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Foto do escritorPastor Alex Daher

Daniel 8: Sem Intervenção Humana

Série: Domínio e Esperança

17 de novembro de 2024 – IBJM



O “ATEÍSMO” DE POLICARPO

Durante o Império Romano, na época dos apóstolos, os cristãos eram considerados ateus. Os romanos olhavam para os cristãos como ateus—“sem deus”—porque eles não adoravam os deuses romanos nem o Imperador. E por isso, eles eram perseguidos.

 

Mas mesmo com toda perseguição, os apóstolos e os cristãos continuaram proclamando o evangelho. Eles continuaram dizendo que só Jesus era o Rei digno de ser adorado e que eles não iriam adorar a César.

 

E enquanto eles tinham fôlego de vida, eles espalhavam a mensagem da cruz e faziam discípulos de todas as nações. Isso teve um custo. Até o ano 70 DC, todos os apóstolos já tinham sido mortos. O único que sobreviveu foi apóstolo João.

 

E o que João fez depois que todos os seus companheiros apóstolos morreram?

João continuou espalhando a mensagem da cruz e fazendo discípulos.

 

Um dos discípulos do apóstolo João foi um homem chamado Policarpo. Ele acabou se tornando pastor em Esmirna.

 

Durante um momento de maior perseguição, em vez de fugir, Policarpo decidiu ficar orando em uma casa fora da cidade. Nesse tempo, ele teve uma visão em que o travesseiro na cabeça dele ficava queimando. Ele disse para seus amigos: “Eu tenho de ser queimado vivo”.

 

Os guardas romanos torturaram um dos servos de Policarpo e o servo acabou contando onde Policarpo estava. Os guardas chegaram e ficaram impressionados com a idade avançada dele e como ele estava sereno. Ele ofereceu comida e foi hospitaleiro com os guardas. Ele só pediu para, antes de ser levado, ter uma hora de oração no quarto.

 

No caminho para ser executado, o procônsul disse para Policarpo: “Respeite sua própria idade... Jure por César... Arrependa-se...”. Policarpo disse “não”. O chefe da guarda levou, então, Policarpo para o estádio cheio de pagãos furiosos.

 

Mais uma vez, em público, o procônsul falou para ele: “Jure por César, e eu libertarei você. Amaldiçoe a Cristo”.

 

Policarpo deu uma resposta que ficou famosa na história da igreja. Ele disse:

 

“Eu tenho servido a Cristo por 86 anos, e ele não me fez mal algum. Como eu poderia blasfemar o meu rei, que me salvou?” 

 

Juntaram madeira e amarraram Policarpo enquanto ele cantava um hino de louvor a Deus. Eles colocaram fogo na madeira, mas milagrosamente, o fogo não consumia o corpo de Policarpo. Até que um executor romano pegou uma espada e matou Policarpo. E Policarpo foi enviado para os braços de Cristo.

 

Nós ouvimos uma história dessa, e eu me pergunto: o que leva um homem de 86 anos agir assim? O que passa pela mente e pelo coração de um homem desse para ele preferir morrer a negar a Cristo?

 

AMOR SOBERANO

 A resposta, eu entendo, é o conhecimento do amor soberano de Deus em Cristo. Policarpo estava tão convencido que Deus amava a ele e que Deus era soberano, ele estava tão convencido de que Cristo comprou a vida eterna para ele, que essa convicção teve força suficiente para sustentar a adoração dele mesmo quando ele está sendo preparado para ser executado.

 

Daniel é um livro sobre esse amor soberano. O propósito do livro de Daniel é mostrar a soberania de Deus sobre a história e sobre a nossa vida para sustentar nossa adoração, mesmo quando o mundo está contra nós.

 

Nós podemos ver as visões que Deus dá a Daniel nesses capítulos como se Deus estivesse escrevendo cartas para ele (e para nós) dizendo:

 

“Daniel (e IBJM), apesar do sofrimento que vocês precisam passar, vocês precisam confiar em mim. Eu governo a história. Eu vou salvar vocês. Perseverem”.

 

No capítulo 7, Deus deu uma visão para Daniel com animais representando os reinos desse mundo para revelar a história até a volta de Cristo.

