Série: Domínio e Esperança
15 de setembro de 2024 – IBJM
INTRODUÇÃO
Existem momentos em nossa vida em que a melhor coisa que pode acontecer conosco é comermos capim. Comer capim pode salvar a sua vida. Às vezes, literalmente. Nabucodonosor mudou quando ele começou
a andar de quatro no pasto ao ar livre e se alimentar de grama. Foi humilhante, mas foi salvador.
Esse tipo de humilhação é a nossa salvação. Essa humilhação nos salva porque ela produz dois tipos de conhecimento em nós: o conhecimento de Deus e o conhecimento do homem.
Você quer ser uma pessoa sábia? Você quer ser uma pessoa feliz? A Bíblia diz que o fundamento de toda a nossa sabedoria e alegria está, primeiro, em conhecer a Deus.
Provérbios 9:10—O temor do Senhor é o princípio da sabedoria; conhecer o Santo é ter entendimento.
Essa passagem tem uma mistura santa de conhecimento de quem Deus é e de quem nós somos. A ordem é importante: Deus e você. Quanto mais você entende quem Deus é, mais você entende quem você realmente é—o que Deus criou você para ser.
Vamos ver algumas verdades sobre esses dois conhecimentos ao longo do texto e como eles podem nos dar sabedoria e salvação e santidade.
Essa passagem está dividida em duas partes: A primeira parte, até o versículo 18, Nabucodonosor está contando o sonho que ele teve. A segunda parte, do versículo 19 até o fim, Daniel interpreta o sonho e o
sonho se realiza—para o mal e para o bem de Nabucodonosor.
PARTE 1: O TESTEMUNHO DE CONVERSÃO DO REI
Qual é o tipo de gênero literário dessa passagem: Poesia? Narrativa? Carta? Eu classifico esse capítulo como um TESTEMUNHO DE CONVERSÃO, como os testemunhos dos candidatos à membresia que
colocamos no mural da igreja. Nabucodonosor quis compartilhar com o mundo o que Deus fez com ele. E Deus quis deixar o testemunho dele registrado na Bíblia.
[1] O rei Nabucodonosor às pessoas de todos os povos, nações e línguas, que habitam em toda a terra: “Que a paz lhes seja multiplicada! [2] Pareceu-me bem tornar conhecidos os sinais e as maravilhas que Deus, o Altíssimo, tem feito para comigo.”
No capítulo anterior, Nabucodonosor ordenou que as pessoas de todos os “povos, nações e línguas” adorassem a imagem dele e quem não adorasse seria morto.
Nabucodonosor mudou. Como aconteceu com o apóstolo Paulo, ele foi de PERSEGUIDOR da fé para PROCLAMADOR da fé, como Caique mostrou em Atos 9 algumas semanas atrás. E como o apóstolo Paulo, quando Nabucodonosor pensa na salvação dele, ele fica com vontade de adorar a Deus.
[3] “Como são grandes os seus sinais, e como são poderosas as suas maravilhas! O seu reino é um reino eterno, e o seu domínio se estende de geração em geração.”
Finalmente Nabucodonosor entendeu quem Deus é e quem ele é. Ele mudou. Mas como ele vai contar, o processo foi doloroso.
Como geralmente é conosco quando o Senhor precisa nos ensinar alguma coisa. Nós somos, geralmente, lentos para entender e duros para aceitar.
Mas Deus é “compassivo e bondoso, tardio em irar-se e grande em misericórdia e fidelidade” (Êxodo 33:6).
Nossa lentidão e nossa dureza não são suficientes para segurar o braço forte de Deus quando ele quer nos
resgatar.
Aqui começa oficialmente o testemunho que Nabucodonosor escreve para ficar no mural da Palavra de Deus. “Ó rei da Babilônia, por favor, compartilhe como o Senhor transformou sua vida”:
[4] — Eu, Nabucodonosor, estava tranquilo em minha casa e feliz no meu palácio.
Ele admite que estava “tranquilo e feliz”. Nabucodonosor não estava s sentindo um miserável porque não tinha o Senhor. Ele não estava se sentindo culpado. Ele deveria, mas ele não estava.
