Gênesis 22: O Senhor Proverá
- Pastor Alex Daher
- há 1 dia
- 23 min de leitura
Série Natal 2025
14 de Dezembro de 2025 – IBJM
Vamos começar hoje uma série de 2 sermões sobre o Natal. No Natal deste ano, eu gostaria de fazer duas viagens no tempo para meditarmos ainda mais sobre o que significa ter um Salvador como o nosso que, além de receber títulos como:
“Maravilhoso Conselheiro”, “Deus Forte”, “Pai da Eternidade”, “Príncipe da Paz” (Isaías 9:6).
É chamado também de “Cordeiro de Deus”.
Além de ser chamado de “Emanuel (Deus conosco)”, “Filho de Deus”, “Rei dos reis” e “Senhor dos senhores”, ele é também chamado de “Cordeiro”.
Eu gostaria de fazer duas viagens no tempo: a primeira viagem é para o passado. Vamos voltar no tempo—2 mil anos antes de João Batista ver Jesus e dizer: “Eis o Cordeiro de Deus”, e vamos ver uma das primeiras passagens da Bíblia, em Gênesis, em que aparece a palavra “cordeiro”.
A segunda viagem no tempo, no próximo domingo, é para o futuro—para o livro de Apocalipse, para o final da história desse mundo, para um evento que a Bíblia chama “as Bodas do Cordeiro”. Um dia de casamento: o dia em que Noiva e Noivo se casarão e viverão felizes para sempre, como toda boa história termina.
Mas nesse domingo nós estamos indo na outra direção no tempo. Vamos voltar 4 mil anos em relação ao nosso Natal de 2025.
Vamos voltar para o dia em que Abraão também fez uma viagem—uma viagem para um monte. Certamente, a viagem mais difícil que Abraão fez em toda a vida dele.
Você já deve ter passado por isso: Deus chama você a fazer coisas que, no momento, parecem sem sentido, mas que depois você acaba entendendo a razão.
Gênesis 22 é uma passagem carregada—muito carregada—de emoção. Ela tem 3 personagens principais: Abraão, Isaque e Deus. E desses três, você sabe qual é o principal.
A passagem se divide em 3 grandes eventos. E Deus é quem lidera a história. Ele é quem conduz.
1. DEUS PROVA (VV. 1-10)
Deus prova a fé de Abraão. Moisés—o autor de Gênesis—começa nos explicando o que está acontecendo aqui:
[1] Depois dessas coisas, Deus pôs Abraão à prova e lhe disse: — Abraão!
Este lhe respondeu: — Eis-me aqui!
[2] Deus continuou: — Pegue o seu filho, seu único filho, Isaque, a quem você ama, e vá à terra de Moriá. Ali, ofereça-o em holocausto, sobre um dos montes, que eu lhe mostrar.
Nós precisamos ter isso em mente durante toda a passagem. Deus está provando Abraão. Deus está testando a fé de Abraão.
Não porque Deus não sabe o que está dentro do coração de Abraão. Deus sabe de todas as coisas. Mas porque Deus quer ensinar a ABRAÃO, Deus quer ensinar ao povo de ISRAEL—que recebeu o livro de Gênesis no deserto—e Deus quer ensinar a IGREJA (nós, hoje!)—quem ele é e como nós andamos com ele.
Se você pega a sua Bíblia, abre em Gênesis 22, lê e vê Deus dizendo para Abraão pegar o filho dele e sacrificá-lo, isso já é suficiente para chacoalhar você. Parece uma ordem sem sentido: “Abraão, mate seu filho”.
Mas para nós sentimos ainda mais a força do teste que Abraão está passando—para nós sentirmos ainda melhor o peso da emoção, nós precisamos voltar ainda mais no tempo antes de continuar na viagem de Abraão até o monte Moriá. Vamos fazer um flashback e voltar algumas décadas na vida de Abraão.
A VIDA DE ABRAÃO
Nós não sabemos quase nada da infância e da juventude de Abraão. Na verdade, nós não sabemos quase nada dos primeiros 75 anos de Abraão.
• Nós sabemos que Abraão morava em Ur dos caldeus (Gênesis 11:27).
• E que Abraão adorava outros deuses (Josué 24:3).
Nós não sabemos quase nada, mas essa informação é muito importante para entender a história de Abraão.
Abraão veio de uma família pagã. Abraão foi criado no meio da idolatria. Abraão orava para deuses que não existem. Abraão prestava culto para deuses falsos. Abraão e a família dele adoravam ídolos—obra de mãos humanas.
• Mas quando Abraão não amava a Deus, Deus amou Abraão.
