Gálatas 5:16-21: A Carne Contra o Espírito
- Pastor Alex Daher
- há 2 minutos
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Série em Gálatas: A Mensagem da Cruz 24 de Agosto de 2025 – IBJM
Ser santo não é uma classe reservada para algumas pessoas—para uma elite religiosa. Se você crê em Cristo, você é um homem santo. Uma mulher santa. Cristão, você é santo.
E ser santo é ser separado para Deus. Estar reservado para Deus. Como quando você vai comprar um móvel em uma loja. E você olha aquele sofá e pensa: “Perfeito, esse vai caber na sala”. Você chega perto e tem uma etiqueta escrito: “Reservado para Dona Maria”. Você não pode comprá-lo. [Fonte: https://learn.ligonier.org/podcasts/things-unseen-with-sinclair-ferguson/set-apart-for-god]
Ser cristão é estar reservado. Ninguém mais pode ter você. Você é de uso exclusivo do Senhor Jesus. Ele comprou você com o sangue dele. Com a morte dele na cruz. Agora você é dele. Ele colocou uma etiqueta “reservado” em você.
É isso que Gálatas está descrevendo e detalhando para nós. O que é essa vida de santidade, essa vida de amor, essa vida de viver no Espírito.
[16] Digo, porém, o seguinte: vivam no Espírito e vocês jamais satisfarão os desejos da carne.
Esse é o chamado que controla toda a passagem: vivam no Espírito. No restante da passagem, eu diria, no restante da carta, Paulo está descrevendo e detalhando o que é viver no Espírito.
Jesus veio nos libertar da culpa do pecado e nos justificar, mas ele também veio nos libertar do poder do pecado e nos santificar—nos tornar mais parecidos com ele. Para isso que ele nos salvou.
Hoje nós vamos até o versículo 21 e parar nas obras da carne. E na próxima mensagem nós vamos para a parte 2 da batalha do Espírito e da carne. Nós vamos retomar no versículo 22 (o fruto do Espírito) e ir até o versículo 26.
Eu quero mostrar para vocês no texto 4 aspectos da vida no Espírito. Viver no Espírito envolve LUTA, LIDERANÇA, ATAQUE e HERANÇA.
1. LUTA (vv. 16-17)
[16] Digo, porém, o seguinte: vivam no Espírito e vocês jamais satisfarão os desejos da carne. [17] Porque a carne luta contra o Espírito, e o Espírito luta contra a carne, porque são opostos entre si, para que vocês não façam o que querem.
Vivam no Espírito ou, mais literalmente, o versículo 16 diz “andem” no Espírito. A cada passo que você dá, você depende do Espírito.
No capítulo 2, Paulo disse:
Gálatas 2:20—Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. E esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim.
Viver no Espírito é viver pela fé em Cristo. Sua nova vida. Mas Deus não quer que tenhamos um entendimento simplista e inocente dessa nova vida. Assim que Deus salvou você, você entrou em uma batalha violenta. Você sabe contra quem é a sua batalha? Contra você mesmo. Contra a nossa carne: o nosso pecado.
[17] Porque a carne luta [nas traduções antigas: milita] contra o Espírito, e o Espírito luta contra a carne, porque são opostos entre si, para que vocês não façam o que querem.
É um cabo de guerra: de um lado, o Espírito está puxando você para Cristo. Do outro lado, a carne está puxando você para o pecado.
Eu não preciso convencer nenhum de nós sobre esse conflito. Que ele existe dentro de nós é mais claro do que o Sol de meio-dia. Essa luta não acontece duas ou três vezes por dia. Eles acontece duas ou três vezes a cada dois ou três segundos.
A carne e o Espírito são “opostos” entre si. Eles são oponentes. Eles são adversários. E eles nunca desistem. Eles nunca param. Eles nunca jogam a toalha. Eles nunca colocam as armas no chão e dizem: “Agora chega, vamos parar com isso”.
Quando você está dirigindo ou no ônibus, você está lutando: pecar ou amar a Deus?
Quando você está em volta de outras pessoas ou quando você está sozinho no quarto, você está lutando.
Quando você está falando ou quando você está ouvindo, você está lutando.
Na igreja ou em casa, onde você trabalha ou onde você estuda, você está lutando.
Você está lutando quando seu filho desobedece você.
Você está lutando quando você ouve uma ordem do seu pai ou sua mãe para obedecer.
Quando você é criticado, você entra na luta: eu vou considerar ou simplesmente me defender?