VERDADE # 1: O HOMEM LONGE DE DEUS É UM HOMEM CEGO
Ele é como um homem que atravessou um pântano à noite. Ele está imundo de lama e folha e insetos mortos na roupa, mas porque está tudo escuro, ele não consegue ver a própria sujeira.
A falta de conhecimento de Deus gera em nós a falta de conhecimento próprio. Nós não conseguimos perceber o nosso próprio pecado.
Isso mostra que nem toda tranquilidade e felicidade vem do céu. Essa tranquilidade que o rei estava experimentando é mundana. Ela é superficial. Ele evapora rápido. Essa tranquilidade não é transportada para a outra vida, como é o caso da paz dos crentes.
Quando tudo está bem em nossa vida, isso não é necessariamente um bem para nós. Falta de grandes problemas pode ser um grande problema para nós.
Eu arrisco dizer que nossos períodos de maior frieza espiritual são, geralmente, os momentos de maior calmaria terrena. Você que está passando por uma tempestade—muita provação:
lembre-se, por mais difícil que seja, essa tempestade está fazendo você se refugiar debaixo das asas do seu Deus.
E isso é bom para você. Calmarias facilmente se tornam armadilhas.
Essa é a VERDADE # 2: CALMARIA PODE SER UMA ARMADILHA
Mas Deus, por seu grande amor, tinha outros planos para Nabucodonosor. Planos de fazer o bem com um homem que fez tanto mal.
Deus escolheu despertar Nabucodonosor com um sonho. Deus sacudiu o espírito do rei com um pesadelo.
[5] Tive um sonho que me espantou. Quando eu estava na minha cama, os pensamentos e as visões que passaram diante dos meus olhos me perturbaram.
Esse é o segundo sonho que Deus dá para o rei. No primeiro sonho, no capítulo 2, o efeito não foi bom. Nabucodonosor ficou ainda mais duro e construiu uma estátua de ouro de 27 metros para ser adorada. Mas Deus não desiste quando ele quer salvar. Com esse segundo sonho será diferente.
O rei, de novo, chama os magos e feiticeiros para interpretar o sonho, mas ninguém consegue. Até que ele se lembra que ele tem um funcionário cristão no governo.
[8] Por fim, apresentou-se Daniel, que é chamado de Beltessazar, em honra ao nome do meu deus. Ele tem o espírito dos santos deuses, e eu lhe contei o sonho, dizendo: [9] “Beltessazar, chefe dos magos, eu sei que você tem o espírito dos santos deuses e que não há mistério que você não possa explicar. Vou lhe contar o sonho que eu tive, para que você me diga o que ele significa.
De novo, Nabucodonosor insiste em usar o plural quando ele deveria usar o singular. Ele fez isso com a quarta pessoa que estava na fornalha ardente. Ele disse que era um filho “dos deuses” (plural) quando, na
verdade, era “O filho de DEUS” (singular).
Agora, ele fala que Daniel tem a sabedoria do espírito dos “santos deuses”. Não. Não existem deuses, e eles não são santos. Daniel tem a sabedoria do Espírito Santo de Deus (singular). Nesse ponto, ele ainda não
conhecia nenhum das 3 Pessoas da Trindade: nem o Pai, nem o Filho, nem o Espírito Santo.
Nabucodonosor vai mudar. Mas o processo é lento e doloroso. Mas Deus é paciente e misericordioso. Essa combinação, no final, é poderosa para produzir salvação.
Nabucodonosor conta o sonho: ele viu uma árvore enorme no meio da terra. Essa árvore cresceu tanto que chegou até o céu. Ela se tornou tão grande e com tanto fruto, que todo o mundo era sustentado por ela—
todas as nações e todos os animais.
Logo depois aparece um anjo vindo do céu. O anjo manda derrubar a árvore, mas não arrancar a árvore. Ainda fica um toco. Esse toco é amarrado com correntes e fica no campo junto com os animais por “sete
tempos”, ele diz no final do versículo 16.
Nabucodonosor não sabe o que o sonho significa. Deus precisa revelar.
[18] — Este foi o sonho que eu, rei Nabucodonosor, tive. Você, Beltessazar, diga a interpretação, porque todos os sábios do meu reino não puderam me revelar a interpretação. Mas eu sei que você pode, porque você tem o espírito dos santos deuses.