• Quando Abraão não buscava a Deus, Deus buscou Abraão.
Quando Abraão não confiava em Deus, Deus chamou Abraão com um chamado irresistível—como ele fez com você, crente.
Deus deu uma ordem específica para Abraão:
— Saia da sua terra, da sua parentela e da casa do seu pai e vá para a terra que lhe mostrarei (Gênesis 12:1)
E Deus fez promessas específicas para Abraão. Deus prometeu dar a Abraão uma terra, um descendente e abençoar todas as famílias da terra através dele.
A Palavra de Deus realmente tem poder para mudar o nosso coração, porque a frase seguinte no texto de Gênesis, depois das promessas que Deus fez à Abraão é:
Partiu, pois, Abrão, como o Senhor lhe havia ordenado (Gênesis 12:4).
Abraão tinha 75 anos de idade quando ele partiu.
Passam-se vários anos, e nada de Sara engravidar. E Abraão começa a balançar. Mas Deus conhece o nosso coração. Ele sabe o que nós precisamos ouvir na hora em que nós precisamos ouvir.
Deus aparece para Abraão em uma visão e diz:
Não tenha medo, Abrão, eu sou o seu escudo, e lhe darei uma grande recompensa (Gênesis 15:1).
Abraão não entende. O Senhor fez grandes promessas para ele, mas até agora nada. Abraão está confuso. Ele começa a pensar se o servo dele (em vez de um filho) será o descendente prometido.
Mas Deus diz: “Não. O herdeiro será gerado por você”.
Então o Senhor levou-o para fora e disse: — Olhe para os céus e conte as estrelas, se puder contá-las. E lhe disse: — Assim será a sua posteridade (Gênesis 15:5).
O texto diz:
Abrão creu no Senhor, e isso lhe foi atribuído para justiça (Gênesis 15:6).
Abraão creu no Senhor. Abraão creu! Abraão é um crente.
Mas passam-se vários anos, e nada de Sara engravidar. Em vez de confiar no Deus que trabalha para aquele que espera nele, Abraão e Sara criaram um plano. Um esquema humano.
Essa é a nossa tentação. Em vez de esperar no Senhor, nós queremos resolver com as próprias mãos. Já que Sara não estava conseguindo ter um filho, Abraão se deita com Agar, a serva egípcia, e ela tem um filho: Ismael.
Mas não é assim que nós andamos com Deus. Não por obras nossas obras, nosso esforço, nossos esquemas. Com Deus, você anda pela fé.
Deus precisa ensinar a Abraão, a Israel, e a nós que, para andar com Deus, nós precisamos aprender a esperar e confiar nele.
E Deus vai nos ensinar. Deus é paciente.
Passam-se mais vários anos, e nada de Sara engravidar... ainda. Para ser mais exato, passam-se 25 anos. Agora Abraão tem 99 anos. Sara tem 90 anos. Pronto, Deus trouxe Abraão e Sara até o ponto onde eles não têm mais para onde ir. Não tem mais o que fazer. Não é humanamente possível um casal de idosos de 90 anos terem um filho.
Agora, ou Deus faz, ou Deus faz. Deus acabou com as alternativas humanas.
Você já deve ter passado por isso: você tentou de tudo, mas não adiantou nada. Ou quase nada. Você lutou, lutou, mas nada mudou. E agora que Deus esvaziou você de você mesmo, se acontecer alguma coisa agora, ou foi Deus ou foi Deus. Não tem como você ou ninguém atribuir o mérito a alguma outra pessoa. Agora a glória só tem um lugar para ir—ou melhor: só tem uma pessoa para receber.
E Deus aparece, de novo, para Abraão e Sara. Abraão se prostra no chão e Deus repete a promessa:
— Eu sou o Deus Todo-Poderoso... Farei uma aliança entre mim e você e darei a você uma descendência muito numerosa... Você será pai de muitas nações (Gênesis 17:1-4).
Pronto, agora sim. Deus repetiu a repetição do que ele já tinha repetido. Agora Abraão e Sara entenderam! Agora eles vão confiar e esperar no Senhor, certo? Ainda não.
Deus fala que Sara terá um filho, mas Abraão não consegue entender. Abraão ri e pensa com ele mesmo:
“Pode nascer um filho a um homem de cem anos? E será que Sara, com os seus noventa anos, ainda poderá dar à luz?” (Gênesis 17:17)
Então Abraão disse para Deus: — Quem dera que Ismael vivesse sob a tua bênção! (Gênesis 17:18)
Ismael!? Abraão, Deus está falando que Sara terá um filho, e você continua com essa história de Ismael?