Quando você é elogiado, você entra na luta: eu vou me orgulhar ou glorificar a Deus?
Povo de Deus, povo de Cristo, povo do Espírito, viver no Espírito é viver em uma luta.
Amar é o nome que nós damos quando o Espírito vence.
Pecar é o nome que nós damos quando a carne vence.
Essa é a luta das lutas, a batalha das batalhas, a guerra das nossas guerras. Louvado seja o Senhor, nós temos a ajuda do Senhor dos senhores e do Rei dos reis. Nós temos a ajuda do Espírito. Mas batalha é real, violenta e sempre com sérias consequências.
GUERRA DE DESEJOS
Agora reparem na palavra que Paulo usa para descrever dessa batalha. Essa é uma questão chave para entendermos como lutar.
No versículo 16 e 17, ele fala dos “desejos da carne”. Desejos. No final do versículo 17, de novo, ele fala do que queremos (desejamos), falando dos desejos que vem do Espírito.
Essa é uma questão chave para entendermos por que pecamos e como podemos andar no Espírito. O que está acontecendo dentro de nós é uma batalha por desejos opostos.
Sempre que eu peco, eu peco porque eu estou desejando alguma coisa que eu não tenho. Falando de outra forma: eu peco porque eu estou descontente.
Eu vou usar duas ilustrações: primeiro de uma criança e depois de um adulto. Eu quero mostrar para vocês como a nossa guerra é uma guerra de desejos.
Um menino de 4 anos. Ele está sentando no chão brincando feliz com seu carrinho. Até que chega um outro menino com um carrinho mais novo. Ou maior. Ou mais bonito. Ou simplesmente um carrinho diferente. A batalha no coração dele começou. Ele pode continuar perfeitamente contente com o seu carrinho e sorrir para o amigo. Ou ele pode desejar o que ele não tem. E começar a cobiçar. E sem o Espírito Santo, ele não tem outra opção.
Esse descontentamento com o que ele tem irá se manifestar, geralmente, de duas possíveis maneiras: ou ele ficará triste e perderá a alegria no seu carrinho. Ou ele ficará com raiva porque ele não tem o que ele agora deseja e vai tentar tirar do amigo. Ou das duas coisas: tristeza ou ira.
Exatamente a mesma batalha acontece em um coração adulto. O que muda é o objeto do desejo. Toda vez que eu peco, eu peco porque eu estou desejando alguma coisa que eu não tenho. Essa realidade dos desejos da carne é chave para entendermos como lutamos contra os nossos pecados.
Imagine que alguém não tratou você como você gostaria. A batalha começou. Eu desejo ser bem tratado—que é um desejo legítimo—mas agora eu entro em uma batalha para saber como eu vou responder a essa situação.
A resposta natural do ser humano quando pecam contra ele é responder em pecado de volta. Essa é a minha primeira opção. Eu posso usar minhas palavras de forma dura também ou me isolar daquela pessoa.
Mas existe um resposta não-natural. Uma resposta sobre-natural. Uma resposta espiritual: andar no Espírito. Que é: orar, confiar que Deus irá me ajudar e responder em amor.
Mas para isso acontecer, meus desejos devem ser satisfeitos em Cristo. Deus prometeu cuidar de mim e usar tudo para o meu bem. Jesus está comigo. Meu desejo é desfrutar da comunhão com ele e não pecar. Ele é suficiente. E porque os meus desejos já estão satisfeitos por tudo o que Jesus é para mim, eu posso matar os desejos da carne e andar no Espírito.
O conselheiro bíblico Jim Berg disse que “um desejo por mais—(por algo mais que eu não tenho)—esse desejo é a base para todas as tentações no coração. Ele tem razão.
Tiago diz a mesma coisa:
Tiago 1:14-15—(...) cada um é tentado pela sua própria cobiça [desejo], quando esta o atrai e seduz. Então a cobiça [desejo], depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte.
Andemos no Espírito e nós não iremos satisfazer os desejos da carne. Mas andar no Espírito, desse lado do céu, significa andar em luta: a luta dos desejos da carne contra o Espírito.
O segundo aspecto da vida no Espírito nos lembra que nós entramos nessa batalha do lado de quem vai vencer. E isso faz diferença. Muita diferença.
Primeiro, luta. Segundo,
2. LIDERANÇA (v. 18)
[18] Mas, se são guiados [liderados] pelo Espírito, vocês não estão debaixo da lei.