Nesse ponto, Nabucodonosor reconhece que só Daniel pode revelar, não porque Daniel tem sabedoria nele mesmo, mas por causa do Deus de Daniel.
O rei ainda está dizendo que Daniel tem “o espírito dos santos deuses”.
Ele ainda não aprendeu a falar no singular: “Santo Deus”. Mas ele vai aprender. Mas como nós, ele precisa antes se humilhar na presença de Deus.
PARTE 2: A HUMILHAÇÃO E EXALTAÇÃO DO REI
Entramos na segunda parte. A interpretação e a execução do sonho.
Daniel vai falar, e quando ele abre a boca, sai sabedoria e santidade. Olha como Daniel lida com o chefe pagão que ele tem:
[19] Então Daniel, cujo nome era Beltessazar, ficou perplexo por algum tempo, e os seus pensamentos o perturbavam. Então o rei lhe disse: — Beltessazar, não deixe que o sonho ou a sua interpretação
o perturbem. Beltessazar respondeu: — Meu senhor, quem dera o sonho fosse a respeito daqueles que o odeiam, e a sua interpretação se aplicasse aos seus inimigos!
Quando Deus revelou para Daniel a interpretação do sonho e ele entendeu que era uma mensagem de julgamento contra Nabucodonosor, ele não celebrou. Daniel queria ver Nabucodonosor se arrependendo e
reconhecendo quem é Deus. Não existe um espírito de vingança no coração de Daniel. Ele rejeita completamente a idolatria do rei da Babilônia, mas ele deseja profundamente ver o rei tendo fé em Deus.
Essa tem sido a nossa atitude, povo de Deus? Sim, nós queremos que Deus faça justiça. E ele fará. Mas nós também desejamos profundamente que os perdidos sejam salvos? Nós temos chorado na presença de Deus pelas pessoas que nós amamos e ainda não conhecem o Senhor? Nós ficamos, como Daniel, perplexos diante da realidade do inferno? Do castigo eterno que as pessoas que rejeitam a Cristo vão experimentar?
O pensamento de que pessoas como nós, feitas à imagem de Deus, irão viver atormentadas por trilhões de anos e nunca vão sair de lá—esse pensamento deve nos perturbar. Como fez com Daniel.
E essa perplexidade e perturbação com aqueles que estão longe de Deus precisa se manifestar em nossa vida. Nós temos o privilégio de sermos usados pelo Senhor para mostrar para outros orgulhosos como nós que existe um Deus que perdoa orgulho—se eles colocaram a fé em Cristo.
Nós precisamos encontrar espaço no nosso coração para rejeitar completamente o estilo de vida das pessoas desse mundo (a Babilônia) e, ao mesmo tempo, desejar profundamente que elas sejam salvas.
A INTERPRETAÇÃO DO SONHO
Agora Daniel revela a interpretação do sonho. Só o Deus de Daniel (e o nosso Deus!) pode fazer isso.
(...) [22] aquela árvore é o senhor, ó rei, que cresceu e veio a ser forte.
A sua grandeza, ó rei, cresceu e chega até o céu, e o seu domínio se estende até a extremidade da terra.
A árvore grande e poderosa representa o grande e poderoso rei da Babilônia com o seu grande e poderoso Império.
Essa história de um objeto da terra querendo chegar até o céu já aconteceu antes.
Gênesis 11:4—[Eles] disseram: — Venham, vamos construir uma cidade e uma torre cujo topo chegue até os céus e tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamos espalhados por toda a terra.
Torre de Babel e Nabucodonosor da Babilônia. A história do orgulho e da rebelião da humanidade contra Deus se repete. E se repete até hoje.
É nessa hora que o sonho do rei se torna um pesadelo. Daniel vai explicar o que significa aquela árvore gigante sendo cortada e derrubada e ficando só o toco amarrado com correntes de ferro.
(...) [24] esta é a interpretação, ó rei, e este é o decreto do Altíssimo, que virá contra meu senhor, o rei: [25] o senhor será expulso do meio das pessoas, e a sua morada será com os animais selvagens; o senhor comerá capim como os bois, e será molhado pelo orvalho do céu; e passarão sete tempos...
Esses “sete tempos” representam o período de julgamento completo dele.
