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Foto do escritorPastor Alex Daher

Daniel 9:1-19: A Oração de Daniel

Série: Domínio e Esperança

01 de dezembro de 2024 – IBJM





Povo de Deus, vocês viram o que acabou de acontecer? Nós oramos. Nós fechamos nossos olhos, curvamos nossa cabeça e nós falamos com Deus! Nós acabamos de falar com o Criador do Universo, o Deus Todo-Poderoso, o nosso Pai. Que honra! Que glória! Que privilégio!

 

João Calvino disse que a oração é o principal exercício da fé. Ele está dizendo que a principal maneira como você manifesta sua fé é orando. Charles Spurgeon disse que a oração não nos prepara para grandes obras. A oração É a maior obra.

 

E que obra! Ter comunhão com Deus.

 

Daniel é um exilado piedoso. Um exemplo para nós. E um dos segredos de Daniel—não tão segredo assim—era a vida de oração dele.

 

No capítulo 2, quando ninguém conseguia entender o sonho de Nabucodonosor e ele ameaçou matar todos os sábios, Daniel não se desesperou. Daniel orou. E Deus revelou o sonho do Rei da Babilônia.

 

No capítulo 6, quando o Rei da Pérsia, Dario, emitiu um decreto dizendo que quem orasse para um deus seria jogado na cova dos leão, Daniel preferiu morrer a parar de orar. E Deus salvou Daniel.

 

Agora, de novo, Daniel ora. Daniel 9 é uma das orações mais maravilhosas de toda a Bíblia. Que o Senhor use a Palavra dele agora para que nós sejamos uma igreja que ora.

 

Orar não é opcional para nós, povo de Deus. Orar é uma questão de sobrevivência no exílio—sobrevivência espiritual. Mas que honra! Que glória! Que privilégio é podermos falar com Deus em oração.

 

ORAÇÃO DE DANIEL E A RESPOSTA DE DEUS

 Esse capítulo está dividido em 2 partes. Você pode perceber que, até o versículo 19, Daniel está orando. E do versículo 20 até o final nós temos a resposta de Deus à oração dele na forma de uma profecia. A profecia das 70 semanas. A profecia ficará para semana que vem, se Deus assim permitir.

 

Hoje nós vamos ouvir como Daniel fala com Deus e aprender a orar como um exilado. A oração dele mistura elementos de adoração, confissão e petição—pedidos a Deus. Mas existe uma razão por que essa oração é tão maravilhosa.

 

Ela é moldada por 3 tipos de conhecimento. Esses 3 tipos de conhecimento dão forma a oração que Deus ouve.

 

1.     NOSSA ORAÇÃO DEVE SER MOLDADA PELO CONHECIMENTO DA PALAVRA

 Nós precisamos deixar a Bíblia definir—formatar, moldar—como nós oramos.

Nós precisamos orar com a Bíblia aberta. Dobrar os joelhos é opcional. Curvar as cabeças é opcional. Fechar os olhos é opcional. O que é obrigatório em nossa orações durante o exílio—durante nossa vida nesse mundo—é orar com a Bíblia aberta.

 

Porque quando nós falamos com Deus, nós estamos respondendo ao que Deus já falou na Palavra dele. O que levou Daniel a orar desse jeito foi o que ele leu na Bíblia que ele tinha na época dele.

 

[1] No primeiro ano do reinado de Dario, filho de Assuero, da linhagem dos medos, que foi constituído rei sobre os caldeus, [2] no primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, entendi, pelos livros, que, de acordo com o que o SENHOR havia falado ao profeta Jeremias, a desolação de Jerusalém iria durar setenta anos.

 

O primeiro ano do reinado de Dario foi o ano de 538 AC. E Daniel tinha ido para o exílio no ano 605 AC, quase 70 anos atrás, quando Daniel tinha 14 anos. Isso significa que Daniel está com 80 anos de idade agora. Se Daniel fosse membro da IBJM, ele seria o nosso membro mais velho e com mais anos de caminhada com o Senhor.

 

E o que esse senhor de 80 anos, vivendo em um mundo pagão há tantos anos, com tanto sofrimento acumulado nas costas, está fazendo?

 

Ele está lendo a Bíblia! Ele está lendo os rolos do profeta Jeremias. Essa é uma parte essencial da nossa vida como exilados: suas orações e sua vida são moldadas pela Palavra—pela gloriosa e poderosa e infalível Palavra de Deus.

