem 4 versículos. Esses versículos funcionam como 4 argumentos de Paulo para defender que a lei não anula a graça; que a aliança que Deus fez com Abraão—da salvação pela graça por meio da fé—não foi cancelado quando Deus deu a lei para Israel obedecer.
4 VERSÍCULOS, 4 ARGUMENTOS.
1. O ARGUMENTO DO DIA A DIA: A LEI NÃO PODE ANULAR A GRAÇA PORQUE ALIANÇAS NÃO PODE SER CANCELADAS (v. 15)
[15] Irmãos, falo em termos humanos. Ainda que uma aliança seja meramente humana, uma vez ratificada, ninguém a revoga ou lhe acrescenta coisa alguma.
Paulo está usando um argumento do dia a dia. Quando duas pessoas fazem uma aliança—ela não pode ser anulada ou modificada. Assinou, está assinado. Se é assim em uma aliança entre pessoas, muito mais firme é uma aliança que Deus faz conosco—como ele fez com Abraão quando Deus prometeu a ele salvação pela fé.
Nós precisamos definir o que é uma aliança. Uma aliança não é a mesma coisa que um contrato. Um contrato também contém promessas e obrigações, mas um contrato é algo impessoal. Não existe um relacionamento.
O dono da Operadora Claro—Carlos Slim—não sabe que eu existo, mas eu tenho um contrato com a empresa dele. Eles fornecem o serviço que eles prometeram para o meu celular e eu pago o valor que eu prometi. Mas não existe um relacionamento pessoal entre nós. É um contrato.
Uma aliança é diferente. Uma aliança é um relacionamento onde duas partes (duas pessoas ou dois reis ou dois países), por escolha própria, fazem promessas uma para a outra (cf. Schreiner, A Aliança e o Propósito de Deus, p. 16).
O exemplo mais comum de aliança que temos em nossa sociedade é o casamento. No casamento, um homem e uma mulher escolhem entrar em um relacionamento em que eles fazem promessas de fidelidade um para o outro.
O primeiro argumento de Paulo é: se até mesmo entre seres humanos os termos de uma aliança nunca pode ser alterados, imagine uma aliança que Deus fez conosco.
Se Deus fez uma aliança com Abraão e prometeu declarar Abraão justo porque ele creu, Deus não cancelou essa promessa quando ele deu a lei de Moisés para Israel. A promessa de salvar pela graça por meio da fé continua.
Os legalistas que invadiram as igrejas da Galácia e os legalistas que tentam invadir a nossa vida com essa mensagem de que para eu ser salvo—para eu ser aceito por Deus—eu preciso obedecer em vez de crer; eles não entendem as alianças que Deus fez com os homens. Eles conectam os vagões da história da Bíblia errado.
E ler a Bíblia errado levar a um relacionamento errado com Deus. E um relacionamento errado com Deus nos leva a condenação eterna e não a vida eterna.
Você não se torna parte do povo de Deus obedecendo a mandamentos da lei. Você se torna parte do povo de Deus crendo como Abraão creu—colocando sua fé no Deus que perdoa pecadores que confiam que Jesus morreu por eles na cruz.
2. O ARGUMENTO DO SINGULAR: A LEI NÃO PODE ANULAR A GRAÇA PORQUE A PROMESSA DE SALVAÇÃO É CUMPRIDA EM CRISTO, NÃO EM MOISÉS (v. 16).
[16] Ora, as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente. Não diz: “e aos descendentes”, como falando de muitos, porém como falando de um só: “e ao seu descendente”, que é Cristo.
Eu quero aprender a ler o Antigo Testamento com o apóstolo Paulo. Paulo está interpretando a Bíblia para nós. Nós aprendemos a ler Gênesis através de Gálatas.
Vamos voltar para o texto de Gênesis 17, que ouvindo durante o culto:
[7] Estabelecerei uma aliança entre mim e você e a sua descendência no decurso das suas gerações, aliança perpétua, para ser o seu Deus e o Deus da sua descendência.
Agora vem o versículo que Paulo cita em Gálatas:
[8] Darei a você e à sua descendência a terra onde agora você é estrangeiro, toda a terra de Canaã, como propriedade perpétua, e serei o Deus deles.
Paulo está dizendo que essa descendência de Abraão—uma palavra que está no singular—é Jesus. Mas aqui em Gênesis parece que está se referindo a descendência no sentido de todos os descendentes—no plural. Parece que está se referindo ao povo de Israel.
