Gálatas 2:1-10: Verdade Produz Unidade
- Pastor Alex Daher
- 18 de mar.
- 20 min de leitura
Série em Gálatas: A Mensagem da Cruz 16 de março de 2025 – IBJM
Você já percebeu que para existir qualquer tipo de relacionamento, precisa existir uma determinada unidade entre você e a outra pessoa? Isso não significa que as pessoas precisam concordar em tudo, mas elas precisam concordar em algumas questões essenciais.
Eu vou dar alguns exemplos:
Em uma sala de aula: se o professor quer ensinar matemática, mas os alunos querem aprender como jogar Fortnite no videogame, o relacionamento não vai funcionar. A sala de aula se torna um caos. Precisa haver uma unidade sobre o que deve acontecer naquela sala.
Em uma empresa, como a 3M: se o diretor quer produzir fita adesiva, mas os operários na fábrica querem fazer fatias de pão, o relacionamento não vai funcionar. Eles não têm unidade de pensamento.
Se em um time de basquete, os jogadores não estiverem unidos para pegar a bola com as mãos e jogar na cesta certa, mas um quer chutar a bola e o outro quer acertar na cesta do próprio time, o relacionamento não vai funcionar. Não existe unidade.
Isso vale para que um casamento continue acontecendo, para que um relacionamento entre pais e filhos continue florescendo, para qualquer tipo de relacionamento. Incluindo a vida cristã. Relacionamentos só existem onde há unidade.
Para nós termos um relacionamento na IBJM como membros que se amam, nós precisamos de uma determinada unidade. No nosso caso, a nossa unidade está no evangelho. A nossa unidade está na verdade da mensagem de Jesus Cristo.
O evangelho é o laço de amor que nos amarra. Os laços do evangelho tem tanto poder, tanta força, que nem depois de milhões de anos esses laços vão se gastar e romper.
Um dia, salas de aula de matemática vão deixar de existir. Times de basquete vão deixar de existir. Um dia, a 3M vai deixar de operar. Mas a igreja vai permanecer para sempre.
Mas para essa união continuar, nós precisamos continuar amarrados à verdade. É a verdade do evangelho que produz unidade na igreja.
Paulo continua a mini-biografia dele, mas o propósito dele em contar essas histórias é mostrar que o evangelho que Paulo prega é o evangelho verdadeiro e os Gálatas (e nós!) devemos ficar amarrados na verdade desse evangelho.
Paulo não está tão preocupado com a reputação dele—como nós também não deveríamos estar. Paulo está preocupado com a salvação das pessoas—como nós também deveríamos estar.
O assunto principal dessa passagem é a UNIDADE entre os apóstolos, mas ao longo da defesa de Paulo, ele aproveita para falar de outros frutos que a verdade do evangelho produz.
Mas antes de falar dos frutos do evangelho, Paulo conta mais da história dele para mostrar também que, apesar de todos os apóstolos terem unidade no que eles ensinavam, Paulo não dependeu dos outros apóstolos para pregar. Ele dependeu só de Cristo que salvou e chamou Paulo na estrada para Damasco.
CONTEXTO: SEGUNDA VISITA À JERUSALÉM (vv. 1-2)
Além do que ele já tinha falado no capítulo 1, Paulo dá mais duas informações para provar isso:
Primeiro Fato: a segunda visita dele à Jerusalém demorou muito tempo:
[1] Catorze anos depois, fui outra vez a Jerusalém com Barnabé, levando também Tito.
Paulo visitou Jerusalém 3 anos depois da conversão. E a segunda visita foi 14 anos depois da conversão. Ou seja, Paulo ficou 10 anos sem ter nenhuma conversa teológica com outro apóstolo.
Segundo Fato: Paulo foi a Jerusalém, não porque ele precisava tirar umas dúvidas com Pedro. Ele foi para Jerusalém porque Deus deu essa ordem para ele.
