Série: Domínio e Esperança
22 de setembro de 2024 – IBJM
INTRODUÇÃO
O capítulo 4 e o capítulo 5 de Daniel precisam ser vistos juntos. Daniel conecta os dois capítulos através do versículo 21:
Daniel 5:21—Foi expulso do meio dos filhos dos homens, o seu coração foi feito semelhante ao dos animais, e passou a morar com os jumentos selvagens. Comia capim como os bois e o seu corpo foi molhado pelo orvalho do céu, até que reconheceu que Deus, o Altíssimo, tem domínio sobre os reinos do mundo e os dá a quem ele quer.
A mensagem é: o Rei do Céu (Deus) é aquele que governa sobre toda a Terra. Ou, usando a palavra que Nabucodonosor usou várias vezes antes: Deus tem o DOMÍNIO sobre os reinos desse mundo. Essa é a mensagem.
A diferença entre os dois capítulos está na resposta a essa mensagem. As respostas foram opostas.
O capítulo 4 é um testemunho de conversão. Nabucodonosor vivia como um perfeito pagão. Ele usou e abusou dos prazeres da Babilônia. Até o dia em que ele se humilhou diante de Deus e experimentou o escândalo da graça: ele foi perdoado e resgatado no final da vida. Como o ladrão na cruz. Como a Dona Aparecida, aos 98 anos. Deus é realmente misericordioso e poderoso para salvar.
Mas se o capítulo 4 é um testemunho de conversão, o capítulo 5 é um registro de condenação. A resposta oposta.
Nabucodonosor se arrependeu. Mas Belsazar se endureceu.
Nabucodonosor se humilhou. Mas Belsazar se exaltou.
O capítulo 5 é um texto mais sóbrio, mas na sabedoria de Deus, nós precisamos contemplar o domínio de Deus a partir de ângulos opostos.
Esse contraste entre aqueles que se humilham e aqueles que se exaltam se manifesta de muitas maneiras. Eu quero mostrar 4 contrastes entre viver para o reino de Deus—o reino dos céus—e viver para os reinos desse mundo—a Babilônia.
O primeiro contraste está:
1. NO ESTILO DE VIDA: DEVASSIDÃO x DEVOÇÃO (VV. 1-4)
O estilo de vida da Babilônia e o estilo de vida daqueles que amam a Cristo são opostos.
[1] O rei Belsazar deu um grande banquete a mil homens importantes do seu reino e bebeu vinho na presença deles.
Certamente eles não estava bebendo com moderação. No banquete da Babilônia (e nas baladas do Brasil), a bebida tem o efeito de tornar o ser humano ainda mais ousado para pecar. Olha o que Belsazar faz:
[2] Enquanto Belsazar bebia e apreciava o vinho, mandou trazer os utensílios de ouro e de prata que Nabucodonosor, o seu pai, havia tirado do templo de Jerusalém, para que ele, os homens importantes do reino e as mulheres e concubinas do rei os usassem para beber vinho.
Mais de 2 mil pessoas festejando, se embebedando e blasfemando. Eles não tem medo do que Deus pode fazer com eles. “Não há temor de Deus diante de seus olhos” (Romanos 3:18). Eles estão usando os cálices santos que eram usados no templo para pecar. Que ousadia!
Mas a situação é ainda pior:
[4] Beberam o vinho e deram louvores aos deuses de ouro, de prata, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra.
Que contraste existe entre a devassidão pagã e a devoção cristã.
Crente, demonstre sua fé e sua fidelidade a Deus no seu estilo de vida.
Essa vida de prazeres da Babilônia é uma ilusão. Esse banquete é uma mentira. Não porque ele não aconteceu. Aconteceu. É um fato histórico. Mas porque toda essa alegria e ousadia é uma farsa. Um teatro. Um prazer transitório que leva a destruição.
Mas na comunhão santa com Cristo, você é mais rico do que o rei da Babilônia. Isso é real. Ter Jesus é uma riqueza incomparavelmente maior.