O texto de Gênesis—pelo menos em Português—não diz ao descendente. O texto diz à sua descendência, dando o sentido de várias pessoas—não só de uma pessoa. Como nós resolvemos essa aparente contradição?
PAULO FORÇOU O TEXTO?
Existe um grupo de pessoas que diz que Paulo está forçando a interpretação dele só para falar de Jesus. “Paulo não está interpretando de forma correta o texto de Gênesis. Ele força o texto só para caber dentro da teologia dele”. Para eles, Paulo leu errado o Antigo Testamento.
Povo de Deus, eu quero dizer para você que entre concordar com uns estudiosos que dizem que Paulo está errado e concordar com Paulo, eu acho que é uma decisão fácil. Eu fico com Paulo.
Jesus disse em João 10 que “a Escritura não pode falhar” (v. 35). Estudiosos sem fé podem falhar. A Escritura, não.
Eu prefiro ficar com a interpretação inspirada de Paulo e aprender com ele como ler o Antigo Testamento. Que, por sua vez, aprendeu com Jesus—nosso Mestre que nunca erra.
Mas por que Paulo interpreta a aliança com Abraão como falando de um descendente—de uma pessoa—que ele diz que é Cristo?
CONECTANDO VAGÕES
O que Paulo está fazendo aqui é conectando os vagões das histórias da Bíblia através das alianças—os engates divinos que Deus nos deu.
Antes da aliança com Abraão, Deus fez uma aliança com Adão. Deus deu promessas para Adão e Eva logo depois que eles pecaram contra ele. Como Deus é cheio da graça!
Deus estava falando com a Serpente, mas o que para a Serpente era julgamento, para nós é salvação:
Gênesis 3:15—Porei inimizade entre você [Serpente] e a mulher [Eva], entre a sua descendência e o descendente dela [singular]. Este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar.
As promessas que Deus faz na aliança com Abraão estão conectada (estão enganchadas) com essa promessa desse Salvador que irá esmagar a cabeça da Serpente—um filho de Adão e Eva. Claramente Deus está falando de uma única pessoa—um único descendente—em Gênesis 3.
Mas veja isso! Não só o vagão anterior à Abraão fala de um único descendente. O vagão posterior, da história de Davi, também fala de um único descendente.
Deus falando com Davi:
2Samuel 7:12—Quando os seus dias se completarem e você descansar com os seus pais, então farei surgir depois de você o seu descendente [singular], que procederá de você, e estabelecerei o seu reino.
Quando você olha para o trem da história da salvação—com os vagões devidamente conectados pelas alianças—nós vemos que a promessa de abençoar as nações através da descendência de Abraão se cumpre em um único descendente de Abraão—Jesus, o Esmagador da Serpente, o Rei da linhagem de Davi.
Paulo sabe que palavra “descendência” pode significar também os descendentes no plural. Mas Deus inspirou o texto de Gênesis para ser escrito no singular para nos mostrar que nós devemos ver o cumprimento final da promessa para Abraão em uma Pessoa específica—o descendente (singular): o Senhor Jesus Cristo.
Uma outra maneira de dizer isso é que Jesus é o representante da descendência de Abraão que cumpre perfeitamente e finalmente as promessas de Deus. Todos os outros descendentes falharam—incluindo Abraão, Moisés e Davi.
Mas Jesus é o descendente perfeito. Assim como Davi representou todo o povo de Israel na luta contra Golias e a vitória de Davi se torna a vitória de todo o povo, a mesma coisa está acontecendo aqui.
Jesus é o descendente que representa toda a descendência. Só em Jesus a promessa da benção da salvação é cumprida.
NÃO VOLTE NO TEMPO
Por que Paulo está conectando a aliança de Abraão com Jesus? Paulo quer mostrar que a promessa de salvação dada para Abraão se cumpre em Cristo, não em Moisés.
A promessa se cumpre em Jesus e na cruz de Jesus. A promessa de salvação não é cumprida com a nossa obediência aos mandamentos da LEI.
Voltar para a aliança com Moisés—como os judaizantes legalistas querem—é ir na direção contrária da direção que Deus está levando a história. É ignorar o que Cristo fez na cruz. É um erro grave e sério que levará a perdição, não a salvação.
