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Série em Jó: Sofrimento Soberano 
 07 de Dezembro de 2025 – IBJM 
 É muito ruim ficar desesperado. É uma sensação horrível. Uma pessoa definiu para mim recentemente desespero como você caindo de repente em um poço escuro que nunca termina.   O desespero é essa uma mistura de pavor, angústia e uma falta de esperança diante da incerteza com o que vai acontecer. Ou, o que é ainda pior: o desespero me diz que eu posso ter certeza de que as coisas nunca vão mudar.   É horrível essa sensação de estar caindo em um poço que nunca tem fim. A sensação de ficar desesperado. E assim que Jó está:   6:[26] Por acaso vocês pensam em reprovar as minhas palavras, ditas por um desesperado ao vento?   Cristãos também precisam lidar com desespero. Jó é um crente real, um homem de Deus, um adorador verdadeiro, mas Jó, como todos nós, tem seus dias difíceis. Às vezes, suas semanas difíceis. Às vezes, seus meses e anos difíceis.   Como nós podemos usar a sabedoria de Deus para lidar com o desespero em nosso interior e com os desesperados ao nosso redor?   Existem algumas coisas que, se você fizer, só vão piorar a situação e atrapalhar. Existem algumas coisas que, se você fizer, podem realmente ajudar.   A resposta de Jó nessa passagem nos ajuda a lidar com o desespero, nos ajuda a lidar com os desesperados e, no meio de tudo isso—ela nos ajuda a lidar com Deus.   A resposta de Jó ao seu amigo Elifaz dura 2 capítulos, mas Jó não responde só a Elifaz. No capítulo 6, ele fala com Elifaz e seus amigos. Mas no capítulo 7, Jó para de falar com seus amigos e pela primeira vez no livro, Jó fala com o seu Deus.   Essa passagem está dividida em duas partes:   • Capítulo 6: Jó responde a Elifaz. • Capítulo 7: Jó responde a Deus.   Jó 6:[1] Então Jó respondeu:   Mas que tipo de resposta Jó está dando? Veja qual é a primeira coisa (ou o primeiro som) que sai da boca de Jó:   Jó 6:[1] Então Jó respondeu: [2] “Ah!”   “Ah!”. “Ah!” é o suspiro de dor da alma. O desabafo de um desesperado. As palavras no papel não tem som nem tom. Mas esse “Ah!” descreve bem como Jó está.   [2] “Ah! Se a minha queixa, de fato, pudesse ser pesada...   Esses dois capítulos são uma queixa. Esse é o tipo de resposta de Jó nessa passagem: uma queixa. Jó tem uma longa reclamação a fazer. Ele está muito frustrado. Ele está muito decepcionado com Elifaz. E Jó está muito decepcionado com Deus também.   Eu já falei demais. Vamos deixa Jó falar. Quando alguém está sofrendo, nós podemos amar essa pessoa ouvindo com atenção o que ela tem a dizer.   1.     QUEIXA CONTRA OS AMIGOS (JÓ 6)   O capítulo 6 é a queixa contra os amigos dele, mas veja o que Jó faz: antes de falar diretamente com Elifaz, primeiro Jó fala com Jó. O trecho do versículo 2 ao 13 é um desabafo de Jó em voz alta. Jó começa falando com ele mesmo.   Se você já ficou perto de um alguém desesperado ou se você parar para pensar em seus momentos de desespero, você já presenciou ou experimentou essa cena.   Nós falamos coisas como: “Não! Não! Não! Eu não acredito! Por quê!? Por quê!? Por quê!?” Como quem você está falando, quando você está falando assim? Você está falando com você mesmo.   Eu resumiria esse desabafo de Jó em 4 palavras:   1.1  “EU NÃO AGUENTO MAIS” (6:2-13)   Jó não aguenta mais porque o sofrimento está insuportável.   [2] “Ah! Se a minha queixa, de fato, pudesse ser pesada, e contra ela, numa balança, se pusesse a minha miséria, [3] esta, na verdade, pesaria mais que a areia dos mares.   Jó está falando com ele mesmo, mas esse desabafo está relacionado ao que Elifaz falou antes. Vamos voltar no tempo:   No capítulo 1 e 2, Jó perdeu tudo: todos os bens, todos os filhos e toda a saúde. E Jó respondeu confiando no Senhor. Jó e seus amigos ficam 1 semana sentados no chão chorando sem falar uma palavra.   Mas depois dessa semana de silêncio, o capítulo 3 começa com Jó falando. E Jó está mal. Muito mal. Ele fala coisas como: “Morra o dia em que eu nasci!”.   Jó reconhece que as palavras dele no capítulo 3 não foram ponderadas. Veja o final do versículo 3:   Jó 6:[3] (...) Por isso é que as minhas palavras foram precipitadas.   Ele reconhece. Mas Elifaz parece que tem um coração duro como uma pedra. Insensível.   Elifaz lidou com sofrimento de Jó como se ele tivesse em uma aula de ciências, analisando um sapo morto no laboratório: “Aqui está o coração. Aqui está o pulmão. Aqui o estômago”.   Elifaz agiu com frieza. Emocionalmente distante. Analisando o sofrimento de Jó como se fosse um exercício acadêmico sobre a existência do mal, abrindo o coração de Jó e analisando como em uma sala de aula.   Elifaz não deu espaço para Jó lamentar, espaço para ele ficar confuso diante de tanta dor. Espaço para ele usar palavras que não são as melhores porque o espírito dele não está dos melhores.   Por isso que Jó começa assim!   “Ah! Se vocês pegassem toda a areia dos mares e colocassem de um lado da balança, e pegassem o peso da minha dor e colocasse do outro lado, o meu sofrimento seria ainda mais pesado”.   “Se vocês fizessem isso, vocês veriam que eu tenho toda a razão em reclamar!”   Jó continua o desabafo dele. E para descrever como ele se sente, ele usa Deus. Veja como Jó enxerga a Deus:   [4] Porque as flechas do Todo-Poderoso estão cravadas em mim, e o meu espírito sorve o veneno delas; os terrores de Deus se armam contra mim.   Jó vê Deus como um inimigo. Alguém que está escondido com um arco e flecha na mão. Como se Deus estivesse atrás de uma árvore, ele coloca veneno na ponta da flecha, mira em Jó e solta e a flecha crava em Jó. E Ele pega mais uma flecha na aljava. Mira. Solta. E acerta. Várias vezes. Jó fala de “flechas”, no plural.   Flechas que não acertaram o corpo de Jó e pararam. As flechas penetraram mais fundo. As flechas acertaram o espírito dele. A dor foi pior.   Jó está certo em ver Deus como Todo-Poderoso (soberano). Mas Jó está errado em ver Deus como um inimigo. Nós vamos voltar para esse ponto daqui há pouco. Mas a questão aqui é: para Jó, Deus está contra ele.   Esse é um pensamento que surge quando você está sofrendo, ansioso, deprimido, desesperado. Você pensa (como Jó): “Eu sei que Deus é Todo-Poderoso (porque ele é Deus!). Então ele de alguma maneira está por trás da minha dor. Se ele está deixando essas flechas com veneno entrarem na minha alma, é porque ele está contra mim”.   Para quem está pensando desse maneira, veja se o final do versículo 4 não faz sentido:   [4] (...) os terrores de Deus se armam contra mim.   Como se Deus tivesse um exército poderoso armado e cercando Jó para atacá-lo. Faz sentido ele usar a palavra “terror”: os “terrores de Deus”. Jó está com medo de Deus. Isso explica boa parte do desespero de Jó.   Pare para pensar: se Deus é soberano (Todo-Poderoso), mas ele está contra mim, eu tenho todas as razões do mundo para ficar com medo. Um Ser que tem poder para fazer o que ele quiser comigo (e não tem nada que eu possa fazer para impedir) está contra mim?   Esse é um pensamento desesperador. Jó está com medo de Deus. Medo do que Deus pode fazer.   MEDO (NÃO TEMOR!) DO SENHOR   Sinceramente, você já sentiu medo de Deus? Eu não estou falando do temor do Senhor. O temor do Senhor é algo bom. O temor do Senhor é o princípio do saber (Provérbios 1:7). O temor do Senhor é esse senso de quer agradar a Deus, ser controlado por Deus, obedecer a Deus, confiar em Deus. Nós queremos mais e mais temor do Senhor.   Jó teme a Deus. Foi assim que o livro de Jó começou:   Jó 1:1—Havia um homem na terra de Uz cujo nome era Jó. Este homem era íntegro e reto, temia a Deus e se desviava do mal.   Jó teme a Deus. Mas agora Jó está também com medo de Deus. Meu irmão, minha irmã, você também não sente medo de Deus às vezes? Medo do que ele poder fazer? Ele é Todo-Poderoso. Soberano. Ele pode usar o poder e a autoridade dele para tirar coisas (e pessoas) da nossa vida que nós amamos. Se ele quiser, ele tira.   Sinceramente, você já não teve medo do que Deus pode fazer?   Eu comecei essa série em Jó contando o caso de um cristão chamado Tim Challies. O filho dele Nicolas, de 20 anos—um jovem maravilhoso—estava fazendo seminário, ia se casar em 6 meses com uma jovem preciosa, mas um dia, de repente, ele caiu no chão morto. Ninguém sabe o que aconteceu. Ele simplesmente morreu.   Tim Challies disse que ele ficou com medo de Deus. Ele é um crente piedoso, mas depois que ele viu Deus levando o filho que ele tanto amava, ele teve que lidar com os mesmos pensamentos que Jó teve que lidar. Tim Challies disse o seguinte:   Eu temo a Deus, mas nesses dias, eu também me vejo... com medo de Deus... com medo das maneiras em que ele pode exercer o poder dele. Afinal, apenas há algum tempo atrás, Deus exerceu a soberania dele levando meu filho.   Minha vida de tranquilidade... foi interrompida por uma perda tão grande que eu nunca teria me permitido sequer imaginar. Em um momento, Deus desferiu um golpe... que quase me esmagou...   Se Deus tomou a vida do meu filho amado com tanta velocidade, com tanta facilidade... o que mais ele pode tomar de mim? Quem mais ele pode tomar? E como eu vou aguentar uma perda dessas? (Challies, Seasons of Sorrows, 43-44).   Esse homem ama o Senhor. Ele crê na soberania do Senhor. Ele está se submetendo a Deus. Mas ele está sendo honesto também. Como Jó está sendo honesto.   Quando Deus exerce a soberania dele não só nos dando, mas tomando coisas e pessoas preciosas para nós, nós precisamos de muita graça dele para aguentar.   Nós vamos lidar mais com esse ponto daqui há pouco. Tenha paciência. Vamos ouvir mais Jó. Ele continua se defendendo, dizendo que ele tem razão, sim, de reclamar.   Jó faz um interrogatório para ele mesmo. Ele faz 4 perguntas seguidas e em todas elas, a resposta é “não!”.   [5] Será que o jumento selvagem zurra quando está junto à relva?   Não. Se o jumento tem comida, ele não zurra lamentando. Próxima:   [5] (...) Ou será que o boi berra junto ao seu pasto?   Não. Boi com pasto não berra de fome. Agora ele passa dos animais para as comidas:   [6] Pode-se comer sem sal o que é insípido? Não! Ou haverá sabor na clara do ovo? Não!   A mensagem de Jó é: “Então! Eu estou zurrando, berrando, porque Deus me tirou tudo! Eu tenho razão em estar desesperado. O meu sofrimento é insuportável!”   E uma vez que ele provou que o sofrimento dele é insuportável, do versículo 8 ao 13, Jó volta a falar em morrer, como ele faz no lamento do capítulo 3:   [8] Quem dera que se cumprisse o meu pedido, e que Deus me concedesse o que desejo! [9] Que fosse do agrado de Deus esmagar-me, que soltasse a sua mão e acabasse comigo! [10] Isto ainda seria a minha consolação, e eu saltaria de contente na minha dor, que é implacável; porque não tenho negado as palavras do Santo.   Diferente do que Elifaz está dizendo, Jó não tem negado as palavras de Deus. Jó não está dizendo que ele não é um pecador. Mas ele está se defendendo da acusação de Elifaz de que ele está sofrendo porque ele pecou contra Deus—que ele estava negando as palavras do Santo Deus.   E como toda pessoa confusa e desesperada, Jó voltar a perguntar “por quê”?   [11] Por que esperar, se já não tenho forças? Por que prolongar a vida, se o meu fim é certo?   “Deus, me mata logo. Eu não aguento mais”.   O desabafo de Jó em voz alta está terminado. E a esperança de Jó está terminada também.   [13] Não encontro socorro em mim mesmo; foram afastados de mim os meus recursos.   E nós chegamos na queixa de Jó aos amigos deles. Do versículo 14 até o final do capítulo 6.   Eu resumiria a queixa de Jó contra os seus amigos também em 4 palavras:   1.2  “VOCÊS SÃO UNS ENGANADORES” (6:14-30)   [14] “Ao aflito deve o amigo mostrar compaixão, mesmo ao que abandonou o temor do Todo-Poderoso. [15] Meus irmãos me enganaram;   Jó chama seus amigos de irmãos. Irmãos! Eles são próximos. Eles têm um relacionamento íntimo. Mas eles enganaram Jó. Vieram para consolar, mas o que ele estão fazendo não se faz. Em vez de palavras para confortar, eles estão usando as palavras para acusar.   Quando alguém distante não demonstra compaixão por você, você se sente maltratado. É ruim. Mas quando é alguém próximo que não ama você no sofrimento, é horrível. Você se sente enganado. E sua dor aumenta ainda mais.   A partir do versículo 15, Jó compara os amigos dele a uma miragem no deserto. Ele cria essa ilustração de um ribeiro tão cheio que transborda na época da chuva, mas quando vem o calor, a época em que os viajantes no deserto mais precisam de água, eles chegam perto para matar a sede, mas toda a água secou.   [17] torrente que seca quando o tempo aquece, e que no calor desaparece do seu lugar.   [20] Ficam envergonhados por terem confiado; quando chegam ali, ficam decepcionados.   Os viajantes confiaram que encontrariam água, mas quando chegam perto: nada. Nem uma gota. Que decepção!   Jó aplica a ilustração aos amigos:   [21] Assim também vocês não me ajudaram em nada;   Jó está olhando para os três amigos nos olhos e dizendo: “Vocês são como uma miragem no deserto. Vocês são uma decepção. Vocês são uma enganação. De longe parecem um lago. Parecia que vocês teriam água para oferecer à minha alma seca. Mas quando vocês chegam perto e abrem a boca, eu não recebo uma gota de consolo de vocês”.   Quando Jó mais precisava da compaixão, quando ele está passando pela maior aflição da vida dele, o coração dos amigos dele é duro e seco como uma pedra.   Jó não está sozinho. Ele têm os amigos em volta dele. Mas ele se sente sozinho. Ele se sente isolado. Enganado. Decepcionado.   É possível ter pessoas fisicamente perto, mas se sentir emocionalmente isolado: • Às vezes, a culpa é nossa porque nós não nos abrimos com ninguém. • Às vezes, a culpa é das pessoas por perto que não demonstram compaixão.   No caso de Jó, o problema estava nos amigos. Quando Jó mais teve sede do amor leal deles, quando ele chegou perto, ele viu um rio vazio como na época de seca do Sertão Nordestino. Só terra e pó e ossos secos e morte.   Os amigos não estão respondendo bem ao sofrimento de Jó. Mas Jó fica impaciente com eles também. Agora o interrogatório é com os amigos. Jó atira, de novo, 4 perguntas seguidas e, de novo, as respostas são todas “não”.   [22] Por acaso pedi que me dessem recompensa? [Não]. Ou que da riqueza de vocês me trouxessem algum presente? [Não]. [23] Será que pedi que me livrassem do poder do opressor?  [Não]. Ou que me resgatassem das mãos dos tiranos?  [Não].   Eu pedi alguma coisa difícil para vocês? Eu pedi para vocês comprarem meus bens de volta? Eu pedi para vocês me livrarem dos caldeus que levaram meus camelos? Eu só pedi compaixão. Consideração. Compreensão. Isso é pedir muito!?   Jó termina a interação dele com Elifaz desafiando os amigos a mostrarem o pecado que eles estão dizendo que Jó tem. O tom da conversa está esquentando.   [24] Ensinem-me, e eu me calarei; mostrem-me em que tenho errado. [25] Como são persuasivas as palavras retas! Mas o que é que a repreensão de vocês repreende? [26] Por acaso vocês pensam em reprovar as minhas palavras, ditas por um desesperado ao vento? [27] Até sobre um órfão vocês lançariam sortes e seriam capazes de vender um amigo!   Jó!? Jó, agora é você está fazendo acusações pesadas: Vocês são capazes de vender um amigo e como os irmão de José fizeram com ele. Como Judas fez com Jesus. Jó está certo em rejeitar as acusações dos seus amigos. Ele está certo também em questionar a atitude dura dos amigos. O que Jó não está certo é de começar a devolver na mesma moeda.   Mas essa é uma atitude comum de quem está machucado, ferido e desesperado. Uma das respostas frequentes do nosso coração quando nós nos sentimos injustiçados é ficamos irados.   Quando você for ajudar alguém que está frustrado, provavelmente vai sobrar para você também. Peça a Deus a porção de um primogênito—uma porção dobrada da graça da paciência, não deixe de tentar ajudar, mas não se surpreenda se uma pessoa machucada machucar você. E se você é a pessoa machucada recebendo ajuda, cuidado para não ferir justamente quem Deus enviou para curar você.   Mas o caso de Jó não é exatamente esse último. Os amigos de Jó não estão curando Jó. Jó pode não ter o melhor tom, mas ele tem razão nas críticas contra os amigos. Eles estão sendo injustos, insensíveis e errados com Jó.   No final, o clima melhora um pouco. Jó apela para eles considerarem que ele está sendo sincero:   [28] Agora, pois, tenham a bondade de olhar para mim e vejam que não estou mentindo na cara de vocês. [29] Por favor, mudem de parecer, e que não haja injustiça; mudem de parecer, e a justiça da minha causa triunfará. [30] Há iniquidade em meus lábios? Será que a minha boca não consegue discernir coisas perniciosas?   Jó termina se defendendo da acusação de Elifaz. Jó está dizendo: “Eu não tenho pecado escondido. Vocês estão me acusando falsamente!”   APLICAÇÃO   Antes de entrar no capítulo 7: o que nós podemos aprender com um homem desesperado se queixando de como o amigo dele está tratando mal a ele? Que sabedoria o Senhor tem para nós aqui para lidarmos com o desespero e os desesperados?   Certamente nós podemos aprender muitas lições. Eu vou deixar uma:   CUIDADO COM A SUA CORREÇÃO   Busquemos sabedoria em quando corrigir as pessoas. Você não precisa ser uma peneira com buracos tão pequenos, tão pequenos, que não você deixa escapar nada de errado que as pessoas falam sem corrigir.   Especialmente quando você está lidando com alguém que não está bem.   Jó disse para seus amigos:   [26] Por acaso vocês pensam em reprovar as minhas palavras, ditas por um desesperado ao vento?   Nós precisamos ter essa categoria de um desesperado dizendo palavras ao vento. A pessoa está muito confusa, muito frustrada. Deixe as palavras dele voarem e irem embora. Você não precisa capturar cada palavra, analisar e dar o seu parecer. Deixa o vento levar as palavras embora, mesmo que elas não sejam as melhores.   Quando as pessoas estão sofrendo muito, geralmente elas estão confusas também. Elifaz deveria ter deixado Jó lamentar pelo sofrimento dele. Elifaz deveria ter dado espaço para Jó derramar sua confusão sem muito correção. Pelo menos naquele momento.   Mais um testemunho do Tim Challies, que perdeu seu filho precioso de 20 anos. Nos primeiros dias depois da morte do filho dele, estava tão difícil de suportar a dor de não ter mais o filho por perto, que ele confessou para um amigo:   “Quando eu penso no céu, eu estou pensando menos em me encontrar com Jesus e estou pensando mais em ver o Nicolas (o filho dele). Eu estou ansioso para ver meu Salvador, mas eu estou morrendo de vontade de ver meu menino. Eu devo parecer um completo pagão”.   O amigo responde de forma gentil: “Não. Você parece um pai que está de luto”. (Challies, Seasons of Sorrows, 122).   Essa foi uma resposta de amor. Ele não deveria ter corrigido o Tim: “Você parece um pagão mesmo. Como você pode pensar desse jeito?”   O Tim sabe que Jesus é o centro do Universo e do céu e de tudo o que existe. Mas no meio de tanta dor, ele quer muito ver o filho de novo. Ele não precisa de correção. Nesse momento, ele precisa de compaixão.   Que o Senhor nos dê sabedoria para corrigir uns aos outros em amor, mas que ele nos dê sabedoria também para deixar as palavras de alguém angustiado serem levadas pelo vento e ignoradas. Pelo menos enquanto o poeira da dor não tiver baixado.   Provérbios 12:18—Palavras precipitadas são como pontas da espada [elas ferem!], mas as palavras dos sábios são remédio [elas curam!].   Jó cansou de falar com Elifaz. Ele está decepcionado com o seu amigo. Muito decepcionado. Em vez de Elifaz carregar o fardo do sofrimento junto com Jó e deixar a vida dele um pouco mais leve, Elifaz aumenta o peso com acusações falsas e conselhos ruins.   2.     QUEIXA CONTRA DEUS (JÓ 7)   Capítulo 7. Agora Jó quer falar com Deus. Mas de novo, antes de falar com Deus, ele entra em um monólogo. Jó começa falando com ele mesmo, de novo. Pelo menos é isso que parece.   Às vezes é difícil de saber com quem Jó está falando. Mas é o que parece: que ele está, de novo, desabafando em voz alta.   Mais palavras de um desesperado sendo lançadas ao vento. Vamos deixa Jó falar. Quando alguém está sofrendo, nós podemos amar essa pessoa ouvindo com atenção o que ela tem a dizer.   Se vocês me permitem resumir os versículos de 1 a 6, de novo, em 4 palavras, eu diria que Jó está dizendo:   2.1  “MINHA VIDA É VAZIA” (7:1-6)   Jó 7:[1] Não é verdade que a vida do ser humano neste mundo é uma luta sem fim?   No versículo 2, ele se compara a um escravo que sonha com uma sombra para descansar, mas que tem que suportar o calor do Sol. Jó anda por essa vida como um escravo acorrentado pelo pé com uma bola de ferro de sofrimento, debaixo do calor da provação, sem uma sombra para respirar.   Nem à noite, na hora de dormir e descansar, ele consegue dormir e descansar:   [4] Ao deitar-me, pergunto: quando me levantarei? Mas a noite é longa, e estou farto de me virar na cama, até o amanhecer.   • Você já deitou para dormir, cansado de tanto ficar preocupado durante o dia, doido para descansar, mas o sono foge de você? • Você fica como Jó—virando de um lado para o outro na cama como uma panqueca na panela e não consegue pregar os olhos? • Ou você demora muito para dormir e demora pouco para acordar?   Interessante que só nesses últimos dias eu ouvi de 3 pastores diferentes—homens que eu sei que andam com o Senhor—que estão com dificuldade para dormir e descansar à noite, mesmo estando exaustos. Um deles eu vi hoje de manhã no espelho.   Ler a Bíblia e orar não nos deixam completamente imunes às noites mal dormidas. Nos ajudam, é parte da batalha, mas não eliminam completamente a angústia na alma que, às vezes, seguram nossas pálpebras e não nos deixam dormir.   Jó descreveu a dor por dentro. Agora ele descreve a dor por fora:   [5] O meu corpo está vestido de vermes e de crostas terrosas; a minha pele racha e de novo forma pus.   O reservatório de esperança de Jó secou, como a ilustração do ribeiro na época do calor que ele usou com os amigos.   [6] Os meus dias são mais velozes do que a lançadeira do tecelão e se findam sem esperança.   O segundo desabafo em voz alta terminou. Finalmente, Jó vai falar com Deus:   [7] “Lembra-te, ó Deus, de que a minha vida é um sopro; os meus olhos não tornarão a ver a felicidade.   É bom que Jó está indo a Deus para lamentar. Não é bom que ele esteja sem esperança, mas é bom se abrir e ser honesto com Deus. Deus está ouvindo. Ele sempre ouve. E na hora certa, ele responde. E da maneira certa, ele responde.   É a primeira vez que Jó fala com Deus. E não será a última. Mas Deus só irá falar com Jó no capítulo 38. Ainda tem muito chão para Jó caminhar. As discussões com os amigos estão só começando.   No capítulo 6, Jó falou com Elifaz. No capítulo 7, Jó fala com Deus.   Eu estou resumindo o sentimento de Jó de 4 em 4 palavras.   Jó começou com o desabafo de um desesperado: “EU NÃO AGUENTO MAIS” (6:1-13). Depois ele se queixou dos amigos: “VOCÊS SÃO UNS ENGANADORES” (6:14-30). Depois Jó voltou a desabafar em voz alta: “MINHA VIDA É VAZIA” (7:1-6). Agora Jó vai se queixar com Deus. Em 4 palavras:   2.2  “DEIXA-ME EM PAZ!” (7:7-21)   “Deus, me deixa em paz!”   Eu estou tirando essa frase do que o próprio Jó falou no versículo 16. Segunda parte do versículo 16:   [16] (...) Deixa-me em paz, porque os meus dias são um sopro.   Jó não está só decepcionado com Elifaz. Jó está decepcionado com Deus. Ele começa comparando a vida dele a um sopro:   [7] “Lembra-te, ó Deus, de que a minha vida é um sopro;   No versículo 9, ele compara a vida a uma NUVEM, que uma hora está no céu e na hora seguinte já desapareceu.   A mentalidade de Jó é: já que a vida é tão curta—um sopro, uma nuvem—e eu estou sofrendo tanto, então eu não vou perder tempo e vou falar tudo o que eu estou sentindo. E ele não está se sentindo bem:   [11] Por isso, não reprimirei a minha boca. Na angústia do meu espírito, falarei; na amargura da minha alma, eu me queixarei.   Jó não consegue ver Deus como alguém que pode ajudá-lo:   • No versículo 13 ele fala de Deus assustando a ele com pesadelos. • No versículo 15, Jó se sente sendo torturado:   [15] Por isso, prefiro ser estrangulado; antes a morte do que esta tortura.   Jó vê Deus como alguém que está usando uma força desproporcional para dominá-lo, como se Jó fosse um mostro do mar que Deus precisasse usar de violência para domá-lo?   [12] Será que eu sou o mar ou algum monstro marinho, para que me ponhas sob guarda?   Jó se sente sufocado. E por isso ele volta a falar que ele não quer mais viver:   [16] Estou farto da minha vida; não quero viver para sempre. Deixa-me em paz, porque os meus dias são um sopro.   “Senhor, me deixa! Me deixa em paz! Eu não aguento mais”.   Vocês lembram que no capítulo 6, Jó fez um interrogatório com ele mesmo. E depois ele fez um interrogatório com os amigos. Agora ele faz um interrogatório com Deus—ou melhor, contra  Deus.   Veja se essa primeira pergunta de Jó lembra você de alguma outra passagem na Bíblia?   [17] “Que é o homem, para que tu lhe dês tanta importância, para que dês a ele atenção, [18] para que a cada manhã o visites, e que a cada momento o ponhas à prova?   Essa passagem se parece muito com o Salmo 8, o salmo que foi o chamado à adoração do culto de hoje. Em um momento do salmo, Davi diz:   Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste, que é o homem, para que dele te lembres? E o filho do homem, para que o visites? Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que [os anjos] e de glória e de honra o coroaste (Salmos 8:3-5).   O texto é muito parecido com Jó, mas a aplicação do texto é oposta: Davi fala “que é o homem, para que dele te lembres?” porque Deus é um tão magnífico e tão glorioso e nós somos tão pequenos e pecadores, por que o Senhor se importa conosco e nos ama e nos colocar para cuidar do mundo que ele criou? Quem somos nós para sermos tão amados por um Deus tão grande?   A aplicação de Jó é oposta: Por que o Senhor se importa em ficar me atacando e me ferindo? Quem sou eu para o Senhor gastar seu tempo para me derrubar? Me deixa em paz!   Jó vê Deus agindo como um inimigo dele. O interrogatório não terminou. Ele tem mais perguntas:   [19] Até quando não desviarás de mim o teu olhar? Até quando não me darás tempo de engolir a minha saliva? [20] Se pequei, que mal fiz a ti, ó Espreitador da humanidade? Por que fizeste de mim o teu alvo, tornando-me um peso para mim mesmo? [21] Por que não perdoas a minha transgressão e não tiras a minha iniquidade?   Ele conclui:   Pois agora me deitarei no pó; e, se me procuras, já terei desaparecido.   A reclamação de Jó para Deus é: se eu fiz alguma coisa errada, então me mostra, mas tira a sua mira de mim. Jó chega a chamar Deus de “Espreitador”.   “Príncipe da Paz” é um título maravilhoso para Jesus. Mas “Espreitador da humanidade” não é um bom título para Deus. Mas é como Jó se sente. Ele se sente vigiado por Deus, mas como se Deus não tivesse olhos de amor, mas os olhos de um atirador.   Jó imagina Deus como um sniper—para modernizar a ilustração do arco e flecha. Um atirador de elite. Deus está escondido em cima de um prédio, abaixado, com a mira em Jó. O laser vermelho está no peito de Jó. Ou melhor, no espírito de Jó.   É por isso que Jó está tão desesperado, angustiado e amargurado. Ao ponto de falar para Deus:   “Senhor, me deixa em paz! Para de olhar para mim. Me dá um tempo para respirar”.   Na mente de Jó, Deus vê a ele como um alvo—como um inimigo a ser derrubado; alguém que Deus está pronto para mirar, atirar e abater.   DEUS E O DESESPERO   E aqui vem a lição mais importante dessa queixa de Jó: a principal questão no nosso desespero é como nós estamos enxergando quem Deus é.   Jó é crente. Jó teme a Deus. Mas o sofrimento está fazendo Jó se convencer de que existe um conflito entre ele e Deus. Mas não existe! Não existe!   Não existe conflito entre Deus e você, crente. O conflito de Deus é com Satanás, não com você, crente angustiado. E o seu conflito é com Satanás, não com Deus, crente desesperado.   Cristão, desconfie do seu desespero. Não acredite nele. (Piper faz essa aplicação em: https://www.desiringgod.org/articles/depression-fought-hard-to-have-him ).   O desespero mente. Ele não conta a verdade para você. O desespero é um tipo de Serpente, que entra rastejando na sua mente e quer enganar você.   O desespero diz: “Não tem jeito, você está perdido”, mas não é verdade! O desespero diz: “Deus não vai ajudar você, você está abandonada”, mas não é verdade!   O desespero é mentiroso por natureza. Ele mente para você sobre quem Deus é e sobre quem você é para Deus.   OUÇA O REI CRUCIFICADO   Não faz muito mais sentido ouvir um Rei que escolhe morrer no seu lugar do que ouvir a serpente do desespero que só torna sua vida mais miserável? Então!   Quando o desespero diz: “Deus não se importa, é por isso que sua vida está assim”. Ou ainda pior, quando o desespero quer realmente acabar com sua esperança e diz: “Deus está contra você”, não acredite!   Ah! se Jó soubesse como Deus vê a ele! Deus disse sobre você, Jó, no capítulo 2:   “Não há ninguém como [Jó] na terra. Ele é um homem íntegro e reto, que teme a Deus e se desvia do mal” (Jó 2:3).   Ah! Crente desesperado, crente angustiado, se você soubesse como Deus vê você em Cristo. Crente desesperado, se você soubesse que Deus olha para você com o mesmo amor que ele tem pelo Filho dele!   Não existe mais nenhum conflito entre Deus e você. Deus já resolveu tudo na cruz.   Jó perguntou no final dessa passagem:   Jó 7:[21] Por que não perdoas a minha transgressão e não tiras a minha iniquidade?   A resposta de Deus para Jó (e para você, cristão) é: “Eu já perdoei você. Quando você creu no meu Filho, eu perdoei você”.   CONCLUSÃO   Quando o desespero falar para você que Deus está contra você para derrubar você, olhe para o seu Rei levantado no madeiro e fala para o seu desespero ficar quieto. Expulse a serpente do desespero do jardim do seu coração.   Deus não é um Espreitador da humanidade. Ele é o Salvador dos pecadores. Ele não veio para nos ferir. Ele veio ser ferido por nós.   Crente, rejeite as palavras do seu desespero. O seu desespero é um Elifaz. Ele acusa você dizendo que existe um conflito entre Deus e você e é por isso você está sofrendo.   Mas isso não é verdade. Não existe mais nenhum conflito entre Deus e você. Agora só existe amor. Você não precisa ficar desesperado.   Você não precisa ficar com medo de Deus. Porque além de Todo-Poderoso, Deus é também Todo-Amoroso conosco em Cristo Jesus.   Em vez de acreditar no seu desespero, não é muito melhor você acreditar em um Salvador que aceitou sofrer a agonia da morte por você, que aceitou ter os pregos cravados nas mãos por você, e que carregou o peso do seu pecado—que pesa mais do que a areia dos mares, até aquele madeiro e que disse: “Está consumado!”?   Desconfie do seu desespero. E confie no Príncipe da Paz. Deus está espreitando você, sim, mas Deus olha para você com olhos de amor, mesmo durante o sofrimento. Especialmente durante o sofrimento.   Essa é a verdade que o desespero esconde de nós, mas que cruz desabafa em voz alta. Igreja Batista Jardim Minesota Rua Clotildes Barbosa de Souza, 144 Jardim Santa Maria (Nova Veneza) 
 Sumaré - São Paulo