[2] Fui em obediência a uma revelação [de Deus!]. E lhes apresentei o evangelho que prego entre os gentios — mas fiz isso em particular aos que pareciam de maior influência —, para não correr ou ter corrido em vão.
Esses de “maior influência” são os apóstolos.
Paulo está quebrando o argumento dos falsos irmãos que estão tentando enganar os Gálatas. Eles estão dizendo que Paulo se desviou do evangelho ensinado em Jerusalém pelos apóstolos. Paulo está mostrando que a autoridade dele e o ensino dele vieram diretamente de Jesus. Por isso, Paulo não precisava ir para Jerusalém ter aula de teologia na Seminário Apostólico da Judeia. Paulo aprendeu com o Mestre Jesus—a teologia em carne e osso. Por isso os Gálatas deveriam continuar acreditando no evangelho que Paulo pregou e jogar no lixo a mensagem de salvação pelas obras.
Paulo agora usa experiências que ele teve durante o ministério para mostrar os frutos abençoados do evangelho verdadeiro e, ao mesmo tempo, mostrar como o falso evangelho dos falsos irmãos gera frutos podres e tira a vida da árvore do evangelho.
Primeiro Fruto:
1. LIBERDADE: ACRESCENTAR OBRAS AO EVANGELHO É PERDER A LIBERDADE (vv. 3-5)
[3] Mas, nem mesmo Tito, que estava comigo, sendo grego, foi obrigado a submeter-se à circuncisão. [4] E isto surgiu por causa dos falsos irmãos que se haviam infiltrado para espreitar a liberdade que temos em Cristo Jesus e nos reduzir à escravidão. [5] A esses não nos submetemos por um instante sequer, para que a verdade do evangelho permanecesse entre vocês.
Acrescentar qualquer tipo de obra ao evangelho é, segundo Paulo, perder a verdade do evangelho (v. 5). Se Paulo deixasse Tito ser circuncidado, como os falsos irmãos estavam exigindo, isso seria se “reduzir à escravidão”.
Seria colocar algemas nas mãos e nos pés e perder a liberdade. Não liberdade para pecar. Liberdade de andar no Espírito. Liberdade da condenação que a lei traz por causa do nosso pecado.
E agora vem esse grupo dizendo que os cristãos precisam se submeter a lei de Moisés e se circuncidar para serem parte do povo de Deus.
No tempo do Antigo Testamento—na Antiga Aliança—Deus ordenou que os homens fossem circuncidados ao oitavo dia como um sinal da aliança com Deus.
O NOVO CHEGOU
Mas agora que Jesus veio, a Antiga Aliança ficou obsoleta. Jesus inaugurou uma Nova Aliança—para onde todo o Antigo Testamento apontava. Exigir que os gentios fossem circuncidados seria perder o evangelho. Por isso Paulo não aceitou de maneira nenhuma. E os outros apóstolos em Jerusalém concordaram e não aceitaram de maneira nenhuma. “Nem por um instante sequer”.
Mas isso não é um exagero? Por que Paulo não deixa para lá? Os judaizantes não estão dizendo que Jesus não é o Messias. Eles não estão dizendo que não é necessário crer em Jesus. Eles dizem que, sim: “Jesus é o Filho de Deus, você precisa crer nele para ser salvo”. E, acrescentar a circuncisão.
Isso é basicamente o que os Adventistas do Sétimo Dia fazem. Sim, Jesus—a obra dele na cruz, claro. Mais... guardar o sábado.
Esse é o mesmo problema do Catolicismo Romano. Eles não negam que Jesus é o Cristo, o Salvador. Mas eles também acrescentam obras à justificação—como o batismo e até nossa santificação.
Por que nós não deixamos isso para lá e temos unidade com os adventistas e católicos e outros grupos que acrescentam obras à justificação, mas dizem crer em Cristo?
Porque só existe unidade na verdade do evangelho. Paulo não está exagerando. E os cristãos hoje que consideram o ensino desses grupos um desvio do evangelho não estão exagerando.