PRECISA E PRECIOSA
Agora, pare e pense: veja que tipo de livro você tem na mão. Você tem um livro—A Bíblia—que você pode sugar néctar espiritual—como um beija-flor—de cada letra. Um “s” no final ou não faz diferença.
Deus não inspirou simplesmente algumas ideias.
Deus não nos deu uma palavra inspirada em linhas gerais.
Não, cada linha, cada curva de cada letra veio das mãos divinas—as mãos que se fizeram carne e forma pregadas naquela cruz pelos nossos pecados. Você crê nisso?
Mateus 5:18—Porque em verdade lhes digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra.
Deus nos deu o texto exato que ele quis nos dar. Você tem na sua mão agora, em cada letra, em cada palavra, a Palavra do próprio Deus.
Quanto você estaria disposto a pagar se você pudesse ter uma reunião com Jesus? Quanto você estaria disposto a trabalhar e economizar e juntar só para ter uma hora com Jesus?
Sentado em uma sala com ele, falando com ele, fazendo perguntas, ouvindo as palavras de sabedoria dele—ouvindo da boca dele o amor dele por você. Quanto você estaria disposto a pagar por uma experiência dessa—uma hora com Jesus?
Eu trago boas notícias para você, meu amigo. Você não precisa pagar nada. É de graça. E calma, é ainda melhor! E você não precisa ter uma experiência dessa uma vez na vida.
Você pode se encontrar com ele todo dia. Ele é a Pessoa mais importante do Universo, mas com ele, você não precisa marcar hora. A agenda dele está sempre livre para você.
Você pega esse livro e ouve o que ele quer falar com você e você fala com ele de volta em oração. Eu sei que parece bom demais para ser verdade. Mas é verdade.
Quando você abre a Bíblia e recebe a Palavra de Deus com fé, duas coisas acontecem: você encontra Jesus (porque a Bíblia é um livro sobre ele) e você se encontra com Jesus.
Não só encontra mas você se encontra com Jesus. Existe um aspecto pessoal, relacional, um experimentar da aliança, quando você abre a Bíblia e ora.
Que plano de salvação! Que Salvador o plano de Deus tem!
Jesus não é só o cumprimento final das alianças.
Jesus não é só o centro da história da salvação.
Jesus é o centro de tudo o que existe e de tudo o que nós fazemos.
Tudo foi feito por ele e para ele (Colossenses 1:16).
A Bíblia é tanto um livro preciso—com cada letra inspirada—quanto um livro precioso—porque você encontra e se encontra com o Senhor Jesus.
E se isso é verdade, marque encontros com Jesus durante a sua semana. Por que você vai ficar longe dele, se ele está disposto a se encontrar com você a qualquer hora?
O primeiro argumento foi o argumento do dia a dia. O segundo argumento para mostrar que a lei de Moisés não anula a promessa da salvação pela fé foi o argumento do singular—todas as alianças apontam para Cristo—o descendente.
O terceiro argumento é:
3. O ARGUMENTO DO TEMPO (v. 17)
A LEI NÃO PODE ANULAR A GRAÇA PORQUE ALIANÇAS POSTERIORES NÃO ANULAM ALIANÇAS ANTERIORES.
[17] E digo isto: uma aliança já anteriormente confirmada por Deus não pode ser revogada pela lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, a ponto de anular a promessa.
Veja como entender a relação entre as alianças na Bíblia é importante. A ordem dos vagões da história da Bíblia afeta como você entende o que Deus espera de você.
O argumento de Paulo aqui é temporal. Paulo está simplesmente dizendo que o livro de Gênesis vem antes do livro de Êxodo. Paulo está dizendo que a aliança com Abraão em Gênesis vem antes da aliança de Moisés em Êxodo.
E uma aliança que vem depois não pode cancelar as promessas de uma aliança que veio antes. Esse é o argumento do tempo.
Deus prometeu para Abraão terra, nação, benção para das famílias da terra. Deus escreveu essas promessas e assinou. 430 anos depois, quando o povo de Deus era escravo no Egito, Deus levantou um Mediador—Moisés—para libertador o povo e Deus deu a lei para o povo com vários mandamentos.
Mas Deus não pegou uma tesoura, picotou o que ele tinha prometido para Abraão, e disse: a partir de agora vocês são salvos obedecendo a lei de Moisés. Esqueçam as promessas que fiz antes.
A função da lei não é anular a graça de Deus. A função da lei não é dar um novo caminho de salvação—uma salvação pela obediência.