Hebreus 11:24-26—Pela fé, Moisés, sendo homem feito, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus a usufruir prazeres transitórios do pecado. Ele entendeu que ser desprezado por causa de Cristo era uma riqueza maior do que os tesouros do Egito, porque contemplava a recompensa.
Isso é devoção cristã. É assim que nós lutamos contra a tentação. Pregando ao nosso coração: “Cristo é melhor”. Essa é a tática daqueles que temem a Deus.
Contemple a recompensa de estar no banquete do Cordeiro, no grande dia santo do nosso encontro com Jesus. E os prazeres transitórios do pecado vão perdendo o poder de nos atrair.
O segundo contraste entre os cidadãos da Babilônia e os cidadãos do céu está no estado de espírito deles. Não só no estilo de vida, mas também no estado de espírito.
2. NO ESTADO DE ESPÍRITO: MEDO X PAZ (VV. 5-12)
Você, cristão, pode experimentar uma paz que excede todo o entendimento, uma paz que o mundo não pode dar, uma paz que Cristo e somente ele é capaz de oferecer.
Veja como os prazeres e a paz desse mundo são realmente transitórios:
[5] No mesmo instante [enquanto eles estão se embebedando com os cálices do templo de Deus], apareceram uns dedos de mão humana, que começaram a escrever na parede caiada do palácio real [parede caiada é uma parece branca pintada com cal], no lugar iluminado pelo candelabro; e o rei via os dedos que estavam escrevendo.
Deus começa a escrever na parede no meio da festa, e de repente o banquete vira uma casa do horrores.
[6] Então o semblante do rei empalideceu, e os seus pensamentos o deixaram perturbado; as suas pernas bambearam, e os seus joelhos batiam um no outro.
Toda a ousadia para pecar e debochar de Deus foi embora em um segundo. Agora o rei está tremendo de medo. Pernas bambas. Rosto pálido. A festa acabou.
Olhe o desespero do homem:
[7] O rei ordenou, em voz alta [ele está gritando, desesperado], que fossem chamados os encantadores, os caldeus e os feiticeiros. O rei disse aos sábios da Babilônia: — Aquele que ler o que está escrito na parede e me declarar a sua interpretação será vestido de púrpura, receberá uma corrente de ouro para pôr no pescoço e será o terceiro homem mais importante do meu reino.
Ele está apelando. Ele está oferecendo honra e riqueza para quem entender o que Deus escreveu. Mas poder no reino dos céus não se compra. Sabedoria e entendimento não estão à venda. Você só pode receber de graça, pela fé, pedindo a Deus, em nome de Jesus, e sem pagar nada.
Por isso os sábios do rei entram na sala, mas não conseguem ler nem interpretar. E toda a paz dos babilônios evapora—como um rio em uma temporada sem chuva. A paz secou. Que contraste com o estado de espírito que Deus nos dá em Cristo.
UMA PAZ DE OUTRO MUNDO
Sua paz, crente, não depende dos banquetes e bens desse mundo. Nossa paz é de outra natureza.
Primeiro, e mais importante, porque nós temos paz com Deus:
Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio do nosso Senhor Jesus Cristo (Romanos 5:1).
Pecadores, sim. Mas justificados! O juiz nos declarou: “Justos!” por causa da justiça de Cristo.
Nós não precisamos mais ter medo do julgamento. Se Deus escrever alguma coisa na parede, será para nos lembrar que o sangue de Cristo já cobriu todo o nosso pecado.
Segundo, nossa paz é diferente também porque é a paz de Deus:
Quando os cidadãos da Babilônia estão com medo, preocupados, ansiosos, para quem eles vão pedir ajuda? Que ser humano é capaz oferecer paz verdadeira? Só Deus pode. E você, cidadão dos céus, pode ir até o Deus da paz. Ele é capaz de lhe dar paz:
Filipenses 4:6-7—Não fiquem preocupados com coisa alguma, mas, em tudo, sejam conhecidos diante de Deus os pedidos de vocês, pela oração e pela súplica, com ações de graças. E a paz de Deus, que excede todo entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus.