Jó 6-7: Desconfie Do Seu Desespero

Como nós podemos usar a sabedoria de Deus para lidar com o desespero em nosso interior e com os desesperados ao nosso redor?

Série em Jó: Sofrimento Soberano 
 23 de Novembro de 2025 – IBJM No capítulo anterior, nós nos sentamos no chão com Jó e ouvimos o lamento dele. Jó está muito mal. Depois de ter passado uma semana da maior tragédia da vida dele—das maiores tragédias, foram várias—Jó está mal.   Jó respondeu muito bem assim que ele perdeu todos os bens e todos os filhos. Jó respondeu bem também quando ele ficou com o corpo coberto de tumores malignos. Ele bendisse o nome do Senhor. Ele declarou a soberania de Deus sobre o sofrimento dele e se submeteu à vontade do Senhor. Mas depois de uma semana, ele ficou muito angustiado e deprimido.   Isso é bem normal. Às vezes, nós começamos respondendo bem, mas conforme o tempo passa e os pensamentos passam em nossa mente, as coisas ficam mais difíceis. Talvez Jó tenha começado a pensar:   • “Eu perdi o os bens que eu levei a vida inteira para construir”. • “Eu nunca mais vou poder ver meus filhos e falar com eles”. • “Eu nunca mais vou ter a saúde que eu tinha”.   É muito difícil o que está acontecendo com Jó. Mas é muito normal.   O que você diz para alguém assim? Como você consola as pessoas que você ama quando eles estão sofrendo tanto? O que nós podemos falar que realmente irá ajudar? E o que você precisa ouvir quando é o seu coração que está pesado e triste? O que nos ajuda a levantar e o que nos deixa ainda mais para baixo?   UM EXEMPLO A NÃO SER SEGUIDO A passagem de hoje é um exemplo de como NÃO consolar quem sofre. Deus usa também exemplos que não devem ser imitados para nos ensinar a viver. Elifaz, o amigo de Jó, é um exemplo do que nós NÃO devemos fazer.   O autor do livro de Jó nos dá uma indicação de que nós devemos interpretar as palavras dos amigos de Jó, como um todo, de maneira negativa. No final do livro, depois de todos os ciclos de conversas entre Jó e seus amigos, Deus fala o seguinte para Elifaz:   A minha ira se acendeu contra você e contra os seus dois amigos, porque vocês não falaram a meu respeito o que é reto (Jó 42:7).   O que deixa as passagens onde os amigos de Jó falam difícil de entender é que nem tudo o que eles falam é falso. Tem verdades no meio das mentiras. Tem coisas certas no meio das erradas.   COMO INTERPRETAR O MEIO DE JÓ? Como andar pelas palavras de Elifaz, Bildade e Zofar sabendo quais são os frutos bons que devemos comer e quais são os frutos podres que devem cuspir?   Nem sempre é fácil responder essa pergunta, mas o que o autor de Jó faz para nos ajudar a interpretar é nos dar informações chaves no início (capítulos 1 e 2) e no fim do livro (capítulo 42). O começo e o fim de Jó são as duas lentes que nós precisamos usar—o tempo todo!—para interpretar os diálogos entre Jó e seus amigos no meio.   Do capítulo 3 ao capítulo 31 as únicas pessoas que falam são Jó e seus três amigos. Satanás não aparece mais no livro. E Deus só volta a falar no capítulo 38.   Nós vamos ver que esses diálogos entre Jó e seus amigos estão mais para uma discussão acalorada do que para uma conversa respeitosa. A temperatura das discussões e vai aumentando ao longo do tempo. E para transmitir ainda mais as emoções dessas discussões, o autor escreveu tudo em poesia, a linguagem do coração.   OS AMIGOS SÃO AMIGOS   Mas aqui vai uma informação chave do início do livro para usarmos agora. Seria errado nós assumirmos que os amigos de Jó não amam a Jó; que eles tem uma intenção ruim e eles querem machucar Jó ainda mais.   Eles vieram de longe, deixaram tudo para trás, gastaram tempo e recursos para ver Jó e chorar com Jó. Por uma semana, eles não abriram a boca. Só derramaram lágrimas com o amigo deles.   Mas a intenção deles com a viagem até Jó não era só chorar. Eles vieram fazer mais. Volte, por favor, para perto do final do capítulo 2.   Jó 2:11—Quando três amigos de Jó ouviram que todo este mal havia caído sobre ele, vieram, cada um do seu lugar: Elifaz, o temanita, Bildade, o suíta, e Zofar, o naamatita. Tinham combinado ir juntos [para fazer duas cosias:] (1) condoer-se dele e (2) consolá-lo.   Condoer-se eles já fizeram. Agora eles vão começar a executar a segunda parte do plano: consolá-lo. A primeira parte, eles fizeram bem. A segunda parte (consolar Jó), eles fizeram mal. Quando eles abrem a boca, é um verdadeiro desastre.   UM SERMÃO RUIM   Nós podemos aprender com Elifaz como NÃO consolar nossos irmãos. Nós vamos olhar para esse discurso de Elifaz como um sermão. Elifaz prega um sermão de 3 pontos para Jó. Eu vou pregar um sermão a partir do sermão de Elifaz.   Vocês vão perceber que Elifaz soa como um típico evangélico brasileiro. A teologia de Elifaz é a teologia mais popular em nosso país. Uma teologia que tem sérios problemas e, por isso, causa sérios problemas na vida das pessoas.   A intenção de Elifaz é boa. Mas o resultado é catastrófico. Eu imagino que todos nós já falamos o que não deveríamos. Se eu pudesse voltar no tempo, eu teria engolido uma montanha de palavras que eu disse. Mas depois que elas já saíram, eles não voltam mais. Elas são como água derramada no chão. Não tem como recuperar.   Mas o que nós podemos fazer é buscar a sabedoria do Senhor para que nossas palavras sejam um consolo para os nossos irmãos e os levante, em vez de empurrá-los ainda mais para baixo.   Elifaz tem um sermão de 3 pontos para Jó:   1.     VOCÊ ESTÁ COLHENDO O QUE VOCÊ PLANTOU (4:1-11)   Elifaz é o primeiro a falar porque ele é o mais velho:   [1] Então Elifaz, o temanita, tomou a palavra e disse: [2] Se alguém tentar falar, você terá paciência para ouvir? Mas quem poderá conter as palavras?   Elifaz não consegue mais ficar quieto. Depois de ouvir Jó se lamentando no capítulo 3, desejando não viver mais e triste e revoltado e amargurado e confuso e nesse furacão de sentimentos, Elifaz até que começa relativamente bem.   Ele lembra Jó do passado de piedade dele:   [3] Veja bem! Você [Jó] ensinou a muitos e fortaleceu mãos cansadas. [4] As suas palavras sustentaram os que tropeçavam, e você fortaleceu joelhos vacilantes.   Mas rapidamente Elifaz já começar a falar o que não deve:   [5] Mas agora, quando chega a sua vez, você perde a paciência; ao ser atingido, você fica apavorado.   “Jó, você já ajudou tantas pessoas a lidarem com a dor. Mas quando é a sua vez de aplicar para você os seus próprios conselhos, você fica desse jeito!”   Essa não é a melhor coisa para se dizer para alguém que está sofrendo. Elifaz poderia ser mais sensível. Esse é o tipo de comentário que não ajuda. “Calma, Jó, porque você está assim. Quando chega a sua vez de sofrer, você não aguenta?”   Elifaz faz várias perguntas e revela a teologia que ele está usando para entender o sofrimento de Jó:   [6] Você não tem confiança no seu temor a Deus? Não tem esperança na integridade dos seus caminhos? [7] Pense bem: será que algum inocente já chegou a perecer? E onde os retos foram destruídos? [8] Segundo eu tenho visto, os que lavram a iniquidade e semeiam o mal, isso mesmo eles colhem.   E logo depois (versículo 9 a 11) ele usa a ilustração de um leão, que mesmo sendo forte e poderoso, com um sopro Deus pode acabar com a vida deles. Deus destrói os ímpios (mesmos eles sendo poderosos) como ele faz com leão.   Elifaz está dizendo: “Jó, os maus é que morrem de repente. Os inocentes, não”. É por isso que ele está perguntando para Jó no versículo 6:   [6] Você não tem confiança no seu temor a Deus? Não tem esperança na integridade dos seus caminhos?   Jó, se você teme o Senhor, você não vai morrer de repente. Isso é coisa que acontece com os ímpios, não com os justos.   [7] Pense bem: será que algum inocente já chegou a perecer? E onde os retos foram destruídos?   Elifaz não está dizendo que os inocentes nunca vão morrer. Todo mundo vai morrer um dia. Ele sabe. Elifaz está dizendo que os retos não são destruídos de repente.   Em que mundo Elifaz vive? Os inocentes perecem, sim. A história da humanidade começa com Caim matando Abel, em Gênesis 4, o primeiro capítulo depois da Queda. E Abel é inocente! Parece que Elifaz tem a memória seletiva.   [8] Segundo eu tenho visto, os que lavram a iniquidade e semeiam o mal, isso mesmo eles colhem.   A teologia dele é: “Você colhe o que você planta”. Você planta o mal, você colhe o mal. Você planta o bem, você colhe o bem.   Implicitamente, Elifaz está falando para Jó: “Jó, pare de semear o mal. Volte a semear o bem, como você fazia no passado, e você vai colher o bem de novo”.   Mas qual é o problema com essa teologia? Não é verdade que nós colhemos o que nós plantamos? Isso está na Bíblia! A teologia de Elifaz está na Bíblia! O apóstolo Paulo fala a mesma coisa:   Gálatas 6:[7] Não se enganem: de Deus não se zomba. Pois aquilo que a pessoa semear, isso também colherá.   Qual é o problema da teologia de Elifaz? O problema é Elifaz toma um princípio e generaliza para todos os casos. Ele usa esse princípio para interpretar a vida de Jó, mas esse princípio não se aplica a Jó.   Paulo é mais cuidadoso na aplicação. Paulo aplica para o que colheremos na eternidade:   Gálatas 6:[8] Quem semeia para a sua própria carne, da carne colherá corrupção; mas quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá vida eterna. [9] E não nos cansemos de fazer o bem, porque no tempo certo faremos a colheita, se não desanimarmos.   Paulo está falando do colheita do dia do julgamento. Ele está falando daqueles que vão colher vida eterna (salvação) e aqueles que vão colher corrupção (condenação). Elifaz não faz isso. Elifaz acha que todas as pessoas, sem exceção, nessa vida, colhem o que plantam, sempre. Essa é uma teologia míope. Que só enxerga de perto, não de longe (para a eternidade).   Sim, nós colhemos o que nós plantamos. Nós vivemos em um mundo em que nossos atos têm consequências. Se você roubar uma loja, você vai preso. Se você for preguiçoso, você é demitido. Se você comer muita porcaria, isso pode fazer um estrago na sua saúde. Tudo isso é verdade.   Mas nem sempre quem rouba é preso. Nem sempre uma pessoa que é demitida é porque ele foi preguiçosa. Existem milhares de outras causas possíveis. Mutas vezes, nós temos problemas de saúde simplesmente porque nós estamos em um mundo onde nossos corpos não funcionam como deveriam depois de Gênesis 3.   Nós sabemos que Jó não está colhendo sofrimento porque ele plantou o mal. É exatamente o contrário. Jó está sofrendo justamente porque ele é piedoso. Elifaz está falando demais. Mais do que ele sabe.   Não existe uma causa direta entre o seu pecado e o seu sofrimento, sempre. Às vezes, sim. Sempre, não. A teologia de Elifaz não é completamente falsa, mas a aplicação que ele faz à vida de Jó é completamente falsa.   Eu já ouvi cada história de pessoas que enxergam toda a vida com teologia de Elifaz. Alguém tosse e começa a ficar gripado, o outro já fica desconfiado: “Você precisa se arrepender para Deus tirar esse mal de você”. Surge um problema na família, “Tem pecado aí, meu irmão. Larga isso para Deus abençoar”.   O autor do livro de Jó está expondo a falta de sabedoria em aplicar esse princípio em todos os casos. No caso de Jó, nós sabemos com certeza: “Jó não está sofrendo por causa de um pecado específico que ele cometeu”.   Que o Senhor nos lembre de que nós não sabemos tudo o que ele está fazendo nesse mundo e na vida das pessoas.   NÓS NÃO SABEMOS! A providência de Deus, a maneira como Deus governa o mundo e as nossas vidas, está cheia de mistérios. O caráter de Deus não é um mistério:   O Senhor Deus [é] compassivo e bondoso, tardio em irar-se e grande em misericórdia e fidelidade (Êxodo 34:6).   Ele é. Ele é santo, soberano, sábio e cheio de amor. O caráter de Deus não é um mistério. Mas a providência dele—porque Deus faz e permite algumas coisas nesse mundo—muitas vezes, é um mistério.   Elifaz acha que consegue explicar a causa do sofrimento de Jó, mas ele errou feio. Elifaz pode ter boas intenções, mas sem boa teologia, ele não está ajudando Jó. Ele está sendo um exemplo de como NÃO consolar quem sofre.   O primeiro ponto do sermão de Elifaz para Jó foi: “Você está colhendo o que você plantou”. Não. Não no caso de Jó.   Segundo ponto do sermão de Elifaz (e a segunda maneira de como NÃO consolar quem sofre):   2.     ACEITE LOGO QUE VOCÊ PECOU (4:12-5:7)   Elifaz começa esse segundo ponto no capítulo 4, versículo 12 e ele vai até o capítulo 5, versículo 7. Elifaz avança o argumento dele nesse sermão ruim que ele está pregando para Jó.   Eu diria que esse sermão parece mais CONTRA Jó do que PARA Jó. Elifaz está mais para ACUSADOR do que para CONSOLADOR).   O argumento de Elifaz é:   “Jó, nós sabemos que nós colhemos o que plantamos. Esse foi meu primeiro ponto. Então, Jó, você está sofrendo esse mal porque você plantou pecado. Aceite logo isso. Ninguém sofre do nada. O sofrimento não brota do chão (do nada). Não fique tentando ser justo. A única explicação para o seu sofrimento é o seu pecado”.   A introdução de Elifaz para esse segundo ponto é muito estranha. Elifaz está começando a ficar esquisito.   INTRODUÇÃO: “EU TIVE UM SONHO” (4:12-16) Ele fala do sonho que ele teve – que parece mais um pesadelo:   [12] Uma palavra me foi trazida em segredo, e os meus ouvidos perceberam um sussurro dela. [13] Entre pensamentos de visões noturnas, quando o sono profundo cai sobre as pessoas, [14] sobrevieram-me o espanto e o tremor, e todos os meus ossos estremeceram. [15] Então um espírito passou por diante de mim; e se arrepiaram os cabelos do meu corpo. [16] Ele parou, mas não reconheci a sua aparência. Um vulto estava diante dos meus olhos; houve silêncio, e ouvi uma voz:   O sonho de Elifaz parece mais um pesadelo: ele fala de espanto, ossos tremendo, um espírito passando, vulto diante dos olhos. A visão de Elifaz se parece mais com Halloween do que com o Natal.   A impressão que dá é que Elifaz quer dizer “Deus me disse que...” e falar a revelação que ele recebeu. Ele não chega a dizer isso, mas ele fala no versículo 12 que “uma palavra foi trazida para ele em segredo”.   “Ouça, Jó. Eu vou contar para você o que Deus me disse”.   Alguém já se aproximou de você e fez alguma coisa parecida? “Deus me disse...”. “Eis que te digo...” Eu tenho uma palavra do Senhor para você...”. Qualquer semelhança com os consoladores de hoje não é mera coincidência.   Elifaz criou todo esse suspense. O que será que ele irá dizer? Ele tem realmente uma palavra do Senhor?   “REVELAÇÃO”: “PODE UM MORTAL SER JUSTO?” (4:17-21)   [17] Pode um mortal ser justo diante de Deus? Pode alguém ser puro diante do seu Criador?   Não dá para entender ainda o que Elifaz quer fazer com essas perguntas. Nós precisamos continuar ouvindo o argumento dele e daqui a pouco ficará mais claro.   Mas antes de deixar mais claro, Elifaz quer impressionar Jó. E para impressionar Jó com o ponto dele, ele vai da santidade de Deus para a santidade dos anjos para a nossa santidade para mostrar que nenhum ser humano (incluindo Jó) pode ser justo diante de Deus.   [18] Eis que Deus não confia nos seus servos e aos seus anjos atribui imperfeições; [19] quanto mais àqueles que habitam em casas de barro, [que somos nós, nosso corpo é como uma casa de barro que vai secar e voltar ao pó] cujo fundamento está no pó, e que são esmagados como a traça! [20] Nascem de manhã e à tarde são destruídos; perecem para sempre, sem que ninguém se importe com isso. [21] Se o fio da vida lhes é cortado, morrem e não alcançam a sabedoria.   Se nem os anjos são tão santos quanto Deus, quanto mais nós, seres humanos, que somos frágeis como as traças. Elifaz usa os anjos no começo do capítulo 5 para mostrar para Jó que não tem para onde ele fugir.   5:[1] Grite agora, para ver se há quem responda! E para qual dos santos anjos você se voltará?   Por trás, Elifaz está dizendo: “Jó, nem os anjos podem ajudar você, meu amigo. Nem eles são santos o suficiente”. Agora está um pouco mais claro o que Elifaz quer fazer com a pergunta do versículo 17 (uma pergunta que irá ecoar por todo o livro de Jó):   [17] Pode um mortal ser justo diante de Deus?   É possível alguém ser declarado justo diante de Deus?   É verdade que nem um ser humano tem uma vida perfeitamente justa e pura. Mas não é esse o ponto de Elifaz aqui. Elifaz não está repetindo Romanos 3:23 nas palavras dele—"porque todos pecaram e carecem da glória de Deus”—para nos levar a Cristo. O objetivo de Elifaz é muito menos nobre.   O que Elifaz está fazendo é usando essa verdade para acusar Jó de ter algum pecado escondido: “Jó, todos os seres humanos vão em algum momento pecar. Nenhum mortal é justo. Jó, você também não é. Você acabou pecando feio e é por isso que você está sofrendo muito”.   Elifaz quer convencer Jó que ele está sofrendo porque ele pecou e não admite.  O que nós sabemos, porque o autor do livro de Jó nos contou no capítulo 1 e 2, que não é verdade.   Elifaz teve um sonho e entendeu que era uma palavra do Senhor, mas o que Elifaz fala se parece mais com o que Satanás disse.   Foi Satanás que disse que nenhum ser humano anda, de forma genuína, em justiça e pureza, diante de Deus (Ash, Job, 107). Foi o discurso de Satanás para acusar Jó de ser um interesseiro.   Satanás disse que não existe adoração genuína e Deus. É tudo uma farsa. Algumas pessoas fingem ser justas, elas fingem ser piedosas, mas não é sincero. A visão de Elifaz se parece mais com a morte do Halloween do que com a vida do Natal.   Nós chegamos no capítulo 5. Elifaz ainda está no segundo ponto do sermão. Ele quer convencer Jó a aceitar que Jó está sofrendo tudo isso porque ele tem algum pecado escondido. Na mente de Elifaz, essa é a única explicação para Jó estar sofrendo desse jeito.   O segundo ponto de Elifaz é: “aceite logo que você pecou (segunda parte do capítulo 4) porque ninguém sofre do nada (primeira parte do capítulo 5—até o versículo 7).   NINGUÉM SOFRE DO NADA (5:1-7)   A falta de sensibilidade e compaixão de Elifaz agora chega ao ápice. Que o Senhor tenha misericórdia de nós quando formos consolar alguém! Que ele coloque um trava em nossa boca para não fazermos o que Elifaz faz. Vamos até o versículo 5. Veja o que Elifaz faz:   5:[2] Porque a ira mata o insensato, e a inveja destrói o tolo. [3] Eu mesmo vi o insensato lançar raízes, mas logo declarei maldita a sua habitação. [4] Os filhos dele estão longe do socorro; são oprimidos nos tribunais, e não há quem os livre. [5] A sua colheita, o faminto a devora, arrebatando até o que se encontra no meio de espinhos; e o sedento suga os seus bens.   Olha o que Elifaz está fazendo!? Não é possível! Ele está dando exemplos do que acontece com aqueles que são tolos—que vivem no pecado e não temem a Deus.   • No versículo 4, Elifaz diz que os filhos do tolo estão longe do socorro. Eles morrem. • No versículo 5, ele fala que os tolos perdem todos os seus bens.   Você se lembra de alguém que acabou de perder todos os filhos e todos os bens? Jó! É como se você—que está andando com o Senhor—chegasse para um amigo para falar: “Nós acabamos de voltar do médico. Ele disse que nosso filho tem uma doença rara e ele só tem mais 2 meses de vida”. E você ouvisse do seu amigo. “Ah é? Aconteceu a mesma coisa com o meu vizinho, um homem horrível. Eu acho que Deus está punindo a ele”.   Que falta de sensibilidade enorme! Ó Senhor, tenha misericórdia de nós. Nós dê a compaixão do Senhor Jesus pelas pessoas.   Mas Elifaz ainda não terminou esse segundo ponto.   [6] Porque a aflição não vem do pó, e o sofrimento não brota do chão. [7] Mas o ser humano nasce para o sofrimento, como as faíscas das brasas voam para cima.   Ou seja: “Jó, ninguém sofre do nada. O sofrimento não brota do chão (do nada). Cada aflição nossa é consequência de algum pecado nosso. (Essa é a teologia de Elifaz, não da Bíblia!).   Jó, nós somos pecadores; é certo que nós vamos sofrer porque nós cometemos algum pecado. É impossível você evitar pecar para sempre. Uma hora você vai pecar, e quando isso acontecer, você irá sofrer (Belcher, Job, 44). É tão certo quanto as faíscas da brasas voam para cima.   Elifaz está mais para acusador do que para consolador.   Mas me permita repetir uma coisa importante: Elifaz ama Jó. Ele veio de longe para ficar com Jó. Na mente de Elifaz, ele pensa estar fazendo bem à Jó. Mas ele não está. Boa intenção misturada com má teologia dá um prato que contamina nossa. Nós precisamos da pureza da Palavra de Deus para nos alimentar e nos consolar.   E aqui, antes do terceiro ponto do sermão de Elifaz, uma aplicação importante para nós:   Nós devemos interpretar nossas experiências a partir das Escrituras, e não dar um peso excessivo às nossas experiências.   Nossas experiências não podem ter um peso maior do que a Palavra de Deus.   Veja o padrão problemático que Elifaz tem. Veja se ele não coloca peso demais nas experiências—acima até da verdade de Deus:   • 4:[8] Segundo eu tenho visto, os que lavram a iniquidade e semeiam o mal, isso mesmo eles colhem. • 4:[12] Uma palavra me foi trazida em segredo, e os meus ouvidos perceberam um sussurro dela. [Uma revelação extra.] • 5:[3] Eu mesmo vi o insensato lançar raízes, mas logo declarei maldita a sua habitação.   “Segundo eu tenho visto”. “Uma palavra me foi trazida em segredo”. “Eu mesmo vi”.   A sabedoria de Elifaz parece que vem do próprio Elifaz. Ele é a fonte. As experiências dele. O que ele viu. O que ele sonhou. O que ele ouviu.   Sempre que nós colocamos nossas experiências acima das Escrituras, nós estamos andando em terreno perigoso. Um terreno escorregadio, em vez do solo firme da Palavra de Deus.   Povo de Deus, nós somos o povo da Palavra de Deus. Nós usamos as Escrituras para interpretar nossas experiências, não o contrário.   Se o povo de Deus seguisse essa ordem, nossas decisões seriam mais prudentes. Nossas palavras seriam mais sábias. Nós estaríamos menos confusos e mais seguros. E nossa vida traria mais glória a Deus.   A fonte dos nossos conselhos e do nossos consolos é a Palavra infalível de Deus, não a nossa leitura falível do que acontece conosco e com os outros.   Elifaz tem mais um terceiro e último ponto em seu sermão para Jó—ou seu sermão CONTRA  Jó. Esse é o ponto mais difícil de lidar porque Elifaz fala algumas coisas lindas e verdadeiras, mas porque a teologia dele é simplista, ele não aplica de forma sábia e humilde. E ele acaba estragando tudo.   Primeiro Ponto: VOCÊ ESTÁ COLHENDO O QUE VOCÊ PLANTOU (4:1-11). Segundo Ponto: ACEITE LOGO QUE VOCÊ PECOU PORQUE NINGUÉM SOFRE DO NADA (4:12-5:7).   3.     SE VOCÊ CONFESSAR, AS COISAS VÃO MELHORAR (5:8-27)   “Se você se arrepender, as coisas vão se resolver, porque Deus está disciplinando você para o seu bem”. Esse é o terceiro ponto de Elifaz. Basta você confessar, e o mar agitado da sua vida irá se acalmar como uma tarde serena em uma praia isolada.   Será que esse é o problema de Jó—e de todos os cristãos que sofrem? Basta confessar que a vida vai melhorar?   Mas nós precisamos admitir: o versículo 8 ao 16 é o melhor trecho de tudo o que Elifaz disse até agora. Ele fala verdades maravilhosas sobre Deus, mas a maneira como ele aplica é, de novo, desastrosa.   O argumento dele nesse trecho é mostrar que Deus tem poder para reverter situações: Deus exalta quem se humilha e humilha quem se exalta. (O que é verdade!).   DEUS REVERTE   Eu vou ler o trecho. É lindo!   [8] Quanto a mim, eu buscaria a Deus e a ele entregaria a minha causa. [9] Deus faz coisas grandes e insondáveis, maravilhas que não se podem enumerar. [Amém, Elifaz!] [10] Faz chover sobre a terra e envia águas sobre os campos. [Sim, Elifaz!] [11] Põe os abatidos num lugar alto e conduz os enlutados a um lugar seguro. [Amém, Elifaz!] [12] Deus frustra os planos dos astutos, para que não possam realizar seus projetos. [Amém!] [13] Ele apanha os sábios na própria astúcia deles, e o conselho dos que tramam não chega a vingar. [Amém, Deus faz isso!] [14] De dia eles encontram as trevas, e ao meio-dia andam tateando como se fosse noite. [15] Porém Deus salva da espada que lhes sai da boca, salva os necessitados das mãos dos poderosos [Amém, Elifaz!].   Fora de contexto, esse trecho é maravilhoso. Parece até Ana orando depois que ela engravidou de Samuel. Parece a oração de Maria quando ela ficou grávida de Jesus.   Elifaz quer dar esperança para Jó. Olha o que ele disse no versículo 16:   [16] Assim, há esperança para os pobres, e a iniquidade tapa a sua própria boca.   Elifaz está dizendo:   “Jó, calma! Por que você está apavorado desse jeito? Há esperança! Você está pobre. Você perdeu tudo. Você está abatido e enlutado. Mas Deus reverte as situações mais difíceis. Deus tem poder para fazer coisas grandes e insondáveis, Jó. Esperança, meu irmão!”   É verdade! Elifaz tem razão. Ele tem toda a razão.   Vocês sabiam que o único versículo de Jó que é citado diretamente no Novo Testamento está nesse trecho de Elifaz. Paulo cita Elifaz para nos chamar a rejeitarmos a sabedoria do mundo e nos humilharmos diante da sabedoria de Deus:   Que ninguém engane a si mesmo! Se algum de vocês pensa que é sábio neste mundo, faça-se louco para se tornar sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus. Pois está escrito: “Ele apanha os sábios na própria astúcia deles.”   Paulo está citando Jó 5:13: palavra por palavra.   Como Paulo pode citar Elifaz—um consolador tão ruim? Paulo pode citar Elifaz porque isso que Elifaz está dizendo é verdade. O problema, neste trecho, não está no que ele fala, mas em como ele aplica a Jó logo em seguida.   Aqui está a ironia: Elifaz fala que Deus apanha os sábios na própria astúcia deles, mas Elifaz não percebe que ele está agindo com a sabedoria do mundo, não a sabedoria de Deus.   Apesar desse trecho do versículo 8 ao 16 ser um trecho lindo que fala muitas verdades sobre Deus, a maneira como Elifaz usa na vida de Jó mostra a falta de sabedoria dele.   Ele acha que Deus está disciplinando Jó por causa de um pecado:   DEUS ESTÁ DISCIPLINANDO VOCÊ (5:17-27)   [17] Bem-aventurado é aquele a quem Deus disciplina! Portanto, não despreze a disciplina do Todo-Poderoso. [18] Porque ele faz a ferida e ele mesmo a faz sarar; ele fere, e as suas mãos curam.   Vocês percebem o que Elifaz está fazendo? Ele está dizendo: “Jó, Deus está disciplinando você. Humilhe-se. Confesse seu pecado. Deus está disciplinando você para o seu bem. Não despreze a disciplina do Senhor. Se você se humilhar e se arrepender e confessar, então Deus vai sarar você”.   Mas quem disse que Deus está disciplinando Jó por alguma coisa que ele fez? Deus não está disciplinando Jó. Não no sentido de corrigir Jó porque ele estava desobedecendo, como um pai que disciplina o filho.   Não é isso que está acontecendo. Nós sabemos disso porque o autor nos contou nos capítulos 1 e 2. O sofrimento de Jó não tem nada a ver com pecados escondidos de Jó.   Elifaz pode até ter boa intenção, mas ele está sendo arrogante. Ele acha que sabe mais do que ele realmente sabe.   Nós devemos ter muito cuidado em declarar as razões por que as pessoas estão sofrendo. Como se sempre existisse essa relação imediata entre o pecado de alguém e o sofrimento dela.   Quando acontece uma tragédia, muitas pessoas correm para declarar seus vereditos—seja na internet ou nas igrejas:   • Esse terremoto aconteceu porque o povo daquela terra tem muito pecado. • O COVID foi o julgamento de Deus. • O furacão tal foi o julgamento de Deus por causa da imoralidade daquela região. • Aquela pessoa está doente porque tem pecado naquele coração.   Pode ser. Pode não ser. Eu não sei. Ninguém sabe. Se Deus não revelar, não tem como nós sabermos.   Deuteronômio 29:29—As coisas encobertas pertencem ao Senhor, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e aos nossos filhos, para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei.   Que o Senhor nos dê humildade de não falarmos mais do que Deus falou. Elifaz está seguro de que Deus está disciplinando Jó por causa do pecado dele. Mas Elifaz está errado.   Mas Deus não disciplina? Sim, Deus disciplina! Deus é um pai amoroso que nos disciplina.   Hebreus 12—Deus os trata como filhos. E qual é o filho a quem o pai não corrige? Deus... nos disciplina para o nosso próprio bem, a fim de sermos participantes da sua santidade. (vv. 7, 10).   Sim, Deus nos disciplina para o nosso bem. Às vezes, nós sabemos que Deus está nos disciplinando. Às vezes, a relação entre o nosso pecado e Deus nos corrigindo parece clara, especialmente quando é conosco—em nossa própria vida. Mas nós declararmos isso sobre a vida de outras pessoas é geralmente presunção.   A falta de teologia bíblica junto com a falta de compaixão fazem Elifaz falar o que não deve.   O final do sermão de Elifaz é a teologia da prosperidade misturada com falta de sensibilidade. Vamos continuar aprendendo com Elifaz como NÃO consolar quem sofre.   Elifaz promete duas coisas para Jó: primeiro, você terá uma vida sem problema:   [19] De seis angústias ele o livrará, e na sétima o mal não tocará em você. [20] Na fome ele livrará você da morte; na guerra, do poder da espada. [21] Você estará abrigado do açoite da língua e, quando vier a destruição, não ficará com medo.   Segunda promessa: você terá uma vida não só sem problema, mas cheia de bençãos (e veja a falta de sensibilidade de Elifaz):   [24] Saberá que a sua tenda está em paz; percorrerá as suas posses e não achará falta de nada. [– mas Jó acabou de perder tudo.] [25] Saberá que a sua descendência se multiplicará, [mas Jó acabou de perder todos os filhos.] e que a sua posteridade será como a erva da terra. [26] Em robusta velhice você descerá à sepultura, como se recolhe o feixe de trigo no tempo certo. [mas Jó está cheio de tumores.]   Esse último ponto de Elifaz é: “Tenha esperança, Jó. As coisas vão se resolver, mas você precisa fazer se arrepender”.   Elifaz parece um pregador da prosperidade. Elifaz é um excelente exemplo de como NÃO consolar alguém.   Não Elifaz, Jó não tem pecados escondidos para se arrepender. Assim você, além de não ajudar, está afundando Jó ainda mais. Ele termina o sermão dele com um “Veja bem!”:   [27] Veja bem! Isto é o que investigamos, e assim é. Ouça e medite nisso para o seu bem.   Eu não duvido que Elifaz deseja o bem de Jó. Mas vocês percebem o perigo de uma teologia simplista, míope e desequilibrada. Na mente de Elifaz (e de muitos evangélicos) os bons se dão bem e os maus se dão mau.   Nem sempre. Não existe uma relação direta (sempre!) entre pecado e sofrimento.   Muitas vezes, crentes piedosos sofrem grandes golpes nessa vida. É o caso de Jó! E de muitos outros. Não é a intenção de Elifaz, mas o que ele está fazendo com Jó é quase cruel.   Essa mensagem de que “se você andar com Deus, você terá uma vida sem sofrimento; se você andar com Deus, você será muito abençoado” pode parecer boa de início.   Mas essa teologia simplista e triunfalista é como algodão-doce. Você come dela e ela pode saciar por 15 minutos. Mas não tem a sustância (os nutrientes espirituais) que você precisa para enfrentar a vida—com todas as lutas que ela traz. 
 A teologia da prosperidade é como uma droga: ela traz uma sensação rápida de alívio, mas depois que passa o efeito, ela deixa a pessoa ainda mais vazia. Ainda pior.   A mensagem de Jesus é diferente da mensagem de Elifaz. A mensagem de Jesus é mais saudável e mais realista. A mensagem de Jesus é uma mensagem centrada na vitória dele sobre o mal:   João 16:33—No mundo, vocês passam por aflições; mas tenham coragem: eu venci o mundo.   CONCLUSÃO   Nós devemos rejeitar essa teologia simplista e triunfalista de Elifaz. Ela tem sérios problemas e irá trazer sérios problemas para a nossa vida.   E o maior dos problemas, a teologia de Elifaz não tem espaço para inocentes sofrendo sem ter cometido pecado. Mas nós precisamos dessa categoria em nossa teologia. Essa categoria de que, sim, inocentes sofrem. Porque é nessa categoria que está o Salvador que nós precisamos.   Elifaz fez a pergunta no capítulo 4, versículo 7:   4:[7] (...) será que algum inocente já chegou a perecer?   Um escritor cristão disse bem: “A Bíblia responde essa pergunta com uma cruz enorme e eterna” (Ash, Trusting God, 58).   Será que algum inocente já chegou a perecer? A resposta de Elifaz é “não”. Mas a resposta de Deus é: “Sim, veja meu Filho morto por vocês no madeiro”.   O Deus imortal que se fez homem mortal e morreu como inocente no lugar dos culpados. No nosso lugar.   E por causa da nossa fé nele, nós somos declarados justos diante de Deus. Por causa da nossa fé nele, nós considerados puros (perfeitamente puros!) diante do nosso Criador.   Essa é a nossa esperança, nossa única esperança: que um inocente morra para nos salvar. E essa é a esperança que a cruz oferece. Essa é a mensagem que nos dá consolo de verdade. É dessa teologia que nós precisamos. Igreja Batista Jardim Minesota Rua Clotildes Barbosa de Souza, 144 Jardim Santa Maria (Nova Veneza) 
 Sumaré - São Paulo