A lei não pode anular as promessas que vieram 430 anos antes. Não é assim que as alianças funcionam. Não é assim que as coisas funcionam com Deus.
VIAGEM AO MUNDO
Eu vou tentar ilustrar: eu chego para os meus filhos hoje à tarde e digo:
Escutem isso: eu prometo a vocês que em 2030 nós vamos fazer uma viagem pelo mundo. Nós vamos conhecer todos os países do planeta Terra. Podem começar a se preparar. Nós temos um pacto.
(Davi e Sara, calma. Isso é só uma ilustração. Não se empolguem!).
Mas imagine que no dia seguinte (amanhã), eu chame a eles e diga: “Aqui em casa vai funcionar assim: Sara, você tira a mesa no almoço. Davi, você tira a mesa no jantar. Essa será a regra na nossa casa”. Eles entendem. E eles dizem: “Está bem!”.
A primeira semana foi ótima. A segunda também. Mas na terceira semana eles se esqueceram de tirar a mesa. Ou eles estavam cansados. Ou simplesmente eles desobedeceram.
Eu não posso chegar para eles e dizer: “Acabou. Esqueçam a viagem. Vocês não tiraram a mesa, eu retiro minha promessa”. Isso não seria justo. Eu não criei uma condição: vocês vão conhecer o mundo todo se vocês cumprirem as minhas regras. Eu fiz uma promessa sem asterisco no final da página.
A quebra de uma regra que eu dei para eles 430 minutos depois da promessa da viagem pelo mundo não pode anular a promessa. Esse é o argumento do tempo de Paulo aqui. Os legalistas da Galácia e do Brasil não entendem como as alianças de Deus funcionam.
As promessas de Deus não são como água que Deus colocou em uma garrafa, e alguém chega depois abre joga fora. As promessas de Deus são como uma montanha. Elas estão firmes e não tem como tirar do lugar.
No mesmo fôlego, Paulo emenda o quarto argumento. A lei não pode anular a graça que foi prometida antes—não só por causa do tempo, mas por causa da diferença do tipo (da natureza) da aliança que Deus fez com Abraão e com Moisés. Duas alianças de natureza diferentes.
O último argumento é o:
4. O ARGUMENTO DA GRAÇA: A LEI NÃO PODE ANULAR A GRAÇA PORQUE O FUNDAMENTO DESSAS DUAS ALIANÇAS (COM ABRAÃO E COM MOISÉS) SÃO DIFERENTES (v. 18)
Paulo conecta os dois últimos argumentos com um “porque”. Por que obediência a lei de Moisés não pode anular a promessa da salvação (da herança) que Deus fez a Abraão?
[18] Porque, se a herança [a salvação] provém de lei, já não decorre de promessa. Mas foi pela promessa que Deus a concedeu gratuitamente a Abraão.
Paulo coloca as duas alianças lado a lado e mostra a diferença no fundamento delas. A aliança com Moisés promete que o povo habitaria com Deus na terra se eles obedecessem. Todos nós sabemos o que aconteceu. Eles não obedeceram. Por isso eles foram para o exílio.
Deus salvou o povo do Egito por causa da graça dele, mas a promessa de viver com Deus na terra estava condicionada à obediência deles. Esse era o fundamento da lei—da aliança com Moisés.
Mas a aliança com Abraão era fundamentalmente diferente. Deus prometeu a terra a Abraão por causa da graça dele. A segunda frase do versículo 18:
[18] (...) Mas foi pela promessa que Deus a concedeu gratuitamente a Abraão.
Dentro dessa palavra “gratuitamente” tem a palavra “graça”. Deus deu graciosamente a Abraão. O argumento de Paulo é que as duas alianças (com Abraão e com Moisés) tem natureza diferente. Tem um fundamento diferente.
A aliança com Moisés é baseada na obediência—obras.
A aliança com Abraão é baseada na promessa—na graça.
Isso não significa que não existe nenhum aspecto da aliança com Abraão em que Deus espera a obediência. E isso também não significa que não existe um aspecto de graça em Deus dar a lei de Moisés para o povo—uma lei que é boa e santa. Mas o fundamento é diferente.
Deus prometeu para Abraão que o povo herdaria a terra por causa da graça dele. Deus prometeu que o povo permaneceria na terra se eles obedecessem a lei de Moisés.