Você não luta nas suas próprias forças. Envolve o seu esforço, mas é um esforço que sempre recebe ajuda. Existe uma Pessoa divina, o Espírito Santo, que está nos guiando. Ele está nos liderando para tomarmos posse da Terra Prometida—o céu.
Você não precisa perder para a carne. Nós podemos, no poder do Espírito Santo, em oração, confiando na ajuda do Senhor, andar pela fé e não viver em pecado. Santidade é uma realidade para o crente.
Nós ainda não somos perfeitos, mas nós não estamos presos a ser o que nós éramos. O pecado não tem mais domínio sobre nós. O Espírito Santo destronou o pecado do seu coração. Ele tirou o pecado e colocou Cristo no lugar.
Povo de Deus, nós podemos pisar no pescoço do pecado e subjugar os desejos da carne. Nós podemos dizer “não!” para a carne e dizer “sim!” para Cristo. Agora nós podemos, por causa do Espírito.
LIVRE DA LEI
Você é guiado, liderado, governando pelo Espírito de Deus, não pelo... (Complete a frase, por favor). Você agora, cristão, está debaixo do governo do Espírito, e não mais debaixo do... (pecado). É o que nós esperaríamos. Não estamos mais debaixo do pecado. Ou debaixo da carne. Mas não foi o que Paulo escreveu:
[18] Mas, se são pelo Espírito, vocês não estão debaixo da lei.
Nós precisamos considerar o que Paulo vem falando desde o começo da carta. A luta—a batalha—em termos de doutrina dentro das igrejas dos Gálatas é a batalha da salvação só pela graça por meio da fé em Cristo versus a mensagem dos falsos mestres: crer em Cristo mais obedecer a lei de Moisés.
Paulo vem mostrando em toda a carta que, agora que Cristo veio, ele inaugurou uma nova era na história da redenção. Uma Nova Aliança. A lei—a Antiga Aliança—teve um papel temporário com a nação de Israel. Nunca foi o plano de Deus a salvação pela obediência a lei.
Voltar para a lei é voltar para a escravidão, é estar debaixo da condenação, é ficar debaixo do poder do pecado. A maneira de vencer o pecado não é voltando para a lei de Moisés. Nós somos libertados do domínio do pecado pela cruz de Cristo e andando no Espírito. [Schreiner, p. 346]
UMA PALAVRA AOS DESANIMADOS
Eu tenho duas palavras para aqueles que estão desanimados com essa luta. Aqueles que sentem que estão perdendo. E apanhando. E já estão cansados de se levantar para lutar e cair de novo.
Minha primeira palavra é: se você está lutando, se você está mortificando a sua carne e buscando andar no Espírito, você que realmente quer agradar o seu Senhor e se entristece em ofender a ele com o seu pecado, sua luta é um bom sinal. Aqueles que não pertencem ao Senhor não lutam. Eles ainda estão em paz com a carne. Louvado seja o Senhor. Se você está lutando, é o Espírito em você.
Minha segunda palavra para você, soldado desanimado, é: peça ajuda a outro soldado. Peça para alguém orar por você. Peça conselhos. Olhe fixamente para Cristo e não pare de lutar. Você vai chegar no final todo machucado, mas no final o Capitão dos Exércitos do Senhor, com um único olhar, vai curar você para sempre de todas as feridas. E você terá um corpo como o dele—cheio de glória e vazio de pecado. Peça ajuda de alguém para levantar, e continue lutando.
No terceiro aspecto da vida no Espírito, Paulo dá nome aos bois. Ele dá nome às obras da carne. Ele dá uma lista de alvos para nós atacarmos e matarmos:
3. ATAQUE (vv. 19-21)
[19] Ora, as obras da carne são conhecidas [são claras e evidentes] e são: imoralidade sexual, impureza, libertinagem, [20] idolatria, feitiçarias, inimizades, rixas, ciúmes, iras, discórdias, divisões, facções, [21] invejas, bebedeiras, orgias e coisas semelhantes a estas.
Paulo termina a lista com “e coisas semelhantes a estas” porque essa não é uma lista completa de pecados. Ele não cita orgulho, amargura, teimosia, preguiça, gula, apatia, calúnia, mentira e muitos outros.
Mas ele nos dá exemplos específicos—alvos específicos—para mirarmos e derrubarmos. Como nós vamos ver, essas obras da carne ainda continuam vivas em nós e nós precisamos matá-las com andando no Espírito.