 

No capítulo 8, ainda auge do Império da Babilônia (v. 1), Deus dá uma segunda visão para Daniel dois anos depois da primeira visão. Deus levou Daniel em uma visão para a “cidadela de Susã” (v. 2), a cidade que se tornaria a capital do Império Persa e mostrou para Daniel o que vai acontecer, mas dessa vez, o Senhor se concentra nos próximos dois Impérios: a Pérsia e a Grécia.

 

A experiência de ter recebido essa visão não foi tranquila e divertida. Daniel quase morreu do coração. Sabe quando você está tendo um pesadelo—que você está sendo perseguido ou perto da morte, e você acorda suado, com o coração acelerado, de tão real que o sonho parece. Aumente essa sensação por mil. Foi a experiência de Daniel.

 

DANIEL, GABRIEL E JESUS

 

[15] Depois que tive a visão, eu, Daniel, procurei entendê-la. Foi quando se apresentou diante de mim um ser que tinha a aparência de homem. [16] E ouvi uma voz de homem que vinha das margens do rio Ulai e que gritou assim: — Gabriel, explique a visão a esse homem.

 

Gabriel é o mesmo anjo que falou com José para casar com Maria. É o mesmo anjo que falou para Maria que ela teria um filho e que ela deveria colocar o nome dele de Jesus. E que esse filho dela reinaria para sempre no trono de Davi.

 

Agora, quem é esse ser no versículo 15 que tinha a aparência de homem e deu ordem para o anjo explicar a visão para Daniel? Eu preciso concordar com Stuart Ollyot e com João Calvino: era Jesus, antes da encarnação. Quem mais teria a aparência de homem e poderia dar ordem a um anjo, se não o Criador dos anjos que se tornaria homem daqui a alguns anos?

 

[17] Ele [o anjo Gabriel] veio para perto de onde eu estava. Quando chegou, fiquei com muito medo e caí com o rosto em terra. Mas ele me disse: — Filho do homem, você precisa entender que esta visão se refere ao tempo do fim. [18] Ele ainda falava comigo quando caí sem sentidos, com o rosto em terra.

 

Ele não consegue ficar em pé. Daniel fica com tanto medo que ele desmaia e cai no chão—“rosto em terra”. Os anjos são seres tão poderosos e tão gloriosos, que um ser humano ainda com pecado não consegue ficar perto deles sem os joelhos tremendo.

 

Mas Deus ama Daniel. Deus enviou o anjo Gabriel não para assustar Daniel, mas para revelar o que vai acontecer—para preparar o povo de Deus para ser fiel durante o exílio. Gabriel toca em Daniel, coloca ele em pé e mostra o futuro.

 

[18] (...) Ele, porém, me tocou, me pôs em pé [19] e disse: — Eis que vou lhe contar o que há de acontecer no último tempo da ira, porque esta visão se refere ao tempo determinado do fim.

 

Vamos interpretar a visão com a ajuda do anjo Gabriel.

 

1.     A REVELAÇÃO DA VISÃO

 

Essa segunda visão que Daniel tem se concentra em 4 personagens: um carneiro, um bode, um chifre e um santo.

 

1.     O CARNEIRO (vv. 3-4; 20)

 

[3] Levantei os olhos e eis que, diante do rio, estava um carneiro, que tinha dois chifres. Os dois chifres eram compridos, mas um era mais comprido do que o outro; e o mais comprido apareceu por último. [4] Vi que o carneiro dava chifradas para o oeste, para o norte e para o sul, e nenhum animal podia resistir a ele, nem havia quem pudesse livrar-se do seu poder. Ele fazia o que bem queria e, assim, se engrandeceu cada vez mais.

 

Agora a interpretação:

 

[20] Aquele carneiro com dois chifres, que você viu, são os reis da Média e da Pérsia.

 

Daniel ainda está debaixo do Império da Babilônia, mas Deus leva Daniel para o futuro e mostra que a Babilônia vai cair e o Império da Média e da Pérsia irá conquistar a Babilônia.

 

O chifre mais curto é a Média e o chifre mais longo é a Pérsia porque foi a Pérsia que engoliu a Média e ficou no poder um tempo mais longo.

 

Usando um carneiro e dois chifres, Deus resume para Daniel os próximos 200 anos de história, antes da história acontecer, para mostrar que acima dos reis desse mundo, existe um Rei dos reis. A história não está nas mãos das feras desse mundo.