Mas tenhamos paciência com Abraão: o que Deus está prometendo é realmente absurdo: uma mulher de 90 anos tendo um filho com um homem de 100 anos?
Abraão insiste com essa ideia de Ismael, mas Deus insiste que ele vai cumprir a promessa dele:
Deus respondeu [a Abraão]: — Na verdade, Sara, a sua mulher, lhe dará um filho, e você o chamará de Isaque (Gênesis 17:19).
Deus dá o prazo de um ano. E Deus cumpre o prazo. Essa senhorinha de cabelo branco, pele bem enrugada, fica barriguda. Só Deus pode fazer uma coisa dessas.
Sara tem um filho: Isaque, o filho da promessa, o filho da aliança, o filho que não foi obra da carne, mas foi obra de Deus.
Depois desses 25 anos de história de Abraão com Deus, de altos e baixos, de fé firme e fé balançando, e muitas reviravoltas, parece que a história está caminhando para eles viverem felizes para sempre, como toda boa história termina.
Gênesis 21:8—Isaque cresceu e foi desmamado. Nesse dia em que o menino foi desmamado, Abraão deu um grande banquete.
Depois de tanta espera, um grande banquete é mais do que esperado! Eu fico imaginando se Abraão e Sara conseguiam tirar o sorriso do rosto pelos próximos 25 anos.
Que luta! Que espera! Que história! Mas a história de Abraão, Isaque e Deus ainda tem mais um capítulo. O capítulo mais importante de todos: Gênesis 22.
Gênesis 22:[2] Deus continuou: — Pegue o seu filho, seu único filho, Isaque, a quem você ama, e vá à terra de Moriá. Ali, ofereça-o em holocausto, sobre um dos montes, que eu lhe mostrar.
A passagem está carregada de emoção. Existe um peso nas palavras. Cada palavra coloca pressão na fé de Abraão.
— Pegue o seu filho, seu único filho, Isaque, a quem você ama, e vá à terra de Moriá. Ali, ofereça-o em holocausto..
A fé de Abraão foi testada várias vezes nesses 25 anos. Mas Deus deixou o maior teste para o final. Deus não poderia ter pedido mais de Abraão. Deus não poderia ter criado um teste mais difícil.
Sacrificar o descendente? Quando finalmente Deus deu Isaque para Abraão, Deus agora fala: “Eu vou tomá-lo de você”. O que Deus está fazendo? Deus vai matar o milagre?
Eu não sei se Abraão conseguiu dormir naquela noite. O texto não diz o que se passou na mente de Abraão. Mas depois de muitos anos andando com o Senhor, ele sabe que ele pode confiar em Deus mesmo quando ele não entende tudo. Mesmo quando parece que ele não entende nada.
Mas a fé não é irracional. A nossa fé é racional. Nada faz mais sentido do que crer em um Deus desse—tão poderoso, tão bondoso, tão amoroso—mesmo quando as coisas não parecem fazer muito sentido.
Você pode confiar em Deus, não porque você entende tudo o que Deus está fazendo, mas porque você entende quem Deus é. Abraão creu em Deus e, de novo, ele partiu para o lugar que Deus ordenou.
O horário em que Abraão se levantou mostra a disposição dele de obedecer o Senhor.
[3] Na manhã seguinte, Abraão levantou-se de madrugada e, tendo preparado o seu jumento, levou consigo dois dos seus servos e Isaque, seu filho. Rachou lenha para o holocausto e foi para o lugar que Deus lhe havia indicado.
[4] No terceiro dia, Abraão ergueu os olhos e viu o lugar de longe.
A distância de Berseba (onde ele estavam) para Moriá (onde estava o monte) era de 72 quilômetros. Eles ficaram 2 dias viajando. “No terceiro dia”, eles chegaram.
[5] Então disse aos servos: — Esperem aqui com o jumento. Eu e o rapaz iremos até lá e, depois de termos adorado, voltaremos para junto de vocês.
Vocês repararam no que Abraão disse? Ele não disse: “Depois de termos adorado, eu voltarei para junto de vocês”. Ele disse: “voltaremos”. “Nós voltaremos”. Abraão cria que Isaque voltaria também.
Abraão não sabia o que Deus faria, mas Abraão sabia quem Deus é. Ele sabia que Deus é capaz de transformar morte em vida. Foi o que ele fez quando ele tirou vida do ventre (morto) da Sara. Ele poderia fazer com Isaque também. Foi assim que o autor de Hebreus interpretou essa passagem. Eu vou ler:
Hebreus 11:17-19—Pela fé, Abraão, quando posto à prova, ofereceu Isaque. Aquele que acolheu as promessas de Deus estava a ponto de sacrificar o seu único filho, do qual havia sido dito: “A sua descendência virá por meio de Isaque.” Abraão considerou que Deus era poderoso até para ressuscitar Isaque dentre os mortos, de onde também figuradamente o recebeu de volta.