Essa paz é de outra natureza. É a paz de Deus. Nenhum plano de saúde, nenhuma aposentadoria, nenhum remédio, nenhuma riqueza, nenhum sábio desse mundo podem dar essa paz. Mas Deus pode.
Terceiro, nosso Senhor Jesus nos disse:
João 14:27—Deixo com vocês a paz, a minha paz lhes dou; não lhes dou a paz como o mundo a dá. Que o coração de vocês não fique angustiado nem com medo.
Ele disse: “a minha paz lhes dou”. A paz de Jesus pode ser a nossa.
O versículo anterior em João nos dá o contexto dessa promessa. Jesus está falando do Espírito Santo, o Consolador, que irá nos ajudar a lembrar tudo o que ele ensinou.
Você abre a Bíblia ou recita um versículo e ora, e o Espírito rega o seu coração com a água da Palavra. A semente da Palavra cresce em você e dá fruto.
Gálatas 5:22—Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz…
Essa é uma paz de outra natureza. É a paz de Deus, a paz de Cristo e a paz do Espírito. Ela é diferente da paz do mundo e dos banquetes babilônicos.
Nossa fé pode não ser perfeita, mas a paz que Deus dá é real—sobrenatural, mas real.
Veja os 3 amigos de Daniel. Eles estão sendo ameaçados de morte pelo homem mais poderoso do mundo. Eles estão diante de uma fornalha superaquecida para serem queimados. Olha a paz desses meninos:
[16] Sadraque, Mesaque e Abede-Nego responderam ao rei: — Ó Nabucodonosor, quanto a isto não precisamos nem responder. [17] Se o nosso Deus, a quem servimos, quiser livrar-nos, ele nos livrará da fornalha de fogo ardente e das suas mãos, ó rei. [18] E mesmo que ele não nos livre, fique sabendo, ó rei, que não prestaremos culto aos seus deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que o senhor levantou.
Que contraste! Belsazar está em um banquete cheio de vinho e morrendo de medo. Sadraque, Mesaque e Abede-Nego estão indo para uma fornalha cheia de fogo e vivendo com paz.
Que diferença existe entre o estado de espírito daqueles que temem a Deus e daqueles que não temem. Que o Senhor nos leve a orar as promessas dele quando a paz quiser fugir de nós.
Mas na Babilônia, domina o desespero. Os homens bêbados que gritavam blasfêmias uns minutos antes agora estão gritando de medo. A rainha-mãe ouve a gritaria e entra na sala. Ela se lembra do funcionário cristão que eles têm no governo.
[11] Há aqui no seu reino um homem que tem o espírito dos santos deuses. Nos dias de seu pai, se achou nele luz, inteligência e sabedoria como a sabedoria dos deuses. O seu pai, o rei Nabucodonosor, sim, o seu pai, ó rei, o constituiu chefe dos magos, dos encantadores, dos caldeus e dos feiticeiros, [12] porque nesse Daniel, a quem o rei tinha dado o nome de Beltessazar, se acharam espírito excelente, conhecimento e inteligência, interpretação de sonhos, declaração de enigmas e solução de casos difíceis. Portanto, chame Daniel, e ele dará a interpretação.
Até a rainha-mãe da Babilônia pagã reconhece que Daniel é diferente. Existe um tipo de sinceridade santa que chama atenção até do mundo descrente.
George Whitefield tinha essa sinceridade cristã no coração. Ele foi um evangelista no século 18. Uma vez viram o filósofo David Hume, um não-crente, correndo pelas ruas de Londres. Um amigo o parou na rua e perguntou: “Aonde você está indo?” Ele disse: “Eu vou ouvir Whitefield pregar”. O amigo achou estranho e perguntou para ele: “Mas você não acredita no que Whitefield prega, acredita?”. A resposta do Davi Hume foi: “Eu não, mas ele acredita”.
Até os não-crentes são capazes de reconhecer um homem e uma mulher de Deus. Eles podem não concordar com o seu estilo de vida. Eles podem não concordar com a sua crença. Eles podem até atacar você de alguma forma. Mas existe um poder na sinceridade santa que Deus pode usar para atrair não-crentes e dar uma oportunidade para você testemunhar do seu Deus.