 

2.     O BODE (vv. 5-8; 21-22)

 

[5] Enquanto eu procurava entender isso, eis que um bode vinha do oeste percorrendo toda a terra, mas sem tocar no chão. Esse bode tinha um chifre bem visível entre os olhos.

 

Sabe nos desenhos animados quando alguém está correndo tão rápido, tão rápido, que os pés param de tocar no chão e parece que a pessoa está voando. Esse é o bode. Ele avança—ele corre—tão rápido que não dá para ver nem o pé ele.

 

Os bodes geralmente têm dois chifres pequenos. Esse bode é diferente. Ele tem um chifre só grande entre os olhos. E ele vem voando com toda a força na direção do carneiro:

 

[6] Foi na direção do carneiro que tinha os dois chifres, que eu tinha visto diante do rio, e correu contra ele com todo o seu furioso poder. [7] Eu vi quando o bode chegou perto do carneiro e, enfurecido contra ele, o atacou e lhe quebrou os dois chifres. O carneiro não tinha força para resistir ao bode. O bode jogou o carneiro no chão e o pisou com os pés, e não houve quem pudesse livrar o carneiro do poder do bode.

 

Quem é esse bode nervoso que colocou o carneiro—que é o Império Persa—no chão?

 

[21] O bode peludo é o rei da Grécia, e o chifre grande entre os olhos é o primeiro rei.

 

O bode peludo com chifre grande representa Alexandre, o Grande. O primeiro rei da Grécia. Alexandre se tornou rei quando ele tinha só 20 anos e em somente 10 anos ele conquistou todo o Império Persa. Nem os foguetes do Elon Musk são tão rápidos.

 

É por isso que Alexandre, o Grande, é representado por um bode que corre tanto que ele chega a levantar do chão—e na visão do capítulo 7 ele era um leopardo.

 

Deus está falando para Daniel o que vai acontecer—no futuro. Deus não é um observador da história humana. Deus é o Governador. E Deus revela o futuro para Daniel e para nós termos confiança nele, mesmo em tempos difíceis.

 

Mas Deus dá ainda mais detalhes sobre o bode com um chifre grande que representa a Grécia. O chifre grande é quebrado e nascem 4 chifres (v. 8).

 

O anjo Gabriel explica o que isso significa:

 

[22] O fato de o chifre ter sido quebrado, levantando-se quatro chifres em lugar dele, significa que quatro reinos se levantarão deste povo, mas não com força igual à que ele tinha.

 

Olha o nível de detalhe que o Senhor dá para Daniel sobre o futuro. Isso é profecia divina.

 

Com toda a nossa tecnologia, muitas vezes nós erramos a previsão do tempo para os próximos 30 minutos. Mas Deus revela a previsão do tempo e do espaço e da história pelos próximos 500 anos. E ele nunca erra.

 

Povo de Deus, quando nós vemos os governos desse mundo perseguindo a fé cristã—e a nossa cultura se tornando cada vez mais “anticristã”, isso não é prova que Deus não está no controle. Isso é prova, na verdade, que está acontecendo o que Deus disse que aconteceria. Justamente porque ele está no controle.

 

Jesus disse para os discípulos:

 

João 16:1-4—Falo essas coisas para que vocês não se escandalizem. Eles expulsarão vocês das sinagogas, e até chegará a hora em que todo aquele que os matar pensará que, com isso, está prestando culto a Deus. Isso farão porque não conhecem o Pai nem a mim. Mas estou falando essas coisas para que, quando chegar a hora, vocês se lembrem de que eu já tinha dito isto para vocês.

 

Profecia nos prepara para perseguição e para perseverança. É por isso que Deus está dando essas visões para Daniel e para nós, hoje.