Jó 4-5: Como Não Consolar Quem Sofre

A passagem de hoje é um exemplo de como NÃO consolar quem sofre. Deus usa também exemplos que não devem ser imitados para nos ensinar a viver. Elifaz, o amigo de Jó, é um exemplo do que nós NÃO devemos fazer.

Série em Jó: Sofrimento Soberano 
 16 de Novembro de 2025 – IBJM 
 Nos últimos 3 domingos, nós cantamos um hino que começa assim:   Misteriosos feitos são as obras do meu Deus Caminha sobre o temporal, o vento e o mar são Seus Está no oculto a trabalhar, mui hábil sem falhar Os Seus desígnios faz valer, quão grande é Seu poder.   Esse hino foi escrito 250 anos atrás – em 1774! – por um homem que viveu na Inglaterra chamado William Cowper. A vida desse homem é um lembrete de como as obras do nosso Deus são realmente misteriosos feitos; de como Deus “está no oculto a trabalhar, mui hábil sem falhar”.   William Cowper lutou praticamente a vida toda contra o desespero e a depressão. Quando ele tinha 6 anos, a mãe dele morreu. No tempo de escola, alguns colegas eram cruéis e o tratavam muito mal. Ele foi noivo por 2 anos, mas o pai da noiva proibiu eles de se casarem.   O pai dele era rico e queria que ele fosse um advogado, mas o William Cowper nunca levou a carreira a sério. Ele estava mais interessado em “aproveitar” a vida. Quando ele tinha 32 anos, ele conseguiu uma vaga para se tornar o Escrivão no Parlamento da Inglaterra. Muitas pessoas veriam como uma excelente oportunidade na carreira, mas o William Cowper viu como uma tortura. Não era a vida que ele queria.   Ele teve, então, o que um autor chamou de “colapso psicótico”. Ele entrou em um estado de desespero incontrolável. Ele tentou se matar 3 vezes, até que ele foi internado em um hospício—o que hoje nós chamaríamos de hospital psiquiátrico.   As obras do nosso Deus são realmente misteriosas. Na providência do Senhor, o dono do hospital psiquiátrico era um médico de 58 anos... e crente. Um crente fiel.   O William Cowper lutava com culpa por ter tentado tirar a vida, mas esse médico crente abençoado não desistiu de dar esperança para ele. Até que um dia, depois de 6 meses no hospital, lendo Romanos 3, o William Cowper disse o seguinte:   Imediatamente recebi força para crer, e os raios do Sol da Justiça brilharam sobre mim. Vi a suficiência da expiação que [Jesus] havia feito, meu perdão selado no sangue dele e toda a plenitude… da justificação dele. Num instante, eu cri e recebi o evangelho. [...] Se o braço do Todo-Poderoso não estivesse me segurando, creio que teria morrido de [tanta] gratidão e alegria. (William Cowper e o Século XVIII, 132).   Agora está tudo resolvido, certo!? Chega de desespero. Agora ele se converteu! Agora ele foi salvo. Cheio de gratidão e alegria que não consegue nem ficar em pé. Agora ele nunca mais vai se sentir daquele jeito horrível.   Nem tanto. William Cowper passou por mais alguns momentos de intensa escuridão na alma. Ele tentou tirar a vida, de novo, algumas vezes. Ele teve crises sérias de depressão. Um pouco antes de ele morrer, em 1800, ele estava de novo muito mal, em uma quase completa falta de esperança.   Povo de Deus, uma das lições mais importantes desse capítulo de Jó é: cristãos também ficam deprimidos. Cristãos verdadeiros passam por seus momentos de desespero.   William Cowper era um cristão verdadeiro, compôs hinos cristãos lindos, e lutou com depressão. Jó era um cristão verdadeiro—um adorador do Deus vivo—e ainda assim lutou com grande agonia no seu espírito.   Que Jó é um crente verdadeiro, nós não temos dúvida. O livro de Jó começa dizendo:   Jó 1:1—Havia um homem na terra de Uz cujo nome era Jó. Este homem era íntegro e reto, temia a Deus e se desviava do mal.   E caso nós tenhamos lido muito rápido, logo depois Deus fala para Satanás para a mesma coisa, e no capítulo 2 Deus fala para Satanás a mesma coisa.   Três vezes nós lemos: Jó é um homem íntegro e reto, que teme a Deus e se desvia do mal (1:1, 1:8, 2:3).   Esse é o jeito hebraico de sublinhar o texto, colocar em negrito, passar aquela canela amarela para destacar. Eles repetem. Jó é um cristão e Jó está lutando contra o desespero. Como nós vamos ver, Jó não está nada bem.   Eu vou dividir esse sermão em duas partes, ou duas etapas:   • Primeiro, vamos nos sentar no chão junto com Jó e seus amigos e ouvir Jó. Vamos ouvir o lamento dele e observar o que está acontecendo com nosso irmão na fé Jó. • Depois, vamos nos levantar do chão e pensar no que Deus está nos ensinando com a agonia intensa de Jó. Neste ponto, eu gostaria de fazer alguns comentários pastorais.   Eu não tenho a pretensão de lidar com todas as questões possíveis sobre o cristão e a depressão. Mas com a ajuda do Senhor, eu quero fazer alguns comentários que possam nos ajudar a lidar com a nossa própria tristeza e nos ajudar a lidar com nossos irmãos deprimidos.   PRIMEIRO, VAMOS OUVIR JÓ:   Vamos nos sentar no chão com Jó. Nessa etapa eu vou me concentrar mais em tentar explicar o texto e o que está acontecendo com Jó. E na segunda etapa, nós aplicamos a nós.   O capítulo 2 terminou com Jó e seus amigos com as roupas rasgadas, jogando terra para o ar e sem saberem o que dizer para um homem que perdeu tudo.   Jó 2:13—Sentaram-se com ele no chão durante sete dias e sete noites. E ninguém lhe disse uma só palavra, pois viam que a dor era muito grande.   O capítulo 3 começa com Jó quebrando o silêncio. Depois de uma semana de jejum de palavras, Jó fala.   [1] Depois disto, Jó passou a falar e amaldiçoou o dia do seu nascimento. [2] Jó disse:   1.     QUE MORRA O DIA EM QUE EU NASCI! (VV. 3-10)   Jó não está bem. Ele queria nunca ter nascido:   [3] Pereça o dia em que nasci e a noite em que se disse: ‘Foi concebido um homem!’   Jó não está bem. A primeira frase que sai da boca dele é: “Morra o dia em que eu nasci”. Para passar o que ele está passando, ele preferia nunca ter existido.   Ele pega o dia do nascimento dele na mão e ataca esse dia verbalmente, sem parar, usando imagens de trevas, morte e escuridão:   [4] Que aquele dia se transforme em trevas (...) [5] Que as trevas e a sombra da morte se apoderem desse dia; (...)   Ele faz a mesma coisa com a noite em que ele foi concebido:   [6] Aquela noite, que dela se apoderem densas trevas; (...) [7] Sim, que seja estéril aquela noite,   Na criação, havia trevas sobre a face do abismo e Deus disse: “Haja luz!” e houve luz. E Deus viu que a luz era boa e fez separação entre a luz e as trevas (Gênesis 1:2-4).   Jó está dizendo: “Eu queria que o meu dia fosse ‘descriado’”. Eu queria que Deus voltasse no tempo, e que ele olhasse para o dia do meu nascimento e dissesse: “Haja trevas!” para que eu nunca tivesse nascido.   No versículo 8 ele usa explicitamente a linguagem de maldição:   [8] Amaldiçoem-na [a noite] aqueles que sabem amaldiçoar o dia e sabem instigar o Leviatã.   Jó não amaldiçoa a Deus, como Satanás queria e como a esposa dele aconselhou ele a fazer. Mas Jó amaldiçoa. Ele pede para Deus matar o dia em que ele nasceu.   Leviatã vai voltar no capítulo 41. Leviatã é o monstro marinho que representa as forças do caos e do mal nesse mundo (Belcher, Job, 34). A missão do Leviatã é destruir a ordem e a beleza do mundo que Deus criou (Ash, Trusting God, 38).   Jó está criando uma imagem de pessoas que podem assobiar e chamar o Leviatã—como um dragão do mal—para destruir o que estiver pela frente. “Vocês que sabem instigar o Leviatã, por favor, chamem a ele e peçam para ele cuspir fogo no meu dia do nascimento”.   Por que Jó está falando desse jeito? Nós temos uma pista no versículo 10:   [10] pois não fechou as portas do ventre da minha mãe, nem escondeu dos meus olhos o sofrimento.   Jó está cansado de sofrer. Já deu.   “Agora já está bom. Eu quero a minha vida de volta”.   Jó cansou.   Você já sentiu esse tipo de cansaço? Não é um cansaço físico. É um cansaço emocional, mental, espiritual.   A provação, por si só, já é um desafio enorme. Mas quando a provação se prolonga, você cansa.   Esse desejo por descanso fica ainda mais claro na continuação do lamento de Jó. Do versículo 3 ao 10, Jó desejou que ele nunca tivesse nascido. Mas já que ele nasceu, agora ele deseja ter morrido assim ele nasceu:   2.     POR QUE EU NÃO MORRI QUANDO NASCI? (VV. 11-19) 
   [11] Por que não morri ao nascer? Por que não expirei ao sair do ventre de minha mãe? [12] Por que houve um colo que me acolhesse, e seios, para que eu mamasse?   As perguntas do tipo “por quê?” começaram. Elas não apareceram no capítulo 1 nem no capítulo 2, mas uma hora elas acabam brotando na nossa mente. Conforme nós ficamos pensando no nosso sofrimento, passando o filme do que aconteceu (ou o que poderia ter acontecido), nascem os “por quês”?   “Por que isso está acontecendo? Por que eu preciso passar por isso? Por que Deus está permitindo isso?”   As perguntas do tipo “por quê?” são sempre perguntas religiosas. As perguntas do tipo “por quê?” são sempre perguntas teológicas. Perguntas que tem a ver com Deus. “Por que isso, Deus?”   Jó vai abrir ainda mais o coração dele agora. No versículo 10 estava implícito. Agora fica explícito o que Jó está desejando. Ele quer descanso.   [13] Porque agora eu repousaria tranquilo; dormiria, e então haveria para mim descanso, (...) [17] Ali os maus cessam de perturbar, e ali repousam os cansados. [18] Ali os presos juntamente repousam e não ouvem a voz do capataz. [19] Ali está tanto o pequeno como o grande, e o servo fica livre [descanso] de seu senhor.   Jó chegou no ponto em que ele vê a morte como um alívio. Esse é o tipo de pensamento de uma pessoa que está desesperada, deprimida, sem esperança.   • No versículo 14 e 15 ele fala da morte como o lugar onde os poderosos descansam. • No versículo 16 até o 19, ele fala das crianças, dos presos e dos servos repousando quando morrem.   “Tanto o pequeno” (crianças e servos) “como o grande” (reis e senhores), todos eles estão livres da agonia dessa vida. É para esse lugar de descanso que Jó quer ir.   Jó não tem pensamentos suicidas. Ele não está planejando tirar a própria vida. Mas ele está pronto para Deus levá-lo. De preferência, o quanto antes.   No capítulo 7, ele chega a dizer:   Por isso, prefiro ser estrangulado; antes a morte do que esta tortura. Estou farto da minha vida; não quero viver para sempre. Deixa-me em paz, porque os meus dias são um sopro (Jó 7:15-16).   Jó sabe que somente Deus tem o direito de dar vida e o direito de tomar vida. Mas ele não aguenta essa vida.   Pense na morte como um homem encapuzado com uma foice na mão montado em um cavalo preto enorme.   • Na primeira parte do lamento (do versículo 3 a 10), ele queria que o cavaleiro da morte levasse a ele antes de ele nascer. • Como não aconteceu, na segunda parte do lamento (do versículo 11 ao 19), ele queria que o cavaleiro da morte levasse a ele assim que ele nasceu. • Como não aconteceu, na terceira parte do lamento (do versículo 20 ao fim), ele queria que o cavaleiro da morte levasse a ele antes de isso tudo acontecer.   3.     POR QUE EU NÃO MORRI ANTES? (VV. 20-26)   Ele começa com mais um “por quê?”   [20] “Por que se concede luz ao miserável [como ele se sente] e vida aos de coração amargurado [como ele se sente], [21] que esperam a morte, e ela não vem, que cavam em procura dela mais do que tesouros ocultos, [22] que se alegrariam por um túmulo e exultariam se achassem a sepultura?   Parece que a esperança se Jó morreu. No versículo 21, ele fala da morte como um tesouro oculto que deve ser desejado e buscado. No versículo 22, ele vê o túmulo como algo que vai finalmente dar alegria a ele.   O desespero bagunça os nossos pensamentos. As coisas ficam fora de ordem. Tudo fica embaçado. Uma pessoa deprimida não consegue ver direito a vida. As coisas parecem não fazer sentido.   As coisas não estão mais claras como antes: quem sou eu? O que eu estou fazendo aqui? E, o que deixa nossa mente mais confusa: quem Deus é? Por que ele está fazendo isso comigo?   Jó está tão mal, tão angustiado, tão deprimido—que ele parece estar vendo Deus como alguém que está contra ele.   [23] Por que se concede luz ao homem cujo caminho é oculto, e a quem Deus cercou de todos os lados?”   No capítulo 1, Satanás disse que Jó adorava a Deus só porque Deus colocou uma cerca ao redor dele—protegendo Jó. Mas agora, a cerca que Jó vê em volta dele não é uma cerca para protegê-lo. É uma cerca para prendê-lo—para impedir que ele saia e se livre do sofrimento. Jó quer descanso, ele quer respirar, mas Deus não deixa a ele sair.   A depressão bagunça os nossos pensamentos. Uma angústia profunda faz você olhar para a morte como alguém que está a seu favor e a olhar para Deus como alguém que está contra você. A depressão tem força para chacoalhar nossa mente de um jeito que tudo fica fora do lugar. A vida perde as cores e os sabores. Tudo fica cinza. E sem sentido.   Jó termina o lamento dele falando de novo do que ele mais quer. E para gravar na nossa mente (e na mente dos amigos dele que estão sentados no chão e ouvindo), ele repete 4 vezes o que ele quer:   [26] Não tenho descanso, não tenho sossego, não tenho repouso; só tenho inquietação.   A mente de Jó está fixada em um desejo: descanso. Sossego. Ele só quer paz. Dá para entender. Olha o que esse homem sofreu! Ele está cansado de toda essa luta.   Mas o que aconteceu com o Jó do capítulo 1 e 2? Que Jó é esse do capítulo 3? É a mesma pessoa? Ele parecia tão firme no Senhor. A fé de Jó parecia tão indestrutível. O que aconteceu?   No capítulo 1, Jó perdeu todos os bens e todos os filhos e ele disse:   Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei. O Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor (Jó 1:21)!   No capítulo 2, Jó ficou coberto com tumores malignos da planta do pé ao alto da cabeça. E como ele respondeu?   Temos recebido de Deus o bem; por que não receberíamos também o mal (Jó 2:10)?   O que aconteceu entre o capítulo 2 e o capítulo 3? O que esses 7 dias e 7 noites em silêncio fizeram com Jó? Nós vamos explorar mais essa mudança em Jó, mas a minha resposta curta para essa pergunta é: Jó também é pó. Jó é pó. Como nós. A Bíblia só tem um herói. O nome dele também começa com J, mas não é Jó.   Eu não sei, talvez você se identifique mais com o Jó do capítulo 3 do que o Jó do capítulo 1 e 2. Você quer ser como o Jó do capítulo 1 e 2. Esse é o seu desejo! O Senhor faz você passar por uma grande provação e você quer dizer: “bendito seja o nome do Senhor!”. E você diz, às vezes. Mas às vezes, dependendo da provação, e da duração da provação, você também precisa lidar com pensamentos do tipo:   “Senhor, se é para viver assim, eu não quero”. “Senhor, eu estou cansado dessa situação! Senhor, quando isso vai terminar!? Senhor, por quê?”   Com a ajuda do Senhor, você pode responder como Jó no capítulo 1 e 2. Mas dependendo da força do golpe que você levou (ou está levando!) da providência de Deus, dependendo do tamanho da dor, você precisará lutar contra o desespero, a depressão, a falta de esperança nessa vida. Nenhum de nós está livre disso nesse mundo.   Chegou a hora de nos levantarmos do chão. Depois de observar Jó, eu gostaria de fazer alguns comentários pastorais que, eu espero, possam nos ajudar a lidar com a agonia na nossa alma e na alma dos nossos irmãos.   SEGUNDO, CINCO COMENTÁRIOS PASTORAIS:   Meu primeiro comentário é uma repetição do que já falei. Eu estou imitando Jó e os judeus e repetindo para não nos esquecermos:   1.     CRISTÃOS TAMBÉM FICAM DEPRIMIDOS   Cristãos verdadeiros também passam pelas noites escuras da alma. Jó é um crente verdadeiro e teve que lutar contra o desespero. William Cowper é um crente verdadeiro e teve que lutar contra a depressão. Um cristão genuíno pode ter lutas intensas contra a falta de esperança.   Ouça o profeta Jeremias no texto que nós ouvimos durante o culto:   Lamentações 3:17-18—Já não sei o que é ter paz e esqueci o que é desfrutar do bem. Então eu disse: “Não tenho mais forças. A minha esperança no Senhor acabou.”   Não são só os profetas. Os reis também choram. Não é verdade que em boa parte dos salmos, as folhas estão molhadas com as lágrimas de Davi, enquanto ele escrevia suas orações a Deus?   Eu preciso dar um último exemplo: Robert Somerville. Você provavelmente não conhece a ele. Deixe-me dar o currículo dele: Pastor por mais de 30 anos. Doutorado na área de Aconselhamento Bíblico. Professor de Aconselhamento Bíblico no Seminário que o John MacArthur fundou. Começou um ministério de Aconselhamento Bíblico para equipar as pessoas da igreja para aconselhar outros.   Esse homem está protegido, certo? Existe uma cerca ao redor dele que impede que a depressão entre, certo? Não. Ele ficou muito mal. Insônia, perda de peso, pensamentos suicidas, falta de esperança.   Por que eu quero convencer todos nós que os cristãos também têm depressão?   Primeiro, se acontecer com você, não pense que algo estranho está acontecendo. Um dos pensamentos que os cristãos têm quando estão nesse estado é: será que eu realmente sou salvo? Se eu sou cristão, eu não deveria estar bem?   Cristãos deprimidos se sentem culpados por estarem mal. Eles não queriam estar daquele jeito, mas eles estão. Por isso, se lembrar que homens e mulheres de Deus já passaram pela sua experiência antes de você, pode ser uma das verdades que o Senhor irá usar para sustentar seu espírito. E, no tempo dele, devolver a você a alegria da sua salvação.   Segundo, se acontecer com um cristão do seu lado, com seu marido ou esposa ou filhos, você estará mais bem preparado para ajudar se você estiver convencido de que crentes também lutam contra o desespero. Você não precisa se desesperar também.   Hoje em dia existe uma versão da fé cristã sendo promovida que eu chamaria de “Cristianismo Oba-Oba”. “Tudo vai dar certo! Deus nos fez para ser cabeça, não calda, meu irmão”. “É só vitória, varão”.   A história da igreja por milhares de anos mostra uma realidade diferente. A Palavra de Deus nos mostra uma realidade diferente.   Cristão também tem depressão. Há esperança, sim. Mas nesta vida, alguns de nós passam por momentos de intensa agonia.   Meu segundo comentário pastoral:   2.     PARA AJUDARMOS OS OUTROS, NÓS PRECISAMOS DE COMPAIXÃO  Nós seremos mais úteis na vida das pessoas se nós entrarmos com elas no sofrimento delas. Se você está em uma posição de ajudar alguém que está mal, tome tempo para ouvir e se colocar na situação do seu irmão ou da sua irmã que está sofrendo.   E se fosse eu que tivesse perdido um filho? E se fosse o meu pai que estivesse muito doente? E se eu estivesse com essa dor? E se fosse eu que ficasse desempregado tanto tempo? E se tivessem feito essa injustiça comigo? E se tivessem pecado assim contra mim? E se fosse comigo?   Tome tempo para a sua alma se unir a dor do outro. Esse exercício nos ajuda a amolecer a nossa alma.   “Mas eu tenho que sofrer por causa do sofrimento do outro?” Exatamente. Não foi isso que o Senhor Jesus fez por nós de uma maneira suprema na cruz?   Agora ele chama você a sofrer com os que sofrem. A chorar com os que choram (Romanos 12:15), como Jesus fez com as irmãs de Lázaro quando ele morreu. Um dos versículos mais curtos e mais profundos de toda a Bíblia: João 11:35 – “Jesus chorou”.   Esse mundo é tão duro, tão seco, tão frio. Demonstrar amor e compaixão com alguém que está mal é um passo fundamental na direção do amor.   William Cowper lutou quase a vida inteira contra a depressão, mas ele não lutou sozinho. Deus deu a ele um companheiro de batalha chamado John Newton. O mesmo John Newton que escreveu o famoso hino Maravilhosa Graça— Amazing Grace .   John Newton era um comerciante de escravos, mas depois da conversão dele, ele se tornou a compaixão em carne e osso. Ouça o que o William Cowper disse depois de ter passado um tempo com John Newton.   Em sua visita, eu encontrei parte do conforto que tem adoçado nossos encontros... Eu reconheci você como aquele mesmo pastor que foi enviado para me guiar do deserto para o pasto onde o Supremo Pastor (Jesus) apascenta o rebanho dele. Meus sentimentos de amizade afetuosa por você são os mesmos de sempre.            (Fonte: https://www.desiringgod.org/articles/depression-fought-hard-to-have-him )   Que amizade espiritual maravilhosa. Que o Senhor envie você e muitos outros John Newton para levar ovelhas deprimidas de volta para o pasto do Supremo Pastor Jesus. Esse é a nossa principal função para ajudar aqueles que querem descanso, sossego, repouso e paz.   E se você não está bem, se você sente que não consegue ir sozinho para repousar nos pastos verdejantes e nas águas de descanso, peça ajuda. A depressão (o desespero) tem um efeito paralisante. É difícil tomar uma decisão. É difícil pensar direito. Para isso o Senhor nos deu o povo dele.   Esse é um ponto positivo de Jó neste lamento. Ele está sendo honesto. Ele está abrindo o coração—tanto para Deus quanto para seus amigos.   Você não precisa falar tudo para todo mundo. Mas você precisa se abrir com alguém. Com alguns irmãos ou irmãs que vão ajudar você. Orar com você. Sofrer com você. Ajudar você a chegar de novo até o seu Salvador compassivo.   Terceiro comentário pastoral:   3.     GERALMENTE, A DEPRESSÃO ESTÁ RELACIONADA A ANSIEDADE E A FRUSTRAÇÃO Essa verdade nos ajuda a fazermos boas perguntas para nós mesmos (e, com amor, para os nossos irmãos) que nos ajudam a entender por que minha esperança está secando.   Geralmente, a falta de esperança (a depressão) começa em dois lugares: na frustração ou na ansiedade. Em outras palavras, a depressão espiritual é uma consequência da minha raiva ou do meu medo.   Vamos ouvir Jó de novo. Primeiro, veja a frustração de Jó:   [3] Pereça (morra!) o dia em que nasci... [11] Por que não morri ao nascer?   Quem está bem, não fala desse jeito. Jó quer descanso, mas o Senhor não está dando. Como um conselheiro bíblico chamado Jim Berg disse, a raiva vem do pensamento: “Eu estou assim porque eu não tenho o que eu preciso”.   Jó quer descanso. Claro, esse desejo dele é um bom desejo. E quem de nós irá culpar Jó? Não é um desejo razoável!? Nós devemos ter compaixão de Jó. Ele está sofrendo muito.   Mas a maneira como ele está respondendo agora é diferente do capítulo 1 e 2. Agora ele não está confiando. Ele não aguenta mais esperar no Senhor. Agora ele está se revoltando.   A segunda fonte de desespero—da depressão espiritual—é a ansiedade (o medo). Se pensamentos do tipo “E se eu não conseguir o que eu quero?” me dominam e habitam na minha mente tempo suficiente, o próximo passo é: “Eu nunca vou conseguir o que eu quero. E minha esperança morre e a depressão nasce.   Veja como Jó precisa lutar contra o medo:   [25] Aquilo que temo me sobrevém, e o que receio me acontece.   Jó está experimentando também temor, receio, medo, uma preocupação que está controlando a ele.   O medo (a incerteza) de que alguma coisa ruim vai acontecer pode evoluir para a certeza de que ela vai acontecer. E quando vem essa certeza de que “eu nunca vou conseguir o que eu quero” se instala na nossa alma, nossa esperança acaba. E nós entramos em um estado de desespero e depressão.   A falta de esperança nos impede de olhar para frente com confiança em Deus. Vocês repararam como Jó só olha para o passado e lamenta? A depressão nos prende no passado. E quando nós olhamos para o futuro, nós só vemos escuridão.   Saber que geralmente existe um relação entre a depressão e essas outras duas emoções – o medo e a frustração – nos ajuda a fazermos as perguntas certas ao coração. Isso me leva ao meu quarto comentário pastoral:   4.     LEMBRE-SE QUE O PRINCIPAL CAMPO DE BATALHA NA DEPRESSÃO É O CORAÇÃO   Provérbios 4:23—De tudo o que se deve guardar, guarde bem o seu coração, porque dele procedem as fontes da vida.   Na Bíblia, o coração é o centro do seu ser: o que você pensa, o que você deseja, seus sonhos e medos e esperanças—eles são controlados pelo seu coração.   Por isso, o coração (os pensamentos) é onde a batalha contra a falta de esperança é travada. Em outras palavras, o meu desespero é fruto do que meus pensamentos. O grande campo de batalha na depressão é coração.   Nós somos afetados pelas circunstâncias—como Jó ter perdido todos os bens e todos os filhos, nós somos afetados pela dor em nosso corpo—como os tumores malignos de Jó, e algum fator físico pode contribuir para o nosso estado prostrado, mas a reação de Jó vem do coração de Jó—dos pensamentos que habitam na mente de Jó.   Veja o que está acontecendo com nosso irmão amado Jó:   • No capítulo 1, em um versículo, Jó falou três vezes o nome do Senhor: “O Senhor o deu e o Senhor o tomou, bendito seja o nome do Senhor!” • No capítulo 2, em um versículo, Jó falou o nome de Deus com confiança: “Temos recebido de Deus o bem; por que não receberíamos o mal?”   Mas depois de 1 semana, os pensamentos de Jó estão menos cheio de Deus. Nos 26 versículos do capítulo 3, as únicas duas vezes que ele fala de Deus, ele não fala de forma positiva: uma vez ele deseja que Deus não se importe com o dia do nascimento dele (v. 4) e na segunda vez ele fala de Deus com alguém que está cercando ele com sofrimento (v. 23).   Jó está pensando menos em Deus e mais concentrado nele mesmo. Veja como o final do lamento dele está cheio de “eu”, mas vazio de “Deus”.   [25] Aquilo que [eu] temo me sobrevém, e o que [eu] receio me acontece. [26] [Eu] Não tenho descanso, [eu] não tenho sossego, [eu] não tenho repouso; [eu] só tenho inquietação.   Essa é uma das explicações mais fundamentais para a nossa perda de esperança: nós estamos olhando para o lugar errado. Nós estamos olhando muito para nós mesmos. Nós estamos colocando nossa esperança em que uma situação irá mudar ou uma pessoa irá mudar. Nós precisamos falar com a nossa alma para olhar para o lugar certo—olhar para a Pessoa que nunca vai mudar: o Deus da esperança.   FALE COM SUA ALMA   Martyn Lloyd-Jones, um pastor do Reino Unido, no livro Depressão Espiritual, disse uma verdade poderosa e transformadora. Em um trecho do livro, ele pergunta:   Você já percebeu que a maior parte de sua infelicidade na vida acontece porque você está ouvindo a você mesmo em vez de falar para você mesmo?   Como isso é verdade!   Meus piores momentos—meus momentos de maior desencorajamento—acontecem quando meus pensamentos excluem Deus e as promessas de amor dele em Cristo e o céu e o perdão dos pecados e eu fico centrado na minha situação e em mim.   Meus piores momentos—os momentos em que a tristeza espiritual me domina—são aqueles em que eu fico passivo, escutando meus pensamentos.   Com outras pessoas, esteja pronto para ouvir e seja tardio em falar. Mas com a sua alma, nós devemos interromper mais: interromper pensamentos que só falam de mim e não falam daquele que morreu por mim.   Foi o que Rei Davi fez. Ele falou com ele mesmo no Salmo 62:   Somente em Deus, ó minha alma, espere silenciosa, porque dele vem a minha esperança (v 5).   É assim que Davi lutou contra o desespero. Mas Jó ainda não está conseguindo fazer isso. Ele precisa de ajuda.   Mas com a ajuda de Deus – usando a Palavra de Deus, no meio do povo de Deus e com orações a Deus – nós podemos mudar nosso modo de pensar. E nós podemos colocar nossa esperança na Pessoa que nunca vai mudar: nosso Deus.   PROCESSO, NÃO EVENTO   Deus tem poder para ressuscitar a esperança dos deprimidos, assim como ele ressuscitou o Filho dele.   Dependendo do quanto você afundou, para você ser retirado da lama, leva tempo. Dependendo da força do golpe da providência e do tamanho do corte na alma, leva tempo para cicatrizar. Em vez de enxergar nossa saída do desespero como um único evento que resolverá tudo para sempre, é melhor pensar em um processo.   Com alguns, pode ser mais rápido—semanas. Com outros, pode ser mais lento—meses, anos. Mas é melhor ver sua recuperação como um processo. Um processo que um dia vai terminar. Nem que seja, como no caso do William Cowper, diante de Deus nos céus.   Aqui vai meu último Comentário Pastoral:   5.     EXISTE ESPERANÇA   Eu coloquei como o último comentário pastoral, mas essa é a primeira coisa que nós precisamos quando estamos aflitos, desesperados e deprimidos. Nós precisamos de esperança.   Esperança é o oxigênio da alma. Esperança é o que nós precisamos respirar para continuar vivendo. Jó está mal desse jeito, não querendo mais viver, porque a esperança dele morreu.   Eu fiquei pensando: e se eu tivesse 5 minutos com Jó, o que eu falaria para ele? Se eu tivesse Jó aqui na IBJM e pudesse conversar um pouco com ele depois do culto, o que eu falaria para Jó? Como eu tentaria amar meu amigo Jó?   Quando alguém está tão mal assim, geralmente essa pessoa precisa de alguém para caminhar junto por meses, não minutos. Mas nas mãos do Senhor, nenhum minuto é desperdiçado. Ele pode usar a Palavra dele com poder e nos erguer do lamaçal mais rápido do que nós imaginamos.   Eu acho que eu faria o seguinte. Eu começaria dizendo algo breve como:   Jó, que bom que você veio ao culto hoje. Eu quero agradecer você pode ter aceitado conversar comigo. Vamos começar nosso tempo orando e pedindo sabedoria do Senhor?   Jó provavelmente concordaria com a cabeça, sem falar nada. Os olhos dele provavelmente estariam cheios de água, quase chorando. Eu faria uma breve oração com Jó.   Senhor, obrigado por trazer meu amigo Jó até aqui. Obrigado por tudo o que o Senhor é para nós: nosso Deus soberano. nosso Deus bondoso. Jó tem passado por um tempo tão difícil. Ele está sofrendo muito. Por favor, Senhor, sustenta a fé do meu amigo. Não deixa ele tirar os olhos do nosso Senhor Jesus, que tanto nos amou naquela cruz. Senhor, usa a tua Palavra na vida de Jó. Sopra esperança no coração dele. No nome de Jesus, amém.   O ideal seria não ter 5 minutos, mas ter 5 horas com Jó. Deixar Jó falar e contar como ele está se sentindo. O que ele tem pensado. Deixar ele falar bastante. Fazer uma ou outra pergunta, mas deixar ele falar.   Mas vocês só me deram 5 minutos. E eu já usei uma parte do meu tempo orando—o que é fundamental. Então, eu acho que eu diria para Jó alguma coisa assim:   Jó, eu lamento muito o que você está passando, meu amigo amado. Eu estou muito triste com tudo o que aconteceu com você. Jó, eu li a oração que você escreveu no capítulo 3 do seu livro. Muito obrigado por ser honesto e falar o que está no seu coração. Deve estar sendo muito difícil ter que lidar com tudo isso. Eu vou continuar orando para o Senhor dar a você descanso, como você escreveu no final.   Eu posso falar uma coisa para você? (Ele provavelmente ia balançar a cabeça de novo, concordando).   Jó, eu li também o que você escreveu no capítulo 19 do seu livro. Você lembra? Você escreveu:   Porque eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne verei a Deus. Eu o verei por mim mesmo, os meus olhos o verão, e não outros; de saudade o meu coração desfalece dentro de mim (Jó 19:25-27).   Jó, você lembra do que você escreveu? Não vamos desistir, meu amigo.   Você disse: “eu sei que o meu Redentor vive”. Isso é verdade, Jó. Você disse: “os meus olhos verão a Deus”. Isso é verdade, Jó.   Traga à sua mente o que pode trazer esperança para você. Tente não ficar alimentando pensamentos que alimentam seu desespero. Troque esses pensamentos pelas verdades que você conhecem sobre o seu Deus. Eu sei que você crê que seu Deus é soberano e bom e cheio de amor. Eu sei que você confia no Senhor.   Jó, existe esperança. Você sabe, um dia antes da cruz, no Jardim do Getsêmani, Jesus também estava com 3 amigos, como você. Ele ficou prostrado no chão também, como você. Ele passou por uma enorme agonia da alma, como você. Ele chegou a dizer: “—A minha alma está profundamente triste até a morte”. Ele se sentiu sozinho, como você está se sentindo.   Jó, você sabe: na cruz, no dia seguinte, a agonia dele foi ainda maior. A escuridão da alma que ele enfrentou foi ainda maior. Ele chegou a clamar: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Ash, Trusting God, 43).   Jó, você sabe: o nosso Redentor morreu e ressuscitou. Ele venceu a morte.   Na cruz, ele derrotou Satanás, o nosso Acusador. Na cruz, ele pagou pelos nossos pecados contra Deus. Na cruz, ele comprou com o sangue dele, Jó, o seu direito de viver com Deus.   Jó, você não está sozinho. Deus não vai abandonar você. Por causa de Jesus, existe esperança, Jó.   CONCLUSÃO   Eu não sei como ele reagiria. Mas sei que nós não podemos desistir de oferecer esperança para os nossos irmãos e para a nossa alma.   Se você tem alguém perto de você que está sem esperança, continue falando para ele sobre Jesus. Sobre o amor de Jesus, sobre a compaixão de Jesus, sobre a vitória dele sobre o sofrimento e o pecado e todo o mal naquela cruz. Continue falando sobre o céu e como um dia esse irmão (essa irmã) verá Jesus com os próprios olhos.   Se você é quem está deprimido: continue falando para você mesmo sobre Jesus. Sobre o amor de Jesus, sobre a compaixão de Jesus, sobre a vitória dele sobre o sofrimento e o pecado e todo o mal naquela cruz. Continue falando para você sobre o céu e o dia em você verá a Jesus com seus próprios olhos.   No tempo de Deus, a luz da esperança em Cristo vai raiar de novo na sua escuridão.   Fontes da História de William Cowper: Ash, Trusting God in the Darkness, 32-33. Piper, https://www.desiringgod.org/articles/depression-fought-hard-to-have-him . Igreja Batista Jardim Minesota Rua Clotildes Barbosa de Souza, 144 Jardim Santa Maria (Nova Veneza) 
 Sumaré - São Paulo

Jó 3: O Cristão e a Depressão

Povo de Deus, uma das lições mais importantes desse capítulo de Jó é: cristãos também ficam deprimidos. Cristãos verdadeiros passam por seus momentos de desespero.