 

Daniel estava lendo duas passagens no livro de Jeremias. A primeira, no capítulo 25. Eu vou ler para vocês:

 

Toda esta terra virá a ser uma ruína, objeto de horror, e estas nações servirão o rei da Babilônia durante setenta anos. Acontecerá, porém, que, quando se cumprirem os setenta anos, castigarei o rei da Babilônia e aquela nação, a terra dos caldeus, por causa de sua iniquidade, diz o Senhor; farei deles ruínas perpétuas (Jeremias 25:11-12).

 

A segunda passagem que Daniel estava lendo está no capítulo 29. Foi a passagem que nós ouvimos antes no culto. Eu quero ler novamente com vocês. Abra em Jeremias 29 comigo, por favor.

 

Daniel tem o rolo do profeta Jeremias diante dele. Ele lê:

 

Jeremias 29:[10] Assim diz o Senhor: “Logo que se cumprirem para a Babilônia setenta anos, atentarei para vocês e cumprirei a promessa que fiz a vocês, trazendo-os de volta a este lugar. [O exílio vai acabar e vocês vão voltar para a Terra Prometida] [11] Eu é que sei que pensamentos tenho a respeito de vocês”, diz o Senhor. “São pensamentos de paz e não de mal, para dar-lhes um futuro e uma esperança. [12] Então vocês me invocarão, se aproximarão de mim em oração, e eu os ouvirei. [13] Vocês me buscarão e me acharão quando me buscarem de todo o coração. [14] Serei achado por vocês”, diz o Senhor, “e farei com que mude a sorte de vocês. Eu os congregarei de todas as nações e de todos os lugares para onde os dispersei”, diz o Senhor, “e trarei vocês de volta ao lugar de onde os mandei para o exílio.”

 

Daniel lê Deus dizendo: “Eu quero o bem de vocês. Quando vocês me buscarem, vocês vão me encontrar. Eu vou castigar a Babilônia e eu vou trazer vocês de volta”.

 

E Daniel, então, ora a Bíblia de volta para Deus.

 

A promessa que Deus deu de que eles voltariam para casa faz Daniel pedir para eles voltarem para casa. Se Deus prometeu na Palavra, ele vai cumprir.

 

[3] Voltei o rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração e súplicas, com jejum, vestido de pano de saco e sentado na cinza. [4] Orei ao SENHOR, meu Deus, e fiz a seguinte confissão...

 

O que fez os joelhos de Daniel se dobrarem foi a Bíblia aberta. A mente de Daniel é cheia da Bíblia. Daniel resolveu viver não baseado no que o mundo em volta dele diz que é verdade. Daniel resolver viver baseado no que o Deus dele disse na Palavra.

 

E é assim que nós também devemos viver também.

 

Olha como Daniel interpreta o sofrimento dele no exílio também a partir da Palavra de Deus. Ele vai para Lei de Moisés, os 5 primeiros livros da Bíblia:

 

[11] Sim, todo o Israel transgrediu a tua lei e se desviou, deixando de ouvir a tua voz. Por isso, as maldições que estão escritas na Lei de Moisés, servo de Deus, e que foram confirmadas com juramento, se derramaram sobre nós, porque pecamos contra ti. [12] Ele confirmou a sua palavra, que falou contra nós e contra os nossos juízes que nos julgavam, e fez vir sobre nós um grande mal. Nunca antes, debaixo do céu, havia acontecido algo como o que aconteceu com Jerusalém! [13] Como está escrito na Lei de Moisés, todo este mal nos sobreveio. Mas mesmo assim não temos implorado o favor do Senhor, nosso Deus, para nos convertermos das nossas iniquidades e nos aplicarmos à tua verdade. [14] O Senhor tinha preparado esse mal e o fez cair sobre nós, pois o Senhor, nosso Deus, é justo em tudo o que faz, e nós não obedecemos à sua voz.

 

Daniel entende o que está acontecendo com ele como o resultado do pecado do povo de Israel. Eles estão no exílio, não porque Deus não tem poder para parar Nabucodonosor. Não porque os deuses das outras nações são mais fortes. Eles estão no exílio porque eles abandonaram o Senhor.