 

Mas Deus revela ainda mais detalhes sobre o futuro. E as notícias são ainda mais difíceis agora. Depois do carneiro e do bode, vem o chifre:

 

3.     O CHIFRE (vv. 9-12; 23-25)

 

[9] De um deles saiu um chifre pequeno, que se engrandeceu na direção do sul, do leste e da terra gloriosa [Israel]. [10] Ele se engrandeceu tanto, que alcançou o exército dos céus [representa o povo de Deus—o povo do reino dos céus]. Lançou por terra alguns desse exército e das estrelas e os pisou com os pés. [Ele vai matar milhares de judeus.] [11] Ele se engrandeceu tanto, que chegou a desafiar o príncipe desse exército. [Se o exército é o povo de Deus, o príncipe é o próprio Deus]. Tirou dele o sacrifício diário e destruiu o lugar do seu santuário [o Templo em Jerusalém]. [12] O exército lhe foi entregue, com o sacrifício diário, por causa das transgressões. Lançou por terra a verdade, e tudo o que ele fez prosperou.

 

Deus está descrevendo um rei durante o Império Grego chamado Antíoco IV, que governou entre 175 e 164 AC. Ele foi como um Hitler naquela época. Ele foi um “rei cruel” (v. 23). Ele foi uma sombra, uma representação do anticristo que virá no final dos tempos.

 

• Antíoco IV proibiu a circuncisão que a lei de Deus exigia na época.

• Ele entrou no Templo de Jerusalém e sacrificou um porco no altar—que era considerado um animal impuro para os judeus.

• Ele colocou um objeto consagrado a Zeus (um deus grego) no Santo dos santos—o lugar que representava a presença de Deus com o povo.

• Ele queimou as cópias das Escrituras que existiam e mandou matar todas as pessoas que eram fiéis a Deus.

 

Essa não é uma profecia fácil de se ouvir. Deus está dizendo que esse protótipo do anticristo irá destruir o povo santo. E assim como Antíoco IV era um anticristo, o apóstolo João disse que muitos anticristos têm surgido nesse mundo: Hitler, Stalin, Mao Tse-Tung e vários papas. Até a volta de Cristo, anticristos surgirão, até o último Anticristo, como nós vimos na visão do capítulo 7.

 

Como um Deus de amor soberano permite essas coisas? O “povo santo” (v. 23) sendo destruído!? E como nós devemos reagir diante do mal nesse mundo e o mal que nós sofremos?

 

Uma das resposta vem do próximo personagem na visão. Depois do carneiro, do bode e do chifre, Daniel ouve dois santos—que são dois anjos—conversando:

 

4.     O SANTO (vv. 13-14; 25)

 

[13] Depois, ouvi um santo que falava; e outro santo lhe perguntou: — Até quando vai durar a visão do sacrifício diário suprimido e da transgressão desoladora? Até quando o santuário e o exército ficarão entregues, para que sejam pisados aos pés?

 

LAMENTAR É PERMITIDO

 

As duas perguntas do anjo começam da mesma forma: “Até quando? Até quando?”

 

Até quando Deus vai tolerar esse tipo de coisa acontecendo no mundo?

 

Os anjos também sabem que Deus é soberano. Eles também sabem que Deus é a fonte de todo amor. Eles não tem nenhuma dúvida que Deus é perfeitamente justo e santo.

 

Existe uma maneira santa de perguntar para Deus: “Até quando?” Existe uma maneira errada também. Ir até Deus reclamando, exigindo de um Deus uma resposta, como se nós estivéssemos no trono, e não Deus.

 

Reclamar é pecado. Murmuração tem sua raiz em nossa ingratidão. Essa é uma maneira errada.

 

Mas existe uma maneira correta. Uma maneira bíblica. Existe um tipo de lamento piedoso—um tipo de “Até quando, Senhor?” que flui dos lábios de um filho crente, mas confuso, que sabe que o Pai é bom e tem poder para mudar a situação:

 

O profeta Habacuque perguntou para Deus diante da crueldade em volta dele:

 

Até quando, Senhor, clamarei pedindo ajuda, e tu não me ouvirás? (Habacuque 1:2).

 

O rei Davi perguntou para Deus diante dos seus inimigos que perseguiam ele sem parar. Veja como Davi é honesto e reverente ao mesmo tempo.

 

Salmos 13:1-3—Até quando, Senhor, te esquecerás de mim? Será para sempre? Até quando esconderás de mim o teu rosto? Até quando estarei relutando em minha alma, com tristeza no coração cada dia? Até quando o meu inimigo se exaltará sobre mim? Olha para mim e responde-me, Senhor, meu Deus!