Série em Jó: Sofrimento Soberano 
 09 de Novembro de 2025 – IBJM 
 Tim Keller foi pastor de uma igreja presbiteriana por muitos anos em Nova Iorque. Em um dos artigos que ele escreveu, ele fala sobre uma conversa que ele teve com uma mulher que estava com câncer. A mulher disse para ele:   “Eu não sou mais cristã. Essa coisa não funciona para mim. Eu não posso crer em um Deus pessoal que faria uma coisa dessas comigo”.   O Tim Keller depois comentou: “o câncer matou o deus dela”.   Ele também tinha recebido o diagnóstico de um câncer muito agressivo. Ele se lembrou dessa conversa e começou a se perguntar como ele  reagiria diante da doença: E eu? Como eu  vou responder?   O diagnóstico de uma doença grave, ou a morte de alguém que nós amamos muito, ou uma crise no casamento ou na família — as tragédias da vida nos forçam a examinarmos a nossa fé.   E eu? Como eu vou responder? Quem é Deus para mim? Não só na teoria, mas na prática: o que eu realmente acredito sobre Jesus?   A tribulação tem essa força capaz de espremer o nosso coração para ver o que está lá dentro, como uma mão aperta uma esponja e força o líquido sair. Jó está prestes a passar por mais uma espremida.   Vamos recapitular o que aconteceu no primeiro capítulo. Os capítulos 1 e 2 precisam ser entendidos juntos.   A história de Jó começa com ele sendo apresentado como a expressão de piedade na terra. A definição de um homem santo e sábio. Mas Satanás acusa Jó de interesseiro: “Jó só adora o Senhor por causa dos bens e da vida boa que ele tem. Se o Senhor tirar tudo dele, Jó vai amaldiçoar o Senhor”.   Para o nosso espanto, Deus, dá permissão para Satanás tirar tudo de Jó, mas não tocar nele. Então, de dia um dia para o outro, Jó perdeu 7 mil ovelhas, 3 mil camelos, mil bois, quinhentas jumentas, muitos servos e, o mais difícil de tudo, todos os 10 filhos.   O capítulo terminou com Satanás perdendo e Deus vencendo. Jó chorou muito e adorou muito.   Jó 1:21-22—Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei. O Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor! Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma.   A resposta de Jó à primeira rodada de provação é linda. Mas a história de Jó está só começando. A história de Jó tem mais capítulos.   E o capítulo 2 tem 3 cenas. A primeira acontece no céu. A segunda na terra. E a terceira no chão.   1.     CENA 1 (NO CÉU): MAIS UM DIÁLOGO SOBRE JÓ (VV. 1-6)   Deus e Satanás estão, de novo, falando sobre Jó.   Vamos fazer o seguinte: antes de ler o início do capítulo 2, eu quero ler com vocês novamente o início do primeiro teste de fé de Jó:   [6] Num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se diante do Senhor, veio também Satanás entre eles. [7] Então o Senhor perguntou a Satanás: — De onde você vem? Satanás respondeu ao Senhor: — De rodear a terra e passear por ela. [8] E o Senhor disse a Satanás: — Você reparou no meu servo Jó? Não há ninguém como ele na terra. Ele é um homem íntegro e reto, que teme a Deus e se desvia do mal.   Muito bem. Vamos ao nosso texto agora. Fiquem atentos para vocês perceberem a diferença:   Jó 2:[1] Num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se diante do Senhor, veio também Satanás entre eles apresentar-se diante do Senhor. [2] Então o Senhor perguntou a Satanás: — De onde você vem? Satanás respondeu ao Senhor: — De rodear a terra e passear por ela. [3] E o Senhor disse a Satanás: — Você reparou no meu servo Jó? Não há ninguém como ele na terra. Ele é um homem íntegro e reto, que teme a Deus e se desvia do mal.   Você percebeu a diferença? Eu também não. O texto é basicamente o mesmo. O que o autor está fazendo com essa repetição é deixar a atmosfera tensa. Ele quer que nós nos inclinemos para frente para ver o que vai acontecer. Se nós estivéssemos lendo a história pela primeira vez, a nossa reação normal seria:   “De novo, não!? A única coisa que restou na vida de Jó foi a saúde dele. E agora vem outro diálogo entre Deus e Satanás!? De novo, não! Não é possível!”   Você já teve esse tipo de pensamento? O Senhor envia ondas de provação para testar sua fé. Quando parecia que as ondas tinham acabado e o mar estava se acalmando, quando você conseguiu levantar a cabeça para começar a respirar de novo e tentar colocar a vida em ordem, mais uma onda se levanta no horizonte vem na sua direção.   Ah não... de novo!?   É o que Deus determinou para Jó também. Deus às vezes determina coisas que nós não entendemos. Deus é maior do que a nossa mente pequena.   O diálogo de Deus com Satanás continua. E Deus declara o resultado da primeira rodada de teste da fé que Jó enfrentou:   Continuação do v.[3] (…) Ele ainda conserva a sua integridade, embora você me incitasse contra ele, para destruí-lo sem motivo.   A piedade de Jó é mais clara do que a lã branca. Mais clara que a luz.   Mas Satanás é o príncipe das trevas. Ele não desiste. Como aconteceu quando ele atacou o Senhor Jesus: Satanás tentou o Senhor no deserto, perdeu, mas ele voltou para tentar o Senhor Jesus com ainda mais força na cruz.   Enquanto Jesus é a expressão exata do ser de Deus (Hebreus 1:3)—bondoso, amoroso, misericordioso, Satanás é a expressão oposta do ser de Deus. Satanás não tem nenhuma compaixão. Ele não tem nenhum amor.   [4] Então Satanás respondeu ao Senhor: — Pele por pele! Um homem é capaz de dar tudo o que tem pela sua vida. [5] Mas estende a tua mão e toca nos ossos e na carne dele, para ver se ele não blasfema contra ti na tua face. A acusação de Satanás é: tirar todos os bens e todos os filhos não é suficiente para provar que Jó realmente adora o Senhor. Coloca dor no corpo dele, e veja se ele não vai amaldiçoar o Senhor. Tira a saúde dele, e veja se a fé dele não vai embora junto.   Nós não ficamos surpresos em ouvir Satanás fazendo essas acusações. É isso o que ele é: o Acusador. O que nos deixa surpresos é o que Deus faz. Deus permite:   [6] Então o Senhor disse a Satanás: — Você pode fazer com ele o que quiser; mas poupe-lhe a vida.   Deus permite que Satanás leve Jó até a beira do precipício da morte. Jó chega bem perto da morte, mas Deus não deixa Satanás empurrar Jó. “Poupe-lhe a vida”. Deus permite, mas Deus impõe limite.   APLICAÇÃO: O MUNDO ESPIRITUAL   Sinceramente, o que você acha dessas conversas entre Deus e Satanás no céu? Um pouco estranhas?   • É difícil para você entender como Deus pode permitir tanto sofrimento na vida de Jó? Ou na sua vida? Ou na vida de alguém que você conhece que ama a Deus? Ter perdido todos os bens e todos os filhos em um dia não foi suficiente para provar que Deus é digno de ser adorado? Ele precisa sofrer ainda mais? • Você ficou confuso, no capítulo 1, em ver Satanás usando pessoas como os sabeus e os caldeus para roubar os animais de Jó? Satanás pode fazer isso? • Você achou esquisito Satanás estar envolvido em fazer um vento forte – uma força da natureza – derrubar uma casa e matar todos os filhos de Jó?   Parece diferente mesmo. Mas me parece que parte da nossa dificuldade é porque nós somos influenciados por um mundo que só crê no que vê. “Se a ciência não explica, então não existe”.   É verdade que existe um grupo que pensa que tudo é o demônio. Eles ignoram o pecado e dizem que tudo é culpa de Satanás. Essa não é uma visão bíblica da realidade. Mas vamos tomar cuidado para não cair na outra vala — no outro extremo, e ignorar o mundo espiritual.   Os dois primeiros capítulos de Jó nos lembram de 2 verdades fundamentais para andarmos pela fé.   A primeira é que existem seres espirituais que exercem grande influência nesse mundo.   • Quem enganou nossos primeiros pais—Adão e Eva—foi um ser espiritual maligno através de uma Serpente (Gênesis 3). • No livro de Daniel, as guerras entre Pérsia e Grécia no mundo físico são influenciadas por seres espirituais que Daniel chama de o Príncipe da Pérsia (um anjo maligno) e o Príncipe da Grécia e que lutaram contra o anjo Miguel (Daniel 10:20-21). • O apóstolo Paulo fala em 2 Coríntios que Satanás, o deus deste século, cega o entendimento dos descrentes para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo (2 Coríntios 4:4).   Satanás e seus demônios têm poder para fazer grande estrago na vida das pessoas. Diante dessa primeira verdade, a segunda verdade é a única coisa que pode aquietar o nosso coração:   Deus é absolutamente soberano sobre todos os seres espirituais.   O livro de Jó (e a Bíblia toda) não deixa nenhuma dúvida de que Satanás está debaixo da autoridade de Deus.  • Nas duas reuniões no céu, Satanás não pode fazer nada que Deus não queira. Ele não pode ir um milímetro além do que Deus permite. 
 • No capítulo 1, o raio que queima as ovelhas é chamado de “Fogo de Deus”. Satanás está por trás. Mas Deus está sempre acima. Continua sendo o foto de Deus. • Ainda no capítulo 1, apesar de ter sido Satanás quem tirou os bens e os filhos de Jó, Jó atribuiu o que aconteceu a Deus: O Senhor  o deu e o Senhor  o tomou; bendito seja o nome do Senhor!   A Palavra de Deus nos ensina que nós vivemos em um mundo físico que é influenciado por um mundo espiritual. Tanto seres espirituais malignos como Satanás e os seus demônios, quanto pelo Ser espiritual completamente santo e puro: Deus, e seus anjos. E Deus é o único soberano.   DEUS OU SATANÁS?   Mas como eu sei quando é Deus que está me provando para o meu bem ou se é Satanás me atacando para o meu mal?   Não tem como você saber. Nós só sabemos no caso de Jó porque o Senhor abriu a cortina que separa o nosso mundo do mundo espiritual e nos deixou ver.   No final das contas, não faz diferença se Satanás está envolvido ou não. Porque a resposta que nós devemos dar às provações é a mesma: fé em Deus. Submissão. Confiança. Jó mesmo não sabia. E Jó respondeu bem.   Como José disse para os irmãos sobre o fato de eles terem vendido José como escravo: “vocês intentaram o mal, mas Deus intentou o bem” (Gênesis 50:20).   Satanás pode estar envolvido e intentar o seu mal. Mas no mesmo evento—no seu sofrimento—o Deus soberano tem propósitos bons. E isso nos basta. É isso que nós precisamos saber.   Maravilhosamente e misteriosamente, Deus usa Satanás para seus propósitos santos na sua vida e na vida de Jó.   Agora o cenário muda do céu para a terra.   2.     CENA 2 (NA TERRA): MAIS UM GOLPE EM JÓ (VV. 7-10)   Nos golpes do primeiro teste, Satanás usou seres humanos e eventos da natureza. Nesse segundo teste, ele agiu pessoalmente.   [7] Então Satanás saiu da presença do Senhor e feriu Jó com tumores malignos.   Jó perdeu todos os bens. Jó perdeu todos os servos. Jó perdeu todos os filhos. Agora Jó perde o que faltava: a saúde. Ele continua vivo, mas é uma vida que quase não é vida.   A pergunta é: até onde Jó consegue ir sem amaldiçoar a Deus? A fé de Jó está sendo testada até o limite.   Satanás encheu o corpo de Jó de tumores e se certificou que não faltou nenhuma parte.   Final do v. 7: desde a planta do pé até o alto da cabeça.   Nem um palmo de pele escapou.   No capítulo 30, Jó descreve a dor dele dizendo:   A noite perfura os meus ossos, e o mal que me corrói não descansa (Jó 30:17).   Dor por dentro e dor por fora—no corpo inteiro—sem descanso.   As feridas doem e coçam tanto que ele pega um caco de barro para se raspar. Esse caco de barro funciona como uma ilustração da vida de Jó: quebrada, seca, uma vida que quase não é vida.   Olhe onde Jó foi parar: o versículo 8 fala de Jó sentado em cinza. O estudiosos concordam que “cinza” é o lugar fora da cidade onde o lixo era queimado. É um lugar de pobreza e morte. É o lugar onde os marginalizados moram. É o lugar que Jesus usou como descrever uma representação de como é o inferno (Ash, Job, 52). Jó está sendo levado ao limite.   A ESPOSA DE JÓ   Eu tinha comentado que a única coisa que Deus havia preservado em Jó depois do primeiro teste foi a saúde. Mas Deus preservou também a esposa. Deus deixou viva a pessoa mais amada e a mais próxima. E o que a pessoa mais amada e mais próxima faz?   [9] Então a mulher dele disse: — Você ainda conserva a sua integridade? Amaldiçoe a Deus e morra!   A única pessoa que sobrou da família, a pessoa que fez uma aliança para viver com Jó na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, até que a morte os separe—o que ela faz?   Meu amor, o Senhor está conosco. Ele vai nos ajudar a passar por tudo isso. Ele prometeu nos sustentar. Vamos confiar nele.   Não. Em vez de usar as palavra para consolar Jó, a mulher dele usa as palavras para aumentar a dor de Jó.   É como se ela tirasse o caco de barro da mão de Jó e abrisse as feridas dele ainda mais. “Chega com esse papo de piedade, homem! Desiste! Amaldiçoa a Deus e termina com tudo isso!”   Nenhum de nós concorda com o conselho dela, mas se coloque no lugar dela por um minuto. Ela está sofrendo muito também. Ela é a esposa do homem que perdeu todos os bens. Ela é a mãe dos dez filhos. Que dor! E agora ele está vendo o marido dela sofrendo. A fé dela parece que chegou no limite.   Mas independente da intenção dela com o conselho, o fato é que o conselho dela foi fazer exatamente o que Satanás queria: “Amaldiçoar a Deus”. É por isso que Agostinho chamou a esposa de Jó de “assistente do diabo” e Calvino disse que ela era uma “ferramenta de Satanás” (Ash, Job, 53).   A CRUZ DE JÓ   Pessoas próximas também podem dar conselhos ruins, o que agrava ainda mais a dor de quem está sofrendo. Vocês lembram de Pedro quando Jesus disse que ele teria que sofrer muitas coisas de ser morto?   — Que Deus não permita isso, Senhor! Isso de modo nenhum irá lhe acontecer (Mateus 16:23).   E vocês lembram o que Jesus respondeu?   — Saia da minha frente, Satanás! Você é para mim uma pedra de tropeço, porque não leva em consideração as coisas de Deus, e sim as dos homens (Mateus 16:23).   Não é o mesmo assunto em discussão entre Jó e a esposa? Só existe uma maneira para se chegar a Deus: é pelo caminho da cruz. Negar a si mesmo e se submeter a Deus. Confiar em Deus. Pedro estava sugerindo que Jesus se desviasse do caminho para a cruz.   Em uma escala muito menor, mas muito verdadeira, cada um de nós precisa andar pelo mesmo caminho.   Logo depois de falar aquilo para Pedro, Jesus disse:   Mateus 16:24-25 — Se alguém quer vir após mim, negue a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida a perderá; e quem perder a vida por minha causa, esse a achará.   Jó está carregando a cruz que o Senhor deu a ele—morrendo para si mesmo e vivendo para Deus—mas a esposa está dizendo para ele desistir e tomar um caminho diferente. Um caminho sem a cruz. E um caminho sem cruz é um caminho sem Cristo, sem salvação, e sem Deus.   A PIEDADE DE JÓ   Mas a piedade de Jó parece realmente indestrutível. Jó faz três coisas: ele REJEITA o conselho da esposa, REPREENDE a atitude dela e RECALIBRA a maneira dela ver o vida:   [10] Mas Jó respondeu: — Você fala como uma doida.   Jó é cuidadoso com as palavras. Ele não diz: “Você É  uma doida”. Ele diz: “Você fala como  uma doida”. Você está falando como alguém que não teme a Deus. Doida, não no sentido de alguém mentalmente louco. Doida no sentido de tola. Ela está agindo com tolice e não com temor.   E Jó recalibra a maneira dela de enxergar o sofrimento. A teologia de Jó sustenta a fé de Jó:   [10] (...) Temos recebido de Deus o bem; por que não receberíamos também o mal? Em tudo isto Jó não pecou com os seus lábios.   Um rabino judeu chamado Harold Kushner, depois que ele sobreviveu ao campo de concentração nazista, escreveu um livro chamado “Quando Coisas Ruins Acontecem Com Pessoas Boas”.   A teste dele para lidar com o problema do mal é dizer que Deus está fazendo o melhor que ele pode, mas não é culpa de Deus se ele não consegue eliminar o sofrimento.   A ideia é que Deus conhece o passado e ele é bastante poderoso, mas Deus não sabe com certeza o que vai acontecer no futuro e Deus não pode determinar o futuro. Deus é até bom, mas ele não é Todo-Poderoso. Essa ideia se infiltrou nos meios cristãos e se tornou conhecida como “Teísmo Aberto”.   Como um escritor explicou assim: é como se Deus fosse um grande mestre de xadrez. Ele joga muito bem, mas nós nunca podemos ter certeza absoluta de que ele vai ganhar. Mas nós sabemos que ele está dando o seu melhor (Ash, Trusting God in the Darkness, 26).   O DEUS DE JÓ   A Bíblia não dá margem para essa teologia. Esse não é o Deus de Jó. Esse não é o Deus da Bíblia.   • Um deus que é bondoso, mas não é soberano, é um deus que até tem boas intenções, mas não tem poder para nos ajudar e nós estamos perdidos nas mãos dos homens e das forças espirituais do mal. • E um deus que é soberano, mas não é bondoso, é um tirano. Ele tem muito poder, mas não nos ama. Dá medo viver em um lugar assim também.   Mas bendito seja o nome do Senhor! O Deus que governa o Universo é o Deus que é cheio de amor e cheio em poder. Um Deus em que nós podemos confiar. O Deus que Jó está confiando, mesmo em meio a grande dor:   Temos recebido de Deus o bem; por que não receberíamos também o mal? (Jó 2:10).   Jó (e nós!) sabemos que nada acontece fora da vontade de Deus. Deus nunca é o autor do pecado, mas Deus sempre é soberano sobre o mal. Bondade e Soberania.   É essa combinação divina de bondade e soberania que vai carregar você pelo caminho do sofrimento da cruz até você receber a coroa das mãos do Senhor Jesus. Para então depositar a coroa aos pés dele e se prostrar em adoração.   A grande questão desses dois primeiros capítulos parece ser a fé de Jó. Jó realmente ama a Deus ou ele é um interesseiro, uma farsa? Jó trata Deus como um Papai Noel — só fala com ele quando ele quer ganhar presentes e o ignora completamente nos outros dias — ou a fé de Jó é genuína?   Jó passou nos dois testes. Jó passou com louvor. Mesmo perdendo tudo, ele não perdeu a fé.   Mas o que está em jogo na provação de Jó é mais do que a fé de Jó. O que está em jogo é a glória de Deus. Porque o nosso sofrimento não é o centro de tudo. A glória de Deus é o centro de tudo.   Por trás da provação de Jó, estão perguntas ainda maiores sobre Deus: • Deus é digno da sua adoração, mesmo quando ele leva você pelo caminho do seu sofrimento? • Deus é digno da sua confiança, mesmo quando coisas ruins acontecem com você? • Deus é glorioso e precioso simplesmente por quem ele é? Ou Deus não passa de um grande Papai Noel—as pessoas só gostam dele por causa dos presentes.   Deus passou nos dois testes. Com louvor. Satanás perdeu. Deus venceu, como sempre. Jó continua a adorar o Senhor mesmo depois de ter perdido tudo.   A fé de Jó prova que Deus é, sim, glorioso e precioso. Digno de ser adorado quando ele dá; e ele é digno de ser adorado quando ele toma.   E a história de Jó continua indo para baixo. Do céu para a terra. E agora, da terra para o chão.   3.     CENA 3 (NO CHÃO): MAIS COMPANHIA PARA JÓ (VV. 11-13)   Jó recebe a companhia de três amigos.   [11] Quando três amigos de Jó ouviram que todo este mal havia caído sobre ele, vieram, cada um do seu lugar: Elifaz, o temanita [porque a cidade se chama Temã], Bildade, o suíta [porque ele vem de Suá], e Zofar, o naamatita [porque ele vem de uma cidade chamada Naamá].   A fato dos amigos virem de diferentes lugares talvez mostre que pessoas de diferentes lugares do mundo estão vindo até Jó para oferece a sabedoria deste mundo. Como nós vamos ver nos próximos capítulos, eles não vão oferecer muita sabedoria.   Mas a intenção deles é boa, pelo menos nesse ponto.   Na continuação do v.[11] (...) Tinham combinado ir juntos condoer-se dele e consolá-lo.   E foi o que eles fizeram. Eles choraram com os que choram (Romanos 12:15).   [12] De longe eles levantaram os olhos e não o reconheceram. Então ergueram a voz e choraram. E cada um, rasgando o seu manto, lançava pó ao ar sobre a cabeça. [13] Sentaram-se com ele no chão durante sete dias e sete noites. E ninguém lhe disse uma só palavra, pois viam que a dor era muito grande.   Eles não conseguiram reconhecer Jó. Jó estava com a cabeça rapada. Tumores pelo corpo inteiro. E ele provavelmente perdeu muito peso. Quem consegue comer direito quando o sofrimento é tão grande? Jó estava irreconhecível.   Além de não conseguirem reconhecer Jó, eles não conseguiram falar com Jó. Os amigos de Jó não disseram uma só palavra. A razão que o texto dá é porque (final do versículo 13) “a dor era muito grande”.   APLICAÇÃO: COMO SER UM CONSOLADOR   Nós teremos várias oportunidades, ao longo do livro de Jó, de aprender com os amigos como NÃO agir com aqueles que estão sofrendo. Mas na primeira semana deles com Jó, eles são um exemplo de COMO agir com aqueles que estão passando por luto, tristeza e dor.   O que você pode fazer para amar aqueles que estão sofrendo? Você pode simplesmente estar presente.   Simplesmente estar perto. Estar junto. Ir ao velório. Enviar mensagem. Se oferecer para conversar. Para ouvir. Ligar. Se deslocar para estar com aquele que está sofrendo. Ter alguém perto já é um consolo.   Os amigos de Jó viajaram uma longa distância simplesmente para chorar com Jó. Eles ouviram o que tinha acontecido com Jó e eles foram até Jó.   Às vezes nós precisamos de espaço para sofrer sozinhos. Chorar diante de Deus sem ninguém por perto. Sem ninguém vendo. Mas às vezes o que a pessoa que está sofrendo precisa é ter companhia.   Um receio que nós temos é não saber o que dizer. Aqui, de novo, os amigos de Jó são um exemplo. Eles simplesmente estavam presentes. Sete dias e sete noites sem falar nenhuma palavra, mas juntos de Jó. Eles deixaram tudo para trás para chorar com ele.   Eclesiastes 3:7 diz que “há tempo para falar e tempo para ficar calado”. Especialmente quando o golpe é recente, especialmente quando a outra pessoa está devastada, nós demonstramos amor: não falando muito, mas chorando junto. Muitas vezes, em silêncio. Há tempo para falar, sim. Mas geralmente, aquele não é o tempo.   Você não precisa ficar preocupado em explicar a razão do sofrimento das pessoas. Até porque, nós não sabemos. Nós não sabemos tudo o que Deus está fazendo. Mas você pode estar presente.   Quando as coisas estão bem difíceis, ter alguém perto já é um enorme consolo. O sofrimento tende a nos isolar. Quem está sofrendo é tentado a não estar com outras pessoas. E as outras pessoas são tentadas a não chegar muito perto por não saber como ajudar.   Com a ajuda do Senhor, vamos pular esses obstáculos para ficarmos juntos. Sofrermos juntos. Chorarmos juntos.   O que os amigos de Jó fizeram foi certo: a presença de amigos, e não a presença de muitas palavras, é exatamente o que nós precisamos quando a providência de Deus nos derruba no chão.   APLICAÇÃO: COMO SER UM SOFREDOR   Vamos voltar para a pergunta que o Tim Keller fez para ele mesmo quando ele soube que estava com câncer:   E eu? Como eu vou responder? Como eu vou reagir quando for comigo?   Durante o tratamento contra o câncer, Tim Keller compartilhou como estava sendo o combate dele. E ele disse que o maior combate dele não era contra o câncer. Era o combate da fé. O combate para continuar crendo e se agarrando a Cristo pela fé.   Durante esse combate, ele disse:   “Sinceramente, eu posso dizer, sem nenhum tipo de sentimentalismo ou exagero, que eu nunca fui tão feliz em minha vida, que eu nunca tive dias tão cheios de conforto. Mas é igualmente verdadeiro que eu nunca tive tantos dias de tristeza”.   Ele estava falando da experiência do coração do cristão: “entristecidos, mas sempre alegres” (2 Coríntios 6:10).   Assim como Jó, Keller também tinha tumores malignos. O Deus que sustentou a fé de Jó sustentou a fé do Tim Keller também. Ele disse em uma entrevista:   Eu tenho câncer de pâncreas em estágio IV [que é o mais grave]. Mas é infinitamente confortador ter um Deus que é infinitamente mais sábio e mais amoroso do que eu. Ele tem muitas boas razões para tudo o que ele faz e permite, razões que eu não posso compreender, e nisso está minha esperança e força.   O câncer não matou o Deus do Tim Keller. O câncer aproximou Keller do Deus dele. Do Deus que usa coisas ruins na vida daqueles que amam a ele.   Uma coisa que ajudou o Tim Keller a perseverar foi ele se lembrar que ele não pertencia a ele mesmo. Ele tinha sido comprado pelo sangue de Cristo. Ele disse:   Se você quer saber o que significa viver com um cristão, eu provavelmente iria para 1 Coríntios 6 onde o texto diz: “Vocês não pertencem a vocês mesmos; vocês foram comprados por preço”. Sinceramente, tudo o que significa ser um cristão flui desse versículo”.   Com o tempo, o corpo dele parou de responder ao tratamento. Já muito fraco, no leito de morte, o filho dele compartilhou uma oração que o Tim Keller fez:   Eu sou grato por todas as pessoas que oraram por mim ao longo dos anos. Eu sou grato pela minha família, que me ama. Eu sou grato pelo tempo que Deus me deu. Mas eu estou pronto para ver Jesus. Eu mal posso esperar para ver Jesus. Me mande para casa.   No dia seguinte, dia 19 de março de 2023, Deus respondeu a oração dele. O Tim Keller foi para casa. E ele viu Jesus. Assim como nós vamos ver também.   A CRUZ ENCERROU O CASO   Cristão, você não precisa temer nem as ações nem as acusações de Satanás. Porque a cruz já encerrou o seu caso. O Juiz já declarou a sua sentença: justificado. E porque Jesus já pagou por todos os seus pecados, Satanás, o Acusador, não pode mais acusar você.   Romanos 8:33-34—Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu, ou melhor, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós.   Satanás pode até atacar você. Ele pode até acusar você, mas Deus não ouve mais (Ash, Job, 54-56). Deus ignora as acusações de Satanás contra você. Por quê? Porque a cruz já definiu o seu julgamento. É Deus quem justificou você. É Cristo Jesus quem morreu, quem ressuscitou, e que está a direita de Deus intercedendo por você. Os cristãos estão seguros.   Deus poupou a vida de Jó. Mas ele não poupou o Filho dele para nos salvar.   Romanos 8:32—Aquele que não poupou o seu próprio Filho, mas por todos nós o entregou, será que não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?   Sim, ele nos dará. Ele nos dará graciosamente tudo o que nós precisamos para passar pelos testes da aflição que ele determinar.   Cristão, você não precisa temer nem as ações nem as acusações de Satanás. A cruz já resolveu seu caso. O Juiz já declarou você justificado. Continue esperando no seu Deus até ele chamar você para casa também.   Por causa da morte do Senhor Jesus naquela cruz e por causa da sepultura vazia e por causa da ressurreição dele, nós viveremos com ele em um mundo onde não haverá tumores malignos nem morte de filhos nem os ataques de Satanás nem o nosso pecado para nos afastar do Senhor. Mas esse mundo do futuro não é o mundo do presente. Ainda.   CONCLUSÃO   Com a ajuda do Senhor, você também pode responder bem ao sofrimento como Jó respondeu. E como o Tim Keller respondeu. E como milhões de homens e mulheres do povo de Deus que foram para casa antes de nós.   Que o Senhor nos ajude a sofrer confiando que ele é absolutamente soberano, perfeitamente sábio, completamente bom e infinitamente amoroso.   Que o Senhor sustente a sua fé, e que no meio da sua tristeza, confusão e dor, você possa olhar para o céu e dizer para Jesus:   — Senhor, para quem iremos? O Senhor tem as palavras da vida eterna, e nós temos crido e conhecido que o senhor é o Santo de Deus (João 6:68-69).   Fonte das citações relacionadas a Tim Keller: Matt Smethurst, 19 de maio de 2025, https://www.crossway.org/articles/the-most-powerful-message-tim-keller-ever-preached/ Igreja Batista Jardim Minesota Rua Clotildes Barbosa de Souza, 144 Jardim Santa Maria (Nova Veneza) 
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Jó 2: O Limite da Fé

A tribulação tem essa força capaz de espremer o nosso coração para ver o que está lá dentro, como uma mão aperta uma esponja e força o líquido sair. Jó está prestes a passar por mais uma espremida.

Acesse a Playlist da série Igreja Batista Jardim Minesota Rua Clotildes Barbosa de Souza, 144 Jardim Santa Maria (Nova Veneza) 
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Série de Sermões em Jó

Nós vamos entrar na jornada de Jó. Nós vamos entrar na dor de Jó. E o que nós vamos ver em Jó—e o que nós vemos em nossa vida—é que o sofrimento revela muitas coisas sobre nós. E muitas coisas sobre Deus. O sofrimento nos faz ver a VIDA com outros olhos. E nos faz ver DEUS com outros olhos.