 

Mas como ele chegou a essa conclusão?

 

[13] Como está escrito na Lei de Moisés.

 

Olha a visão alta e grandiosa que ele tem da Bíblia. Ele chega a falar que ouvir a Bíblia é ouvir a voz do próprio Deus. Esse tipo de visão da Palavra de Deus afeta o nosso relacionamento com esse livro. Afeta o nosso relacionamento com o culto. Afeta o nosso relacionamento com a pregação. Afeta o nosso relacionamento com Deus. Afeta a nossa vida de oração.

 

IBJM, quando a Bíblia fala, Deus fala! O nosso Deus fala conosco através da Palavra dele. Que honra! Que glória! Que privilégio é ter a Palavra de Deus!

 

A Palavra de Deus molda o nosso coração, molda a nossa fé e o resultado é moldar as nossas orações.

 

Essa é uma lição simples e revolucionária: ore com a Bíblia aberta. Deixe a Bíblia moldar o que você fala com Deus—o que você pede para Deus.

 

Leia os Salmos e deixe os palavras de Davi serem as suas palavras para Deus.

Leia Provérbios e deixe as palavras de Salomão serem as suas palavras para Deus.

Leia a Bíblia transforme a sua leitura da Palavra de Deus em oração para Deus.

 

Abra o seu coração para Deus em oração com a Bíblia aberta.

 

Se você é uma pessoa normal, se você tentar orar de olhos fechados, sem a Bíblia, sozinho, rapidamente sua mente irá divagar e você vai se distrair com alguma coisa. Quando eu falo rapidamente, eu não estou dizendo depois de alguns minutos. Eu estou dizendo depois de alguns segundos. Essa é a minha experiência.

 

Nós precisamos de uma âncora para que nossa mente não saia vagando pelos mares da distração. Essa âncora existe. Ela se chama “Palavra de Deus”.

 

É possível você passar por esse mundo mal com esperança, mesmo em meio às situações mais difíceis. Nossas orações devem ser moldadas pela Palavra de Deus.

 

Salmo 56, Davi orou:

 

Quando eu ficar com medo, hei de confiar em ti. Em Deus, cuja palavra eu exalto, neste Deus ponho a minha confiança e nada temerei. Que me pode fazer um mortal? (Salmos 56:3-4).

 

Um homem de oração é um homem da Palavra.

Uma mulher de oração é uma mulher da Palavra.

 

Ore com a Bíblia aberta. Como Daniel fez. E Deus ouve.

 

Os próximos dois tipos de conhecimento nos levam para direções opostas, mas eles são fundamentais para que nossas orações sejam alargadas e agradem a Deus.

 

Um conhecimento nos leva para baixo e o outro nos leva para o alto. Nós precisamos passar para o vale da sombra da morte para depois chegar no monte da transfiguração.

 

O próximo tipo de conhecimento que define a forma das nossas orações é o conhecimento do nosso pecado.

 

2.     NOSSA ORAÇÃO PRECISA SER MOLDADA PELO CONHECIMENTO DO PECADO

Nós nos aproximamos de Deus reconhecendo nossa necessidade de perdão e confissão e arrependimento. Nós nos aproximamos de Deus em oração com um espírito quebrantado e contrito, e Deus diz que esse espírito, ele não despreza. Ele ouve. Daniel sabe disso. Olha como ele ora:

 

[4] Orei ao SENHOR, meu Deus, e fiz a seguinte confissão: — Ah! Senhor! Deus grande e temível, que guardas a aliança e a misericórdia para com os que te amam e guardam os teus mandamentos, [5] nós temos pecado e cometido iniquidades. Procedemos mal e fomos rebeldes, afastando-nos dos teus mandamentos e dos teus juízos. [6] Não demos ouvidos aos teus servos, os profetas, que em teu nome falaram aos nossos reis, aos nossos príncipes, aos nossos pais e a todo o povo da terra.