 

Lamentar é permitido. Deus ouve. Deus não tampa os ouvidos. Deus não vira o rosto.

 

Que pai fica ofendido com um filho se aproxima chorando, confuso, sofrendo, pedindo ajuda para entender o que está acontecendo? Deus, não.

 

Murmurar contra Deus é pecado. Mas lamentar diante de Deus é santo.

 

• Você é injustiçado onde você estuda ou onde você trabalha, e tem alguém perseguindo você, você pode perguntar a Deus em oração: “Até quando, Senhor?”

• Você que quer muito se casar, mas Deus ainda não deu um marido ou uma esposa, você pode perguntar em oração: “Até quando, Senhor?”

• Você que quer filhos, mas Deus ainda não deu, você pode perguntar: “Até quando, Senhor?”

• Você está em uma fase difícil no seu casamento, um relacionamento difícil com os filhos, ou alguém da família persegue você, e a situação se estica, se estica e nunca termina, existe uma maneira santa de clamar a Deus: “Até quando, Senhor?”

 

Prova que lamentar é não é pecado é que até os crentes, no céu, que já foram glorificados, eles clamam por justiça e perguntam para Deus:

 

Apocalipse 6:10—Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?

 

Muitas vezes, é o que você precisa fazer para lidar com seu sofrimento diante do Senhor. Derramar seu coração e falar o que você realmente está sentido, sem pecar contra Deus.

 

Lamentar é o caminho que Deus nos dá, em oração, para nos aproximarmos dele e renovarmos nossa fé no Deus soberano que é também um Deus de amor. Jesus disse:

 

Lucas 18:7-8—Será que Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite, embora pareça demorado em defendê-los? Digo a vocês que, depressa, lhes fará justiça.

 

Deus fará justiça. Ou nessa vida. Ou na próxima. Ou na terra. Ou no céu. Ou na semana que vem. Ou quando ele voltar. Mas Deus certamente irá satisfazer todos os nossos desejos santos por justiça e irá vindicar o povo dele e a glória dele.

 

Olha a resposta que o anjo deu para a pergunta: “Até quando, Senhor, o povo será entregue e pisado?”

 

[14] Ele me disse: — Até duas mil e trezentas tardes e manhãs. Depois, o santuário será purificado.

 

Isso é profecia bíblica: 2.300 dias—tardes e manhãs. O nível de detalhe que Deus dá só tem uma explicação. Deus é Deus. Ele realmente governa a história do mundo e a nossa história.

 

2.300 dias deve ter entendido de forma literal. Esse número não tem um simbolismo específico como o número 7, ou 10, ou 12, ou 1000.

 

2.300 dias dá quase 6 anos e meio. Agora, ouça isso:

 

2.300 dias é o número de dias—de tardes e manhãs—entre a morte do sumo-sacerdote Onias III, em 170 AC até o dia 1 de dezembro de 164 AC, quando o Templo foi purificado através da revolta que Judas Macabeu liderou. Deus é realmente Deus.

 

Deus está mostrando para Daniel que Antíoco IV terá um fim. Os reis cruéis desse mundo não vão profanar e blasfemar para sempre. E o povo de Deus não irá sofrer para sempre. Nem em Israel na época de Daniel. Nem em Moçambique hoje. Nem na Coreia do Norte. Nem no Brasil.

 

UM CORDEIRO

 

Mais uma vez, Deus está mostrando que os reinos desse mundo vão desaparecer. O único reino que irá durar para sempre é o Reino de Deus—o Reino do Senhor Jesus Cristo.

 

Esse mundo não será governando por carneiros, nem bodes, nem chifres pequenos. Esse mundo é governado por um Cordeiro. O Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (João 1:29). O Cordeiro que foi morto, se sentou no trono e vai reinar para sempre em justiça e amor.

 

Eu quero mostrar para vocês no texto mais duas manifestações do amor soberano de Deus por nós. A primeira pode não parecer amor, especialmente no início, mas ela é uma categoria fundamental no nosso relacionamento com Deus.

 

PRIMEIRA MANIFESTAÇÃO: A DISCIPLINA DO AMOR

 

[12] O exército lhe foi entregue, com o sacrifício diário, por causa das transgressões. Lançou por terra a verdade, e tudo o que ele fez prosperou.