Não perceber essa diferença é perigoso. Aqueles que pregam e creem na salvação por obediência aos mandamentos de Deus—seja guardar o sábado ou não comer carne de porco ou até ser batizado e fazer boas obras—não entenderam como as alianças se encaixam. Os vagões da teologia deles estão descarrilhados.
A maneira como Deus desenhou a história e a nossa salvação mostra que a ênfase está na graça de Deus para nos salvar—simplesmente porque ele prometeu nos salvar, em vez da nossa capacidade de obedecer e sermos perdoados porque nós somos boas pessoas.
Se a salvação é pela lei, então o fator determinante para você ir para o céu e viver com Deus é a sua obediência. E se é assim que nós nos relacionamos com Deus, então nós temos do que nos orgulhar.
E pior, se a salvação—se nós recebemos a herança de um lugar para habitar com Deus—através da nossa obediência, então Cristo veio à toa. A cruz e os cravos nas mãos e nos pés foram um desperdício. Todo o sofrimento dele foi em vão.
Gálatas 2:21—(…) se a justiça é mediante a lei, segue-se que Cristo morreu em vão.
Mas o coração humano é estranhamente atraído para a salvação pelas obras, como um grande imã atraí um prego. Esse é o problema de todas as religiões diferentes do cristianismo bíblico. Todas.
Mas esse é um problema que ainda habita no coração de todos nós. No seu coração, cristão. Nós ainda precisamos lutar contra pensamentos anti-graça—anti-evangelho.
Nós temos a tendência a avaliar nosso relacionamento com Deus baseado no nosso desempenho em vez de descansarmos no que Jesus fez por nós—no desempenho dele.
DOIS DIAS DIFERENTES
Por exemplo, você acorda. Seu primeiro pensamento é que Deus é bom. Você faz uma breve oração de gratidão e pede a ajuda dele para o seu dia. Você toma café da manhã lendo um Salmo e no final ouve um hino e canta junto.
Cada passo que você dá, você se sente andando pelas nuvens de tão espiritual. Durante o dia, você evangeliza duas pessoas. Parece que Deus ungiu você com o mesmo óleo que o profeta Samuel usou com o Rei Davi. Você está cheio do Espírito.
À noite: mais música, mais leitura da Bíblia, mais oração e mais conversas espirituais. Você sente que Deus está tão perto quanto sua pele. Você vai para a cama e adormece sonhando com o céu com um sorriso no rosto. Você tem certeza de que Deus ama você.
Mas e se o seu dia for diferente, como você entende o amor de Deus por você? E se você acorda já preocupado com o que você precisa fazer? E se você não consegue orar direito porque você não está conseguindo se concentrar de tanta coisa em sua cabeça?
Você já não dormiu muito bem porque você estava ansioso ontem. Você coloca uma música ou um sermão para ouvir, mas a única coisa que você consegue pensar são os problemas que você precisa resolver.
Durante o dia surgem oportunidades para você falar de Jesus, mas você está tão mal que você acha que não tem condições de ter conversas espirituais. No final do dia, você está exausto e culpado.
Você fica se perguntando se Deus pode realmente amar alguém como você? Alguém fala alguma coisa—o marido, a esposa, um filho—e em vez de você responder com amor—você fala de forma seca ou impaciente.
Você se arrepende. Pede perdão, mas o estrago já foi feito.
Você se sente ainda mais culpado, sua consciência acusa você, mas parece que o pecado da sua carne tem mais força do o Espírito. Você ora, você pede ajuda, mas a impressão é que nada acontece.
Você vai dormir pensando em como você está longe do que você deveria ser como cristão. Sua sensação é que Deus está distante, que suas orações não passam do teto, e que o Deus que está no trono olhando para todo o mundo, menos para você.
Sabe o que você precisa nesses dias?
• Você precisa parar de definir o amor de Deus por você baseado no que você faz.
• Você precisa definir o amor de Deus pelo que Jesus fez na cruz.
• Você precisa deixar Deus definir a razão por que ele ama você.
Deus disse que ele ama você porque ele escolheu amar você. Ele chama você a se arrepender dos pecados e andar em santidade, mas Deus não define o tamanho do amor dele por você a partir do que você faz.
Isso irá mortificar o judaizante legalista que ainda habita em nós e nós vamos viver mais na alegria da graça de Deus. E esse amor de Deus por você, mesmo sem você merecer, irá constranger você a viver mais para ele—e você vai andar em mais arrependimento e mais fé.