Série em Jó: Sofrimento Soberano 
 02 de Novembro de 2025 – IBJM 
 Dia de 3 novembro de 2020, 5 anos atrás, um jovem de 20 anos chamado Nicolas estava com os amigos da faculdade em um parque fazendo atividade física. Terça-feira à tarde. Tudo parecia normal. De repente, no meio do jogo, ele caiu no chão e morreu.   Os amigos tentaram reanimá-lo. Os socorristas tentaram. Os médicos tentaram. Mas não teve jeito. O Nicolas morreu. Por quê?   Se pelo menos ele fosse uma pessoa má, que tratava as outras pessoas mal, seria um pouco mais fácil de entender. Continuaria sendo uma tragédia, mas pelo menos faria um pouco mais de sentido.   Mas o Nicolas era uma bênção. Ele era um cristão comprometido. Segundo os pais dele, ele era um menino doce e muito amoroso. Ele era o melhor amigo da irmã dele. Ele estava noivo de uma jovem cristã maravilhosa. Ele era um filho maravilhoso. Por que ele morreu?   Para nos deixar ainda mais confusos, os pais dele também são cristãos fieis. O pai dele já escreveu alguns livros e já veio até ao Brasil pregar. O nome dele é Tim Challies, alguns de vocês devem ter ouvido falar. Ele tem um site cristão muito popular. Ele tem sido usado para espalhar a fé cristã.   Então, por quê? Por que os pais do Nicolas terão que sofrer tanto pelo resto da vida por ter perdido um filho tão jovem e tão bom?   Quando o sofrimento bate em nossa vida, especialmente quando ele bate com força suficiente para nos derrubar no chão, é natural nós perguntarmos “por quê?”. Por que eu? Por que agora? Por que isso? Por quê?   Mais do que responder a pergunta “por quê?”, Deus parece estar mais preocupado em nos ensinar a responder a pergunta “como?”. Como eu atravesso o vale do sofrimento confiando em Deus?   Nós vamos entrar na jornada de Jó. Nós vamos entrar na dor de Jó. E o que nós vamos ver em Jó—e o que nós vemos em nossa vida—é que o sofrimento revela muitas coisas sobre nós. E muitas coisas sobre Deus. O sofrimento nos faz ver a VIDA com outros olhos. E nos faz ver DEUS com outros olhos.   Uma das últimas coisas que Jó fala, no último capítulo, é: Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem (Jó 42:5).   Eu dei o nome desse série de Sofrimento Soberano, mas desde o início eu gostaria de dizer que a ênfase está na segunda palavra: “soberano”. Sofrimento é o cenário. Soberano—o Deus soberano—é o personagem principal. A luz no palco está nele.   A história começa com Jó sendo apresentado.   1.     A APRESENTAÇÃO DE JÓ (VV. 1-5)   Nós recebemos 3 informações sobre Jó:   PRIMEIRO, A IDENTIDADE DELE:   [1] Havia um homem na terra de Uz cujo nome era Jó.   Isso significa que Jó não era um Israelita. A terra de Uz ficava na região de Edom, fora da Terra Prometida. O autor localiza onde Jó estava no mapa, mas ele não nos localiza no tempo. Ele fala “havia um homem”, mas não fala quando. Mas ele dá duas pistas sobre o tempo.   • O autor descreve a riqueza de Jó em termos de animais—camelos e ovelhas, o que era comum na época dos patriarcas—Abraão, Isaque e Jacó. • E ele fala de Jó oferecendo sacrifício em favor dos filhos, o que não seria permitido depois que Moisés construiu o tabernáculo, mas era comum na época dos patriarcas—Abraão, Isaque e Jacó.   Jó, então, viveu provavelmente na época de Abraão, mas ele não era parte do povo de Israel, o povo com quem Deus tinha feito uma aliança.   Mas agora vem uma informação ainda mais importante: Jó adorava o Deus de Abraão, o Deus de Israel, o Deus verdadeiro, o Deus de toda a terra.   Depois da identidade, nós vemos a piedade de Jó.   SEGUNDO, A PIEDADE DE JÓ:   [1] (...) Este homem era íntegro e reto, temia a Deus e se desviava do mal.   Isso não significa que Jó nunca pecava, mas ele não era um hipócrita. Ele não tinha uma vida dupla. Ele tinha uma vida só: uma vida inteira—íntegra.   Jó é a definição de um homem sábio (ele teme a Deus) e santo (ele se desvia do mal). No coração de Jó, Deus vinha primeiro. Jó é um adorador. Jó é um homem de Deus.   Depois da identidade e da piedade, a terceira informação trata da:   TERCEIRO, A PROSPERIDADE DE JÓ:   Deus abençoou Jó com filhos, muito filhos:   [2] Nasceram-lhe sete filhos e três filhas.   Deus abençoou Jó com posses, muitas posses:   [3] Tinha sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentas. Também tinha muitíssima gente a seu serviço, de maneira que este homem era o maior de todos os do Oriente.   Jó não era somente muito rico. Ele era o maior. Ele era o Elon Musk da época naquela região.   E a apresentação de Jó termina voltando para a piedade dele. Como essa piedade se manifestava no dia a dia:   [4] Os filhos dele iam às casas uns dos outros e faziam banquetes, cada um por sua vez, e mandavam convidar as suas três irmãs a comerem e beberem com eles. [5] Quando se encerrava um ciclo de banquetes, Jó chamava os seus filhos e os santificava [veja como Jó era um homem santo]; levantava-se de madrugada e oferecia holocaustos segundo o número de todos eles. Pois Jó pensava assim: “Talvez os meus filhos tenham pecado e blasfemado contra Deus em seu coração.” Jó fazia isso continuamente.   • Não só de vez em quando. Jó fazia isso continuamente . A piedade de Jó era constante. • E ele não se preocupava só com o comportamento exterior, mas com o coração (o interior) — incluindo o coração dos filhos. A piedade de Jó era profunda.   Vamos usar a pergunta do título que eu dei para essa mensagem: Que mundo é esse? A primeira resposta é: “Esse é um mundo onde existem pessoas que amam a Deus”. Existem pessoas boas nesse mundo mau.   Não existem pessoas perfeitas, mas existem pessoas que são íntegras e retas, que temem a Deus e se desviam do mal (1:1). Você pode ser uma delas.   • Com a ajuda do Senhor, você pode viver para Deus em um mundo rebelde à Deus. • E possível você ter uma vida reta em um mundo tão torto pelo pecado. • Mesmo que as pessoas na sua família e no seu trabalho ignorem a Deus, você pode temer a Deus e se desviar do mal.   A história começa bem. Um homem cheio de piedade e cheio de prosperidade. Deus está abençoando um homem que está confiando nele. Parece que o mundo está indo em uma boa direção.   Mas as coisas estão prestes a mudar—a mudar drasticamente e abruptamente.   Como no livro de Apocalipse, o Senhor abre a cortina que separa o nosso mundo do mundo espiritual, e nos mostra o que está acontecendo do outro lado. Do lado de cima.   2.     UMA CENA NO CÉU: DEUS E SATANÁS (VV. 6-12)   Do versículo 6 ao 12, o cenário é o céu.   [6] Num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se diante do Senhor, veio também Satanás entre eles.   Os filhos de Deus aqui são os anjos. Os anjos foram até o Senhor, talvez para receber instruções sobre o que eles deveriam fazer.   O DIÁLOGO (PARTE I): DEUS PERGUNTA   Deus, então, faz uma pergunta a Satanás:   [7] Então o Senhor perguntou a Satanás: — De onde você vem? Satanás respondeu ao Senhor: — De rodear a terra e passear por ela.   Deus, então, faz uma segunda pergunta para Satanás:   [8] E o Senhor disse a Satanás: — Você reparou no meu servo Jó? Não há ninguém como ele na terra. Ele é um homem íntegro e reto, que teme a Deus e se desvia do mal.   Não existe nenhuma dúvida de quem está liderando. Ninguém está se perguntando: “Quem manda aqui?”. Quem fala primeiro é Deus. Ele guia a conversa é Deus.   E Deus chama Jó de “meu servo”, um título de honra que ele usou com Abraão, com Moisés e os profetas. E Deus diz que Jó não é só o maior do Oriente em termos de prosperidade. Jó é o maior do planeta em termos de santidade.   “Não há ninguém como ele na terra”. “Se tem alguém na terra que me ama”, Deus está dizendo, “esse homem é Jó”.   E nós ouvimos da boca de Deus a mesma descrição de Jó:   Ele é um homem íntegro e reto, que teme a Deus e se desvia do mal (v. 8).   Mas o que parecia uma história tão linda vai se tornar em um pesadelo que Jó nunca imaginou que seria possível. A nossa vida nesse mundo é assim: de uma hora para outra, tudo pode mudar.   A partir do versículo 9 a vida de Jó nunca mais será a mesma. E tudo começou com uma conversa no céu.   O DIÁLOGO (PARTE II): SATANÁS PERGUNTA   Agora quem faz perguntas é Satanás:   [9] Então Satanás respondeu ao Senhor: — Será que é sem motivo que Jó teme a Deus? [10] Não é verdade que tu mesmo puseste uma cerca ao redor dele, da sua casa e de tudo o que ele tem? Abençoaste a obra de suas mãos, e os seus bens se multiplicaram na terra. [11] Mas estende a tua mão e toca em tudo o que ele tem, para ver se ele não blasfema contra ti na tua face.   A palavra Satanás vem do hebraico: “satan”. Satan  significa adversário ou acusador. É o título certo para esse ser maligno. Satanás é O acusador.   Ele está fazendo duas acusações:   Primeiro, ele está acusando Jó de interesseiro.   Ele está dizendo que Jó só adora a Deus porque Deus encheu a vida de Jó de bênçãos e de bens.   “A piedade de Jó é só por causa da prosperidade de Jó. Com essa quantidade de ovelhas e camelos e bois, com esse monte de filhos, é claro que ele teme o Senhor! Olha a vida boa que esse homem tem! Tira o que o Senhor deu para ele e veja se ele não se tornará um blasfemador como eu. Tira o que ele tem, e ele vai deixar o Senhor e passar para o meu lado”.   A segunda acusação consegue ser ainda pior. Por trás dessa acusação a Jó, Satanás está acusando a Deus.   Volte no diálogo. Deus disse: “Você viu meu servo Jó? Ele é integro e reto. Não existe ninguém como ele. Veja como ele me teme e se desvia do mal”.   Satanás vem e diz: “Na verdade, Deus, não. Jó não é isso tudo. Ele só teme o Senhor porque o Senhor abençoou muito a ele”.   Satanás está dizendo que não só Jó é interesseiro. Satanás está dizendo que Deus é interesseiro. Que Deus está comprando a adoração de Jó com presentes—ovelhas, bois, filhos, como um homem que compra a companhia de uma mulher com roupas e perfumes e restaurantes caros porque ele sabe que a mulher não ficaria com ele se não fosse pela vida de luxo.   Satanás está dizendo que essa relação entre Deus e Jó é uma falsidade. É só um jogo de interesse. É uma farsa.   Com duas perguntas e duas afirmações, Satanás acusa duas pessoas de uma só vez. E uma das pessoas que ele está acusando é o Criador do Universo! Satanás é um ser infernalmente audacioso!   E por trás dessas duas acusações, Satanás está dizendo que Deus não é digno de ser adorado simplesmente porque quem ele é. Simplesmente porque Deus é grandioso e maravilhoso e cheio de glória.   Satanás é o nosso adversário, ele é o inimigo das nossas almas, ele é o nosso acusador, mas ele é tudo isso contra nós porque, primeiro, ele é tudo isso contra Deus. Ele é o adversário de Deus, o inimigo de Deus, ele é o acusador de Deus.   Eu estava em um estudo bíblico vários anos atrás, e durante o estudo uma pessoa (que professava fé em Cristo) perguntou: “Essa coisa de Satanás e os demônios é real? Satanás existe mesmo?” A resposta é: “Sim! É real! Satanás realmente existe”.   • Ele é a Serpente que destruiu o relacionamento da humanidade com Deus e jogou esse mundo na miséria que ele está (Gênesis 3). • Ele é o deus desse século (com “d” minúsculo) que cega o entendimento dos descrentes para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo (2 Coríntios 4). • Ele é o príncipe da potestade do ar que atua agora nos filhos da desobediência (Efésios 2). • Ele é o “o sedutor de todo o mundo” (Apocalipse 12).   Nós estamos fazendo a pergunta “Que Mundo é Esse?”. A primeira resposta foi: “Esse é um mundo onde existem pessoas que amam a Deus”.   A segunda resposta é: “Esse é um mundo onde Satanás existe”. Ele sabe que não pode destruir a Deus, mas ele vai tentar destruir tudo e todos que refletem a glória de Deus.   Por isso, o alvo especial de Satanás são os cristãos. Ele dispara os dardos inflamados especialmente em nós—na nossa igreja, nossa família e qualquer pessoa que queira mostrar a majestade (a grandeza) de Deus. É por isso que ele está atrás de Jó e de você, cristão.   Mas Satanás não está completamente solto. Satanás é como um cachorro em uma coleira. Ele só vai até onde Deus permitir. Lutero disse bem: “Até o diabo é o diabo de Deus”.   O DIÁLOGO (PARTE III): DEUS PERMITE, MAS COM LIMITE   [12] Então o Senhor disse a Satanás: — Você pode fazer o que quiser com tudo o que ele tem; só não estenda a mão contra ele. Então Satanás saiu da presença do Senhor.   A providência de Deus tem seus mistérios. Nós não entendemos muito do que Deus está fazendo. Por que Deus permite essas coisas? Jó sabe menos ainda do que nós. Nós somos leitores privilegiados. Nós sabemos que o que vai acontecer com Jó será causado por Satanás.   Mas o que Jó e nós sabemos é que o trono do Universo não está sendo disputado. A Palavra de Deus é muito clara sobre quem governa esse mundo. Não são duas forças lutando de igual para igual. Deus reina sozinho. É isso que a Bíblia quer dizer quando ela diz que Deus é soberano.   Salmos 115:3—O nosso Deus está no céu e faz tudo como lhe agrada.   A soberania de Deus não elimina todos os mistérios da sua vida, mas a soberania de Deus cria uma maneira complemente diferente de se viver: acima dos homens maus e acima de um ser mau como Satanás, existe um Deus bom. E mesmo quando eu não entendo por que as coisas estão do jeito que estão, eu sei que o Deus soberano sabe o que está fazendo.   Essa é a terceira parte da resposta à nossa pergunta: “Que mundo é esse?”   1.     É um mundo onde pessoas amam a Deus existem. 2.     É um mundo onde Satanás existe. 3.     É um mundo onde um Deus soberano existe. O Deus que, além de soberano, ama seu povo e não tira os olhos de nós.   E o cenário muda de novo: do céu de volta para a terra.   3.     UMA CENA NA TERRA: JÓ E SATANÁS (VV. 13-19)   Essa cena é devastadora, em todos os sentidos. No sentido físico, emocional e espiritual. Em um só dia, Jó perdeu tudo o que Deus tinha dado para ele durante toda a vida. Foram 4 golpes violentos sem intervalo entre eles para Jó respirar.   PRIMEIRO GOLPE: JÓ PERDE BOIS, JUMENTAS E SERVOS   [13] Um dia, quando os filhos e as filhas de Jó comiam e bebiam vinho na casa do irmão mais velho, [14] veio um mensageiro a Jó e lhe disse: — Os bois estavam lavrando e as jumentas estavam pastando junto a eles. [15] De repente, os sabeus atacaram e levaram tudo. Mataram os servos a fio de espada. Só eu consegui escapar, para trazer a notícia.   Jó não teve tempo para processar o que aconteceu, e veio o segundo golpe.   SEGUNDO GOLPE: JÓ PERDE OVELHAS E SERVOS   [16] Enquanto este ainda falava, veio outro mensageiro e disse: — Fogo de Deus caiu do céu [ele está falando de raios] e queimou as ovelhas e os servos, destruindo todos eles. Só eu consegui escapar, para trazer a notícia.   Jó perdeu 1.000 bois, 500 jumentas, 7.000 ovelhas e muitos servos. Só sobraram os camelos.   TERCEIRO GOLPE: JÓ PERDE CAMELOS E SERVOS   [17] Enquanto este ainda falava, veio outro mensageiro e disse: — Os caldeus [que são os babilônios] se dividiram em três bandos, atacaram os camelos e os levaram embora. Mataram os servos a fio de espada. Só eu consegui escapar, para trazer a notícia.   Agora não sobrou nada. Veja o poder que Satanás tem para usar tanto pessoas quanto a natureza.   Você já teve a horrível experiência de levar um soco na boca do estômago? E quando você ainda estava desprevenido. Você perde todo o ar. Fica tonto. Dá vontade de vomitar. É horrível. Jó levou 3 golpes seguidos na boca da alma. E ele estava desprevenido.   Imagine, uma dia você volta para casa à tarde, e não existe mais casa. Sua casa pegou fogo e não tinha seguro. Tudo o que você tinha dentro—todos os seus bens—você perdeu tudo. E imagine que você vive em uma época em que não existe banco. Todo o seu dinheiro estava guardado em casa e evaporou tudo em segundos.   Não sobrou nenhum bem, mas Satanás ainda não terminou. Ele deixou o golpe mais violento para o final:   GOLPE 4: JÓ PERDE OS FILHOS   [18] Também este ainda falava quando veio outro e disse: — Os seus filhos e as suas filhas estavam comendo e bebendo vinho na casa do irmão mais velho. [19] De repente, eis que se levantou um vento muito forte do lado do deserto e bateu contra os quatro cantos da casa. Ela caiu sobre os jovens, e eles morreram. Só eu consegui escapar, para trazer a notícia.   Sem deixar Jó recuperar o fôlego por ter perdido todos seus bens materiais, Satanás mata os filhos de Jó com um furacão.   Quem consegue medir a dor desse homem? Perder um filho é insuportável. Perder todos é indescritível.   Se os 3 golpes anteriores ainda não tinham derrubado Jó, esse derrubou.   Se eu sentar no sofá em casa e começar a pensar—só pensar—que nunca mais eu vou ver meus filhos: que eu nunca mais vou poder abraçar Davi ou nunca mais vou poder ouvir a voz da Sara—se eu sentar e começar a pensar, em poucos segundos eu estou chorando.   Só de pensar. Quanto mais, viver.   Ter que conviver com a morte de alguém que nós amamos é como ter que continuar a viver sem uma parte de você. É como ter um pedaço da alma cortada.   Aqui nós temos a próxima parte da resposta à nossa pergunta: “Que mundo é esse?” Esse é um mundo onde aqueles que amam a Deus sofrem. E muitas vezes, sofrem muito.   Quem de nós julgaria Jó se ele ficasse revoltado com a vida por algum tempo? Ele perdeu todos os bens e todos os filhos (dez!) em menos de 24 horas.   Mas não foi o que aconteceu. Não foi com revolta que Jó respondeu.   O capítulo começou com a apresentação de Jó e ele termina com a adoração de Jó. O final do capítulo 1 de Jó é uma das passagens mais lindas em toda a Bíblia.   4.     A ADORAÇÃO DE JÓ (VV. 20-22)   [20] Então Jó se levantou, rasgou o seu manto, rapou a cabeça, prostrou-se em terra e adorou. [21] E disse: — Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei. O Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor! [22] Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma.   Satanás conseguiu tirar a prosperidade de Jó. O que ele não conseguiu foi tirar a piedade de Jó. Satanás conseguiu tirar de Jó os animais, os servos e até os filhos. O que Satanás não conseguiu tirar de Jó foi o Deus de Jó.   Os planos de Deus não podem ser frustrados, mas os de Satanás podem e são.   A reação de Jó nos ensina duas lições: como nós, cristãos, podemos lidar com a dor?   Primeira Lição: adoração e lamentação podem viver juntas.   O versículo 20 mostra a tristeza de Jó. Rasgar o manto e rapar a cabeça são maneiras da época de expressar tristeza. São símbolos externos da dor interna—de um coração rasgado pelo sofrimento.   Você pode chorar e adorar ao mesmo tempo. Deus fez nosso coração com essa capacidade. Lágrimas e louvor não são inimigos. Eles se misturam bem no rosto daqueles que amam a Deus.   Veja o movimento do corpo de Jó: ele se levanta, rasga o manto, rapa a cabeça e se prostra no chão. Agora chegou a hora de Jó movimentar os lábios.   Pela primeira vez nós vamos ouvir a voz de Jó. Além de aprendermos com a tristeza dele, nós podemos aprender com a teologia dele. O que Jó pensa sobre Deus?   E essa é a segunda lição que ele deixa para nós: Nosso entendimento sobre Deus molda nosso sofrimento nesse mundo.   A boca fala do que está cheio o coração. Veja como o coração de Jó está cheio de Deus.   [21] E disse: — Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei. O Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor!   Jó reconhece que, quando ele entrou nesse mundo, ele não tinha nada. Nós saímos nus do ventre de nossa mãe. Tudo o que nós acumulamos ao longo do tempo foi o Senhor quem nos deu. Deus é quem realmente possui nossas posses.   Boa teologia ajuda no sofrimento: Deus é o dono de tudo. O seu dinheiro, você sabe, não é seu. É do Senhor. Sua casa não é sua. É do Senhor. O meu carro não é meu. É do Senhor. Todos os seus bens que nós temos não são nossos. São dele. Seus dons, seus talentos, seu corpo. Nós não temos nada. Tudo é dele.   Deus colocou na nossa mão para usarmos por um tempo para o bem das outras pessoas e a glória dele. “Por um tempo” porque, nós vamos sair desse mundo da mesma maneira como nós entrarmos. Nus, como Jó disse. Sem nada.   Quando o Senhor nos chamar, nós teremos que deixar tudo para trás. Ele colocou em nossa mão por um tempo, mas ele nunca transferiu a titularidade. Tudo o que nós recebemos do Senhor são presentes temporários.   Se isso é verdade: se Deus é quem nos deu, então ele também tem direito de tomar. Essa é a teologia de Jó.   [21] (...) O Senhor o deu e o Senhor o tomou;   Veja o coração submisso de Jó. Ele se submete a vontade de Deus. Ele reconhece que Deus é soberano. Ele reconhece o direito de Deus de tomar o que ele deu. Como Jó está sendo humilde! E como a humildade é linda!   Um entendimento correto de Deus não livra você do sofrimento, mas nos ensina a lidar com as perdas com esperança, fé e amor.   Se Deus é o dono de tudo o que eu tenho, se foi ele quem me deu, então quando ele entende que está na hora de tirar, eu devo aceitar, mesmo que, às vezes, prostrado no chão, chorando.   E Jó chora. Mas ele também adora. Ele termina com um declaração de amor e louvor a Deus.   [20] (...) O Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor!   • Umas das coisas mais lindas nesse mundo é ver um crente sofrendo e bendizendo. • É ver meus irmãos passando por grande provação e cantando para Deus no culto. • É ver a vida de um cristão se desmoronando, e ele ainda agradecendo ao Senhor pela salvação.   Nós ainda temos uma longa jornada com Jó. Ainda tem muitas coisas para acontecer. Mas nesse ponto Jó é um exemplo de como responder a Deus diante da dor. Ele bendiz o nome do Senhor mesmo depois de o Senhor ter tomado tudo—todos os bens e os filhos.   MAS O QUE EU FARIA?   Mas quando nós vemos essa reação de Jó, uma pergunta que nós nos fazemos é: “O que eu faria? Se Deus tirasse tudo de mim como ele tirou de Jó, como eu iria reagir? Eu iria responder bendizendo o Senhor? Ou, (pode vir o pensamento), eu iria dizer: “Chega, isso é demais. Eu desisto!”?   Essa é uma pergunta justa. Eu entendo que essa é uma das perguntas que o Senhor quer que nós façamos. Várias pessoas desistem. E eu, Senhor? Nós podemos ficar com medo de perder a fé, especialmente se o Senhor planejar tanto sofrimento para nós.   Eu gostaria de fazer 3 comentários que eu espero que nos ajudem.   PRIMEIRO, PREPARE-SE   O entendimento de Jó sobre quem Deus é fez ele confiar no Senhor. O nosso entendimento sobre quem Deus é irá moldar como nós respondemos ao sofrimento. Por isso, vamos continuar nos preparando antes de ventos fortes baterem e derrubarem nossa casa.   Cada culto é uma preparação. Cada aula de EBD. Cada reunião de oração. Cada devocional na sua casa. Cada estudo bíblico. Você está fortalecendo os músculos da sua alma para o dia em que o peso do sofrimento for colocado em cima de você.   Deus é soberano, mas isso não significa que ele quer que não façamos nada enquanto esperamos o sofrimento. Jó temia a Deus. Jó se desviava do mal. Nós nos preparamos andando com o Senhor e conhecemos mais e mais da grandeza e da bondade de Deus. Prepare-se.   SEGUNDO, DESCANSE   Assim como você pode lamentar e adorar ao mesmo tempo, você deve se preparar e descansar ao mesmo tempo. A vida cristã tem seus paradoxos, e um deles é que você trabalha para descansar.   Você se esforça para confiar menos em você e mais em Deus. E a medida que isso acontece, nós ficamos menos preocupados em não perseverar porque nós estamos mais descansados no que Deus prometeu.   • Ele disse que nada pode nos separar do amor dele (Romanos 8). • Ele disse que nunca irá nos deixar ou nos abandonar (Hebreus 12). • Ele disse que irá completar a obra que ele começou em você (Filipenses 1).   E diferente de Satanás, Deus nunca mente. Você pode confiar nele, mesmo quando a corrida da fé tem vales da sombra da morte.   TERCEIRO, CRISTO   Meu terceiro e último comentário para nos ajudar lidar com o sofrimento não é uma atividade que você precisa fazer. É uma Pessoa que você precisa conhecer.   O sofrimento de Jó aponta para o sofrimento de um outro servo de Deus.   Isaías 52:13—Eis que o meu servo procederá com prudência; será exaltado e elevado e será mui sublime.   Isaías está falando de Jesus. Vocês conhecem o restante da passagem. Jesus foi exaltado e elevado, mas antes ele foi desprezado, rejeitado, humilhado e traspassado.   Se Jó sofreu muito, Jesus sofreu mais. Deus tomou tudo de Jesus. Jesus perdeu os amigos, perdeu a família, e perdeu todo o fôlego—até perder a vida. O golpe que Jesus levou—no nosso lugar—foi mais forte que os golpes que Jó levou e nós levamos.   Isaías 53:10: ele foi esmagado. Ele foi crucificado. E ao terceiro dia, ele foi ressuscitado.   E quando ele voltou a vida, ele prometeu não perder nenhum daqueles que ele comprou com o sangue dele. Em vez de ficarmos pensando: “Será que EU vou perseverar, Senhor?” é melhor ficar pensando: “O Senhor prometeu me perseverar. Eu vou confiar no Senhor”.   Deus dará a graça que você precisa para aguentar e bendizer o nome dele, como ele fez com Jó. E como ele fez com Tim Challies, o pai do Nicolas, aquele jovem cristão que morreu de repente aos 20 anos.   Ouça o que esse homem orou, por favor. Fazia 2 meses que o filho dele tinha morrido. Eu vou ler alguns trechos da oração que ele escreveu:   Este foi um ano difícil, Senhor, o mais difícil que já vivi.   Obrigado por me dar meu filho. Obrigado por o confiar a mim. Reconheço que ele era seu filho antes mesmo de ser meu... Obrigado pela honra que foi criá-lo, cuidar dele e amá-lo…   O meu desejo é glorificar o Teu nome... Se eu posso glorificá-lo melhor através da fraqueza, então eu digo: toma a minha força; se posso glorificá-lo melhor através da pobreza, então eu digo: toma os meus bens; se posso glorificá-lo melhor através da perda, então eu digo: toma tudo.   Posso suportar qualquer provação, superar qualquer sofrimento, enfrentar qualquer tristeza, desde que o Senhor não me deixe, desde que o Senhor não me abandone. E o Senhor prometeu isso.   Que eu prossiga para o prêmio e... bendiga o Senhor em todos os momentos, com o seu louvor... em meus lábios.   No nome de Jesus Cristo, eu oro. Amém.             [Challies, Seasons of Sorrow , 70]   Amém.   Quando você perde coisas nesse mundo e continua bendizendo o Senhor, fica claro para todo mundo a sua volta (e para você mesmo) que você confia no Senhor, que você ama o Senhor, que você teme o Senhor.   Que você não é uma farsa, você não é um interesseiro, você é um adorador do Senhor porque ele é o seu Deus, o seu Criador, o seu Salvador—o Deus que sabe o que é perder um filho. O Deus que entregou o próprio filho para nos levar para a casa.   O livro de Jó é um livro sobre sofrimento. Mas Jó é mais do que um livro sofrimento. Jó é um livro sobre adoração. Sobre quem Deus é. Sobre bendizer um Deus glorioso mesmo quando ele tira os presentes que ele deu das nossas mãos.   CONCLUSÃO   QUE MUNDO É ESSE?   1.     É um mundo onde pessoas que amam a Deus existem. E você pode ser uma delas.   2.     É um mundo onde Satanás existe. E isso explica a quantidade de maldade nesse mundo. Não é a única explicação. Mas é uma delas.   3.     É um mundo onde um Deus soberano existe. Um Deus que não disputa o poder com ninguém. Um Deus que reina sozinho—acima de todos, incluindo Satanás.   4.     Esse é um mundo onde aqueles que amam a Deus sofrem. E muitas vezes, sofrem muito. E muitas vezes, você não vai entender por quê.   5.     Esse é um mundo onde Deus é digno de ser adorado. Deus é digno de ser adorado quando ele nos dá. E ele é digno de ser adorado quando ele toma.   Ele é digno de ser adorado porque ele é Deus—soberano, santo, e o Deus que é sempre bom. Igreja Batista Jardim Minesota Rua Clotildes Barbosa de Souza, 144 Jardim Santa Maria (Nova Veneza) 
 Sumaré - São Paulo

Jó 1: Que Mundo é Esse?

Nós vamos entrar na jornada de Jó. Nós vamos entrar na dor de Jó. E o que nós vamos ver em Jó—e o que nós vemos em nossa vida—é que o sofrimento revela muitas coisas sobre nós. E muitas coisas sobre Deus. O sofrimento nos faz ver a VIDA com outros olhos. E nos faz ver DEUS com outros olhos.