CORTE A CABEÇA
Eu não quero ser desnecessariamente violento, mas esses são os inimigos que nós precisamos cortar a cabeça, como Davi fez com Golias depois de derrubá-lo no chão. A luta por santidade envolve uma violência santa contra o nosso próprio pecado.
A cobra mais venenosa do mundo é a Taipan-do-Interior. Ela vive na Austrália. Um picada dela é capaz de matar 100 adultos em menos de 1 hora.
Se você chegasse em casa hoje e você viesse uma Taipan-do-Interior na sua sala, o que você faria? Você não iria deixar seus filhos brincarem com ela. Você não ia fazer dela o seu mais novo animal de estimação. Você iria fugir ou pegar uma pá e mirar na cabeça dela.
Nós temos uma serpente mais venenosa e mais perigosa dentro da nossa casa. E ainda mais perto: dentro do nosso coração. Essa serpente se chama “pecado”. Nós nunca deveríamos brincar com ela. Nem chegar perto. A picada dela é a mais mortal de todas.
Fonte: John Owen’s 9 instructions for killing sin, https://www.thegospelcoalition.org/article/john-owen-killing-sin/
John Owen, teólogo puritano, disse bem: “Mate o pecado ou o pecado irá matar você”. Como no faroeste, você precisa sacar a revolver antes e atirar rápido, se não quem morre é você.
Romanos 8:13—Porque, se vocês viverem segundo a carne, caminharão para a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificarem os feitos do corpo, certamente viverão.
Nós queremos viver para Cristo e não morrer pelo pecado. Esse terceiro aspecto da vida no Espírito envolve um ataque.
MAIS, MAS NÃO MENOS
Um segundo comentário que eu tenho antes de entrarmos na lista é o seguinte: andar no Espírito, viver uma vida de santidade, não é só dizer “não” para o pecado. É dizer “sim” para a piedade. Andar no Espírito não é apenas parar de fazer o mal. Andar no Espírito é começar a fazer o bem. É amar a Cristo. É servir as pessoas pelo amor. É ser uma pessoa cheia do fruto do Espírito, como nós veremos na continuação da passagem na próxima mensagem.
Mas se por um lado é verdade que andar no Espírito é mais do que dizer “não!” para o pecado, não é menos do que isso. Andar no Espírito incluir mortificar as obras da carne. Incluir dar nome aos pecados e confessarmos, lamentarmos, rejeitarmos, mortificarmos e abandonarmos.
Vamos dividir essa lista de 15 pecados em 4 categorias:
SEXUAL, ESPIRITUAL, RELACIONAL e IRRACIONAL.
1. SEXUAL
Paulo começa a lista com 3 pecados na área sexual:
[19] Ora, as obras da carne são conhecidas e são: imoralidade sexual, impureza, libertinagem,
A primeira – imoralidade sexual – é a palavra “porneia” no original, de onde vem a nossa palavra em português para pornografia. Essa palavra é a palavra mais abrangente para falar de pecados sexuais.
Qualquer tipo de pensamento ou comportamento sexual que não seja dentro de um casamento entre um homem e uma mulher é “porneia”. É uma obra da carne.
A segunda palavra – impureza – muitas vezes é usada no texto cerimonial do Antigo Testamento. Aqui, impureza está sendo aplicada não cerimonialmente, mas sexualmente. Nós somos contaminados pelo pecado quando agimos de forma impura.
A terceira palavra – libertinagem – lida com um desejo sexual descontrolado. Deus nos fez como seres que tem desejos, incluindo desejos sexuais. A libertinagem é a obra da carne que quer satisfazer esses desejos de forma inaceitável, sem limite e sem controle.
A Palavra de Deus é maravilhosa por milhões de razões. Uma delas é porque a Bíblia é um livro absolutamente realista. A Bíblia lida conosco de forma real com nossos desejos reais em um mundo real. É isso que essa lista mostra.
Nós vivemos em uma sociedade tão pervertida e sexualizada. Os outdoors nas ruas, cenas em filmes e séries, a maneira como as pessoas se vestem, acesso tão fácil a imagens que jamais deveríamos chegar perto.
Mas o problema não é novo. O problema da imoralidade é tão antigo quanto a entrada da serpente no Jardim do Éden milhares de anos atrás.