Deus nos ama porque ele prometeu nos amar. Deus nos ama porque nós estamos unidos—pela fé— ao Filho amado dele.
Essa verdade nos abaixa quando nós nos sentimos superiores porque nos achamos muito espirituais. E, ao mesmo tempo, ela nos levanta quando nós nos sentimos muito longe do Senhor.
A obediência a Palavra de Deus tem seu lugar na vida cristã. Mas nossa obediência nunca é a causa do amor de Deus. Nossa obediência é a resposta à graça de Deus. E como nós vamos ver na semana que vem, se o Senhor assim permitir—nós precisamos entender o que Deus nos chama a obedecer hoje.
Como a Lei de Moisés se aplica a mim hoje, um cristão em 2025? Cenas do próximo domingo, se o Senhor assim permitir.
A salvação foi, é e sempre será por causa da graça de Deus, por meio da fé nas promessas de Deus. Promessas essas que são cumpridas por Jesus, o Filho de Deus—o Esmagador da Serpente, o descendente de Abraão, o Rei da linhagem de Davi—nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
DOIS PROBLEMAS COM A VIAGEM AO MUNDO
Eu acho que minha história da viagem ao mundo ilustra o argumento do tempo que Paulo está usando, mas minha ilustração tem dois problemas. Eu diria que ela dois problemas bons. Graças a Deus!
PRIMEIRO PROBLEMA: DEUS É MAIOR
O primeiro problema é que alguma coisa pode acontecer que me impeça de cumprir a minha promessa de viajar pelo mundo: algum problema de saúde ou eu não ter dinheiro suficiente ou até eu morrer antes.
Mas com Deus, isso nunca vai acontecer. Deus tem todo o poder para cumprir o que ele prometeu para nós. Nunca falta dinheiro para Deus fazer o que ele quer—tudo é dele. Nunca falta sabedoria a ele. Ele não morre e nunca fica doente.
SEGUNDO PROBLEMA: A PROMESSA É MAIOR
O segundo problema na minha história da viagem ao mundo é que, por mais que minha promessa pareça maravilhosa—uma viagem ao mundo para conhecer todos os países!—isso não é nada (nada!) perto do que Deus prometeu para Abraão, para Jesus e para você que está unido a Jesus pela fé.
Deus não prometeu só uma viagem ao mundo. Deus prometeu o mundo. Foi assim que Abraão entendeu. Que a Terra Prometida—que a herança que Deus prometeu—apontava para toda a terra, todo o mundo. Em Romanos 4, Paulo diz que Abraão seria o herdeiro do mundo (v. 13), não só da terra de Canaã.
E aqueles que tem fé, como Abraão, se tornam filhos de Deus e, portanto, herdeiros também. Eu sei que parece bom demais para ser verdade. Mas é verdade. Por causa da sua fé em Cristo, você vai herdar o mundo com ele.
Mas calma. A promessa é ainda melhor. Você não vai herdar esse mundo do jeito que ele está agora.
A Bíblia chama o lugar onde nós vamos viver para sempre de “novos céus e nova terra” (2 Pedro 3:13). Você vai herdar um mundo livre do pecado e completamente preenchido pelo amor de Deus.
Mas calma. A promessa é ainda melhor. Agora vem a melhor parte: nesse mundo novo, nessa nova terra sem pecado e cheia de amor, nós teremos companhia—a companhia dele.
Apocalipse 21:1,3,23-24—E vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram... Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles e será o Deus deles... A cidade não precisa do sol nem da lua para lhe dar claridade, pois a glória de Deus a ilumina, e o Cordeiro é a sua lâmpada.
CONCLUSÃO
O que Paulo quer deixar claro aqui é que é um grande erro—um erro fatal—pensar que a lei de Moisés substitui (anula) a promessa que Deus fez para Abraão de salvar as nações através de um descendente dele. A lei não pode anular a graça. Nunca. Nós precisamos conectar (enganchar) corretamente os vagões das histórias da Bíblia através da alianças.
A nossa salvação não é uma conquista nossa. A salvação é uma conquista de Cristo na cruz.
Nossa salvação é um presente da graça do amor de Deus. Ele nos ama simplesmente porque ele prometeu nos amar. Ele quis prometer habitar conosco. E ele vai cumprir a promessa dele. Como ele sempre cumpre.
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