O número 7 representa plenitude. E “tempos” aqui funciona como um “ano”.
A mensagem de julgamento é: “Nabucodonosor, você pensa que é Deus, mas você não passa de um homem. Por isso, você será rebaixado abaixo de um homem: você viverá por 7 anos como um animal”.
Eu disse no início que essa é uma passagem sobre o conhecimento de Deus e o conhecimento do homem. A interpretação do sonho que Daniel dá tem o propósito de revelar o conhecimento de Deus—mostrar quem
Deus é—e como esse conhecimento deve produzir uma reação em nós:
Continuação do v. 25 (segunda parte)—[25] (...) e passarão sete tempos, até que o senhor, ó rei, reconheça que o Altíssimo tem domínio sobre os reinos do mundo e os dá a quem ele quer.
[26] Quanto ao que foi dito, que se deixasse o toco da árvore com as suas raízes, isto significa que o seu reino voltará a ser seu, depois que o senhor tiver reconhecido que o Céu domina.
[32] Você será expulso do meio das pessoas, e a sua morada será com os animais selvagens; você comerá capim como os bois, e passarão sete tempos, até que você reconheça que o Altíssimo tem domínio sobre os reinos do mundo e os dá a quem ele quer.
Essa é a terceira verdade para nós nesse texto. Ela é repetida várias vezes para ser impressa com força em nosso coração:
VERDADE # 3: RECONHEÇA QUE DEUS DOMINA
Era isso que Nabucodonosor deveria fazer. E que nós devemos fazer.
Todos os dias. Em todas as situações. Reconhecer. Reconhecer que Deus tem domínio completo sobre a nossa vida. Assim Deus é honrado com um Deus grande e nós somos acalmados porque temos um Deus grande.
O conhecimento do domínio—do reinado supremo—de Deus deve gerar em nós reconhecimento. Reconhecimento é essa atitude de submissão a Deus, confiando que ele governa minha vida.
Essa atitude de reconhecer o domínio de Deus é resumida na palavra HUMILDADE.
ORGULHO X HUMILDADE
A nossa relação com o domínio de Deus revela o que está acontecendo no nosso coração: orgulho ou humildade.
Uma pessoa humilde é uma pessoa contente. Ela reconhece que Deus domina, então ela sabe que tudo o que ela tem, foi Deus quem deu, mesmo sem ela merecer. Pessoas humildes são pessoas gratas. Não
pessoas que têm muitas coisas. São pessoas que estão gratas pelo que Deus deu—seja muito, seja pouco.
Já o orgulho nos torna pessoas descontentes. Ingratas. Sempre achando que a vida deveria ser diferente. Pessoas que estão frequentemente reclamando estão sendo dominadas pelo orgulho, não por Deus.
Nos momentos difíceis, o orgulho nos faz pensar: “Por que Deus está fazendo isso comigo depois de tudo o que eu fiz para ele?”
Nos momentos difíceis, a humildade nos faz pensar: “Senhor, obrigado por usar essas provações para me aproximar mais do Senhor”. A humildade real nos faz acreditar que realmente “todas as coisas cooperam
para o bem daqueles que amam a Deus” (Romanos 8:28).
Nos momentos de abundância, o orgulho nos faz pensar (como Nabucodonosor): “Fui eu. Eu me esforcei muito”.
Nos momentos de abundância, a humildade nos faz pensar (como Daniel): “Foi Deus. Eu não mereço nada disso. Como Deus é tão bom comigo”.
A pessoa humilde reconhece que Deus domina, então, se os planos dela são frustrados, ela não fica com raiva ou de “mau humor” ou deprimida ou com pena de si própria. Essas são coisas que o orgulho faz conosco.
Uma pessoa humilde vê seus planos indo embora pelo ralo e pensa (mesmo que às vezes triste): “Eu confio no Senhor. O Senhor sabe o que é melhor e o que eu realmente preciso”.
Se Deus resiste aos soberbos e dá graça aos humildes (1 Pedro 5:5), então a humildade é nossa maior amiga—porque nós queremos a graça de Deus—e o orgulho nosso maior inimigo—porque nós não queremos a
resistência de Deus.