Deus pode usar um momento de desespero deles para que eles busquem você. Aproveitemos esses momentos com sabedoria. Deus pode usar sua proclamação do evangelho para salvá-los também. E você pode glorificar o seu Deus, mesmo quando as pessoas não respondem com fé—como foi o caso de David Hume, da rainha-mãe e do rei Belsazar.
E aqui vem o terceiro contraste entre a vida daqueles que pertencem aos reinos desses mundo e a vida daqueles que pertencem a Cristo e o reino dos céus: A FONTE DA SABEDORIA.
3. FONTE DE SABEDORIA: TERRENA X CELESTIAL (VV. 13-28)
O rei chamou todos os magos da Babilônia e ninguém conseguiu ler ou interpretar o que Deus escreveu porque a sabedoria deles é terrena. Quando eles mais precisam, essa sabedoria os deixa na mão.
A sabedoria de Daniel é diferente. Ela é celestial. É uma sabedoria espiritual. Só quem tem o Espírito de Deus pode entender a Palavra de Deus.
Daniel é, então, levado a presença do rei. O rei promete roupas chiques, correntes de ouro e cargos no governo—coisas que o mundo ama: honra, riqueza e poder.
[17] Então Daniel respondeu e disse na presença do rei: — O senhor pode ficar com os seus presentes e dar as suas recompensas a outra pessoa. No entanto, vou ler para o rei o que está escrito na parede e lhe darei a interpretação.
Sabedoria dos céus se manifestando na terra.
Não é maravilhoso o que Daniel está fazendo?
3.1 RECOMPENSAS
Satanás oferece para Daniel, através do rei Belsazar, o que esse mundo tem do bom e do melhor: dinheiro, poder, honra, fama, glória. Satanás oferece em uma bandeja de ouro o aplauso dos homens e os prazeres da carne. Daniel olha para a oferta e diz: “Eu não quero. Eu não me importo com essas coisas. Pode ficar com seus presentes, rei”.
Isso é o que eu chamo de desprezo santo.
Povo de Deus, nós devemos fazer a mesma coisa. Você tem o Espírito de Deus, você pode dizer “não!” para Satanás. Você pode empurrar a bandeja e falar: “Eu não quero”.
Meu pai tem uma pequena empresa de montagem de circuitos eletrônicos no Rio de Janeiro. Ele já me disse que, algumas vezes, pessoas nas empresas clientes fizeram propostas para ele: “Você nos dá tanto, e nós fazemos você ganhar esse contrato”. “Você nos dá tanto, e nós aprovamos esse documento que você precisa”.
Mas ele pensou: “Se eu disser “sim” para esses homens, eu vou estar dizendo “não” para Deus. Isso não faz sentido. Isso é tolice”. Ele empurrou a bandeja e disse: “Pode ficar com as suas recompensas. Eu não quero”.
Satanás vai oferecer o dinheiro, basta você ser desonesto. É só você entrar no esquema da Babilônia. E ele vai fazer isso quando sua situação financeira estiver difícil para deixar a tentação mais forte. Pelo Espírito, nós podemos dizer: “Eu não quero”.
Satanás vai oferecer imoralidade, basta você clicar. Ele vai fazer isso quando você estiver cansado e carente e vulnerável. Pelo Espírito, nós podemos dizer: “Eu não quero”.
Na secura do deserto, em um momento de grande necessidade, Satanás ofereceu a glória desse mundo para Jesus. Mas no poder do Espírito, Jesus disse: “Eu não quero. Eu quero o meu Pai. Eu quero Deus. Eu quero a glória dos céus pelo caminho da cruz—o caminho que meu Pai colocou para mim”.
Enquanto a sabedoria terrena é tola e vive para coisas temporárias, a sabedoria do alto é santa, ela faz você viver para as coisas que realmente importam—para as coisas eternas.
A segunda área em que a sabedoria se manifesta é na humildade. Esse é um dos temas principais dos capítulos 4 e 5 de Daniel.