O que nós estamos fazendo é protegendo a verdade do evangelho, protegendo a vida da igreja e protegendo a glória de Cristo.
Acrescentar a necessidade de obras à justificação (ao perdão de Deus) é transformar a salvação de uma obra de Deus em uma obra do homem. É pegar a oração de Jonas na barriga do peixe—“Ao Senhor pertence a salvação”—e acrescentar: “Ao Senhor e ao Homem pertencem a salvação”. É esse nível de gravidade. É perder a verdade do evangelho.
Paulo considera essas pessoas (versículo 3) “falsos irmãos”. Nós não nos submetemos a eles (versículo 5) “para que a verdade do evangelho permanecesse entre vocês”.
MAS E TIMÓTEO?
Por isso Paulo não permitiu que Tito se circuncidasse “por um instante sequer”. Mas porque Paulo não fez a mesma coisa com Timóteo? Alguns de vocês se lembram que com Timóteo Paulo agiu diferente. Antes de levar Timóteo em uma viagem, Paulo circuncidou Timóteo—o texto diz em Atos 16—“por causa dos judeus daqueles lugares” (v. 3).
Não dá para comparar o caso de Tito com o caso de Timóteo. É como comparar banana com laranja. Tito era gentio e os judaizantes queriam circuncidá-lo para que ele fosse parte do povo de Deus. Mas Timóteo era considerado judeu porque a mãe dele era judia, apesar do pai ser grego.
Segundo, Paulo circuncidou Timóteo por um motivo missionário. Como todo mundo sabia que Timóteo era filho de uma judia, ele não poderia entrar em uma sinagoga com Paulo para pregar o evangelho.
Mas com Tito a questão era o evangelho—o que é necessário para ser parte do povo de Deus: fé em Cristo somente ou fé mais circuncisão?
Tito e Timóteo estavam em situações diferentes.
Segundo Fruto da Árvore do Evangelho:
2. AUTORIDADE: A AUTORIDADE DO EVANGELHO ESTÁ EM DEUS (v. 6)
[6] E, quanto àqueles que pareciam ser alguma coisa — o que eles foram, no passado, não me interessa; Deus não aceita a aparência do homem —, esses, digo, que pareciam ser de maior influência, nada me acrescentaram.
Paulo parece que está sendo orgulhoso:
“— Os apóstolos nada me acrescentaram”.
“— O que eles foram no passado não me interessa”.
Paulo não está sendo orgulhoso. Ele não está dizendo que ele não tinha nada para aprender com Pedro. Paulo está também mostrando que a autoridade da mensagem do evangelho não está em um homem—nem mesmo nos apóstolos. A autoridade da mensagem está no próprio Deus.
Para nós, a lição é a seguinte: a autoridade da mensagem de uma pessoa só existe até o ponto em que ela é fiel a Palavra de Deus.
Não importa quem seja. Pode ser um escritor cristão que vendeu 1 milhão de livros, pode ser um pregador com 1 milhão de seguidores na internet, pode ser brasileiro ou americano ou inglês ou africano, pode ser alguém que viveu durante a Reforma ou um Puritano.
Pode ser Agostinho ou Lutero ou Calvino ou Piper ou Nicodemus. Eu amo esses homens. Nós podemos aprender muito com eles. Mas se eles falaram ou falarem algo diferente do que está na Bíblia (ou eu falar alguma coisa que não está na Bíblia), você fica com a Bíblia. Sempre.
Deus não aceita a aparência do homem (v. 6).
Nós precisamos de sabedoria para termos gratidão pelo que aprendemos das pessoas, precisamos de humildade para ouvir e aprender com os outros, mas não confunda respeitar com venerar.
Nós não criamos um fã clube de alguém como se nós fôssemos obrigados a defender todas as posições dele. Nós devemos fidelidade à Palavra de Deus. Nós amamos homens e mulheres de Deus. Nós respeitamos. Mas nós não veneramos.