A passagem é carregada de emoção. Veja a maneira como Moisés conta o que aconteceu:
[6] Abraão pegou a lenha do holocausto e a colocou sobre Isaque, seu filho. [Não só: “Isaque”. “Isaque, seu filho”]. Ele, por sua vez, levava nas mãos o fogo e a faca. Assim, os dois caminhavam juntos.
Isaque carregando a lenha para queimar. Abraão carregando a faca para sacrificar—para matar—o próprio filho. Moisés não precisava ter acrescentado esse final: “os dois caminhavam... juntos”.
Mas Moisés quer nos ajudar a não só entender a história, mas sentir a história. Sentir o peso do que Deus está prestes a fazer.
Pai e filho caminhando juntos em direção ao matadouro. Por um momento, se imagine no lugar de Abraão. Você caminhando junto com o seu filho para amarrá-lo, pegar uma faca, e sacrificá-lo.
Esse diálogo é de partir o coração:
[7] Isaque rompeu o silêncio e disse a Abraão, seu pai: — Meu pai!
Abraão respondeu: — Eis-me aqui, meu filho!
Isaque perguntou: — Eis aqui o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto?
[8] Abraão respondeu: — Deus proverá para si o cordeiro para o holocausto, meu filho.
E os dois seguiam juntos.
Abraão aprendeu a andar pela fé. Ele não sabe o que irá acontecer, mas ele sabe em quem ele pode crer. Deus proverá. Deus proverá para si o cordeiro.
Não é interessante que Abraão diz: “Deus proverá para si”? Deus proverá para ele mesmo porque o culto, a adoração, o sacrifício—é oferecido para ele. Nós oferecemos, sim, é você quem oferece o culto a Deus, mas é porque Deus está provendo para você o que você precisa entregar para ele.
Andar com Deus é assim. Nós temos milhões de necessidades. Deus não tem nenhuma. Ele é absolutamente autossuficiente. E da autossuficiência dele, ele ama suprir (prover!) para nossas necessidades. Assim, você recebe a graça que você precisa e ele recebe a glória que ele merece.
Adorar a Deus não é dar para Deus o que ele não tem. Adorar a Deus receber de Deus tudo o que nós precisamos e se prostrar em louvor.
Mas de quem Abraão está falando? Quem é o cordeiro que Deus proverá para si? O que parece é que Abraão está falando de Isaque de forma figurada.
Sem revelar o que Deus chamou ele a fazer, Abraão olha para Isaque, sem filho, seu único filho, a quem ele ama, e ele vê um cordeiro prestes a ser sacrificado.
[9] Chegaram ao lugar que Deus lhe havia indicado. Ali Abraão edificou um altar, arrumou a lenha sobre ele, amarrou Isaque, seu filho, e o deitou no altar, em cima da lenha. [10] E, estendendo a mão, pegou a faca para sacrificar o seu filho.
Se essa história estivesse em um livro, o capítulo terminaria aqui. Se fosse um filme, a tela ficaria escura. E haveria uma pausa. Um silêncio mortal. Literalmente, mortal.
A história já é carregada de emoção, mas esse é o ponto máximo de tensão. E nós chegamos no segundo grande evento de Gênesis 22. O Deus que prova é também o Deus que provê.
Versículos 1 a 10: Deus prova.
Versículos 11 a 14:
2. DEUS PROVÊ (VV. 11-14)
Deus prova a sua fé. Mas ele é o Deus que também provê o sacrifício.
[11] Mas do céu [do céu, onde Deus habita] o Anjo do Senhor o chamou: — Abraão! Abraão!
A Anjo do Senhor fala duas vezes por causa da urgência: Abraão! Abraão! Pare! Pare!
Ele respondeu: — Eis-me aqui!
[12] Então lhe disse: — Não estenda a mão sobre o menino e não faça nada a ele [nada!], pois agora sei que você teme a Deus, porque não me negou o seu filho, o seu único filho.
Abraão passou no teste da fé. Ele passou com louvor. Louvor, não para ele, como nós vamos ver daqui a pouco. Abraão confiou e obedeceu a Deus.
Mesmo sem saber exatamente o que Deus faria, ele sabia que Deus faria o que é verdadeiro, o que é respeitável, e justo e puro e amável porque Deus é verdadeiro e respeitável e justo e puro e amável.