3.2 HUMILDADE
A sabedoria se manifesta na posição da nossa coluna cervical:
• A sabedoria de Deus nos faz diminuir e ir para baixo e nos prostrarmos e nos curvarmos diante da grandeza de Deus.
• Já a sabedoria do mundo enverga a nossa coluna para o lado errado. Ela estufa o peito, incha o ego e empina o nariz.
O sábio recebe de Deus humildade para aprender com os erros e os acertos dos outros. Já o tolo insiste em seu caminho.
Belsazar não aprendeu com o exemplo do seu avô, Nabucodonosor. A palavra “pai” aqui está sendo usada no sentido de “aquele que veio antes”. Belsazar era neto de Nabucodonosor.
[18] Ó rei, o Deus Altíssimo deu o reino a Nabucodonosor, seu pai, bem como grandeza, glória e majestade. [19] Por causa da grandeza que lhe deu, pessoas de todos os povos, nações e línguas tremiam e temiam diante dele. Matava a quem queria e a quem queria deixava com vida; exaltava uns e humilhava outros. [20] Mas, quando o coração dele se elevou, e o seu espírito se tornou orgulhoso e arrogante, foi derrubado do seu trono real e perdeu toda a sua glória. [21] Foi expulso do meio dos filhos dos homens, o seu coração foi feito semelhante ao dos animais, e passou a morar com os jumentos selvagens. Comia capim como os bois e o seu corpo foi molhado pelo orvalho do céu, até que reconheceu que Deus, o Altíssimo, tem domínio sobre os reinos do mundo e os dá a quem ele quer.
A mesma frase que apareceu várias vezes no capítulo 4. Reconheça que Deus domina. Mas Belsazar não quis.
[22] — E o senhor, rei Belsazar, que é filho de Nabucodonosor, não humilhou o seu coração, mesmo sabendo de tudo isso.
Ele agiu como um tolo. Em vez de aprender com o testemunho do seu avô, Nabucodonosor, ele “não humilhou o coração” (v. 22) e:
Final do v.[23] (...) [O] senhor não deu glória a Deus, em cuja mão estão a sua vida e todos os seus caminhos.
Não humilhar o coração e não dar glória a Deus têm consequência:
[24] É por isso que ele enviou aquela mão que escreveu na parede.
Nós seremos sábios se nós aprendermos com os erros e acertos daquele que vieram antes de nós.
Crianças, filhos, jovens, aprendam com os mais velhos. Ouçam o que eles dizem. Se você quer fazer uma coisa e seus pais dizem para você não fazer, seja humilde. Obedeça. Confie que Deus está cuidando de você através do seus pais.
O rei Roboão, filho de Salomão, não ouviu o conselho dos anciãos e preferiu ouvir o conselho dos jovens tolos que cresceram com ele. Ele foi duro com o povo, e o reino de Israel acabou se dividindo. Nossa tolice pode ter enormes consequências (cf. 1 Reis 12).
Que o Senhor nos dê um espírito ensinável e faça nossa coluna se dobrar para o lado certo, para baixo, e de joelhos dobrados também, que nós possamos confessar que Jesus Cristo é Senhor, para a glória de Deus Pai (Filipenses 2:10-11).
A sabedoria nos dá recompensa. A sabedoria nos dá humildade.
Terceiro, a sabedoria celestial é diferente da sabedoria terrena também porque ela nos dá entendimento da Palavra de Deus.
3.3 ENTENDIMENTO
• No capítulo 2, Nabucodonosor sonha com uma grande estátua, e nenhum sábio do mundo conseguiu interpretar, só Daniel.
• No capítulo 4, Nabucodonosor sonha com uma grande árvore, e nenhum sábio do mundo conseguiu interpretar, só Daniel.
• Agora, no capítulo 5, Deus se comunica escrevendo em uma parede, e nenhum sábio do mundo conseguiu interpretar, só Daniel.
A mensagem nas 3 vezes é: a sabedoria do mundo é limitada e leva à morte. A sabedoria que Deus dá é infinita e leva à vida. Só Daniel interpreta porque Daniel tem a sabedoria de Deus. Uma sabedoria que nós hoje temos através da Palavra de Deus.