 

Agora ele se concentra na vergonha e na humilhação de terem se rebelado contra um Deus tão justo e bom:

 

[7] A ti, ó Senhor, pertence a justiça, mas a nós cabe o corar de vergonha, como hoje se vê, a saber, aos homens de Judá, aos moradores de Jerusalém, a todo o Israel, tanto os de perto como os de longe, em todas as terras para onde os expulsaste, por causa das transgressões que cometeram contra ti. [8] Ó Senhor, a nós pertence o corar de vergonha, aos nossos reis, aos nossos príncipes e aos nossos pais, porque temos pecado contra ti. [9] Ao Senhor, nosso Deus, pertence a misericórdia e o perdão, pois nos rebelamos contra ele [10] e não obedecemos à voz do Senhor, nosso Deus, para andarmos nas suas leis, que nos deu por meio dos seus servos, os profetas.

 

Um cristão feliz é um cristão que chora. Esse é mais um dos paradoxos da vida cristã. Existe uma alegria libertadora naqueles que choram pelo seu pecado e pelo pecado dos outros. Jesus disse no Sermão do Monte:

 

Bem-aventurados [abençoados!] os que choram, porque serão consolados (Mateus 5:4).

 

O conhecimento do nosso pecado deve moldar nossas orações—e nos fazer confessar mais e pedir mais perdão a Deus.

 

Nós acabamos de cantar:

 

O meu ser é vacilante, toma-o, prende-o com amor

Para que eu a todo instante glorifique a ti, Senhor.

 

Esse conhecimento do nosso “ser vacilante”—de que nós somos tão facilmente atraídos pelo pecado—esse senso de fraqueza e insuficiência em nós mesmos e dependência do Senhor nos leva a orar de uma determinada forma.

 

Daniel era um homem piedoso. Um homem santo. E por isso, um homem que sabia que precisava da graça de Deus e do perdão dele. Para ele e para o povo dele.

 

Pouca confissão de pecado não é sinal de pouco pecado. Pouca confissão geralmente é sinal de pouco conhecimento do próprio pecado—o que deixa nossas orações mais pobres e nossa vida nesse mundo mais triste. A alegria do perdão só abraça aqueles que passam pelo vale do arrependimento e da confissão.

 

Mas nós não confessamos o pecado sem saber o que Deus irá fazer. Se nós olhamos para Cristo com fé—se você reconhece que o Filho de Deus foi morto no seu lugar porque você pecou contra Deus—então você sabe como Deus responde:

 

1 João 1:9—Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.

 

Deus responde aos “confessadores” de pecado com perdão e purificação. Que essa verdade nos leve a confessar mais.

 

Deus se agrada quando o pecado é confessado. E Deus é honrado. Confessar o pecado é reconhecer que Deus é santo e nós não. É reconhecer que existe alguém acima de nós a quem nós devemos toda a devoção e confiança e obediência.

 

O conhecimento do nosso pecado é fundamental. Esse conhecimento—esse reconhecimento—do nosso pecado cria em nós um espírito de contrição, de quebrantamento, de humilhação santa que molda a nossas orações com um formato que honra a Deus.

 

Mas tem um conhecimento ainda mais fundamental: é o conhecimento de Deus—de quem Deus é para nós em Cristo:

 

3.     NOSSA ORAÇÃO PRECISA SER MOLDADA PELO CONHECIMENTO DE DEUS

Daniel ora desse jeito porque ele conhece a Deus. Conhecer a Deus muda as nossas orações. Conhecer a Deus muda tudo.

 

A oração de Daniel foi imersa—ela foi batizada—no mar dos atributos de Deus. As palavras de Daniel estão encharcadas do conhecimento de Deus—e isso explica a simplicidade e a beleza dessa oração.

 

O conhecimento de Deus está espalhado na oração inteira. Ele começa com a GRANDEZA de Deus:

 

[4] Orei ao SENHOR, meu Deus, e fiz a seguinte confissão: — Ah! Senhor! Deus grande e temível

 

Daniel reconhece que Deus é JUSTO.

 

[7] A ti, ó Senhor, pertence a justiça, mas a nós cabe o corar de vergonha...

[14] O Senhor tinha preparado esse mal e o fez cair sobre nós, pois o Senhor, nosso Deus, é justo em tudo o que faz, e nós não obedecemos à sua voz.

 

Daniel, mesmo tendo sido tirado da casa dele em Jerusalém, mesmo sofrendo injustamente e sendo perseguido, não atribui culpa a Deus. Daniel sabe que é impossível Deus fazer alguma coisa errada porque ele é “justo em tudo o que faz”.