Abraão aprendeu a andar com Deus. Nós podemos aprender também.
[13] Abraão ergueu os olhos e viu atrás de si um carneiro preso pelos chifres entre os arbustos. Abraão pegou o carneiro e o ofereceu em holocausto, em lugar de seu filho. [14] E Abraão deu àquele lugar o nome de “O Senhor Proverá”. Daí dizer-se até o dia de hoje: “No monte do Senhor se proverá.”
Andar com Deus é andar pela fé. Antes de erguer os olhos e ver o carneiro preso, Abraão creu. Abraão obedeceu.
Abraão não sabia como Deus iria prover, mas ele sabia que Deus é o Deus que provê.
E Deus proveu.
Abraão deu o melhor nome que aquele lugar poderia receber: “O Senhor Proverá”. E a partir do nome daquele lugar, uma mensagem começou a correr pelo mundo por anos, ao ponto de Moisés 700 anos depois dizer no versículo 14 “até o dia de hoje”: “No monte do Senhor se proverá”.
Isaque escapou da morte e o carneiro foi morto. Você consegue imaginar o impacto que ter visto o carneiro preso teve quando aquela imagem bateu nos olhos de Abraão?
Esse é o nosso Deus. O Deus que, da morte, tira vida. Da rocha no deserto, ele faz jorrar água. Na sua provação, ele dá provisão.
Você pode confiar em Deus mesmo quando, como Abraão, você não sabe o que ele vai fazer.
Você pode confiar em Deus mesmo quando, como Abraão, ele leva você por um caminho que parece que irá levar a morte.
Porque Deus, do sofrimento, ele tira benção. Da provação, ele traz glória a ele e graça para você.
Nós temos mais glória para ver no alto do Monte Moriá, mas antes eu quero continuar com vocês na história, descer do monte junto com Abraão e Isaque e depois nós voltamos para contemplar mais da glória do Deus que prova, o Deus que provê e, por último:
3. O DEUS QUE PROMETE (VV. 15-18)
Deus prova sua fé.
Deus provê o sacrifício.
Deus promete salvação.
[15] Então do céu [onde Deus habita] pela segunda vez o Anjo do Senhor chamou Abraão [16] e disse: — Porque você fez isso e não me negou o seu filho, o seu único filho, juro por mim mesmo [não tem como ser um juramento mais solene: Deus jurando por Deus], diz o Senhor...
A oferta do Pai Abraão, entregando seu Isaque, nos lembra da oferta do nosso Deus e Pai entregando o filho dele. Paulo provavelmente estava pensando nessa frase do Anjo quando ele disse em Romanos 8:
Romanos 8:32—Aquele que não poupou [“não negou”] o seu próprio Filho, mas por todos nós o entregou, será que não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?
Sim, ele dará graciosamente tudo o que você precisa.
Agora, depois da fé de Abraão ter passado pelo fogo da provação e ter saído do outro lado pura, Deus repete as 3 promessas que ele fez quando ele chamou Abraão pela primeira vez (em Gênesis 12):
Primeiro, Deus promete do descendente dele criar uma nação:
[17] que certamente o abençoarei e multiplicarei a sua descendência como as estrelas dos céus e como a areia que está na praia do mar.
Segundo, Deus promete cidades—a Terra Prometida—mas para isso, eles terão que expulsar os inimigos:
Continuação do v.[17] (…) Sua descendência tomará posse das cidades dos seus inimigos.
O mundo de Abraão é diferente do mundo de Adão antes da queda. Agora, existem inimigos—os descendentes da Serpente. Para o reino de Deus avançar neste mundo, inimigos precisarão ser derrotados e a Serpente esmagada.
Terceira e última promessa repetida: benção mundial. Deus promete que nem uma nação da terra ficará sem a benção através do descendente de Abraão:
[18] Na sua descendência serão benditas todas as nações da terra, porque você obedeceu à minha voz.
Deus provou a fé de Abraão. Deus proveu o sacrifício para Abraão. Deus prometeu salvação para Abraão e cada nação na face da terra. O final é feliz, como toda boa história termina.
[19] Então Abraão voltou para onde estavam os seus servos, e, juntos, foram para Berseba, onde fixou residência.
Antes de subirmos o Monte Moriá de novo, nós temos aqui uma lição fundamental para nós aprendermos a andar com Deus pela fé. E a lição é a seguinte:
FÉ PRODUZ OBEDIÊNCIA
A fé verdadeira sempre se manifesta em obediência sincera.
A fé invisível se manifesta em atos de obediência visíveis. Isso é andar com Deus.