Eu me lembro de anos atrás estar em uma conferência e ouvir pela primeira vez um pastor chamado Stuart Ollyot, do país de Gales. Eu nunca tinha visto nada parecido em minha vida. Eu fiquei de boca aberta, queixo no chão, baba escorrendo. “Uau”.
Eu não fui cuidadoso com o meu coração. Eu me deixei ficar mais impressionado com o homem de Deus do que o Deus daquele homem. No mesmo dia, o Senhor me mostrou o meu pecado e me corrigiu. Eu agradeço ao Senhor pela vida dele até hoje, mas ele é só um instrumento de Deus. Ele é o vaso, não o tesouro.
Nossa fidelidade final está com a Palavra de Deus—onde está a autoridade final. Esse é o ponto de Paulo no versículo 6.
Mas existe um outro extremo. Um extremo que me parece muito comum em nossos dias. O extremo de rejeitar qualquer tipo de liderança. Uma inclinação para se rebelar contra as autoridades que Deus coloca sobre nós (o governo, nossos pais, pastores, chefes no trabalho).
Jovens, essa pode ser uma tentação especialmente para vocês, mas todos nós temos que lidar com esse espírito de rebeldia e criticismo exagerado e pecaminoso.
O cristão é alguém inclinado a submissão às autoridades que Deus coloca em nossa vida. Se elas não nos levam a pecar, nossa inclinação deve ser obedecer.
Para que lado errado você vê seu coração mais inclinado? Você se sente mais tentado a se rebelar contra as autoridades em sua vida e criticar para não se submeter OU você se sente mais tentado a venerar ser humanos feitos do pó da terra?
Paulo não estava dizendo que Pedro não tinha a autoridade de apóstolo. Paulo reconhece. Mas Paulo está mostrando que a autoridade final está em Deus.
Respeite a liderança das pessoas que Deus colocou em sua vida. Tenha um espírito humilde e submisso, se eles não levam você a pecar. Mas lembre-se que todos os seres humanos são falhos e têm pecado. Sua lealdade maior deve ser sempre à Deus.
Uma doutrina é verdadeira não porque um homem disse. Uma doutrina é verdadeira porque Deus disse e está na Bíblia.
Primeiro Fruto: LIBERDADE. Segundo: AUTORIDADE.
O terceiro fruto da árvore do evangelho que produz vida é a:
3. DIVERSIDADE: A VERDADE DO EVANGELHO PRODUZ DIVERSIDADE NA IGREJA (vv. 7-8)
[7] Pelo contrário, quando viram que me havia sido confiado o evangelho da incircuncisão, assim como a Pedro foi confiado o evangelho da circuncisão [8] — pois aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado da circuncisão também operou eficazmente em mim para com os gentios —
Mesmo Deus, mesmo evangelho, mesma missão—fazer discípulos, mas um chamado diferente.
Pedro, Deus enviou para os judeus—o apostolado da circuncisão.
Paulo, Deus enviou para os gentios—o apostolado da incircuncisão.
O que Deus fez dentro do grupo dos apóstolos ele continua dentro da igreja. A diversidade não está só no lugar onde nós servimos. A diversidade está também nos dons que nós recebemos.
Uma das imagens que a Bíblia usa para falar da igreja é um corpo. Cristo é o cabeça e nós somos os membros do corpo. Para o corpo funcionar bem, nós seguimos a liderança do nosso Cabeça e fazemos o que nós devemos fazer—cada um no seu papel.
Imagine se o seu corpo, no lugar dos seus dois olhos, tivesse dois braços. Isso não seria um corpo saudável. E se no lugar das suas duas pernas, você tivesse mais duas orelhas enormes. E se em vez de braços, você tivesse mais dois olhos. Ou tira a sua boca e coloca uma terceira perna no seu rosto. Que tal?