19 de Outubro de 2025 – IBJM 
 
 Eu gostaria de começar fazendo uma pergunta para vocês sobre Deus: onde Deus está agora? Se uma criança pergunta para você: “onde Deus está?”, o que você responderia?   Nós responderíamos: “Deus está em todos os lugares”. Deus é onipresente. Deus está aqui nesse salão de culto e  Deus está no céu. Deus está em Sumaré e  em Saturno. Ao mesmo tempo.   O Salmo 139, por exemplo, diz: Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também (Salmo 139:8).   Deus está em todo lugar. Mas existe uma segunda maneira em que a Bíblia fala da presença de Deus. Deus pode estar presente também de uma maneira especial e específica. A Bíblia fala da presença de Deus para falar também do tipo de relacionamento que nós temos com ele.   • Adão e Eva foram expulsos da Jardim—eles foram banidos da presença de Deus. • Isaías fala que o pecado faz separação entre nós e Deus. • Deus ordena que Moisés faça um tabernáculo para que Deus possa habitar (estar presente) com o seu povo. • Deus promete para Salomão que ele irá habitar no templo que ele construiu. • Deus estava presente com Israel de uma maneira diferente em que ele estava presente com os egípcios. • Jesus prometeu que o Espírito de Deus estaria em  nós (presente) de uma maneira em que ele não está com aqueles que não creem.   O Salmo 16 é sobre esse segundo tipo da presença de Deus. A presença especial e específica. Uma presença em amor.   O Salmo 16 é uma oração sobre como Deus manifesta a presença dele com aqueles com que ele tem um relacionamento de fé e amor com ele.   Deus manifesta essa presença dele para você, cristão, de muita maneiras. Nesse salmo, ele está presente de 5 maneiras: protegendo você, separando você, satisfazendo você, guiando você e alegrando você.   Deus manifesta a presença dele:   1.   PROTEGENDO VOCÊ (vv. 1-2)   Davi começa orando:   [1] Guarda-me, ó Deus...   Me preserva, me protege, me guarda, ó Deus. A razão que Davi dá para Deus guardá-lo é:   [1] Guarda-me, ó Deus, porque em ti me refugio.   Em ti me refugio é uma maneira visual de falar em ti em confio. Davi está correndo para o Senhor como um refúgio (o lugar onde ele está seguro): “Deus. Me proteja!” Como uma criança sai correndo, gritando com medo e pula no colo do pai.   Mas o correr do Salmo 16 não é um correr com as pernas. É um correr que você faz com o coração: orando.   Com o coração angustiado, você corre para Deus orando: “Senhor, me guarda. Fica perto de mim”.   Se você estivesse andando na rua à noite, sozinho, e viesse um homem mal-encarado na sua direção com uma faca na mão, você ficaria com medo? Eu também.   Mas e se você não estivesse sozinho. Se você estivesse junto com dois amigos, policiais, faixa preta em Judó, arma na cintura, cada um com 2 metros de altura e 150 quilos de músculo, você ficaria com medo? Eu também não.   Faz diferença quem está com você. Deus não colocou dois policiais ao seu lado. Ele fez mais. Ele colocou mais força em volta de você: todo o poder de um Deus Todo-Poderoso. Ele próprio, o Senhor dos Exércitos, prometeu guardar você.   • Esperar o resultado de um exame médico nos dá medo. • Esperar o resultado de uma entrevista nos dá medo. • Não ter dinheiro suficiente para pagar as contas nos dá medo. • Não ver seu marido andando com o Senhor dá medo. • Não ver os filhos andando com o Senhor dá medo. • Não saber se eu vou casar e ter filhos dá medo. • Não saber o que vai acontecer dá medo.   Quando nós estamos com medo, Davi está nos ensinando: você não precisa fazer uma oração longa. “Guarda-me, ó Deus” é suficiente para o Senhor colocar guardar você.   DEUS É O SEU DEUS   O Deus para quem você pede ajuda não é qualquer Deus. Davi emenda a oração com uma declaração:   [2] Digo ao Senhor: “Tu és o meu Senhor; outro bem não possuo, senão a ti somente.”   Ser Senhor é ser Soberano. Ser Senhor é ser Rei. Davi está dizendo: “Tu és o meu Senhor”—aquele que reina sobre mim e tudo o que acontece na minha vida.   Nós fazemos bem em usar essa linguagem pessoal. Deus não é só o Senhor. Davi chama o Senhor de “MEU Senhor”. Ele é o “MEU Deus”. O “MEU Salvador”. O “MEU” refúgio. Nesse contexto, “meu” é não é egoísmo. É confiança em Deus. É fé.   O BEM SUPREMO   Fé em um Deus que é o nosso único bem. Davi está conectando também com a oração do versículo 1. Outro refúgio nós não temos, senão a Deus somente.   • Uma conta bancária gorda não tem poder para nos proteger e salvar. Uma dia os ricos não terão acesso a toda a fortuna deles e tudo será perdido. • Uma saúde boa não tem poder para nos proteger e salvar. Um dia a saúde vai nos abandonar e ir embora para sempre. • Uma reputação e sucesso na carreira não tem poder para nos proteger e salvar. Os famosos e bem-sucedidos também morreram como todos os mortais.   Mas você que tem Deus, você tem um bem que você nunca irá perder. Por causa da sua fé em Cristo—sua fé na morte dele na cruz no seu lugar—você tem um bem que nada nesse mundo vai tirar. Deus é o seu Deus para sempre.   Ele não prometeu que você nunca vai sofrer. Ele prometeu algo melhor: ele prometeu que ele nunca vai deixar você.   Além de proteger você, Deus manifesta a presença dele:   2.   SEPARANDO VOCÊ (vv. 3-4)   [3] Quanto aos santos que há na terra, eles são os notáveis nos quais tenho todo o meu prazer. [4] Muitas serão as dores dos que trocam o Senhor por outros deuses; não oferecerei as suas libações de sangue, e os meus lábios não pronunciarão os nomes deles.   Davi está falando de dois grupos de pessoas nesses dois versículos:   • No versículo 3, ele fala dos cristãos, os “santos que há na terra”; • No versículo 4, ele fala dos não-cristãos, aqueles que “trocam o Senhor por outros deuses”.   Esses dois grupos englobam toda a humanidade. Não fica ninguém de fora. Não existe um terceiro grupo. Em qual grupo você está é a questão mais importante da sua vida.   Eu disse que esses dois versículos falam de Deus manifestando a presença dele “separando você”. O que eu quero dizer é que Deus separa você PARA ELE.   Isso é ser salvo: é ser retirado do grupo que troca o Senhor por outras coisas (outros deuses) e ser colocado (transferido) para o grupo “santos”. Ser santo é ser separado. Separado do mundo para Deus.   Mas não parece que Davi está exagerando? Ele acabou de falar no versículo 2 que Deus é o único bem dele. E logo no versículo seguinte, ele fala que todo o prazer dele está nos “santos que há na terra”—no povo de Deus.   “Davi, afinal de contas: seu prazer está todo em Deus ou no povo de Deus”?   Eu entendo que a resposta de Davi seria: “Sim! Meu amor por Deus se manifesta em meu amor pelo povo dele. E meu amor pelo povo dele é uma evidência do meu amor por Deus.   Nós podemos ir além: estar na companhia do povo de Deus é estar na companhia de Deus… porque Deus escolheu habitar com o seu povo.   É maravilhoso ver esse amor dentro do povo de Deus: vocês orando juntos e chorando juntos. Estudando a Bíblia juntos e comendo juntos. Estar com o povo de Deus cantando e conversando é o mais perto que se pode chegar do céu ainda estando na terra.   SANTOS NÃO TÃO SANTOS   Talvez algum de vocês ouvem isso e pensam: “Davi está exagerando. Isso não é real. A igreja é na verdade muito complicada”. Talvez alguns de vocês estejam machucados porque alguns desses santos que há na terra fizeram alguma coisa contra você. Talvez em outra igreja. Ou aqui na IBJM mesmo.   Pode ser até que você venha aos cultos, talvez até seja membro aqui, mas você não quer se envolver muito. “Porque se eu me envolver demais com as pessoas”, você pensa, “eu vou me machucar de novo”.   Eu gostaria de fazer 3 comentários que, eu espero, possam ajudar você. Esses comentários podem ser aplicados também no seu casamento, na sua família e em outros relacionamentos.   Primeiro, eu lamento que você tenha sido ferido.   Nós não queremos desprezar sua dor. Quando nós somos tratados de forma injusta, a dor que nós sentimos é real. Pode ser que alguém realmente fez algo grave contra você. Isso é parte de viver em um mundo depois de Gênesis 3.   Segundo comentário para você que foi ferido: lembre-se que você também é pecador.   Todos nós somos. Você precisa da mesma graça que seu irmão e sua irmã precisa.   Quando nós somos machucados por alguém, é fácil ficar concetrado no pecado do outro que esquecemos que nós também ferimos outras pessoas. Se Deus retirar a mão de nós, nós vamos fazer um estrago em nossos relacionamentos.   Meditar no seu próprio pecado ajuda você se tornar mais compassivo com outros pecadores. Meditar em nosso próprio pecado nos guarda de termos um espírito de justiça própria e nos acharmos superiores aos outros pecadores.   Trazer à minha memória que eu sou um pecador e que Deus é muito misericordioso comigo me ajuda a olhar para os outros da maneira correta e tem um poder enorme para transformar minha chateação com os outros em compaixão e amor.   Terceiro comentário para ajudar você que não tem tido prazer nos santos que há na terra: veja como Deus ama os santos—todos os santos: você e todos seus irmãos em Cristo.   Veja que grande amor Jesus tem pelos santos imperfeitos que ele salvou. Eu sei que esse salmo é um salmo de Davi. Mas esse salmo encaixa ainda mais perfeitamente na boca de Jesus, nosso Rei. Jesus pode dizer com todo o coração dele sobre nós:   [3] Quanto aos santos que há na terra, eles são os notáveis nos quais tenho todo o meu prazer.   • Jesus nos amou tanto que ele quis ser humilhado e desprezado pelo mundo. • Jesus nos amou tanto que ele quis morrer uma morte de cruz: carregando o peso do nosso pecado e enfrentando o julgamento que nós—os santos que há na terra—merecíamos.   Crente machucado, o Jesus que amou você e deu o sangue dele por você também amou seu irmão ou sua irmã que pecaram contra você.   • Eles são a Noiva amada de Cristo, como você. • Eles são a Menina dos olhos de Deus, como você. • Eles são o Templo do Espírito Santo, como você.   Esse irmão, essa irmã que você está tendo desprazer—Deus amou essa pessoa antes da fundação do mundo, como ele amou você, crente.   Meu irmão, minha irmã, eu lamento que você foi ferido, mas ore, confie em Deus e dê passos de fé se arriscando e se envolvendo na vida dos seus irmãos na igreja. Perdoe e peça perdão. Ame e seja amado. Deus usa as feridas que nós recebemos para nos tornar mais parecidos com aquele que foi ferido na cruz no nosso lugar.   É verdade que os santos que há na terra não são perfeitos. Mas Jesus tem todo o prazer nesses santos. Quanto mais parecido com Jesus nós somos, maior amor nós teremos pelos santos na terra e que ainda não glorificados no céu.   AS DORES DOS TROCADORES   O contraste entre o versículo 3 e o 4 não poderia ser maior. Se Davi e Jesus têm todo o prazer no povo de Deus, aqueles que trocam o Senhor por outros deuses sofrerão muitas dores. Dores nessa vida, mas especialmente dores na condenação eterna.   Trocar o Senhor por alguma outra coisa é a raiz de todo o pecado. Seja trocar a Deus por uma imagem de madeira ou gesso, seja trocar Deus por alguma coisa desse mundo.   Se você está trocando o Senhor por algo desse mundo, destroque. A partir de hoje, destroque.   • Você está em um relacionamento que o Senhor não aprova, destroque. • Você está fazendo alguma coisa—que talvez ninguém saiba—que afasta você do Senhor, destroque. • Você está fazendo alguma coisa ilícita no trabalho, destroque.   Abra mão do que você sabe que precisar para poder abraçar o Senhor Jesus pela fé e viver na presença de Deus. Muitas serão as dores dos que trocam o Senhor por outras deuses—outras coisas desse mundo.   Além de falar do DESTINO daqueles que não amam o Senhor, Davi fala também da DISTÂNCIA que ele coloca entre o estilo de vida dele e o estilo de vida do mundo.   Continuação do v.[4] (...) não oferecerei as suas libações de sangue [sacrifícios de animais], e os meus lábios não pronunciarão os nomes deles.   Cristãos são pecadores, mas eles têm um estilo de vida diferente. Você foi separado. Você não pode participar de práticas que Deus condena.   Você lida de maneira diferente com comida, bebida, sexo, dinheiro, trabalho, casamento, filhos, trabalho, como você se veste, como você usa seu tempo livre. Eu não estou dizendo que você precisa se isolar em uma fazenda e não ter mais contato com o mundo—se bem que às vezes dá vontade—mas não é isso que o Senhor quer de nós.   Jesus não pediu a Deus que nos tirasse do mundo, mas ele pediu para nos livrar do mal. Nós falamos de Cristo para as pessoas do mundo e nós as amamamos, mas não chegamos nem perto de práticas que desonram o nome de Deus.   Deus manisfeta a presença dele: (1) protegendo você, (2) separando você.   3.   SATISFAZENDO VOCÊ (vv. 5-6)   Davi está usando a Terra Prometida para falar da satisfação dele em Deus.   [5] O Senhor é a porção da minha herança [terra] e o meu cálice [símbolo da provisão de Deus]; tu sustentas a minha sorte. [6] As minhas divisas caíram em lugares agradáveis; é linda a minha herança.   Dá para ver o coração de gratidão de Davi. Ele está satisfeito com o que o Senhor deu a ele. No versículo 6 ele olha para as divisas da terra que ele recebeu e diz: “elas caíram em lugares agradáveis”. Ele olha para o que o Senhor deu a ele e ele diz: “É linda a minha herança!”.   Quando nós estamos satisfeitos em Deus, nós ficamos satisfeitos com a provisão de Deus. O que ele nos dá é suficiente.   Nós sabemos que a nossa alegria não está em ter mais coisas. A alegria que realmente sacia está em estar satisfeito com o que Deus já deu.   A RAIZ DA INSATISFAÇÃO (E O REMÉDIO)   Vamos olhar para o lado negativo dessa realidade e depois nós voltamos para o lado positivo. Isso vai nos ajudar a ajustar nosso coração.   Toda a nossa insatisfação, nosso descontentamento, nossa mumuração—toda—têm a mesma raiz: nós estamos acreditando que precisamos de mais alguma coisa além de Deus para sermos felizes. Para ficarmos satisfeitos. Para nos sentirmos seguros.   Toda vez que eu estou insatisfeito com a minha vida, isso é uma manifestação do meu coração dizendo: “Deus não é suficiente. Eu preciso de mais alguma coisa para ficar bem”.   Mas isso não é verdade. Nós sabemos que Deus está falando a verdade quando ele disse: “a minha graça te basta”.   Então nós lutamos contra a insatisfação do nosso coração nos satisfazendo com a provisão de Deus. Como Davi, nós ficamos satisfeitos com o pedaço de terra que ele nos deu e, pela graça de Deus, nós podemos dizer: “é linda a minha herança”.   Porque Deus é suficiente—porque a graça dele em Jesus é tudo o que você precisa—agora você pode ficar satisfeito com a provisão dele:   • A sua família foi dada a você por Deus, mesmo com todas as dificuldades que você precisa enfrentar. • Se Deus é suficiente—e ele é!, nós vamos conseguir colocar nosso casamento nas mãos de Deus e confiar nele, mesmo que nosso casamento esteja em um momento difícil. • Nós vamos agradecer pelos nossos filhos e confiar que nós temos os filhos que Deus quis nos dar, com as tristezas e alegrias que eles nos dão, e confiar que Deus tem bons motivos para tudo o que ele faz. • Nós vamos nos contentar com a nossa situação financeira. Nós temos a quantidade de dinheiro exata que Deus quer que nós tenhamos. • Nós temos a quantidade exata de saúde que Deus quer que nós tenhamos nesse momento: essa a provisão dele. • Eu tenho a quantidade exata de provação que Deus quer que eu tenha para que eu saiba que ele é suficiente.   Tudo o que você tem, a situação que você está vivendo e suas provações, elas foram escolhidas por um Deus bondoso que ama você e quer que você fique satisfeito nele. É o que eu chamo de “soberania detalhada”. E amorosa.   A graça dele realmente nos basta. Que o Senhor ajude a crer e sentir o que nós sabemos que é a verdade.   Deus cerca você com a presença dele de muitas maneiras: protegendo você, separando você (para ele), satisfazendo você (com ele mesmo), quarto:   4.   GUIANDO VOCÊ (vv. 7-8)   [7] Bendigo o Senhor, que me aconselha; pois até durante a noite o meu coração me ensina.   O Senhor não determina as coisas que acontecem na sua vida e depois fala: “agora você se vira, meu filho”. Esse não é o nosso Deus. Deus aconselha você. Ele ensina você. Ele guia você com o bordão e o cajado dele de Bom Pastor.   LEIA A BÍBLIA E FAÇA ORAÇÃO   Como Deus guia você?   No versículo 7, Davi diz: “O Senhor me aconselha”. Como Deus aconselha você? Através da Palavra dele. Toda vez que a Bíblia é aberta, Deus abre a boca para aconselhar você. Você abre a Bíblia no seu tempo devocional, Deus está aconselhando você. No culto domingo. No encontro do PG. Nos estudos bíblicos que você participa. Nos discipulados. Nos conselhos que você ouve de outros santos que há na terra.   Agora, se nós não abrimos a Palavra dele e não ouvimos a Palavra dele com fé, nós não seremos guiados. Nós ficaremos perdidos.   Olhe para a sua vida: não é verdade que quando você passa tempo na presença de Deus (na Palavra dele em casa e com o povo dele na igreja) você responde melhor às suas tentações e provações.   E quando nós nos afastando da Palavra de Deus, nós estamos também nos afastando de Deus—e nós ficamos perdidos em vez de guiados. Nossos olhos ficam mais embaçados e não enxergamos muito bem. Começamos a fazer escolhas ruins. O pecado parece mais atraente. Jesus parece menos interessante. Cedemos às tentações. Ficamos menos pacientes. Menos amorosos. Menos esperança. Menos direção.   Deus prometeu guiar você. E nosso papel é abrir a Bíblia e ouvir o conselho dele com fé.   Na segunda parte do versículo 7, quando Davi fala “até durante a noite meu coração me ensina”, ele está provavelmente falando do tempo de oração sozinho. Deus imprime as verdades dele na nossa mente quando nós oramos. Além de usar seu tempo na Palavra, Deus usa seu tempo em oração.   Se você passar tempo na presença de Deus—na Palavra e em oração—Deus irá guiar você. Pode ser por um caminho diferente do que você tinha imaginado, mas você irá olhar para trás e poder dizer: “Bondade e misericórdia certamente me seguiram todos os dias da minha vida”.   