Daniel lê o que foi escrito por Deus na parede:
[25] E o que está escrito é isto: MENE, MENE, TEQUEL e PARSIM.
Está em aramaico. MENE, MENE, TEQUEL e PARSIM em português significa: CONTADO, CONTADO, PESADO E DIVIDO.
E Daniel dá a interpretação. A mensagem é de julgamento contra Belsazar.
[26] — Esta é a interpretação daquilo: MENE [que significa CONTADO]: Deus contou os dias do seu reinado, ó rei, e pôs um fim nele.
A palavra é repetida—MENE, MENE—para mostrar que o cumprimento é certo e será rápido. Belsazar, acabou. Deus colocou um fim no seu reinado. Deus acabou com seu banquete. E agora ele vai acabar com o seu reinado. Não se humilhar na presença de Deus tem consequências sérias.
Os governantes desse mundo acham que vão viver na riqueza e oprimir as pessoas e vai ficar por isso mesmo. Não vai. No dia certo, Deus irá mostrar quem realmente domina e governa o mundo.
[27] TEQUEL [que significa PESADO]: Você foi pesado na balança e achado em falta.
Pesado no sentido de avaliado. Deus colocou os atos de Belsazar em uma balança e ele foi “achado em falta”. Ele adorou deuses feitos pelas mãos humanas que, como Daniel disse “não veem, não ouvem e não sabem nada” (v. 23), em vez de adorar o Deus que vê tudo, que ouve tudo e sabe de tudo. Belsazar, em contraste com Nabucodonosor, não quis se arrepender, e agora o tempo acabou. O julgamento de Deus chegou.
[28] PERES [que é o singular de PARSIM do v. 25 e significa DIVIDIDO]: O seu reino foi dividido e entregue aos medos e aos persas.
A profecia do sonho de Nabucodonosor no capítulo 2 está se cumprindo: a cabeça de ouro que representava a Babilônia está sendo destruída e o reino está sendo entregue para o peito de prata daquela imagem—os medos e persas.
Esse é o fim de todos os reinos desse mundo. Eles vão ruir e cair. É tolice colocar nossa esperança nas próximas eleições ou no próximo emprego ou na conta do banco ou nos bens que enferrujam e as traças corroem. Tudo irá esfarelar na nossa mão com a areia do mar.
Sabedoria está em confiar em Deus, nossa Rocha. Sabedoria está em confiar em Cristo, nossa Pedra Angular. Sabedoria está em confiar no Espírito, nosso Consolador.
O texto termina com o contraste final entre aqueles que vivem para Deus e aqueles que vivem para si mesmos; aqueles se humilham diante de Deus e aqueles que se exaltam.
4. DESTINO FINAL: SALVAÇÃO X CONDENAÇÃO (VV. 29-31)
Daniel não se importa, mas o rei dá as recompensas que ele prometeu para quem interpretasse o escrito da parede. Mas a execução da condenação foi rápida.
[29] Então Belsazar mandou que vestissem Daniel de púrpura, que lhe pusessem uma corrente de ouro no pescoço, e que proclamassem que passaria a ser o terceiro no governo do seu reino. [30] Naquela mesma noite, Belsazar, rei dos caldeus, foi morto. [31] E Dario, o medo, se apoderou do reino, quando tinha mais ou menos sessenta e dois anos de idade.
Esses são fatos históricos. Isso realmente aconteceu. O capítulo 6 se passa no último ano do Império da Babilônia, quando os medos e a pérsia invadiram a Babilônia e mataram Belsazar, no ano 539 AC.
O livro de Daniel começou em 605 AC, quando Daniel tinha só 14 anos. Agora, no final do Império da Babilônia, se passaram 66 anos. Você é que é bom de matemática: 14 + 66 = 80.
Daniel tinha 80 anos quando Belsazar morreu e Dario se apoderou do reino. É possível você ser fiel durante o seu exílio nesse mundo. Deus sustentou Daniel por todos esses anos no meio de um povo pagão. Que o Senhor nos dê coragem para sermos fieis, mesmo que isso nos custe muito.