IBJM, para a nossa igreja chegar “à medida da estatura de Cristo” (Efésios 4:13) cada um de vocês deve executar seu papel no corpo, de acordo com os dons que Deus deu a você pessoalmente.
Existem milhões de necessidades e milhões de oportunidades em nossa igreja. Por trás de cada foto do diretório de membros e por trás de cada rosto aqui, existem histórias e lágrimas e sorrisos e necessidade de encorajamento, de conselho, de refeições, de caronas, de ofertas, de tempo—necessidade de um ouvido para ouvir e coração para entender o que alguém tem a dizer.
Necessidades e oportunidades de discipular e evangelizar. De servir e ajudar—ajudar com bebês, com crianças, com adolescentes, com jovens, com adultos. Orar, enviar mensagem, ligar, visitar, aconselhar, sentar para ter conversar espirituais.
Eu vejo isso acontecendo em nossa igreja. Eu louvo a Deus que dá dons e está nos preparando para nos encontrarmos com Cristo.
Membro, membro do corpo, continue usando seus dons para a edificação do corpo de Cristo (Efésios 4:12). E se por algum motivo nas últimas semanas ou meses (ou anos) você está dormente, você pode começar com a ajuda de Deus a se mexer e o sangue voltar a circular na sua alma.
Efésios 4:15-16—Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem-ajustado e consolidado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio crescimento para a edificação de si mesmo em amor.
E a beleza da diversidade fica ainda mais bela quando nós olhamos para ela junto com o próximo fruto: a unidade.
A verdade do evangelho produz diversidade na igreja. E:
4. UNIDADE: A VERDADE DO EVANGELHO PRODUZ UNIDADE NA IGREJA (v. 9)
Esse é o ponto mais importante da passagem: a ênfase de Paulo está na unidade que existe entre ele e os apóstolos.
[9] e, quando reconheceram a graça que me foi dada, Tiago, Cefas [que é Pedro] e João, que eram reputados colunas, estenderam a mim e a Barnabé a mão direita da comunhão, a fim de que nós fôssemos para os gentios e eles fossem para a circuncisão.
Paulo está quebrando o argumento dos falsos irmãos que se infiltraram nas igrejas dizendo que a mensagem de Paulo e a mensagem de Pedro era diferente. Todos os apóstolos concordaram que não deveriam circuncidar Tito. Os apóstolos de Jerusalém reconheceram que Paulo recebeu graça para pregar aos gentios.
Paulo e Pedro e Tiago e João e os cristãos ao longo de 2 mil anos pregam o mesmo evangelho—a mesma verdade. É por isso que eles olham um para o outro, sorriem, apertam a mão e se abraçam. Não podemos discordar em pontos secundários—às vezes até importantes como o batismo, mas secundários.
Mas no que se refere à mensagem do evangelho: “a salvação pela graça somente por meio da fé somente em Cristo somente”—morto da cruz pelos nossos pecados—essa é a mesma mensagem que os cristãos pregam pelo últimos 2 mil anos.
A beleza da diversidade no corpo de Cristo fica ainda mais bonita por causa dessa unidade. A unidade que só a verdade pode criar. Nós somos tão diferentes e, ao mesmo tempo, tão unidos como nenhum outro grupo ou instituição na terra.
A igreja não é perfeita (ainda). Ela será, quando Jesus voltar. Mas não é maravilhoso quando você vê jovens e idosos orando uns pelos outros no PG, ricos e pobres servindo uns aos outros, negros e brancos, descendentes de árabe e descendentes de alemão unidos, descendentes de leto e descendentes de índios unidos em amor por causa do descendente da mulher que morreu no lugar deles?
Uma igreja unida traz glória a Deus. Traz glória a Deus porque fica claro para o mundo que nós não estamos juntos porque nós temos a mesma faixa etária, os mesmos gostos, a mesma cor de pele, ou a mesma classe social.