 

Que o Senhor nos ajude a responder da mesma forma. Que nossos lábios e nosso coração nunca atribua culpa a Deus. Nós atribuímos soberania e domínio e majestade a Deus. Mas não culpa. É impossível Deus fazer algo errado com a nossa vida e a nossa igreja porque ele é justo, santo e bom.

 

Mas existe ainda um atributo de Deus que é essencial para nos levar a orar—para nos aproximarmos de Deus para confessarmos os nossos pecados e pedirmos ajuda em nossas necessidades.

 

É A VERDADE GLORIOSA DE QUE ESSE DEUS GRANDE, TEMÍVEL E JUSTO É TAMBÉM UM DEUS MISERICORDIOSO E FIEL.

 

[4] (...) — Ah! Senhor! Deus grande e temível, que guardas a aliança [ele é fiel!] e a misericórdia para com os que te amam e guardam os teus mandamentos

 

Se Deus fosse um tirano poderoso que não tem a capacidade de se compadecer das nossas fraquezas, nós deveríamos ficar longe dele.

 

Mas esse não é o Deus da Bíblia. O Deus da Bíblia é um Deus de misericórdia. E de fidelidade. É por isso que nós oramos e pedimos perdão.

 

O Deus que governa o Universo com poder é o mesmo Deus que governa a nossa vida com misericórdia. O Deus que sustenta o mundo com braço forte é o mesmo Deus que sustenta nossa vida com braço compassivo.

 

Existe uma estranha inclinação da nossa carne de nos afastarmos de Deus quando nós pecamos. Parte se explica por causa da nossa vergonha. O pecado traz vergonha.

 

Mas nos afastarmos do Senhor nunca é a direção certa. Nunca. A direção certa, sempre, é em direção a Deus, em direção a Cristo e em direção a cruz. Para onde iremos? Só o Senhor tem as palavras de vida eterna.

 

Quando o peso do pecado nos esmagar, nós fazemos o que Daniel fez. Nós vamos até o Senhor com nossa culpa e nossa vergonha e nos humilhamos e pedimos perdão.

 

[8] Ó Senhor, a nós pertence o corar de vergonha, aos nossos reis, aos nossos príncipes e aos nossos pais, porque temos pecado contra ti. [9] Ao Senhor, nosso Deus, pertence a misericórdia e o perdão, pois nos rebelamos contra ele.

 

O maior incentivo para a nossa confissão para Deus é a própria compaixão de Deus. Como nós sabemos que ele é misericordioso, isso nos faz confessar com fé. Nós confessamos com tristeza, por termos pecado contra um Deus tão bom. E nós confessamos com confiança, por termos um Deus tão pronto para perdoar.

 

Provérbios 28:13—Quem encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e abandona alcançará misericórdia.

 

REVERÊNCIA E INTIMIDADE

Esse conhecimento que Daniel tem de Deus leva ele a orar. Deus é tanto um Deus GRANDE, TEMÍVEL, SANTO E JUSTO—existe uma distância entre Deus e nós, como é também um DEUS FIEL, MISERICORDIOSO, CHEIO DA GRAÇA—existe uma proximidade com conosco. Distância e Proximidade.

 

Não foi exatamente como Jesus nos ensinou a orar:

 

“Pai Nosso, que estás nos céus” (Mateus 6:9).

 

Deus está nos céus. Ele está acima de tudo e de todos aqui na terra. Ele é grande e temível. E justo. E santo. Mas ele é também o “Pai Nosso”. Deus é o nosso Pai.

 

Se você olha para Deus como o Soberano Rei do Universo, mas também como o seu Pai, cheio de misericórdia e que ama você, suas orações mudam. Sua vida muda.

 

Sim, nós precisamos do conhecimento do nosso pecado. Porque é o conhecimento do nosso pecado que nós leva a confissão, ao arrependimento e, mais importante: que nos leva a Cristo. Mas uma vez que você está em Cristo, unido a ele pela fé, agora o Des Soberano e Rei do Universo se tornou o seu Pai.

 

Eu não lembro muita coisa da minha infância, mas eu tenho algumas lembranças do meu relacionamento com o meu pai. Eu cresci com o meu pai sendo o meu herói. Até uma certa idade, eu não tinha nenhuma dúvida que o meu pai era o homem mais forte, mais sábio e mais amoroso do mundo. Eu tinha uma sensação de segurança só de ficar perto dele. Eu carregava um senso de admiração por aquele homem.