Ouçam, por favor, como Tiago interpreta essa passagem de Gênesis 22:
Tiago 2:21-23—Por acaso não foi pelas obras que Abraão, o nosso pai, foi justificado, quando ofereceu o seu filho Isaque sobre o altar? Você percebe que a fé operava juntamente com as suas obras e que foi pelas obras que a fé se consumou.
Por isso que Tiago disse que:
2:[17] (...) a fé, se não tiver obras, por si só está morta.
Vejam como o Anjo começou e como ele terminou as promessas para Abraão:
[16] [o Anjo] disse: — Porque você fez isso e não me negou o seu filho, o seu único filho, juro por mim mesmo... [porque você obedeceu]
E ele termina:
[18] Na sua descendência serão benditas todas as nações da terra, porque você obedeceu à minha voz.
“Porque você obedeceu”. Essa é uma obediência que flui da fé. Obediência é a materialização da fé. Nas palavras de Tiago: as obras são a consumação da fé.
Andar com Deus é andar pela fé. E onde a fé pisa, ela deixa a marca da obediência. Por onde a fé passa, fica o aroma das boas obras. Quando a fé é plantada no coração, brotam frutos. Frutos de amor.
MAS TUDO É GRAÇA
Mas Abraão não tem do que se orgulhar. Assim como você também não tem do que se orgulhar da sua obediência, cristão.
Sabe por quê?
Efésios 2:8-9—Porque pela graça vocês são salvos, mediante a fé; e isto não vem de vocês, é dom [presente!] de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.
Assim como Abraão, quando você estava longe de Deus, Deus chamou você. Quando você não amava a Deus, Deus amou você.
A fé é sua, mas ela foi um presente de Deus quando você não tinha fé.
A obediência é sua, mas é a fruto da obra do Espírito em você.
A nossa obediência não compra uma gota de mérito diante de Deus.
A nossa obediência não paga um centavo da nossa dívida infinita por causa do nosso pecado contra Deus.
A sua obediência—suas boas obras—são a manifestação de que sua fé está viva, mas elas não fazem você mais justo diante de Deus.
Abraão foi declarado justo por Deus quando ele saiu daquela tenda, olhou para as estrelas no céu e creu nas promessas de Deus.
Você foi declarado justo por Deus quando você saiu da tenda da incredulidade, olhou para Cristo—a Estrela da Manhã—e creu nas promessas de salvação de Deus.
Mas onde que Gênesis 22 é uma passagem de Natal?
Nós vimos que essa passagem está carregada de emoção. Mas essa passagem está carregada também de glória. Ela está carregada com peso de glória porque ele está carregada de Cristo.
Junto com Isaías 53, Gênesis 22 é a passagem mais evangélica que eu conheço no Antigo Testamento. Não importa o lado que você vire, você vai encontrar com Jesus.
Eu quero mostrar para vocês Cristo em (1) Abraão, em (2) Isaque, no (3) Carneiro, no (4) Anjo, no (5) Monte, no (6) Tempo e na (7) Promessa.
Deus cria padrões ao longo da história para nos ensinar quem ele é, como ele salva e como nós andamos com ele.
Até agora nós estávamos carregando a lenha. Agora nós vamos colocar fogo e oferecer adoração ao Senhor. Gênesis 22 é uma passagem quase toda vermelha: ela está encharcada com sangue do Senhor Jesus.
Vamos subir o Monte mais uma vez:
1. VOCÊ PODE VER JESUS OLHANDO PARA ABRAÃO
Abraão confiou em Deus, mas em alguns momentos, a fé dele balançou.
Jesus confiou em Deus, e em nenhum momento da fé dele balançou.
Abraão passou uma noite de grande agonia quando Deus chamou Abraão para sacrificar o filho dele. Jesus passou uma noite de agonia maior no Getsêmani, quando ele mesmo iria enfrentar algo pior do que a morte: ele iria beber o cálice da ira de Deus na cruz.
Abraão ouviu do céu a voz do Anjo do Senhor chamando por ele: “Abraão! Abraão!” no momento em que ele mais precisava.
Jesus, no momento em que ele mais precisava, ele ouviu do céu um silêncio ensurdecedor.
A fé de Abraão foi testada. A de Jesus, foi ainda mais. E Jesus creu em Deus. E para esse Jesus que você deve olhar firmemente nesse Natal e todos os dias da sua vida, ele,
O Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, sem se importar com a vergonha, e agora está sentado à direita do trono de Deus (Hebreus 12:2).
No final das contas, Abraão foi salvo porque creu em Jesus—o descendente dele que iria salvá-lo. Abraão foi salvo pelo seu tata-tataraneto Jesus Cristo.