 

Por causa das transgressões, o exército (os crentes em Israel) foi entregue a Antíoco IV, aquele rei mal. E anjo Gabriel confirma essa interpretação.

 

[23] Quando se aproximar o fim desses reinos e as transgressões tiverem chegado ao máximo, surgirá um rei cruel e mestre em intrigas.

 

Deus traz julgamentos temporários e sofrimento e tira das nossas mãos aquilo que está nos afastando dele por amor—para não abandonarmos a fé.

 

Todo o livro de Daniel se dá nos 70 anos de exílio na Babilônia. O que foi parte da disciplina de Deus com o povo. Eles estavam longe da Terra Prometida porque eles haviam abandonado o Senhor. Mas em vez de o Senhor abandoná-los de vez, o Senhor disciplina o seu povo—tira o Templo e Terra deles—para depois trazê-los para perto dele de novo. Como o Senhor faz conosco.

 

Como Deus fez com o profeta Jonas. Jonas estava se afastando do Senhor. Deus enviou uma tempestade para jogar Jonas no mar. Mas a intenção de Deus não era matar Jonas. A intenção de Deus era salvar Jonas. A tempestade foi uma disciplina, mas não foi o final. Deus enviou um grande peixe para engolir Jonas e salvar Jonas e não deixar que Jonas morresse no mar.

 

Talvez seja isso que Deus está fazendo com você agora. Seu Pai Celeste está disciplinando você para que o pecado não domine você. Você pode estar no meio de uma tempestade.

 

A disciplina de Deus pode tomar tantas formas em nossas vidas:

 

Às vezes, Deus nos disciplina frustrando nossos planos para nos lembrarmos que ele é suficiente e não precisamos disso que nós tanto desejamos e está nos controlando tanto.

 

Às vezes, Deus vê que nosso coração está se orgulhando com algo que Deus que está dando—algum dom que ele nos deu, algo tipo de sucesso visível no seu trabalho ou com a vida financeira—e Deus tira aquilo da nossa mão para nós nos machucarmos com o orgulho do pecado, como um pai tira uma tesoura da mão de uma criança para ela não se ferir.

 

Às vezes é claro para nós que o Senhor está nos disciplinando. Nós vemos o pecado no nosso coração—vemos o nosso orgulho—e vemos o amor soberano de Deus nos protegendo de nós mesmos.

 

Mas muitas vezes é difícil saber se Deus está nos disciplinando ou se simplesmente estamos sofrendo porque esse mundo ainda é um mundo caído no pecado. Às vezes são as duas coisas ao mesmo tempo. Mas às vezes, simplesmente não sabemos.

 

No final das contas, a nossa resposta é mesma: fé. Confiar em Deus e perseverar.

No final das contas, o resultado também é o mesmo: Deus nos disciplina por amor, para nos atrair para mais perto dele, mais perto do nosso Pai que nos ama e não vai o nosso pecado nos destruir. Na hora certa, ele vai mandar um grande peixe para nos tirar das profundezas e nos devolver para terra firme, andando com o Senhor.

 

É um processo que causa dor—como um bisturi nos cortando sem anestesia. Mas o fruto é a cura. A disciplina produz santidade em nós.

 

Hebreus 12—E vocês se esqueceram da exortação que lhes é dirigida, como a filhos: “Filho meu, não despreze a correção que vem do Senhor, nem desanime quando você é repreendido por ele; porque o Senhor corrige a quem ama e castiga todo filho a quem aceita.” (...) Na verdade, toda disciplina, ao ser aplicada, não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza. Porém, mais tarde, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça (vv. 5-7, 11)

 

Deus está disciplinando você? Sinta-se amado por ele. Aqueles que não são filhos, Deus não trata. Mas o Senhor corrige a quem ele ama.

 

Que o Senhor nos dê graça não só para nos humilhar na presença dele, mas conseguirmos ver também que é o amor soberano dele tirando da nossa mão aquilo que irá manchar a glória de Deus e nos machucar com a tesoura do pecado.