 

Eu ainda admiro muito o meu pai. Ele continua sendo exemplo para mim. Mas conforme eu fui amadurecendo e conhecendo mais sobre a vida, sobre esse mundo e sobre o meu pai, eu entendi que ele também tinha limitações, como todos nós temos.

 

Talvez você não tenha tido um pai que fosse um exemplo para você. Mas por causa da sua fé em Cristo, você agora tem um Pai perfeitamente bom.

 

No nosso relacionamento com Deus, com o nosso Pai Celeste, quanto mais o tempo passa e mais o nosso conhecimento de Deus aumenta, mas nós percebemos que ele não tem nenhuma limitação. Nosso senso de segurança e admiração não para de crescer.

 

Um homem chamado Michael Reeves escreveu um livro maravilhoso chamado “Deleitando-se na Oração”. Ele fez um comentário simples e revolucionário para as nossas orações:

 

Quando você pensa em oração como uma atividade abstrata, uma “coisa a fazer”, a tendência será você focar na oração como uma atividade—o que faz ela ficar chata. Em vez disso, foque naquele para quem você está orando. [Deus!] Lembrar-se diante de quem você orando é uma grande ajuda contra distração, e muda a oração [Reeves, Enjoy Your Prayer Life, p. 30].

 

Se, em vez de nós vermos a oração como uma tarefa que precisa ser feita, nós entendermos a oração como falar com o meu Pai, que me ama e quer me ouvir e me ajudar, nossas orações mudam. Nossa disposição para orar muda.

 

A oração se torna um relacionamento com a pessoa mais forte, mais sábia e mais amorosa do mundo. Conhecer a Deus molda nossas orações—aumenta nossa vontade de orar, nossa alegria para orar, e aumenta nossa fé no Deus que ouve orações.

 

UM PEDIDO POR GLÓRIA E GRAÇA

Na parte final da oração, Daniel faz uma transição da confissão dos pecados para pedir para Deus perdoar e agir e tirar seu povo do exílio e levá-los de volta para a casa—Israel.

 

Daniel leu na Palavra que eles estão no exílio por causa dos pecados deles. Ele leu também que o exílio duraria 70 anos, e depois Deus traria o seu povo de volta se eles buscassem o Senhor. Então, Daniel busca o Senhor em oração.

 

Repare que Daniel coloca esses 3 tipos de conhecimentos—da Palavra, do pecado e do Pai (de quem Deus é)—e mistura esses conhecimentos no caldeirão do coração dele. O que sai é um clamor cheio de fervor e com aroma da glória de Deus.

 

[17] E agora, ó nosso Deus, ouve a oração e as súplicas do teu servo. Por amor do Senhor, faze resplandecer o teu rosto sobre o teu santuário, que está abandonado. [18] Inclina, ó Deus meu, os ouvidos e ouve! Abre os olhos e olha para a nossa desolação e para a cidade que é chamada pelo teu nome! Lançamos as nossas súplicas diante de ti não porque confiamos em nossas justiças, mas porque confiamos em tuas muitas misericórdias.

 

O conhecimento que Daniel tem de quem Deus é faz ele orar com fé e fervor:

 

[19] Ó Senhor, ouve! Ó Senhor, perdoa! Ó Senhor, atende-nos e age! Não te demores, por amor de ti mesmo, ó meu Deus, porque a tua cidade e o teu povo são chamados pelo teu nome.

 

Daniel ora por perdão. Daniel por salvação. Mas olha a motivação que Daniel!

 

Versículo 17: “Senhor, ouve as minhas súplicas ‘por amor do Senhor’”–pelo amor que o Senhor tem pela sua própria glória.

 

Daniel está pedindo: “Deus, nos leva de volta para Jerusalém e reconstrói o templo que foi abandonado para que o mundo veja que o Senhor tem poder para nos salvar, para que o mundo veja que o Senhor tem misericórdia para nos perdoar. Mostra a glória do teu poder e da tua graça.

 

A motivação de Daniel não é o conforto pessoal. Não é porque é mais fácil viver na casa dele em Jerusalém do que viver na corte do Império da Babilônia. Mas o que deixa o coração de Daniel mais angustiado é não ver o nome de Deus glorificado.