2. VOCÊ PODE VER JESUS OLHANDO PARA ISAQUE
Abraão ofereceu seu filho, seu único filho, a quem ele ama, Isaque.
Quando Jesus foi batizado por João Batista, uma voz do céu disse:
— Este é o meu Filho amado, em quem me agrado (Mateus 3:17).
Deus não poderia ter pedido um teste maior de Abraão: o filho a quem ele amava.
E Deus não poderia der dado um presente maior para nós: o filho dele, o filho unigênito, o filho a quem ele ama com toda a força do amor de Deus.
É impossível ler no versículo 6, Isaque carregando a lenha para o sacrifício e não pensar no Senhor Jesus carregando a própria cruz (João 19:17).
3. VOCÊ PODE VER JESUS OLHANDO PARA O CARNEIRO
Eu disse que Gênesis 22 é uma passagem que nos ensinar a andar pela fé. Mas existe uma segunda lição que Deus está ensinando nessa passagem. Uma lição que está no coração de como nós andamos com Deus.
[13] Abraão ergueu os olhos e viu atrás de si um carneiro preso pelos chifres entre os arbustos. Abraão pegou o carneiro e o ofereceu em holocausto, em lugar de seu filho.
Deus está ensinando a necessidade de um sacrifício substitutivo. Deus está ensinando que, para nos salvar da morte, nós precisamos de um substituto.
Alguém deve morrer “no lugar de” Isaque. “No lugar do” Alex. No seu lugar. Alguém precisa pagar o preço do nosso pecado contra Deus. E Deus proveu esse alguém.
Isaías 53:7,10—Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca. Como cordeiro foi levado ao matadouro e, como ovelha muda diante dos seus tosquiadores, ele não abriu a boca... Todavia, ao Senhor agradou esmagá-lo, fazendo-o sofrer. Quando ele der a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias...
“O Senhor Proverá”. Mas agora você pode mudar o tempo verbal. O Senhor Proveu. Essa é a boa notícia do Natal. O Senhor que proverá proveu para a nossa maior necessidade: a necessidade de um substituto.
Nós somos salvos pela fé nele. Nós somos salvos porque ele morreu como o nosso substituto. Nós somos salvos pela fé no sacrifício dele, o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (João 1:29).
E é pelo sangue do cordeiro que Deus que salva você.
4. VOCÊ PODE VER JESUS OUVINDO PARA O ANJO DO SENHOR
O Anjo do Senhor no Antigo Testamento é uma manifestação do Filho de Deus antes de sua encarnação no ventre de Maria.
O Anjo do Senhor é divino como Deus, mas distinto de Deus, como a Segunda Pessoa da Trindade é—divina como o Pai, mas distinta do Pai.
O Anjo do Senhor fala com a autoridade de Deus, se identifica como Deus e recebe adoração como Deus.
No início do capítulo, DEUS fala para Abraão sacrificar Isaque. No final do capítulo, o Anjo do Senhor fala para Abraão: “você não ME negou o seu filho” (v. 16).
O que deixa essa passagem ainda mais poderosa: Pai e Filho, juntos—como Abraão e Isaque, juntos—ensinando seu povo o que Jonas aprendeu dentro da barriga do peixe: que a salvação pertence ao Senhor.
Vocês se lembram quem chamou Abraão e interrompeu o sacrifício de Isaque?
[11] Mas do céu o Anjo do Senhor [Jesus] o chamou: — Abraão! Abraão!
Jesus interrompeu. O plano não era para Isaque morrer. Porque Isaque não pode nos salvar. Abraão iria entender isso mais para frente.
• O Anjo do Senhor interrompeu o sacrifício, porque o Natal já estava planejando antes da fundação do mundo.
• E quando chegou o dia planejado, Jesus se encarnou no ventre de Maria.
• E quando chegou o dia planejado, Jesus foi preso (como Isaque) no altar da cruz para ser sacrificado.
E naquele dia, quando chegou a vez de Jesus, o sacrifício não foi interrompido. O sacrifício não podia ser interrompido.
Deus precisava fazer com o Filho dele o que Abraão não precisou. O Anjo do Senhor, a Segunda Pessoa da Trindade, o Filho de Deus sem pecado, foi oferecido para morrer e nos dar vida.
Você pode ver Jesus olhando para Abraão, para Isaque, para o carneiro, para o Anjo do Senhor.