JOHN LENNON
A tragédia da vida e da morte de Belsazar lembra a tragédia da vida e da morte de John Lennon. E um lembrete para nós que a verdadeira vida está viver para Cristo, o Rei dos céus, em vez de viver para os prazeres transitórios desse mundo.
John Lennon foi o líder dos Beatles, a banda mais popular da história. A banda existiu entre 1960 e 1970, mas o sucesso deles foi incomparável. Eles têm recordes e mais recordes de venda de álbum e músicas tocadas. Os Beatles foram um fenômeno da indústria da música e do entretenimento. Se alguém experimentou a glória que a Babilônia pode oferecer, esse alguém foi John Lennon.
John Lennon deu uma entrevista na época e disse que os Beatles eram mais famosos que Jesus. Ele agia como um Belsazar.
Mas apesar de ele ter tudo o que o mundo pode oferecer—riqueza, fama, poder—John Lennon não tinha o que só Deus pode dar: paz e perdão.
Em 1977, ele ficou cansado de usar droga para abafar os medos dele. Ele escreveu para um evangelista famoso na época, Oral Roberts, pedindo ajuda. Ele disse que queria escapar do inferno. Por um tempo, John Lennon chegou até a professar fé em Cristo. Ele chegou a dizer que tinha nascido de novo.
Mas a esposa dele na época, Yoko Ono, conseguiu fazer ele desistir. Ele ouviu a voz do mundo. Eles dois se envolveram com astrólogos, cartomantes, videntes e gastaram muito dinheiro com os “magos da Babilônia”. Eles tinham até um quarto com utensílios egípcios que eles diziam ter poderes mágicos.
No auge da sua descrença, John Lennon escreveu uma música que ficou muito conhecida chamada “Imagine”. Imagine. Ela começa dizendo:
Imagine que não exista nenhum céu.
É fácil, se você tentar.
Nenhum inferno debaixo de nós...
Imagine todas as pessoas
Vivendo para o hoje.
Essa é uma vida triste e sem esperança. John Lennon, como Belsazar, preferiu a glória vazia do mundo à glória cheia de peso da presença de Deus. Ele acabou sendo assassinado quando ele tinha só 40 anos, na porta do prédio dele, em Nova Iorque.
Um fim muito triste e sóbrio para alguém que chegou no topo da Babilônia. Belsazar e John Lennon são lembretes para nós que viver para as coisas desse mundo e não nos humilharmos diante de Deus e nos alegrarmos em Cristo é perder a vida.
Não só perder a vida nesse mundo. Muito mais. É perder o céu com Cristo e ser condenado ao inferno.
Jesus disse: Quem acha a sua vida a perderá; e quem perde a vida por minha causa, esse a achará (Mateus 10:39).
Achar a vida é perder a vida entregando tudo para Cristo e confiando nele.
UMA ETERNIDADE DE CONTRASTE
Existe uma eternidade de contraste entre aquele que se humilham e aqueles que se exaltam.
Você que confia no Senhor, seu futuro será mais glorioso que sua mente é capaz de conceber. A mente mais brilhante e mais santa desse mundo conseguiu, no máximo, ver um copo de todo o oceano da glória de Deus que foi prometido para você que crê no nome do Senhor Jesus.
• Quem é capaz de imaginar essa “plenitude de alegria” na presença de Deus prometida no Salmo 16?
• E essa experiência de se juntar a milhões de milhões de anjos com milhões e milhões de santos para cantar ao Cordeiro que está no trono?
• O que é estar livre para sempre dos pecados e amar a Deus de forma pura e completa?
• O que é ver o Senhor face a face?
• O que nós vamos sentir quando nós virmos o céu se abrindo e Jesus vindo em grande poder e glória para reinar sobre nós e julgar todos os seus inimigos?
• E a alegria e a paz de viver em um mundo onde não há mais morte, nem luto, nem pranto, nem dor?
As promessa de Deus são divinamente escandalosas. Só um Deus que domina sobre todo o Universo pode prometer essas coisas. E ele vai cumprir. Que sua expectativa de estar com Deus faça você perseverar durante o seu exílio aqui na Babilônia.