 

Nós podemos e devemos orar pelo pão nosso de cada dia, por uma situação financeira digna, por uma saúde melhor, por relacionamentos com mais paz e menos conflito.

Mas que a nossa motivação em ver Deus agindo seja, principalmente, o nome dele, a glória dele. Que o nosso maior desejo em ver Deus respondendo seja ver Deus sendo adorado.

 

Que o nosso desejo seja que as pessoas vejam o que Deus está fazendo—curando, salvando, sustentando—e que ele seja reconhecido como Deus. Esse é um conhecimento e um desejo que precisa moldar nossas orações durante o exílio nesse mundo.

 

NOSSO INTERCESSOR

Daniel funciona como um exemplo de exilado para nós. Um exemplo a ser seguido. Nós devemos orar como Daniel orava.

 

Mas Daniel é mais do que um exemplo. Daniel é também uma sombra. O papel que Daniel tem no povo de Israel é uma sombra do papel que Jesus tem para nós.

 

Essa oração de Daniel é uma oração de confissão. É uma oração de pedido de salvação. Mas é também uma oração de intercessão. Daniel está intercedendo em favor do povo de Israel.

 

Daniel se identifica com o povo de Deus como se ele mesmo tivesse cometido todos os pecados que o povo cometeu.

 

[5] nós temos pecado e cometido iniquidades. Procedemos mal e fomos rebeldes, afastando-nos dos teus mandamentos e dos teus juízos.

 

No versículo 8 ele fala que o corar de vergonha pertence a ele. Ele está assumindo a vergonha do povo, mesmo ele não tendo pecado como o povo pecou.

 

Antes de entrar na intercessão dele, olha a última coisa que ele faz no:

 

[14] O Senhor tinha preparado esse mal e o fez cair sobre nós, pois o Senhor, nosso Deus, é justo em tudo o que faz, e nós não obedecemos à sua voz.

 

NÓS não obedecemos à sua voz? Daniel obedecia. Daniel não rejeitou a Palavra de Deus como o povo rejeitou. Ele não prestou culto a falsos deuses. Ele vivia pela fé.

 

Mas Daniel se vê como um homem inseparável do seu próprio povo, mesmo que ele não tenha cometido os pecados deles. Ele se vê unido ao seu povo de uma maneira em que os pecados do povo são os pecados que ele assume como dele.

 

Você percebe o formato da sombra que Daniel tem. A sombra de Daniel tem o formato da Pessoa de Cristo.

 

A diferença—a enorme diferença é que—apesar de ser um homem piedoso, Daniel era um pecador também. Daniel também tinha pecados a serem confessados. Mas Jesus não. Jesus nunca fez uma oração de confissão pelos próprios pecados porque ele nunca pecou.

 

Mas apesar de Jesus ser o grande e temível Deus, justo e santo, Jesus é também o nosso sacerdote. E como Daniel, Jesus intercede por nós junto a Deus. E o escândalo da graça e do amor de Deus é que Jesus—o grande e temível Deus—também escolheu se identificar conosco—um povo pecador—para nos salvar.

 

Jesus se vê tão unido a nós que os nossos pecados foram considerados os pecados dele.

 

2Coríntios 5:21—Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós, para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.

 

Jesus intercedeu por nós com palavras e com o sangue dele. E Deus respondeu com salvação.

 

Povo de Deus, com um sacerdote assim, como Jesus, você pode orar com confiança. Nossos pecados nos separam de Deus. Mas quando Jesus se uniu a nós em uma aliança de amor e morreu a morte que nós merecíamos naquela cruz, ele nos deu o direito de sermos chamados filhos de Deus e entrarmos na sala do trono de Deus.

 

CONCLUSÃO

Ore com a Palavra de Deus aberta e ore as promessas de Deus.

Ore reconhecendo seu pecado e pedindo perdão. E nós temos tanto pecado para confessar. Nossa montanha de pecados chega até o céu.

Mas ore olhando para o Deus que é grande, temível, justo, mas também misericordioso e fiel. O Deus que, por causa de Cristo, lança nossa montanha de pecados no fundo do mar e nos perdoa.

 

Que glória! Que honra! Que privilégio o Senhor Jesus comprou para nós com o sangue dele: termos comunhão com Deus. Uma comunhão que nós já temos aqui toda a vez que nós oramos em nome de Jesus. Amém.


 

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