Boa parte do nosso bom combate da fé está nessa batalha do orgulho versus humildade no nosso coração. E uma parte essencial dessa luta é reconhecer que Deus domina.
Próxima verdade.
VERDADE # 4: CHAME AS PESSOAS AO ARREPENDIMENTO COM FERVOR E AMOR
Como Daniel fez. Dá para perceber a voz dele dentro dessas letras:
[27] Portanto, ó rei, aceite o meu conselho: abandone os seus pecados, praticando a justiça, e acabe com as suas iniquidades, usando de misericórdia para com os pobres; assim talvez a sua tranquilidade se prolongue.
Chamar as pessoas ao arrependimento foi o que os profetas fizeram. E foi o que os apóstolos fizeram. “Arrependam-se e voltem-se para Deus” era a mensagem deles.
Foi o que João Batista fez. E foi o que Jesus fez: “Arrependam-se, porque está próximo o Reino dos Céus”.
Foi o que Pedro fez no Pentecostes. E foi o que Paulo fez com os Coríntios.
E Tiago com os judeus. Homens de Deus chamaram as pessoas para se arrepender.
Talvez você se sinta desconfortável para chamar as pessoas para se arrepender. Parece um pouco rude. Até arrogante. “Quem sou eu para fazer isso?”
Nós precisamos deixar a Bíblia definir o que é amor. Se João Batista e Daniel e Jesus e os profetas e apóstolos chamaram as pessoas para se arrepender, então isso é o amor se manifestando. Deixar as pessoas irem em uma direção que irá levá-las ao julgamento de Deus e não falar nada não é amor.
Chamar ao arrependimento é oferecer vida. É chamar as pessoas, com amor e fervor, para entrarem pela porta estreita e pelo caminho apertado conduz para a vida. Isso é amor!
Você não precisa ser perfeito para chamar as pessoas ao arrependimento. Porque os profetas e os apóstolos não eram. Nós precisamos estar andando em arrependimento. Andando com o Senhor.
Como Pedro, Paulo e Daniel andavam.
Povo de Deus, nós precisamos uns dos outros, na igreja, nos chamando a abandonar os pecados e crer em Cristo. Nós precisamos de ensino, repreensão, correção e educação na justiça para sermos perfeitamente
habilitados para toda boa obra.
E se nós, a igreja, não chamarmos as pessoas do mundo ao arrependimento, quem irá chamar? Não tinha nenhum mago na Babilônia chamando Nabucodonosor para se arrepender. Só Daniel, o único crente, com seus 3 amigos.
Com amor e com fervor, chamem as pessoas ao arrependimento.
Mas o coração de Nabucodonosor é duro como uma pedra.
[28] Tudo isso, de fato, aconteceu com o rei Nabucodonosor. [29] Passados doze meses, quando estava passeando no terraço do palácio real da cidade da Babilônia, [30] o rei disse: — Não é esta a grande Babilônia que eu construí para a casa real, com o meu grandioso poder e para glória da minha majestade?
A vista do palácio real era a coisa mais linda do mundo. Provavelmente, literalmente a coisa mais linda do mundo. Nabucodonosor conseguia ver os Jardins Suspensos da Babilônia, uma das 7 Maravilhas do Mundo
Antigo. Ele conseguia ver as muralhas da Babilônia, que de tão largas uma carroça com 4 cavalos conseguia andar por cima dela.
Ele viu as conquistas dele em vez de entrar no coração dele louvor e gratidão a Deus, entrou orgulho e vanglória, mesmo diante de tudo o que Daniel falou 12 meses antes.
Veja como Deus é realmente tardio em irar-se. Quanta paciência o Senhor tem conosco e como ele espera para nos arrependermos antes de nos disciplinar.
Aqui vem mais uma verdade sobre o conhecimento de Deus e de nós mesmos nessa reação do rei da Babilônia.
VERDADE # 5: ACEITE A REPREENSÃO DE UM IRMÃO
Nós devemos chamar as pessoas ao arrependimento, com amor e fervor.
Mas e quando eu sou chamado para me arrepender? Como eu reajo?
Você é o tipo de pessoa que nunca está errada?
Você é o tipo de pessoa que nunca pede perdão?