MAS...
Mas que contraste é o destino final daqueles que não se submetem a Deus, só vivem para as coisas desse mundo e não amam a Cristo.
Uma vida de prazeres que será transformada em choro e ranger de dentes.
Uma eternidade de sofrimento justo por terem rejeitado as palavras do Senhor.
Para você, crente, seu choro se transformará em riso, seu lamento se transformará em música, seu pranto se transformará em lágrimas de alegria, e sua morte levará você para os braços de Cristo.
Para aqueles que rejeitam a Cristo, será como o banquete de Belsazar: a alegria deles tomará asas e vai embora. Para sempre. Eles vão experimentar medo e desespero e a separação eterna da presença de Deus.
A sabedoria mundana deles irá deixá-los na mão. Eles vão perceber que tudo o que eles se dedicaram tanto para construir: riquezas, fama, poder, honra, glória, tudo irá desmoronar como a imagem do sonho de Nabucodonosor quebrada pela pedra.
Daniel 5 tem duas mensagens principais para nós.
A primeira é: “Exilados, esperança!”
Povo de Deus exilado nesse mundo, longe da sua casa no céu, tenham esperança! Os reinos desse mundo serão julgados. Só o reino do seu rei irá permanecer. Persevere. Confie no seu Deus, mesmo durante os dias maus. Que o seu estilo de vida demonstre que você é um exilado, que esse mundo não é o seu lar, e você irá experimentar um estado de espírito de paz.
A segunda mensagem é: “Endurecidos, humilhem-se!”
Não seja como Belsazar. Seja como Nabucodonosor. Deus oferece misericórdia para aqueles que se humilham e confessam seus pecados. Deus oferece graça para aqueles que pedem perdão a Deus e confiam que só a morte de Cristo pode pagar pela nossa montanha de 27 quilômetros de pecado.
Se você tem vivido em rebelião contra Deus; se você tem vivido para os prazeres transitórios da Babilônia, busque a Deus. Hoje, a partir de hoje, busque a Deus.
A verdade é que há esperança para você também. Você quer saber como Jesus lida com aqueles que se aproximam dele com fé e pedem perdão?
Olhe para o ladrão na cruz. Um dos malfeitores que estava crucificado ao lado de Jesus estava blasfemando contra ele, como Belsazar fez. Mas do outro lado de Jesus, veja o contraste: O malfeitor do outro lado repreendeu o blasfemador e disse:
— Você nem ao menos teme a Deus, estando sob igual sentença? A nossa punição é justa, porque estamos recebendo o castigo que os nossos atos merecem; mas este não fez mal nenhum. E acrescentou: — Jesus, lembre-se de mim quando você vier no seu Reino (Lucas 23:40-42).
Como Jesus trata um malfeitor que foi orgulhoso por toda a vida, mas que se humilha e se arrepende e pede por misericórdia?
— Em verdade lhe digo que hoje você estará comigo no paraíso (Lucas 23:43).
É assim que Jesus trata quem se aproxima dele pedindo misericórdia. Ele dá o paraíso. Ele perdoa. Ele certamente julgará os endurecidos, mas tão certamente ele justificará os quebrantados.
CONCLUSÃO
Que o nosso estilo de vida seja de santidade.
Que o nosso estado de espírito seja de paz.
Que a nossa sabedoria seja de Deus.
Porque o nosso destino foi comprado por aquele que também foi (avaliado) pesado na balança e não foi achado nada em falta. Cristo foi pesado e o resultado foi o peso perfeito da glória de Deus. Por isso o reino dele irá durar para sempre. E nós seremos contados como justos pela fé nele.
Que essa seja a sua esperança. Eu vou ler uma das orações de Davi no Salmos. Você pode fazer desse salmo a sua oração:
Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno (Salmos 139:23-24).
Igreja Batista Jardim Minesota
Rua Clotildes Barbosa de Souza, 144
Jardim Santa Maria (Nova Veneza) Sumaré - São Paulo
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