5. VOCÊ PODE VER JESUS SUBINDO NO MONTE MORIÁ
Além de Gênesis 22, só existe mais uma referência ao Monte Moriá, o monte onde Deus disse para Abraão sacrificar seu Isaque. Essa referência está escondida no livro de 2 Crônicas que fala que o monte Moriá fica em Jerusalém, onde o templo foi construído (3:1).
Dois mil anos depois de Abraão e 2 mil anos atrás, um Pai também levou o Filho até o topo de monte em Jerusalém—Calvário. Também tinha madeira, mas não era lenha. O altar tinha um formato diferente: o altar tinha a forma de uma cruz. E ali o Senhor proveu.
[14] E Abraão deu àquele lugar o nome de “O Senhor Proverá”. Daí dizer-se até o dia de hoje: “No monte do Senhor se proverá.”
Essa mensagem—“No monte do Senhor se proverá”—continua correndo pelo mundo, como aconteceu na época de Abraão e Moisés. E nada pode parar essa mensagem de chegar aonde Deus ordenar.
“No monte do Senhor se proverá” é o evangelho. Deus proveu no Monte Calvário—no Moriá final, o Moriá da salvação.
Ainda tem mais. Além de ver Jesus no lugar, Gênesis 22 mostra Jesus também no tempo.
6. VOCÊ PODE VER JESUS CONTANDO OS DIAS
Volte, por favor, para o versículo 4:
[4] No terceiro dia, Abraão ergueu os olhos e viu o lugar de longe.
O autor de Hebreus interpreta a história de Isaque como a ilustração de uma ressurreição. Ele diz que:
Abraão considerou que Deus era poderoso até para ressuscitar Isaque dentre os mortos, de onde também figuradamente o recebeu de volta (Hebreus 11:19).
Ou seja, Isaque experimentou um tipo de ressurreição no terceiro dia.
O profeta Oseias fala da volta de Israel da morte do exílio para a vida na terra prometida também em termos de uma ressurreição:
Depois de dois dias, nos dará vida; ao terceiro dia, nos ressuscitará, e viveremos diante dele (Oseias 6:2-3).
Deus cria esse padrão ao longo da história: ressurreição ao terceiro dia. E você sabe quem avisou que ressuscitaria no terceiro dia e que ressuscitou? O mesmo homem que nasceu no Natal.
Jesus nasceu para morrer. Ele morreu para ressuscitar. Ele ressuscitou para reinar. E ele reina para nos salvar.
7. VOCÊ PODE VER JESUS CRENDO NA PROMESSA
Deus prometeu que um descendente de Abraão iria abençoar todas as famílias da terra. Não através de muitos descendentes, mas um único descendente (Gálatas 3:16).
Jesus é o descendente, o Filho perfeito de Abraão. E se você coloca sua fé em Cristo hoje, você se torna parte da família de Abraão, parte do povo de Deus.
As promessas de uma grande nação, uma terra onde Deus habitará com seu povo e benção para todas as nações são cumpridas completamente e finalmente no Senhor Jesus Cristo.
Essa passagem é carregada de peso de glória porque ele está carregada de Cristo. Gênesis 22 é o evangelho da salvação pela graça por meio da fé em Jesus e nele somente. É a mensagem do Natal.
CONCLUSÃO
Andar com Deus é andar pela fé.
Pela fé, você confessa seus pecados a Deus.
Pela fé, você recebe a Cristo como seu Substituto, seu Sacrifício Salvador.
Pela fé, você busca obedecer a Deus, mesmo quando você não consegue entender por que Deus está levando você por esse caminho.
Tem um trecho de uma música chamada “Confiança” que diz:
Ajuda-me a confiar, mesmo quando a confiança me faltar.
Nós podemos orar assim. Nós podemos confiar em um Deus assim.
Deus não poderia ter pedido um bem maior para Abraão: o filho amado dele.
Deus não poderia ter entregado um bem maior: o filho amado dele.
Aquele que é a expressão exata do ser dele. Aquele para quem Deus fez todas as coisas.
Aquele que, se você colocar 10 mil mundos como o nosso de um lado da balança e Jesus do outro lado, Jesus tem mais peso de glória.
Ele é mais precioso do que tudo o que existe no céu, na terra e no mar. E ainda assim, Deus entregou. Deus ofereceu. Deus sacrificou.
Povo de Deus, vou dizer uma coisa para vocês: Deus é generoso.
Andar com Deus é andar pela fé de que “O Senhor Proverá”. E como toda boa história (real!) termina, ela termina feliz: o Senhor proveu.
Igreja Batista Jardim Minesota
Rua Clotildes Barbosa de Souza, 144
Jardim Santa Maria (Nova Veneza) Sumaré - São Paulo