Quando o Senhor envia um irmão para nos repreender, que nós sejamos humildes para reconhecer o pecado, confessar, pedir perdão e receber o perdão e continuar caminhando pela porta estreita e o caminho apertado que leva a vida.
O orgulho é muitas vezes como maionese no seu bigode. Todo mundo está vendo, menos você. O orgulho é como o alface no seu dente. Todo mundo vê, mas você não consegue.
É por isso que nós precisamos de um Daniel, de um profeta Natã, de um Paulo em nossa vida—homens e mulheres que nos amam o suficiente para falar, com amor, que nós devemos nos arrepender e mudar. Essa é a benção da igreja. Essa é uma das enormes bençãos das amizades espirituais na igreja.
Provérbios 9:8—Não repreenda o zombador, para que ele não odeie você; repreenda o sábio, e ele o amará.
Não sejamos zombadores. Não seja um Nabucodonosor: orgulhoso que não aceita ser repreendido. Que nós sejamos sábios—aquele tipo de pessoa que é fácil de ser corrigida e aprende e cresce e se torna ainda mais sábia.
Provérbios 9:9—Dê instrução ao sábio, e ele se tornará mais sábio ainda; ensine o justo, e ele crescerá na prudência.
Sejamos humildes: aceitemos a repreensão de um irmão.
AINDA DURO COMO AÇO
Mas até esse ponto, Nabucodonosor é duro como uma porta. O coração dele parece feito de titânio. Um coração de aço inoxidável. Ele não quebra de jeito nenhum. Então Deus dá um jeito de quebrá-lo.
[31] Enquanto o rei ainda falava [da grandeza e da glória dele], veio uma voz do céu, que disse: — A você, rei Nabucodonosor, se anuncia o seguinte: Este reino lhe foi tirado. [32] Você será expulso do meio das pessoas, e a sua morada será com os animais selvagens; você comerá capim como os bois, e passarão sete tempos, até que você reconheça que o Altíssimo tem domínio sobre os reinos do mundo e os dá a quem ele quer.
No mesmo instante, a palavra do Senhor se cumpre. Nabucodonosor escolheu ser orgulhoso. Ele escolheu endurecer o coração. Então Deus trocou o coração dele. Deus fez o homem mais poderoso do mundo ficar
louco e viver como um animal. Ele foi comer capim, deixar a unha crescer como se fosse uma ave e ficar anos andando de quatro junto com o gado da Babilônia.
Charles Spurgeon, um pastor batista, disse bem:
“Eu creio que todo cristão tem duas escolhas diante dele: ser humilde ou ser humilhado”.
VERDADE # 6: SEJA HUMILDE OU SEJA HUMILHADO
Essa é a escolha diante de todos nós. Nabucodonosor preferiu o caminho mais difícil e dolorido: ser humilhado. Ser envergonhado e ter seus ídolos tirados. Onde está agora glória da majestade dele?
Fé começa com nossa humilhação diante de Deus. O reconhecimento da nossa pobreza. Não é por acaso que a primeira bem-aventurança que o Senhor Jesus pregou foi:
— Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus (Mateus 5:3).
Reconhecer que Deus tem o domínio e que nós temos a necessidade: a necessidade de sermos perdoados. Reconhecer que se Cristo não pagar o que eu devo, eu não tenho como pagar. Eu sou pobre. Mas quando você oferece a Deus a sua miséria, Deus oferece a você a misericórdia dele.
Essa é a troca da graça. A troca do evangelho. Nós entramos com a miséria, ele entra com misericórdia.
O que fez Deus humilhar Nabucodonosor foi o amor: a misericórdia de Deus. Quando Deus nos leva ao lugar em que nós somos humilhados com a nossa fraqueza, ele faz isso para retirar nosso orgulho.
Se Paulo precisou de um espinho na carne para não se orgulhar, quantos espinhos nós precisamos?
UM MOVIMENTO
Mas com um movimento de olhos, nós podemos mudar. Um movimento.
Um movimento é capaz de movimentar nossa alma para Deus. Veja o que aconteceu com Nabucodonosor:
[34] — Mas ao fim daqueles dias, eu, Nabucodonosor, levantei os olhos ao céu, e recuperei o entendimento.