O versículo 8 repete a oração do versículo 1—guarda-me, ó Deus—mas em forma de uma afirmação:   [8] Tenho o Senhor sempre diante de mim; estando ele à minha direita, não serei abalado.   São os pensamentos que não incluem Deus que me deixam abalado. Agitado. Angustiado.   “Eu não vou conseguir fazer isso”. “Essa situação nunca vai mudar”. “Eu nunca vou conseguir deixar esse pecado”.   Esses são pensamentos ateus. Quando eu penso assim, eu estou criando um mundo na minha mente em que Deus não existe.   Onde está Deus na frase: “Eu não vou conseguir lidar com isso, a situação nunca vai mudar”. Deus está do lado de fora. Eu exclui Deus. É por isso que eu estou tão abalado.   Como eu luto com essa agitação na minha alma? Da mesma maneira que Davi está fazendo no versículo 8.   Eu paro e penso: “Tenho o Senhor sempre diante de mim”. “Deus está comigo—com a presença dele para me fortalecer, me ajudar, e me sustentar”.   E meus pensamentos cristãos sopram com a força necessária para expulsar meus pensamentos ateus—pensamentos que não incluem Deus. Meu coração se acalma, meu medo é abafado e meu espírito é sossegado.   Às vezes, em uma questão de segundos. Às vezes, demora mais. Às vezes, demora bem mais. Mas o método de Deus para estabilizar nosso espírito agitado é nos convencer da presença dele. Você prega o mesmo sermão do versículo 8 para você mesmo, não uma vez, mas várias vezes… por dia.   Agora, se Deus—esse Deus protetor e cheio de amor—prometeu estar conosco, a presença dele tem mais um efeito em nós.   Ela nos alegra:   5.   ALEGRANDO VOCÊ (vv. 9-11)   [9] Por isso o meu coração se alegra e o meu espírito exulta [que é uma outra palavra para se alegrar];   Davi começa com “por isso”.   • Porque o meu Deus me protege. • Porque o meu Deus me separa. • Porque o meu Deus me satisfaz. • Porque o meu Deus me guia.   POR ISSO, o meu coração se alegra. Com um Deus desse, nosso coração se alegra. Pensar que Deus—o Deus do Universo—está à minha direta, perto de mim, faz nosso coração se alegrar, mesmo que às vezes com lágrimas no rosto por causa de algo difícil que está acontecendo em sua vida.   Davi agora faz uma transição do presente para o futuro:   Continuação do v.[9] (...) até o meu corpo repousará seguro [futuro]. [10] Pois não deixarás [futuro] a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção.   Ele continua falando da presença de Deus:   [11] Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, à tua direita, há delícias perpetuamente.   Ele continua com o mesmo assunto: a presença de Deus, mas agora ele move a mente para o futuro. Ele começa a pensar o que vai acontecer com ele (e conosco) quando nossos dias nesse mundo chegarem ao fim.   Se existe algo que pode nos tornar mais alegres e menos abalados, é pensar no futuro que o Senhor nos prometeu.   Continuação do v.[9] (...) até o meu corpo repousará seguro.   O que ele quer dizer com o corpo dele vai descansar seguro? Isso fica mais claro no versículo 10:   [10] Pois não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção.   QUEM É O “TEU SANTO”?   De quem Davi está falando? Ele parece estar falando dele mesmo. As duas frases estão em paralelo, como é comum nos salmos e nas poesias do Antigo Testamento. Veja as duas frases do versículo 10:   • “Não deixarás” está em paralelo com “nem permitirás”. • “minha alma” está em paralelo com “teu santo”. • “morte” está em paralelo com “corrupção”.   Davi está falando da ressurreição dele, da vida eterna que Deus dará a ele. Davi sabe que a morte não é o fim. A morte é como uma porta. E quando ela for aberta e nós chegarmos do outro lado—Deus estará lá.   Davi está falando dele—da ressurreição dele. Mas Davi não está falando SÓ dele. Pelo menos não foi assim que Pedro e Paulo interpretaram o Salmo 16. Vamos para o livro de Atos, capítulo 2, o texto que ouvimos no culto.   Versículo 25. Pedro começa a citar o Salmo 16:   [25] Porque Davi fala a respeito dele, dizendo: “Eu sempre via o Senhor diante de mim, porque ele está à minha direita, para que eu não seja abalado...   Ele vai até o versículo 28 citando o Salmo 16. Agora ele explica e aplica. Pedro pregava expositivamente:   Versículo [29] Irmãos, permitam-me falar-lhes claramente a respeito do patriarca Davi: ele morreu e foi sepultado, e o seu túmulo permanece entre nós até hoje. [30] Sendo, pois, profeta e sabendo que Deus lhe havia jurado que um dos seus descendentes se assentaria no seu trono, [31] prevendo isto, referiu-se à ressurreição de Cristo, que nem foi deixado na morte, nem o seu corpo experimentou corrupção. [32] Deus ressuscitou este Jesus, e disto todos nós somos testemunhas.   Pedro deixa claro que o Salmo 16 é também um profecia sobre o Messias. Sobre o filho de Davi que reinaria para sempre (2 Samuel 7). Um Rei com R maiúsculo.   Volte para o Salmo 16, por favor. Nossa Bíblia está certa em colocar Santo com S maiúsculo no versículo 10. Esse versículo é também uma profecia sobre o Santo (o Rei) que cumpre perfeitamente  tudo o que Davi fez e falou imperfeitamente .   • Deus era o Senhor de Davi, mas às vezes Davi trocou Deus por outras coisas nesse mundo, quando ele dormiu com Bate-Seba e assassinou Urias. • Davi tinha prazer no povo de Deus, mas nem se compara com a alegria perfeita que Jesus tem em nós. • Davi se alegrava em Deus, mas Jesus, por causa da alegria que estava proposta a ele (Hebreus 12), suportou muito mais que Davi. Jesus suportou a cruz e foi exaltado muito mais alto. Ele foi exaltado não só ao trono de Israel. Mas a um trono no céu.   O TEU SANTO: ELE É NÓS   E porque nós estamos unidos a Cristo pela fé—nós fomos mortos com ele para o pecado e nós ressuscitamos com ele para uma nova vida, o Salmo 16 também se aplica a nós.   Assim como Deus não deixou a alma de Jesus na morte, ele também não deixará a nossa alma na morte. A morte é, para você, cristão, o começo da melhor fase da sua vida. Uma fase que nunca vai terminar. Olha como o Salmo 16 termina:   [11] Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, à tua direita, há delícias perpetuamente.   Davi, pelo Espírito Santo, descreve duas qualidades da alegria que você vai experimentar em mais alguns dias:   Primeiro, ele fala de plenitude de alegria (v. 11).   A alegria que você terá quando você tiver na presença de Deus será completa, completamente cheia, sem faltar nada. Sem nada para atrapalhar. Nenhum tipo de tristeza misturada.   Todas as suas tristezas podem parecer um Golias hoje (3 metros de altura), mas quando você estiver diante do Monte Everest da glória de Deus (9km), suas tristezas serão engolidas. Elas não podem ser comparadas com a glória a ser revelada em nós.   Você ficará tão dominado pelo amor de Jesus por você, você ficará tão maravilhado em ver seu Salvador pessoalmente, que você vai não só pensar que você está no céu—você estará no céu. O dia do céu terá chegado. Esse será o dia da plenitude. Estar diante do Rei da Glória.   Mas ainda não acabou. O céu é ainda melhor.   Segundo, a última frase: ele fala de delícias perpetuamente (v. 11).   A alegria será não apenas completa. Ela será eterna. Nossas alegrias aqui são sempre temporárias. Nossa mente acaba pensando em alguma outra coisa ou alguma tristeza entra e nossa alegria é roubada. Como água derramada, não tem como recuperar.   O que Jesus está oferecendo—se você se arrepender dos seus pecados e confiar que só a morte dele na cruz pode pagar pelos seus pecados—é impossível de descrever. Nem a língua dos anjos conseguiria: 50 bilhões de anos de alegria plena... de graça.   Essa é a nova fase da sua vida, a fase que Jesus comprou com o sangue dele naquela cruz: alegria plena e perpétua porque você estará na presença dele.   Esse futuro de alegria infinita me lembrou do que o Billy Graham disse. Ele falou:   Um dia você irá ouvir que o Billy Graham está morto. Não acredite em nenhuma dessas palavras. Eu estarei mais vivo do que estou agora. Eu apenas terei mudado o meu endereço. Eu estarei na presença de Deus.   CONCLUSÃO   A Pergunta 10 do Catecismo que nós usamos com as nossas crianças aqui na igreja é: Onde Deus está? A resposta é: “Deus está em todo lugar”.   Eu amo a próxima pergunta. Pergunta 11: “Você pode ver a Deus?” Resposta: “Eu não posso ver a Deus, mas ele sempre me vê”.   Não são só as crianças que precisam saber essa verdade preciosa. Todos nós precisamos: “Eu não posso ver a Deus, mas ele sempre  me vê”.   Para você se sentir seguro, você não precisa ver a Deus nesse mundo. Basta você saber que ele vê você. E que a graça dele nos basta.   Ele sabe exatamente o que nós precisamos. Ele sabe exatamente o que nós estamos sentindo. Ele sabe exatamente o que ele precisa fazer com a nossa vida para que fiquemos sempre perto dele—na presença dele.   Um dia, você verá a Deus: O Deus que assumiu um corpo, matou a morte, ressuscitou ao terceiro dia, e hoje está vivo e assentado no trono do Universo.   O Deus e Rei que irá rasgar o céu, fazer a trombeta soar, e dar uma ordem para o nosso corpo que estava repousando seguro (como ele fez com Lázaro): “Levante-se, venha para fora”, e o nosso corpo obedecerá. E nós nos levantaremos e, com um corpo como o dele, nós vivermos com ele.   Em plenitude de alegria. Para sempre. Até chegarmos lá, o Senhor irá nos guardar. Igreja Batista Jardim Minesota Rua Clotildes Barbosa de Souza, 144 Jardim Santa Maria (Nova Veneza) 
 Sumaré - São Paulo

Salmo 16: A Alegria da Presença de Deus

O Salmo 16 é uma oração sobre como Deus manifesta a presença dele com aqueles com que ele tem um relacionamento de fé e amor com ele.

5 de Outubro de 2025 – IBJM A. Todos nós queremos ir para casa—nosso lar doce lar. —Há um anseio no coração humano por um lar   —Existem muitos programas de TV sobre reforma de casas Não sei se você já assistiu. A minha esposa gosta de assistir e eu, as vezes, assisto com ela. O que eu noto, as vezes, é uma aparente obsessão em ter um lar Não que seja errado, ter sua própria casa e até reformar ela.   B. Infelizmente, muitas pessoas tratam esta vida como se fosse seu lar eterno. —Escute o que diz Filipenses 3.18-19: “Pois muitos andam entre nós, dos quais repetidas vezes eu lhes dizia e agora digo, até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo. O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está naquilo de que deviam se envergonhar, visto que só pensam nas coisas terrenas.   C. Mas a Bíblia nos diz que existe um lar eterno para todos que estão em Cristo, que aqui não é o nosso lar. —Filipenses 3.20 diz: “Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo.”   A GRANDE IDEIA que queremos ver no nosso texto é que: Nós temos um lar eterno no céu e, por enquanto, devemos viver pela fé e não pela vista.      1. Primeiro, nós vemos nos versos 1-5 que: Temos um lar nos céus preparado por Deus. —Paulo começa dizendo, “Pois sabemos…” Isto comunica uma linguagem de esperança, de confiante expectativa. E TODO cristão pode e deve ter esta expectativa!   —Nosso texto está bem ligado com 2 Coríntios 4.16-18: Por isso não desanimamos. Pelo contrário, mesmo que o nosso ser exterior se desgaste, o nosso ser interior se renova dia a dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um eterno peso de glória, acima de toda comparação, na medida em que não olhamos para as coisas que se veem, mas para as que não se veem. Porque as coisas que se veem são temporais, mas as que não se veem são eternas.   —Nosso ser exterior—nosso corpo—está se desgastando, está morrendo. Isso se conecta com o que ele diz no v.1:    A. No momento, moramos numa tenda (v.1)      —Paulo diz que “se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer…”       —O tabernáculo é uma tenda/barraca que é frágil e temporária        A tenda a qual ele se refere é o nosso corpo Um comentarista diz assim: “A vida como tenda é uma metáfora perfeita para a breve jornada da humanidade neste mundo e retrata a instabilidade e, portanto, a vulnerabilidade da existência mortal”.        —E esta tenda que é o nosso corpo ira se desfazer—morrer.   
 B. MAS, Deus preparou para nós uma casa (v.1, 5)      —Nós temos uma casa que é bem diferente desta tenda em que moramos. Paulo a descreve assim: •    Ela não é feita por mãos humanas (indicando que é feita por Deus) •    Ela é eterna (indestrutível) •    Ela está nos céus (guardada por Deus) 
 —Esta casa segura e estável se refere a um novo corpo ressurreto, glorificado Que nunca fica doente, ou envelhece, ou morre!        Deus preparou esta casa para nós (Seus filhos) e nós para esta casa (nos salvando e santificando) —Como já falei, ela não é feita por mãos humanas, mas pela mão de Deus.   —O verso 5 ressalta isso quando diz que “foi o próprio Deus quem nos preparou para isto” Ele fez isso, nos dando o Seu Espírito (v.5).   —O Espírito Santo é a garantia (como um caução) de que estamos indo para casa—nosso lar eterno nos céus Um autor coloca assim: “O Espírito é a garantia de que um dia todos os nossos anseios por um lar serão finalmente realizados em um novo corpo ressurreto, em novos céus e nova terra.”   —Recebemos  esse Espírito Santo quando ouvimos o evangelho e cremos.   EVANGELHO: O evangelho resolve nosso problema da morte   A taxa de mortalidade humana permanece em 100% 
 A única certeza de um ser humano ao nascer: ele/ela irá morrer 
 O pecado trouxe a morte ao nosso mundo.   —Nós nascemos como pecadores e então pecamos. Tem um música bem bonita com letras horríveis, mas verdadeiras: “I Did It My Way” (literalmente, “Eu fiz do meu jeito”) Nós rejeitamos a Deus e Sua vontade para nós, vivendo a vida do nosso jeito E por isso morremos, e se Jesus não tivesse vindo, morreríamos uma segunda vez—uma morte eterna no inferno.   —Mas Cristo mudou isso, morrendo na cruz, recebendo o castigo do pecado daqueles que creriam nEle E derrotando a morte, ressuscitando —2 Cor 4.14 diz: 
 
 “sabendo que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus também nos ressuscitará com Jesus e nos apresentará juntamente com vocês.” 
 —O que aconteceu com Jesus garante o mesmo para todos os que creem em Jesus.   Romanos 8.11: Se em vocês habita o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou Cristo dentre os mortos vivificará também o corpo mortal de vocês, por meio do seu Espírito, que habita em vocês.   —Pela fé em Cristo, seremos ressuscitados e iremos para casa.   
 C. Enquanto esperamos, nós gememos por nosso lar doce lar (v.4)  —Ele fala no verso 2 “gememos”, e no verso 4, “gememos angustiados” Isso indica um anseio esperançoso E isso é colocado por Deus em nosso ser interior, por meio do Seu Espírito   Por que gememos? —Desejamos muito ser revestidos da nossa habitação celestial, nosso lar no céu (v.2)   —Gememos porque queremos ser revestidos, para que “o mortal seja absorvido pela vida”. (v.4) Estas palavras me lembram de 1 Coríntios 15.51-55. Veja comigo:  
 
 Eis que vou lhes revelar um mistério: nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade. E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade e o que é mortal se revestir de imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: “Tragada foi a morte pela vitória.” “Onde está, ó morte, a sua vitória? Onde está, ó morte, o seu aguilhão?”   
 Paulo não quer estar nu mas vestido com o seu corpo de ressurreição (v.3) —Afinal, o corpo não é mal (como muitos pensam), e ele será libertado um dia. 
 Romanos 8.23 diz: “…nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo.” 
 Filipenses 3.21 diz: “o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória… (o corpo de Jesus)”   Você tem experimentado este gemer neste últimos dias? —Você sente a dor da separação daquilo que considera seu verdadeiro lar? Ou você geme por uma tenda temporária?   —Eu não sei se vocês já alguma vez na sua vida acamparam em tendas. Eu e minha família, alguns anos atrás, acampamos com a família da Cris por várias dias nos EUA. Os primeiros dias foram maravilhosos, com várias aventuras (como esconder a comida numa caixa de metal ou no carro para que os ursos não aproximassem de nós). Mas depois de alguns dias de dormir no colchão duro no chão, de acordar com dores nas costas, de enfrentar a chuva e o frio, de ter que lidar com tendas que vazavam água, nosso corpo rapidamente começou a gemer e ansiar por nosso lar.   A última noite de acampar na tenda foi a pior noite em que acabamos tendo que remover a tenda e dormir no carro. O próximo dia partimos para casa e decidimos aquela noite ficar num hotel. QUANDO eu entrei no quarto e vi a cama, parecia que a cama brilhava quase que com a glória de Deus. E isso foi só uma cama de hotel. Imagine quando eu cheguei no meu lar doce lar!!   —Nós temos um lar nos céus preparado por Deus. É um corpo glorificado eterno criado por Deus Mas é algo que os nosso olhos ainda não veem, Por isso andamos pela fé…    2. A segunda verdade do nosso texto é que: Andamos pela fé a caminho de nosso lar (v.6-10)    —Paulo diz que é “por isso” que temos confiança “Por isso” aponta para o lar que Deus nos preparou Podemos ser confiantes acerca do nosso futuro. 2 vezes ele fala da confiança que temos, no verso 6 e verso 8.   —Esta palavra “confiança” é uma expressão de fé O grande desafio é de andarmos “por fé e não pelo que vemos” (v.7) É tão fácil viver pelo que estamos vendo, não é verdade? Focar no visível em vez do invisível   —Mas 2 Coríntios 4.18 nos diz: “Não olhamos para as coisas que se veem (ou seja, com os olhos físicos), mas para as que não se veem.” 
 Paulo nos admoesta a olhar para o que não podemos ver   
 Viver pela fé não significa uma fé cega —Paulo usa a palavra “sabemos” no verso 1 e no verso 6 também. Nós sabemos desta casa eterna, deste corpo preparado por Deus, porque Deus revelou para nós em Sua palavra.   Nós não vemos o nosso lar eterno com os nossos olhos físicos, mas sabemos e cremos no Deus verdadeiro e fiel.   —E esta fé está em Jesus, primariamente. Quero lhe mostrar 3 maneiras em que o nosso andar pela fé está relacionado a Jesus:   A. Primeiro, andamos pela fé—que o nosso lar é habitar com Jesus. —Geralmente pensamos em um lar como um prédio, Mas neste texto Paulo nos mostra primeiramente que o nosso lar eterno é o nosso corpo glorificado   E segundo, que Jesus é o nosso lar. JESUS É O NOSSO LAR ETERNO! 
 