Nós estamos juntos porque nós somos filhos e filhas do mesmo Pai. Porque nós temos o mesmo irmão mais velho: o Senhor Jesus Cristo. Só ele pode criar essa unidade. E fica claro que a igreja é uma obra de Deus, não do homem. E Deus recebe a glória pelo que ele está fazendo.
Você percebe por que a unidade na igreja é tão importante para Deus? Porque a unidade foi o que Jesus comprou na cruz para nós. Jesus sofreu e morreu—ele entregou a vida naquela cruz para comprar a nossa unidade. Esse foi o preço da nossa unidade: o sangue do Filho de Deus.
Jesus comprou 2 tipos de união quando ele morreu na cruz. Os dois tipos de união são mais fortes do que morte.
A primeira união é a sua união pessoal com Jesus.
Você está unido a Cristo em uma só carne. Jesus escolheu se unir a nós por toda a eternidade, o Noivo da Igreja eternamente casado (unido) com aqueles que ele escolheu amar. Esse é o tipo de união que Jesus comprou com o sangue dele.
A segunda união é a sua união com os outros cristãos—que se manifesta especialmente em nossa igreja.
Gálatas 3:28—Assim sendo, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vocês são um em Cristo Jesus.
Nossa união com Cristo e nossa união uns com os outros traz glória a Deus porque mostra o poder dele para nos unir depois do enorme estrago que o pecado causou.
Eu entendo que é por isso também que Jesus e os apóstolos têm palavras tão duras para aqueles que querem desviar um cristão da verdade e aqueles que causam divisão em uma igreja. Causar divisão é desfazer a união que Cristo comprou com a morte dele.
A HISTÓRIA DA SALVAÇÃO EM TERMOS DE UNIÃO
Você pode olhar para a história de toda Bíblia como uma história de união, separação e re-união.
Deus nos criou unidos a ele e uns aos outros. Em perfeita comunhão. Adão e Eva viviam em perfeita união e os dois vivam com Deus em perfeita união. O que Satanás fez foi invadir o Jardim e causar divisão.
Se a verdade produz união, a mentira produz divisão. E foi o que Serpente fez: ele usou a mentira para nos separar de Deus e nos separar uns dos outros. Satanás rasgou o relacionamento que nós tínhamos com Deus.
Mas a história não terminou porque Deus não terminou. A história começa com união, passa por separação, mas ela continua. Tem muitos capítulos depois de Gênesis 3. Todo o restante da Bíblia é a história de Deus unindo—re-unindo—o seu povo a ele mesmo.
Enquanto Satanás é um separador, mas Jesus é o Pacificador.
Satanás cria conflito, mas Jesus é o Príncipe da Paz.
A história passa por todo o Antigo Testamento, Deus dá muitas promessas ao seu povo—“Eu serei o seu Deus e vocês serão o meu povo”. Deus habita unido ao seu povo no tabernáculo. Deus habita unido ao seu povo no Templo. Até que Deus vem habitar com o seu povo através de Jesus.
E a história da Bíblia termina com a nossa união—com Deus e uns com os outros:
Apocalipse 21:3—Então ouvi uma voz forte que vinha do trono e dizia: — Eis o tabernáculo de Deus com os seres humanos. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles e será o Deus deles.
É para essa união eterna que a história está caminhando. É para essa união eterna que a sua história está caminhando, crente.
Você percebe por que a união—a unidade da igreja na verdade—é tão importante para Deus? Porque esse é o evangelho: a obra de Cristo na cruz para nos unir a ele e nos unir uns aos outros. Ele deu o sangue dele por essa unidade. Ele morreu por essa unidade.
Porque a unidade é tão importante para Deus, ela deve ser muito importante para nós.
Não seja um crente britadeira—que gera impacto e faz o chão tremer por onde passa. Seja um crente amortecedor—que absorve o impacto. Seja um inimigo de conflito e um amigo da paz.