Esse é o movimento: “Levantei os olhos aos céus”. Quando você olha para quem Deus é—o Deus do Céu, o Deus que domina, e conhecimento de Deus entra pelos seus olhos e desce para o coração, nossa alma é movimentada para a direção correta. O orgulho começa a ser abandonado e a humildade da fé começa a surgir.
Veja o testemunho de conversão desse homem no mural da Palavra de Deus:
[34] (...) Então eu bendisse o Altíssimo, e louvei e glorifiquei aquele que vive para sempre: “O seu domínio é eterno, e o seu reino se estende de geração em geração. [35] Todos os moradores da terra são considerados como nada, e o Altíssimo faz o que quer com o exército do céu e com os moradores da terra. Não há quem possa deter a sua mão, nem questionar o que ele faz.”
Finalmente! Ele entendeu quem Deus é e quem ele é. O domínio do Deus dos céus é eterno. Mas nós somos simples moradores da terra.
Deus trouxe Nabucodonosor para onde ele queria. Para baixo. E depois que ele foi humilhado, ele foi libertado. Libertado das correntes do orgulho e livre para adorar a Deus. O Senhor restaurou a sanidade dele, restaurou o reino dele e injetou fé no coração mais duro da Babilônia.
Olha como ele termina o testemunho de conversão dele. Essa é a voz de um adorador:
[37] Agora [agora!] eu, Nabucodonosor, louvo, engrandeço e glorifico o Rei do céu, porque todas as suas obras são verdadeiras, e os seus caminhos são justos. Ele tem poder para humilhar os orgulhosos.
Finalmente! O homem mais poderoso e mais duro do mundo, no final da vida, se tornou um louvador, engrandecedor e glorificador do Rei do Céu.
Finalmente!
Esse evento da vida de Nabucodonosor está no final da vida dele. Nós temos duas pistas para isso. Primeiro, pela maneira como ele fala das conquistas deles—essas conquistas aconteceram mais para o final do reino. Segundo: o próximo capítulo (Daniel 5) é sobre um outro rei da Babilônia, Belsazar.
A conversão de Nabucodonosor foi uma experiência no final do reinado dele. E ele reinou por 43 anos. 43 anos.
Isso significa que Daniel, como um crente fiel que ele era, ele testemunhou e chamou o rei ao arrependimento e a fé por cerca de 40 anos. 40 anos falando de Deus, e nada. Até que tudo mudou. Até que Deus mudou o coração do rei, e ele foi salvo. Você tem testemunhado do evangelho de Cristo para alguém por muito tempo? Você tem tentado ser fiel e falado de Cristo e nada. Você não deve
perder a esperança. Não com um Deus como o nosso Deus. Veja o que ele fez com o rei da Babilônia.
Ele pode mudar tudo com um movimento—uma levantada de olhos para o céu. Porque para Deus, nada é impossível, como disse o anjo Gabriel para Maria. Deus faz uma jovem virgem ter um filho—ter O filho.
Deus faz o mar se abrir, como ele fez no Êxodo.
Ele faz as muralhas de Jericó caírem com usando gritos e trombetas. Ele faz o Sol parar um dia inteiro, como ele fez com Josué.
Ele faz chuva cair depois 3 anos, como ele fez com Elias. Para ele, nada é impossível.
Ele anda sobre o mar, ele alimenta milhares de pessoas com 5 pães e 2 peixinhos, ele faz paralíticos andarem e mudos falarem e surdos ouvirem e cegos verem. Ele é o Deus que ressuscita os mortos. Esse Deus tem poder para salvar. Para ele, nada é impossível.
Mas, às vezes, nós testemunhamos por um tempo—por anos—e nada muda naquela pessoa, e nossa esperança começa a mudar. Ela começa a diminuir. Você que tem orado e testemunhado de Cristo para alguém que você ama: você também precisa levantar os olhos para o céu e se lembrar quem é Deus.
Povo de Deus, esperança. Nós temos um Deus que domina. Se ele quiser, ele irá salvar. Se ele não quiser, ele não irá salvar. Mas você pode ter certeza de que:
[37] (...) todas as obras dele são verdadeiras, e os caminhos dele são justos. Ele tem poder para humilhar os orgulhosos.