O coração que Adão e Eva tinham quando eles saíram do Jardim é o mesmo coração que nós temos quando nós somos saímos do ventre de nossa mãe. Nenhuma diferença. As oportunidades e os cenários do pecado podem mudar, mas a carne é a mesma.
Povo de Deus, nós somos um povo diferente. Nós não podemos viver como os cidadãos da Babilônia. Nós não podemos fazer parte dessa contaminação desenfreada que se alastra pelo mundo como fogo em floresta.
Não tenha vergonha de viver uma vida de pureza. Jovens, quem deve ficar com vergonha são aqueles que se entregam às obras da carne. A verdadeira beleza está na pureza.
E se você está aqui ouvindo isso e se sente contaminado, sujo, impuro, o Senhor tem o antídoto para o veneno do pecado sexual. É um líquido vermelho que foi derramado 2.000 anos atrás em uma cruz de madeira. Ele se chama “sangue de Cristo”.
Pela fé nele—morto no seu lugar—a pureza dele é transferida para você. Filho de Deus, filha de Deus, você que confia nesse Salvador puro, Deus olha para você como se você fosse puro como Cristo. Eu sei que isso parece bom demais para ser verdade. Mas é!
Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus (Romanos 8:1).
O sangue dele lava você e torna você mais branco do que a neve. Mas daquela cruz flui poder também para você lutar e matar o pecado. Pela fé nele, você pode viver a beleza da pureza.
Vivam no Espírito, e vocês jamais satisfarão os desejos da carne (v. 16).
Segunda categoria:
2. ESPIRITUAL
Ele lista dois pecados:
[20] idolatria [e] feitiçarias.
Os nomes que eu estou dando não são categorias completamente separadas uma da outra. Tudo é espiritual. Mas essa segunda categoria lida com os pecados explícitos de adoração. Que, no fundo, é o problema fundamental do pecado.
Paulo define o pecado em Romanos 1 como não dar glória e graças a Deus. Todo pecado é uma falha em fazer essas duas coisas, que a idolatria e a feitiçaria representam.
Idolatria é adorar uma criatura em vez de adorar o Criador. Idolatria é atribuir poder a algo da criação—feito pelo homem, como uma imagem feita de madeira.
Horóscopo e a posição dos planetas não controlam nossa vida nesse planeta. O que controla a nossa vida é a posição de Cristo—sentado no trono, reinando sobre tudo e sobre todos.
Mas nós devemos nos lembrar que, como Paulo disse em Colossenses 3, que avareza ou cobiça é idolatria porque a nossa cobiça revela um coração que deseja alguma coisa na criação mais do que deseja a Deus.
Feitiçaria (a segunda obra da carne da lista) é tentar manipular as circunstâncias através de rituais e cartas e dados. As mãos de Deus governam o mundo, não as mãos dos homens lançando objetos que eles mesmos fizeram.
Povo de Deus, devemos atacar os ídolos que estão em nosso coração também. O que é que tem tirado nossa alegria e nossa paz? O que estamos dizendo para nós mesmos—“Se eu tivesse mais dinheiro, eu estaria feliz; se eu tivesse mais tempo, eu estaria feliz; se eu tivesse uma família mais fácil, eu estaria feliz; se eu tivesse....”
Tudo aquilo que ocupa o lugar de Deus é chamado de ídolo. Precisamos fazer o que Deus fez com a imagem de Dagom, o deus dos filisteus. Os filisteus colocaram a arca da aliança de Deus no templo de Dagom, e Dagom amanheceu caído no chão, com a cabeça cortadas e sem as mãos.
Precisamos derrubar o Dagom do nosso coração. Nada nesse mundo, nenhuma pessoa nesse mundo, tem poder para dar a alegria e a paz que nós queremos. Assim como a arca da aliança que representava a presença de Deus derrubou Dagom, precisamos nos aproximar do Senhor—da presença dele—com fé, e derrubar, um a um, os ídolos que se levantam no nosso coração.
Só o Senhor Jesus pode reinar e controlar o nosso coração. Só ele pode dar a alegria e a paz que nós tanto queremos.
A terceira categoria é a mais longa: sexual, espiritual e, terceira:
3. RELACIONAL
Das 15 obras da carne, 8 (mais da metade!), estão nessa categoria:
Continuação do v.[20] (…) inimizades, rixas, ciúmes, iras, discórdias, divisões, facções, [21] invejas,
Se as duas primeiras categorias são pecados que aconteciam fora da igreja, os pecados de relacionamentos são obras da carne que se manifestam dentro. Piedade não é algo somente entre Deus e eu. A piedade real é também uma piedade relacional.