Lembre-se da promessa do Senhor Jesus:
Bem-aventurado os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus (Mateus 5:9).
Lembre-se da sabedoria de Salomão:
A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira (Provérbios 15:1)
Lembre-se do apelo do apóstolo Paulo:
Efésios 4:1-3—Por isso eu, o prisioneiro no Senhor, peço que vocês vivam de maneira digna da vocação a que foram chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando uns aos outros em amor, fazendo tudo para preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz.
Isso não significa que você precisa concordar com tudo o que todo mundo fala. Mas Deus chama você a fazer tudo em amor—a fazer tudo para preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz.
Seja um crente amortecedor, não um crente britadeira.
Uma igreja saudável é uma igreja unida. Unida na verdade e unida no amor. É o que o Espírito Santo está fazendo nesse lugar. É o que Deus quer de nós. É o que Jesus orou por nós.
João 17:20—Não peço somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por meio da palavra que eles falarem, a fim de que todos sejam um.
O nome de Deus é santificado quando nós andamos unidos—em amor e na verdade.
LIBERDADE, AUTORIDADE, DIVERSIDADE, UNIDADE.
Quinto e último fruto bendito da árvore da vida do evangelho:
5. SANTIDADE: VOCÊ NÃO É SALVO POR OBRAS, MAS VOCÊ É SALVO PARA OBRAS (v. 10)
[10] Somente recomendaram que nos lembrássemos dos pobres, o que também me esforcei por fazer.
O apóstolo Paulo chama de falsos irmãos àqueles que querem colocar obras como a causa da nossa salvação—seja circuncisão, ou batismo, ou guardar o sábado.
Mas isso não significa que não exista espaço para as obras na vida cristã. Existe um espaço enorme para as obras na vida cristã—mas nossas obras precisam estar no lugar certo. O lugar certo das obras são como evidência da sua salvação, não causa.
O que você faz não compra a sua salvação. Jesus já pagou tudo. Mas agora que você é uma nova criatura—você foi criado para boas obras.
Falando a mesma coisa em outras palavras:
Gálatas 5:6—Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor.
A fé atua pelo amor—que se manifesta em milhões de maneiras. Uma delas é, no caso do versículo 10, cuidando das necessidades físicas dos crentes.
A região da Judeia estava passando por uma fome e os crentes gentios levantavam ofertas para suprir as necessidades dos judeus. Que demonstração linda de unidade! Gentios e judeus—que antes nem sentavam na mesma mesa para comer, agora consideram que o dinheiro de um é o dinheiro do outro.
Que o ministério de benevolência da IBJM transborde por causa da generosidade que o Senhor derramar em nós. O Senhor Jesus disse que é melhor dar do que receber. Ele sempre diz a verdade.
Só a fé salva, mas a fé que salva nunca está só. Ela sempre produz fruto de santidade, de boas obras, da fé que atua pelo amor.
Uns meses atrás eu li a história de uma mulher que, eu pensei, é uma ilustração em carne e osso dessa passagem.
HELLEN STIRKE (1544)
O nome dele é Hellen. Hellen Stirke. Ela era uma cristã na Escócia durante a época da Reforma Protestante—perto de 1540. Ela era esposa, dona de casa e mãe. Ela estava grávida. Na hora do parto, a tradição católica exigia que a mulher fizesse orações à Virgem Maria. Hellen conhecia a Bíblia e se recusou a fazer isso. As parteiras não gostaram.
Hellen disse:
“Se eu tivesse vivido nos dias de Maria, Deus poderia ter olhado para o meu estado humilde e pobre, como ele fez com Maria, e ter me feito a mãe de Cristo”.
Hellen respeitava Maria. Mas não venerava Maria. Ela sabia que as orações delas são ouvidas por Deus através de Jesus, o único Mediador.