 

SEGUNDA MANIFESTAÇÃO: SEM INTERVENÇÃO

 

A segunda manifestação do amor soberano de Deus está em uma expressão no versículo 25:

 

O anjo Gabriel está falando de Antíoco IV, aquele rei cruel que é a representação do mal. Ele disse:

 

[25] Por sua astúcia, fará prosperar o engano. No seu coração ele se engrandecerá, e destruirá muitos que vivem despreocupadamente. Ele se levantará contra o Príncipe dos príncipes [que é Deus], mas será destruído sem intervenção humana.

 

Deus prometeu que ele lidaria com o mal. Isso nós podemos ter certeza. Ele é santo e justo. Mas Deus irá eliminar o mal “sem intervenção humana”. Nossa intervenção humana não tem força para lidar com o nosso pecado, com Satanás e com a morte.

 

Volte para Daniel, capítulo 2. Existe uma conexão importante para entendermos como Deus elimina o mal “sem intervenção humana”:

 

Daniel 2:34—Enquanto o senhor estava olhando, uma pedra foi cortada sem auxílio de mãos humanas, atingiu a estátua nos pés de ferro e de barro e os despedaçou.

 

Se o mal será eliminado, Deus precisa enviar alguém mais forte. E é isso que o amor soberano de Deus faz. Ele envia alguém que tem poder para vencer: o Filho dele.

 

É assim que nós nos relacionamos com Deus. É assim que você é salvo e perdoado por Deus. “Sem intervenção humana”. Em outras palavras: graça.

 

O amor soberano de Deus, através de Cristo, tem poder para nossos inimigos:

 

Pela fé em Cristo, a MORTE não tem mais poder sobre nós. Jesus disse:

 

— Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá (João 11:25).

 

Pela fé em Cristo, SATANÁS não tem mais poder sobre nós. Jesus disse:

 

(...) sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela (Mateus 16:18).

 

Pela fé em Cristo, o PECADO não tem mais poder sobre nós. Romanos 6:

 

Sabendo isto: que a nossa velha natureza foi crucificada com ele, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sejamos mais escravos do pecado. Assim também vocês considerem-se mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus (vv. 6,11).

 

Deus prometeu no versículo 14:

 

[14] Ele me disse: — Até duas mil e trezentas tardes e manhãs. Depois, o santuário será purificado.

 

E ele foi purificado. Mas foi uma purificação temporária. Uma purificação temporária que apontava para a purificação permanente do Templo. A purificação que Jesus fez com o sangue dele. No dia em que o véu do santuário foi rasgado de alto a baixo “sem intervenção humana”.

 

Mas a mensagem de Daniel 8 (e a mesma mensagem de toda a Bíblia) é:

 

(...) através de muitas tribulações, nos importa entrar no Reino de Deus (Atos 14:22).

 

Foi difícil para Daniel lidar com tudo isso:

 

[27] Eu, Daniel, enfraqueci e fiquei doente durante vários dias. Depois, me levantei e tratei dos negócios do rei. Fiquei espantado com a visão, e não havia quem a entendesse.

 

A visão derrubou Daniel. Foi muito para ele. Como é muito para nós também. Mas o Senhor levantou Daniel e ele continuou tratando “dos negócios do rei”. Ele continuou servindo para a glória de Deus na Babilônia. Como você também deve fazer.

 

Na vida cristã, não é possível separar a coroa da cruz.

Mas na vida cristã, também não é possível sermos separados do amor soberano de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.

 

O custo pode ser alto. Mas a alegria de viver para sempre com Cristo é maior.

 

CONCLUSÃO

 

Foi o amor divino e soberano que sustentou Daniel a permanecer fiel na Babilônia.

Foi o amor divino e soberano que sustentou Policarpo a permanecer fiel em Roma.

É esse mesmo amor divino e soberano que vai nos sustentar hoje.

 

No fim, só o reino dele permanecerá e só ele será adorado:

 

Apocalipse 5:13—Então ouvi que toda criatura que há no céu e sobre a terra, debaixo da terra e sobre o mar, e tudo o que neles há, estava dizendo: “Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro sejam o louvor, a honra, a glória e o domínio para todo o sempre.”

 

Amém!

 

Esse mundo não é governado por carneiros, nem bodes, nem homem nenhum. Esse mundo é governado pelo Cordeiro que foi morto e venceu “sem intervenção humana”.


 

Igreja Batista Jardim Minesota

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Jardim Santa Maria (Nova Veneza) Sumaré - São Paulo

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