Continue a testemunhar e orar e chamar as pessoas a se arrependerem e crerem em Cristo. Com amor e com fervor. Daniel fez isso por 40 anos, e Deus finalmente respondeu com poder. Para ele, nada é impossível.
Mas pode ser que a sua falta de esperança não é com a salvação dos outros. O seu problema seja sua falta de esperança com a sua salvação.
Ou falta de esperança com a sua santificação. Você pensa: “Eu sou muito orgulhoso. Eu estou preso nesse pecado há muitos anos. Eu sou um caso perdido”. E sua esperança de mudar está evaporando.
Levante os olhos para o céu. Levante os olhos para o céu e veja Cristo— o Cordeiro no trono. Veja o Rei humilde, o único que poderia dizer:
“Meu grandioso poder e [a] glória da minha majestade”.
E seria verdade. Mas em vez disso, ele veio dizer: “Eu vim ser humilhado para que vocês sejam exaltados. Eu vim para morrer, para que vocês tenham vida. Eu vim buscar e salvar o perdido”. E foi o que ele fez.
Jesus não usa o grandioso poder dele para se vangloriar e nos destruir, como Nabucodonosor fazia. Ele usa o grandioso poder dele para se humilhar e destruir a morte no nosso lugar.
Crentes e não-crentes, olhem para Cristo com fé, como aquele que foi humilhado por causa do seu orgulho, e você será salvo. E você será santificado. E você será levado para o reino dos reinos—o reino de Cristo.
Se Deus está humilhando você, mostrando seus pecados e sua fraqueza.
Esperança. Quando Deus está nos humilhando, Deus está nos salvando.
VERDADE # 7: SUA HUMILHAÇÃO É A SUA SALVAÇÃO
ESPERANÇA: NENHUM CORAÇÃO É DURO DEMAIS PARA UM DEUS QUE DOMINA
Deus continua dominando e salvando nesse mundo.
Esses dias o Jean compartilhou um pouco da história da Dona Aparecida, a avó da Iane. Dona Aparecida foi uma Nabucodonosora. Ela viveu uma vida inteira atribuindo poder à imagens. Ela viveu uma vida inteira de
medo. Medo de sair de casa. Medo de morrer. Muitos medos. Durante uma tempestade, ela ficava sentada na cama e tirava todos os grampos da cabeça com medo do arame do grampo atrair um raio e matá-la.
E, durante a vida inteira dela, pessoas da família dela foram sendo salvase ficaram testemunhando para ela, como Daniel fez com o rei da Babilônia.
O marido dela, depois filhas, netas. Mas Dona Aparecida tinha uma coração de pedra—de aço inoxidável. Difícil de se dobrar. Mas ao longo de décadas, ela ouvia o evangelho. O Senhor colocou testemunhas de Cristo para falar de Cristo. Incluindo Jean e Iane. Oferecendo perdão e esperança e chamando Dona Aparecida ao arrependimento e a fé. Por décadas.
Até que Dona Aparecida levantou os olhos para o céu e reconheceu. Ela reconheceu que o Altíssimo reina e o Rei do céu é o único que pode salvar.
Dia 24 de agosto de 2024, 3 semanas atrás, Dona Aparecida foi batizada aos 98 anos de idade. Para Deus, nada é impossível. A fé entrou no coração, o medo parece que está saindo. No último final de semana, ela
saiu de casa e pegou um Uber para ir à igreja.
Com um Deus assim, nós não devemos perder a esperança.
CONCLUSÃO
Comer capim não é agradável. O gosto é ruim. Mas muitas vezes é o que nós precisamos para ter nosso orgulho retirado de nós e a fé em Cristo injetada em nós. Muitas vezes é o que nós precisamos para reconhecer.
Reconhecer que Deus domina.
A verdadeira tranquilidade e a verdadeira felicidade não está em ter domínio sobre a sua vida. Você só pode experimentar tranquilidade e felicidade reconhecendo que Deus domina.
Essa é a verdade que dá esperança para você continuar pela porta estreita e o caminho apertado que conduz a vida. Porque:
Quem se exaltar será humilhado; e quem se humilhar será exaltado
(Mateus 23:12).
Igreja Batista Jardim Minesota
Rua Clotildes Barbosa de Souza, 144
Jardim Santa Maria (Nova Veneza)Sumaré - São Paulo
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