As notícias de que Hellen tinha se recusado a orar a Maria se espalharam rápido. O clero católico local ficou sabendo. Que contou para o cardeal. E em pouco tempo, Hellen foi presa junto com o marido e outros 4 cristãos protestantes da cidade. Eles foram considerados culpados de “heresia” e condenados à morte. No dia seguinte, os soldados trouxeram Hellen, o marido dela, James e os outros 4 cristãos.
Hellen pediu para morrer lado a lado com seu marido, James, mas pedido dela foi negado. Os homens eram enforcados e as mulheres eram afogadas. O marido de Hellen, James, foi o primeiro a ser morto. Hellen se aproximou do marido segurando o bebê deles, deu um beijo no marido e disse:
Marido, alegre-se, porque nós vivemos muitos dias felizes e esse dia em que nós devemos morrer nós devemos considerar como o mais alegre de todos porque nós teremos alegria para sempre. Portanto, eu não vou dar boa noite para você, porque em breve nós nos encontraremos no Reino dos Céus.
James foi enforcado na frente dela. Hellen foi forçada a entregar o filho recém-nascido para uma enfermeira que ficou encarregada de cuidar do bebê. As autoridades levaram Hellen para um lago próximo, amarraram as mãos e os pés dela, colocaram-na em uma grande saco cheio de pedras e a jogaram na água como se fosse um saco de lixo. Porque ela “blasfemou contra a Virgem Maria”; porque ela acredita que oração deve ser feita a Deus somente em nome de Jesus somente.
Hellen estava tão convencida da verdade do evangelho que ela entendeu que só pela fé em Cristo que nós podemos ter um relacionamento com Deus.
UMA MULHER CHEIA
Eu não estou contando essa história para assustar vocês. Eu não tenho nenhuma intenção de assustar vocês. Eu quero usar o exemplo dessa mulher para mostrar como a verdade é preciosa. Como a verdade do evangelho tem um custo. E como a verdade do evangelho produz frutos que refletem a glória de Deus.
Hellen é uma ilustração dos frutos do evangelho de Gálatas 2:
Hellen tinha certeza de que Cristo morreu para a LIBERDADE dela. Foi por isso que ela pode dizer que o dia da morte dela seria o dia mais feliz. É indescritivelmente horrível ser amarrada, colocada em um saco e jogada na água para morrer.
Mas a fé de Hellen é que depois de alguns segundos naquele saco, ela iria abrir os olhos e estar diante do Salvador dela por um tempo sem fim. Ela sabia que seria indescritivelmente maravilhoso. E isso deu coragem para ela ficar do lado da verdade. Faz 500 anos que nossa irmã Hellen está diante do nosso Rei—livre: livre do pecado e livre desse mundo mal.
Ela respeitava Maria, mas não venerava. Ela dava AUTORIDADE suprema a Deus somente. Nem clero. Nem cardial. Nem homem algum.
O fé dela que só Cristo nos leva a Deus e nenhuma outra pessoa e nenhuma outra obra deu um fruto de SANTIDADE que ela amar a Cristo mais do que a vida.
Hellen sabia da UNIÃO que ela tinha com Cristo e a união que ela tinha com outros crentes, incluindo o marido dela. Foi por isso que ela disse:
Eu não vou dar boa noite para você, porque em breve nós nos encontraremos no Reino dos Céus.
E eles se encontraram. Eles estão juntos até hoje. E juntos com o Salvador. O Salvador que teve as mãos e os pés, não amarrados, mas pregados em uma cruz e também foi condenado como um blasfemador pelos religiosos da época.
CONCLUSÃO
Verdade produz Unidade. Não com o mundo. Não com falsos irmãos. Mas unidade com Cristo. E unidade entre nós. Para sempre.
A obra de Cristo na cruz é tão poderosa que ela nos une a ele e nos une uns aos outros com uma amor mais forte do que a morte.
Igreja Batista Jardim Minesota
Rua Clotildes Barbosa de Souza, 144
Jardim Santa Maria (Nova Veneza) Sumaré - São Paulo
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