Nós precisamos de dois pilares para manter nossa igreja de pé: verdade e santidade. Nós precisamos da verdade da doutrina e da santidade do coração. Verdade mais santidade é igual à unidade. Essa é a fórmula bíblica para uma igreja refletir a glória de Deus:
Verdade + Santidade = Unidade.
Mas a nossa carne não gosta. Ela é oposta à unidade e ao amor. Essa lista de 8 alvos são úteis para mirarmos com precisão e mortificarmos com violência santa.
Como eu sei que estou pecando contra meus irmãos e contra o meu Deus?
As primeiras duas obras da carne são:
INIMIZADES E RIXAS
[20] (…) inimizades [e] rixas
Eu estou agindo na carne e pecando quando eu crio inimizade—quando quebro relacionamentos em vez de construir pontes.
Eu estou agindo na carne quando eu sou hostil em vez de gentil.
Eu estou agindo na carne e pecando quando eu trato outros irmãos em Cristo como se eles fossem meus inimigos, em vez de meus irmãos e amigos.
Eu sei que estou agindo na carne quando eu provoco “rixas”: controvérsia, discórdia e atrito.
Ser briguento é obra da carne. Ser manso é obra do Espírito. A pessoa briguenta e dominada pela carne deixa o ambiente onde ela está tenso, pesado, difícil. É por isso que Salomão escreveu em:
Provérbios 21:9—Melhor é morar no canto do terraço do que com uma mulher briguenta na mesma casa.
Claro, isso vale para os homens também. Um espírito briguento é obra da carne.
Se Cristo amou meu irmão e deu a vida por ele, que sentido faz eu—outro pecador—não amá-lo?
Se em breve, no céu, nós vamos nos amar com amor perfeito, por que eu não começo a experimentar essa alegria aqui?
Vamos agrupar os próximos três:
CIÚMES, IRAS E DISCÓRDIAS
Continuação do v.[20] (…) ciúmes, iras [e] discórdias
Uma igreja onde o amor reina é uma igreja onde ciúmes, iras e discórdias são mortificados. Um coração onde o amor reina é um coração manso e humilde, como o do Senhor Jesus, não um coração controlado pela ira.
Raiva (ira) é uma manifestação de um temperamento descontrolado—não governado pelo Espírito Santo.
Aqui vale nos voltarmos a usar a linguagem dos desejos. O que nos faz ficar irados? São nossos desejos não saciados. Aquela pessoa não está me dando o que eu quero, o que eu desejo, o que eu preciso.
Eu quero reconhecimento e se eu não tenho, raiva.
Eu quero atenção e se eu não tenho, raiva.
Eu quero assistir tal coisa, eu quero ir para tal lugar, eu quero falar, eu quero ser ouvido, eu quero... E se eu não recebo o que eu acho que irá me satisfazer, a carne responde com ira.
Toda ira pecaminosa é a manifestação de insatisfação da carne. A ira é a voz do coração que diz: “Eu não gosto do que está acontecendo!” ou “Eu não tenho o que eu quero e por isso eu estou com raiva!”.
A ira se manifesta de muitas maneiras: palavras duras contra as pessoas, todo tipo de violência física contras as pessoas, (em algumas pessoas, a ira se manifesta em violência contra si mesmo—como pessoas que se cortam, por exemplo) e criando conflito com as pessoas. Se, 1 Coríntios 13:4—o amor é paciente, então a ira não é amor. A ira é obra da carne. E por isso, nós devemos matá-la.
Não é possível desfrutar de um ambiente de amor, alegria e paz se a ira impera naquele lugar. Isso vale para uma casa. Vale para uma empresa. E vale para a igreja.
Ciúmes, iras e discórdias são obras da carne. Quando Paulo fala discórdias, ele não está dizendo que todo mundo precisa ter a mesma opinião sobre tudo no mundo. Mas ele está descrevendo um coração que vive em rivalidade com os outros e centrado em si mesmo. Em outras passagens, essa palavras discórdia é traduzida como ambição egoísta—desejo voltando só para mim.
Nós podemos usar várias armas para lidar com a nossa ira—mas a principal e mais fundamental é a satisfação em Deus. Quando Deus é suficiente para mim, quando Jesus é tudo o que eu preciso, eu posso ser ignorado, rejeitado e mal-tratado e ainda assim, não ficar irado. Eu posso ficar triste e lamentar, mas a ira não me dominará.
Uma pessoa contente em Deus é uma pessoa mansa. Como ela já tem o que ela precisa—Cristo!—seus desejos que não são satisfeitos não tem a força de levar ela a pecar. Nós lutamos contra a ira lutando por contentamento em nosso Salvador. Porque ele é suficiente, nós podemos descansar em vez de nos irar.
As próximas duas obras da carne estão relacionadas e são explicitamente ligadas a unidade da igreja:
DIVISÃO E FACÇÃO
Final do v.[20] (…) divisões [e] facções
Divisão é o contrário de união. Facção é o contrário de harmonia. Essas são palavras que são usadas para seitas. Aqueles que se separam quando não deveriam se separar. Aqueles que excluem quando deveria incluir.
Nessa categoria, nós incluímos o que, em bom português, nós chamaríamos de “panela”—“ou panelinha”. Esse tipo de panela cozinha a santidade de uma igreja com o até ela secar. Toda a piedade evapora e não sobre nada para entregarmos para o Senhor em louvor. E o que fica é divisão e facção, quando Jesus comprou para nós na cruz nossa união.
É impossível todo mundo fazer tudo junto. Não é esse o ponto aqui. O próprio Senhor Jesus tinha seu grupo de 12 discípulos e seu grupo de 3—Pedro, Tiago e João—que andaram mais próximos dele.
Mas é obra da carne quando existe uma atitude de divisão pecaminosa em querer excluir outras pessoas desnecessariamente. Como já disseram, se existem panelas, que elas não sejam tampadas. Deixe as panelas abertas para que outros possam entrar e outros possam se esquentar na fogo bendito da santidade.
O último item listado como um pecado relacional é a:
INVEJA
[21] invejas.
Assim como a ira e outros tantos pecados, a inveja é também a manifestação de um coração insatisfeito. Quando o que Deus me deu não é suficiente, eu vejo o que o outro tem e eu não tenho e minha insatisfação de manifesta em inveja.
É o que Saul sentiu por Davi quando ele ouviu as mulheres cantando:
Saul matou os seus milhares,
porém Davi, os seus dez milhares (1 Samuel 18:7).
A partir dali, Saul queria matar Davi. Saul pegou uma lança e atirou em Davi, mas errou. Saul estava com o alvo errado. Quem ele deveria matar era o próprio pecado e não Davi. Ele atirou a lança no alvo errado.
A maneira de atirarmos uma lança na inveja para matá-la é através de uma troca. Uma troca em nosso coração: eu tiro a comparação e coloco no lugar contentamento. Comparação sai. Contentamento entra.
Nós expulsamos a inveja do nosso coração enchendo-o com Cristo.
Nós não deveríamos ficar surpresos em ver que mais da metade das obras da carne estão relacionadas aos relacionamentos na igreja. Nosso amor pelo nosso Deus invisível se manifesta visivelmente em amor pelos irmãos. João disse:
1 João 4:[19] Nós amamos porque ele nos amou primeiro.
Aleluia! Amém! Mas olha como ele continua:
[20] Se alguém disser: “Amo a Deus”, mas odiar o seu irmão, esse é mentiroso. Pois quem não ama o seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê.
Se você tem experimentado essas obras da carne em relação aos seus irmãos, você precisa confessar ao Senhor, pedir perdão e, no que depender de você, buscar a reconciliação. Isso é andar no Espírito. Você nunca vai se arrepender de andar no Espírito. O que nós nos arrependemos é de praticarmos as obras da carne.
Pecados de ordem sexual, espiritual, relacional e, quarto e último:
4. IRRACIONAL
[21] (…) bebedeiras [e] orgias
Não é só o Brasil que tem seu carnaval imoral. Festanças regadas a imoralidade são parte da humanidade há tempos. Uma pessoa entregue a bebedeira e orgia demonstra um estilo de vida dominado pela carne. Certamente comum entre os gentios na época em que essa carta foi escrita, e continua sendo comum em nosso tempo.
Esse é um estilo de vida que reflete uma pessoa dominada pelos desejos da carne e, portanto, ainda escravizada ao pecado. O que essa pessoa precisa é de libertação. A libertação que vem pelo fé no Filho de Deus, que se entregou por pecadores como nós.
Esse pode ter sido o estilo de vida que marcou seu vida no passado. Você pode ter sido dominado pelas obras da carne, mas agora você foi libertado. Como Paulo disse para o Coríntios, depois de listar uma série de pecados:
Alguns de vocês eram assim. Mas vocês foram lavados, foram santificados, foram justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus (1Coríntios 6:11).
Agora você anda no Espírito, cristão. Agora você anda em santidade no poder do Espírito da santidade de Deus.
Gálatas 5:24-25—E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e os seus desejos. Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito.
Seu velho homem fica insistindo em sair do caixão e levar você para satisfazer os desejos da carne. O que você faz? Mande ele voltar para o caixão! Avisa para ele que ele está morto e agora você tem outro Senhor.
Agora o seu corpo é templo do Espírito Santo. Agora Deus habita em você.
Perfeição não é possível, mas santificação é. Piedade é uma realidade. Reparem como Paulo não é pessimista em relação ao nosso crescimento espiritual.
Volte para o primeiro versículo do nosso texto de hoje:
[16] Digo, porém, o seguinte: vivam no Espírito e vocês jamais satisfarão os desejos da carne.
Ataque a carne. Ataque alvos específicos. Não deixe a Taipan-do-Interior no chão da sua sala sem fazer nada. Não deixe a serpente venenosa do pecado rastejando no seu coração e passeando sem acontecer nada com ela.
John Owen está certo: mate o pecado ou o pecado matará você. Paulo faz o mesmo alerta com outras palavras:
4. HERANÇA (v. 21)
Continuação do v.[21] (…) Declaro a vocês, como antes já os preveni, que os que praticam tais coisas não herdarão o Reino de Deus.
O que está em jogo nessa luta é uma herança. A maior das heranças: ser um herdeiro do Reino e viver com o Rei.
Paulo termina com um alerta. Aqueles que praticam os obras da carne não herdarão o Reino de Deus—não irão para o céu, não pertencem ao Rei, não tem fé verdadeira.
Os cristãos continuam pecando porque a luta da carne contra o Espírito é real e muitas vezes o cristão cede à tentação e pecam. Mas quando Paulo disse que aqueles que praticam tais coisas não herdarão o Reino, ele está falando daqueles que tem a vida caracterizada pelas obras da carne. Aqueles que tem esse estilo de vida. Aqueles que não se arrependem e não lutam e estão escravizados pelo pecados.
Pessoas que, quando você pensa sobre elas, você pensa: “Aquela pessoa vive de forma imoral, ela vive em idolatria, ela vive irada com os outros, ele vive causando conflito. Esses que vivem assim não viverão no Reino de Deus.
Paulo não está pregando salvação pelas obras. Ele está pregando o evangelho da graça que transforma pecadores. Quando uma pessoa coloca fé em Cristo—quando ela confia que só Cristo pode pagar pelos pecados dela e nenhuma obra dela seria suficiente para torná-la aceitável diante de Deus, o relacionamento dessa pessoa com Deus muda.
Agora ela tem um amor verdadeiro por Deus. E esse amor verdadeiro por Deus coloca um gosto amargo do pecado na alma dela. O relacionamento dela com o pecado muda também.
Progressivamente, a carne perde o controle e o Espírito ganha espaço. Ela é uma nova criatura. Mesmo os crentes recém-convertidos—agora eles tem o Espírito e eles entraram na luta contra a carne.
Como o Pastor puritano Thomas Watson disse: “Apesar do pecado viver no cristão, o cristão não vive em pecado”. [Fonte: Watson, The Godly Man’s Picure, p. 146].
CONCLUSÃO
Nossa maior motivação para mortificar o pecado—as obras da carne—é nossa comunhão com o Senhor.
Porque o pecado ofende a Deus, nós lutamos contra o nosso pecado.
Porque o pecado me afasta de Deus, nós lutamos contra o nosso pecado.
Porque o pecado destrói minha alma e as pessoas a minha volta, nós matamos nossos pecados e andamos no Espírito.
Crente, nessa luta, nós estamos não só do lado de quem irá vencer. Nós estamos do lado de quem já venceu. A Serpente já perdeu. Ele feriu o calcanhar do nosso Senhor na cruz, mas ele esmagou a cabeça dela com aquela mesma cruz.
Lute. Seja guiado pelo Espírito. Ataque seus pecados. E quando a guerra chegar ao fim, você herdará o Reino de Deus. E suas feridas serão saradas por aquele que foi ferido por você na cruz.
Igreja Batista Jardim Minesota
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