 Paulo nos diz que ausentes do corpo (morto) significa presentes com o Senhor Jesus (v.6, 8) —Enquanto o cristão estiver no corpo, ele está ausente (em exílio) do Senhor. —No momento da morte, não ganhamos o nosso corpo ressurreto, mas entramos imediatamente em plena comunhão com o nosso Salvador.   Filipenses 1.21, Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro. No verso 23 ele diz: Estou cercado pelos dois lados, tendo o desejo de partir (morrer) e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor.   —O lar do cristão é “habitar com o Senhor.” Esta palavra “habitar” significa uma comunhão íntima, não o sono inconsciente da alma. Que o cristão já pode desfrutar em parte hoje e desfrutará plenamente no seu lar eterno.   —Irmãos, quando você enfrentar o desânimo na vida cristão, pela fé no seu lar com Cristo, tome mais um passo na direção do seu lar doce lar. Confiando que o seu Deus está te levando para casa. Não ande pelos seus sentimentos mas pela fé!   B. Segundo, andamos pela fé—com o compromisso de agradar a Jesus —Esta realidade—de habitar com Jesus—produz em nós um desejo de agradar ao Senhor Jesus “É por isso”(v.9)—pelo fato de habitarmos com o Senhor   Paulo diz que o nosso objetivo: ser agradáveis ao Senhor Jesus (v.9) (tatuagem) —A frase “nos esforçamos” significa ter como ambição   Qual é o seu compromisso de vida? •    O que queremos mais do que tudo? •    O que amamos? •    O que honramos acima de tudo? •    Qual é a nossa maior aspiração? •    Com o que sonhamos acordados? •    Qual é a nossa motivação para sair da cama todo os dias?   “O desejo de agradar ao Senhor informa o que devemos e o que não devemos desejar em primeiro lugar.” —Greg Gifford de O Coração dos Hábitos   Como o desejo de agradar a Deus deve se relacionar com os outros desejos da nossa vida,( como família, casa, amor, respeito, filhos, casamento, dinheiro, trabalho, etc?) —RESPOSTA: Seus outros desejos nunca deveriam se tornar “maiores” do que esse de agradar a Jesus.   Nosso objetivo é agradar ao Senhor Jesus porque é isto que estaremos fazendo pela eternidade no nosso lar eterno. —Fomos salvos com um objetivo, um propósito: veja 2 Cor 5.14-15: 
 
 Pois o amor de Cristo nos domina, porque reconhecemos isto: um morreu por todos; logo, todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.   —TUDO ao nosso redor está gritando, “viva para agradar a si mesmo!” Mas nós, salvos em Cristo, vivemos pela fé, buscando agradar ao nosso Salvador.   
 C. Terceiro, andamos pela fé—porque estaremos diante do tribunal de Jesus —O verso 10 nos dá uma razão importante do porque devemos buscar agradar ao Senhor: Um dia, haverá um julgamento para todos os cristãos.   —Mas, não haverá nenhuma condenação para o cristão. Não faria sentido a confiança que Paulo demonstra neste texto, se houvesse possibilidade de condenação no futuro O fato é que aquele que irá me julgar—Jesus—já foi julgado e condenado em meu lugar na cruz!   Paulo diz que seremos julgados de acordo com o bem ou o mal que tivermos feito. —O bem ou mal tem a ver com aquilo que passará o teste do julgamento de Cristo acerca do que tem valor eterno Acho que é semelhante ao que Paulo falou em 1 Coríntios 3 quando disse, a obra de cada um se tornará manifesta, pois o Dia a demonstrará. Porque será revelada pelo fogo, e o fogo provará qual é a obra de cada um. Se aquilo que alguém edificou sobre o fundamento permanecer, esse receberá recompensa. Se a obra de alguém se queimar, esse sofrerá dano. Porém ele mesmo será salvo, mas como que através do fogo.  (v.13-15)   —Nossas obras não nos justificam diante de Deus, mas são evidências que são recompensadas pelo nosso Salvador Jesus A melhor recompensa será de ouvir as palavras de Jesus: “Muito bom, servo bom e fiel!”   Paulo diz que seremos julgados de acordo com o bem ou o mal que tivermos feito no corpo. —O que fazemos com o nosso corpo é importante e eterno (v.10b)   Autor Cameron Cole diz que, 
 
 “A imagem do tribunal não evoca medo ou ansiedade, mas, em vez disso, desperta uma paixão ardente por agradar e servir a alguém que amamos.”   Andamos pela fé a caminho de nosso lar no céu •    Lembrando que o nosso lar é habitar com Jesus •    Mantendo o nosso compromisso de agradar a Jesus •    Cientes que estaremos um dia diante do tribunal de Jesus.     Conclusão: 
 Todos nós queremos ir para casa. —O apóstolo Paulo entendeu que enquanto estivesse neste corpo, ele não estava em casa—no seu lar doce lar.   —Nossa tentação: buscar o céu nesta terra. Querer o trabalho perfeito, o cônjuge perfeito, a família perfeita, a igreja perfeita, etc.   —Não é errado querer estas coisas. A questão é: o que fazemos com estes desejos? Começamos a viver pelo que vemos e nos tornamos pessoas críticas e descontentes? OU Vivemos pela fé, buscando agradar a Jesus acima de tudo?   —Paulo quer vestir seu novo corpo, estar em seu lar eterno Para agradar ao Senhor completamente - completamente livre de seu maior inimigo - o pecado. E um dia aquilo para a qual olhamos sem ver (pela fé), iremos ver com os nossos olhos!   —Não deposite sua esperança nesta tenda temporária, mas em seu lar celestial eterno habitando com Jesus. No seu corpo ressurreto, não neste corpo mortal.   Quero concluir com algumas palavras de encorajamento que li num artigo recentemente:   “Agora, cristão, lembre-se: você vai para o céu. Muito em breve, a qualquer momento, você será levado às pressas para longe de tudo o que conheceu aqui, para tirar férias eternas. Você acordará e encontrará seus pulmões cheios do ar de "uma pátria melhor" (Hebreus 11:16). Suas tristezas e suspiros desaparecerão (Isaías 51:11). Você verá Jesus face a face (Filipenses 1:23). E com ele você estará em casa (2 Coríntios 5:8).” —Scott Hubbard (Desiring God) Igreja Batista Jardim Minesota Rua Clotildes Barbosa de Souza, 144 Jardim Santa Maria (Nova Veneza) 
 Sumaré - São Paulo

2 Coríntios 5:1-10: Lar Doce Lar nos Céus

A GRANDE IDEIA que queremos ver no nosso texto é que: Nós temos um lar eterno no céu e, por enquanto, devemos viver pela fé e não pela vista.  

Série em Gálatas: A Mensagem da Cruz 
 28 de Setembro de 2025 – IBJM A vida cristã é uma vida invertida. Uma vida contrária (inversa) à maneira como os reinos desse mundo operam: • Jesus disse que nesse mundo, aqueles que governam dominam sobre os outros. Mas dentro do povo de Cristo, os grandes são aqueles que servem, não aqueles que dominam (Mateus 20:25-27). • Jesus disse que o lucro está na piedade, e as riquezas desse mundo podem trazer muito prejuízo para a nossa alma (1 Timóteo 6:6-10). • Jesus disse que o jugo dele é suave, não duro como no mundo; e o fardo dele é leve, não pesado como no mundo (Mateus 11:28-30). • Neste mundo, pobreza é uma coisa a ser evitada. No reino de Deus, ser pobre em espírito é o começo da alegria verdadeira (Mateus 5:3). • Temor é algo ruim. O temor do Senhor  é o princípio do saber dentro do reino de Deus (Provérbios 1:7). • Humilhação é negativo. Mas humilhar-se debaixo da poderosa mão de Deus é o caminho da paz e a maneira de se livrar da ansiedade (1 Pedro 5:6).   • Jesus disse que: “quem acha a sua vida a perderá. E quem perde a vida por causa dele, esse achará a vida” (Mateus 10:39).   Paulo termina Gálatas tomando a maneira como o mundo lida com glória e, também, invertendo—colocando a glória no lugar certo. Gloriar-se é pecado, mas tem um lugar em que você não só pode se gloriar, mas deve se gloriar:   [14] Mas longe de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo...   O conceito de se gloriar é central nessa passagem final. O contraste está entre a gloriar-se na carne e gloriar-se na cruz. São dois alvos de glória diferentes que levam a vidas diferentes—vidas invertidas, como nós vamos ver.   A passagem começa com Paulo tomando a pena do escriba e começando ele próprio a escrever:   ASSINATURA (v. 11)   [11] Vejam com que letras grandes escrevi a vocês de próprio punho.   Como Paulo fez com várias cartas e como era o costume na época, Paulo ditou suas palavras para um escriba escrever. Ele fez isso com Romanos. Com 1 Coríntios. E outras cartas.   Mas para mostrar a importância do que ele ainda tem a dizer, ele escreve esse final com a própria letra e ainda aumenta a fonte—o tamanho da letra: “letras grandes”.   Ele ainda não acabou. Ele vai retomar os temas que ele passou durante os 6 capítulos e pregar a mensagem da cruz uma última vez para os Gálatas e para nós.   Ele começa mostrando o lugar errado da glória:   1.     A GLÓRIA NA CARNE (vv. 12-13)   A glória no ser humano e no que nós fazemos.   [12] Todos os que querem ostentar-se na carne, esses querem obrigar vocês a se deixarem circuncidar, e agem assim somente para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo. [13] Pois nem mesmo os que se deixam circuncidar guardam a lei, mas querem apenas que vocês se submetam à circuncisão para que eles possam se gloriar na carne de vocês.   Paulo está falando dos judeus que entraram nas igrejas dos Gálatas dizendo que todos os cristãos precisam obedecer a Lei de Moisés e serem circuncidados para fazer parte do povo de Deus.   Paulo está desmascarando a motivação deles. A motivação deles não é o amor. Nem eles mesmos guardam a lei que eles querem forçar os outros a obedecer—o que mostra a hipocrisia deles. Eles são do tipo “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.   Eles têm duas motivações ruins:   A primeira motivação é a AUTOPROTEÇÃO.   Eles querem evitar a perseguição. Eles obrigam a circuncisão:   Segunda parte do v.[12]—(...) somente para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo.   Os cristãos eram perseguidos porque eles diziam que a Lei de Moisés e a circuncisão não eram mais necessários. Era isso que fazia os judeus perseguirem os cristãos.   Por que eles queriam matar Paulo? Porque ele dizia que somente fé no Cristo crucificado era suficiente para salvar um pecador. Esse era o escândalo. É esse “somente” Cristo e a cruz que cria problema para nós, cristãos, até hoje.   Mas nós não podemos abrir mão da exclusividade de Jesus, povo de Deus. Ele mesmo disse: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (João 14:6).   • Ou nós somos salvos pela nossa obediência—e a salvação e a glória pertencem ao homem. • Ou nós somos salvos pela fé no Cristo crucificado em nosso lugar—e a salvação e a glória pertencem ao Senhor (Jonas 2:9). No final das contas, só existem duas religiões no mundo. A religião das obras—o que eu faço me leva à Deus; e a religião da graça—o que Cristo fez por mim na cruz me leva a Deus.   Que o Senhor nos ajude a sermos amorosos e corajosos e não abrirmos mão de que é Cristo somente e não a obediência do homem que salva.   Os falsos mestres, por autoproteção, mudaram a mensagem do evangelho para evitar perseguição.   Autoproteção é pode ser uma tentação para todos nós. Para não sermos rejeitados pelos outros, nós somos tentados a ficar calados. Não falar nada sobre a nossa fé. Ou concordar com algo que nós sabemos que é errado só para não ofender as pessoas. Ou escondermos nossa identidade de cristão.   • As pessoas onde nós moramos sabem que nós seguimos a Cristo? • As pessoas onde nós estudamos e trabalhamos sabem que você é um “discípulo do Senhor Jesus”? • As pessoas nas suas redes sociais sabem que você ama a Jesus e veem esse amor no que você fala e faz?   Que o Senhor nos faça proclamadores amorosos e corajosos!   Que o Espírito Santo nos dê uma coragem santa de falar do nosso Salvador santo e nos livre da tentação de autoproteção.   A segunda motivação deles era a AUTOPROMOÇÃO.   Eles queriam impressionar os outros e receber o louvor dos homens:   Segunda parte do v.[13]—(...) [eles] querem apenas que vocês se submetam à circuncisão para que eles possam se gloriar na carne de vocês.   Jesus disse que esse desejo receber glória dos homens—esse desejo por reconhecimento e aceitação—ele pode ser tão forte ao ponto de ser o obstáculo para a fé.   Foi o diagnóstico que Jesus deu para a incredulidade dos judeus:   João 5:44—Como podem crer, vocês que aceitam glória uns dos outros e não procuram a glória que vem do Deus único?   Esse é um motivo suficiente para nós mortificarmos o desejo de queremos ser aceitos e amados pelas pessoas ao ponto de nos afastar do Deus único. É impressionante o que o nosso coração é capaz de fazer para recebermos glória das pessoas.   Usar determinado tipo de roupa que chame atenção para mim ou postar coisas na internet que chamem atenção para mim ou falar e fazer coisas que elevem a minha imagem diante das pessoas. Existe esse impulso no coração humano de querer ser visto e reconhecido e aceito pelos outros.   Depois que nossos pais—Adão e Eva—foram expulsos do Jardim, nosso coração ficou com esse buraco—com essa carência de glória. Nós nascemos carecendo da glória de Deus (Romanos 3:23), mas nós não deixamos nosso coração vazio.   Em nosso estado natural—em nossa carne—nós acabamos preenchendo o buraco da glória com a opinião das pessoas ou relacionamentos ou nos enchemos de bens ou buscamos nossa glória—nossa satisfação—naquilo que fazemos, incluindo até as coisas religiosas que fazemos, como era o contexto das igrejas dos Gálatas. Mas essas coisas nunca satisfazem. Existe um lugar melhor para preencher essa carência de glória. Um lugar certo.   O Espírito é aquele que nos mostra o alvo certo da glória—onde nós devemos nos gloriar:   • O versículo 12 e 13 fala da glória da carne. Esse caminho irá nos afastar do Deus vivo. • O versículo 14 e 15 fala do lugar certo da glória—o caminho que nos leva a Deus.   2.     A GLÓRIA NA CRUZ (vv. 14-15)   Paulo começa negando o tipo errado de se gloriar:   [14] Mas longe de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo... Esse primeiro tipo de gloriar-me que Paulo nega—“longe de mim gloriar-me”—se refere ao se gloriar do final do versículo 13: “se gloriar na carne de vocês”, naquilo que eles estão fazendo: circuncisão. Gloriar-se na obediência humana.   O que é exatamente esse ato de se gloriar?   Existem dois tipos de se gloriar na Bíblia: existe um tipo de gloriar-se que a Bíblia proíbe, e existe um outro tipo de gloriar-se que a Bíblia exige.   Gloriar-se é o ato de manifestar: “Aqui tem glória!”. Gloriar-se em algo coisa ou alguém é apontar para aquilo e dizer “Veja a glória”. Nós nos gloriamos naquilo que nos dá alegria e nos dá segurança. É um movimento inevitável da nossa alma.   •  Um pai ou uma mãe coruja se gloria em como o filho dele joga bem futebol ou é lindo ou é obediente. •  Uma mulher apaixonada se gloria em seu noivo—seu príncipe encantado. •  Um engenheiro se gloria no prédio que ele construiu. •  Um aluno se gloria nas boas notas dele.   GLORIAR-SE É INEVITÁVEL   É inevitável. Incontrolável. Nós vamos nos gloriar naquilo que nos confiamos e naquilo que nós nos alegramos. Nós nos gloriamos naquilo que faz nosso coração louvar.   Gloriar-se em é apontar para mim mesmo ou para alguma pessoa ou um objeto e dizer: “Veja glória!”   O problema dos judeus que estavam querendo forçar os cristãos a se circuncidarem não era que eles estavam se gloriando. Esse não era o problema deles. O problema é que eles estavam se gloriando no lugar errado.   Eles tinham a fonte errada (o que eles faziam) e eles tinham o alvo errado (eles mesmos). Eles estavam apontando para eles mesmos e dizendo: “Aqui tem glória!”. A Bíblia proíbe esse tipo de gloriar-se. Deus condena “autogloriar-se”.   Esse foi o problema da Torre de Babel. Essa foi a causa da rebelião de Satanás contra Deus. E essa foi a razão do pecado ter entrado no mundo. Glória no lugar errado. Nunca funciona. Nunca nos satisfaz. Nunca nos dá paz.   Mas existe um segundo tipo de gloriar-se! Um tipo bom, santo, correto e belo. Um tipo de gloriar-se que dá a alegria que nada nesse mundo pode oferecer. O gloriar-se que tem a fonte certa (Deus) e o alvo certo (Deus).   Nós podemos experimentar esse gloriar-se quando nós reconhecemos que a glória começa e termina, sempre, em Deus e no seu Filho Jesus Cristo.   Olha o que Paulo faz. Ele não joga fora a ideia de se gloriar. Ele a muda de lugar.   [14] Mas longe de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo...   A nossa confiança não está em nossas atividades religiosas, nossa obediência, nosso batismo, nossas orações, nossas ofertas, nem mesmo na nossa fé em si. Nossa glória é a cruz. Não qualquer cruz. A cruz do nosso Senhor Jesus Cristo.   Como é nosso Deus! Ele toma a cruz—um instrumento horrível de morte—e torna a cruz na fonte de vida eterna. Ele usa a maior injustiça já cometida nesse mundo para nos justificar diante dele. Ele usa o maior sofrimento que um ser humano já experimentou para nos levar a experimentar a maior alegria que seres humanos podem experimentar—viver de volta com Deus.   Nós nos gloriamos na cruz, não porque nós nos alegramos com o sofrimento em si do nosso Senhor Jesus, mas nós nos gloriamos (nós louvamos!) o que ele conquistou quando ele foi pregado no madeiro.   •  Na cruz, ele carregou nossos pecados. •  Na cruz, ele derrotou Satanás e os demônios. •  Na cruz, ele matou a morte e venceu o mundo. •  Na cruz, ele vindicou o nome de Deus como o Deus que julga e que salva.   Porque Jesus derramou o sangue dele naquela cruz, Deus pode derramar toda a bondade e salvação dele sobre nós. É por isso que nós amamos a mensagem da cruz. É por isso que nós nos gloriamos na cruz do nosso Senhor Jesus Cristo.   A cruz dele é a nossa vida. É da cruz que flui todo o poder para nos salvar e nos santificar.   E por causa daquela cruz, mais duas mortes aconteceram. Quando Jesus foi crucificado, mais duas crucificações aconteceram, mas eu não estou falando dos dois ladrões do lado dele.   [14] Mas longe de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu estou crucificado para o mundo.   Quando nós colocamos nossa fé no Senhor Jesus crucificado, outras duas crucificações aconteceram:   Primeiro, o mundo está crucificado para você.   O mundo—sistema desse mundo que vive em oposição a Deus—está crucificado (morto) para você. O mundo não tem mais poder sobre você. Os enganos e tentações do mundo não escravizam mais você. Eles não tem mais completo domínio sobre você.   E segundo (final do v. 14), você está crucificado (morto) para o mundo.   Você também está morto para o mundo. Os desejos pelas coisas da carne e do mundo que antes estavam tão vivos em você e dominavam você, eles foram mortos na cruz.   O relacionamento entre você e o mundo foi rompido. Ainda não completamente destruído, mas certamente derrotado. Você agora está livre para viver para Cristo e buscar a glória dele e não mais buscar glória nas coisas desse mundo.   Agora que você está unido a Cristo pela fé, você tem poder para negar a atração desse mundo. O Espírito Santo está em você. Cristo habita em você.   Você pode rejeitar as tentativas do mundo de fazer você pecar. Cristo comprou esse poder para você quando ele morreu naquela cruz por você.   O mundo morto para você e você morto para o mundo. E mortos não se relacionam.   Mas para Deus, você está vivo. Por causa da cruz, você está vivo. Crente, você é uma nova criatura que pertence a uma nova criação—um outro mundo.   NOVA CRIATURA   [15] Pois nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o ser nova criatura.   Paulo não está preocupado com a circuncisão em si. Ele mesmo circuncidou Timóteo para poder entrar nas sinagogas judaicas e pregar o evangelho.   O problema que nos faz perder o evangelho é dizer que uma pessoa precisa crer em Cristo E ser circuncidada. Isso é envenenar o evangelho e não dá mais para beber. Isso criar um outro evangelho que não salva.   Agora que Jesus veio, morreu e ressuscitou, circuncisão ou incircuncisão não importam mais. O que importa é crer em Cristo crucificado somente. E quando você crê, você se torna uma nova criatura e entrar em uma nova família e um novo reino—o reino de Cristo.   Você não se torna parte do povo de Deus guardando o sábado ou parando de comer costela de porco ou sendo circuncidado ou batizado, nem deixando de cortar o cabelo nem sendo proibido de deixar a barba crescer nem sendo batizado. Nada disso tem poder para nos justificar diante de Deus.   A única coisa que pode remover o nosso pecado e nos tornar uma nova criatura é a cruz do nosso Senhor Jesus Cristo. Se você crê nele, você já fez tudo o que você precisa. Você é parte do povo eterno do Deus eterno.   Quando o anjo fez rolar aquela pedra da sepultura onde Cristo estava, e Jesus se levantou dos mortos e saiu da sepultura, ele inaugurou a nova criação. Agora ele está chamando judeus e gentios, pessoas de toda tribo, povo, língua e nação para seguir a ele em direção à glória.   Se você atender o chamado do Senhor Jesus para deixar o mundo e os seus enganos e seguir a ele, ele promete perdão e vida eterna. Você se torna uma nova criatura—parte da nova criação que, diferente do mundo atual, vai durar para sempre.   Paulo agora vai se despedir. Ele se despede dos Gálatas como uma oração:   DESPEDIDA (vv. 16-18)   1.     ORAÇÃO (v. 16)   [16] E, a todos os que andarem em conformidade com esta regra, paz e misericórdia sejam sobre eles e sobre o Israel de Deus.   Paulo ora por paz e misericórdia sobre aqueles que concordam que ele está do lado da verdade. Ele deseja essa paz e misericórdia sobre (final do versículo 16) “o Israel de Deus”.   O Israel de Deus é a maneira de Paulo falar do povo de Deus—da igreja de Cristo: judeus e gentios que creem no Senhor Jesus.   Paulo não pode estar falando da nação de Israel literalmente porque ele disse que simplesmente ter nascido como um descendente de Abraão não é suficiente para uma pessoa ser salva. O verdadeiro Israel são aqueles que creem como Abraão creu.   Volte para o capítulo 3, por favor:   Gálatas 3:6-7—É o caso de Abraão, que “creu em Deus, e isso lhe foi atribuído para justiça”. Saibam, portanto, que os que têm fé é que são filhos de Abraão.   Agora no final do capítulo:   Gálatas 3:28-29—Assim sendo, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vocês são um em Cristo Jesus. E, se vocês são de Cristo, são também descendentes de Abraão (israelitas) e herdeiros segundo a promessa.   Você, cristão, é parte do Israel de Deus, você é um israelita da Jerusalém Celestial, você é um descendente espiritual de Abraão porque você tem fé no mesmo Deus que prometeu a mesma salvação pelo mesmo Salvador.   Você herdará com Cristo e todo o povo dele um mundo de glória na presença de Deus. Eu sei que é muito, mas é verdade. Foi o que Deus prometeu.   Antes da segunda parte da oração, Paulo interrompe para fazer uma última defesa como prova de que ele carrega a mensagem da salvação.   2.     DEFESA (v. 17)   [17] Quanto ao mais, ninguém me importune; porque eu trago no corpo as marcas de Jesus.   Os importunadores são os falsos mestres. Eles acusaram Paulo de distorcer a Palavra de Deus, atacaram a reputação de Paulo, atacaram a motivação de Paulo, como se ele estava dizendo para os gentios não obedecerem a lei de Moisés só para deixar a mensagem dele mais fácil de ser aceita, e outras acusações.   Paulo contou a história de conversão dele no capítulo 2 e como Jesus chamou a ele para ser um apóstolo para mostrar que a mensagem de Paulo não veio de homem nenhum. Ele pregava a mensagem que Jesus deu para ele.   Que contraste! Que inversão de valores!   O foco dos falsos mestres estava na marca da circuncisão, mas o que Paulo mostra são as marcas da perseguição por causa da fidelidade dele a Cristo. Ele chama as marcas no corpo dele de (versículo 17), “as marcas de Jesus”. São as marcas do sofrimento por amor ao Senhor.   • Paulo colecionou cicatrizes nas costas por causa das 5 vezes que ele recebeu 40 açoites porque ele pregava a cruz de Cristo. • A pele de Paulo que foi dilacerada quando ele foi, por três vezes, açoitado com varas. • Uma vez ele foi apedrejado e dado como morto, mas sobreviveu.   Paulo foi colecionando marcas ao longo da vida dele. Ele passou frio, fome, sede e perigo várias vezes por causa de Cristo. Essas são as marcas de Jesus que ele carrega. Essas marcas são a prova de que ele sofreu porque ele foi fiel.   Os falsos mestres não tem as marcas das feridas da fé. Eles não têm as cicatrizes da graça.  Alguns dos seguidores de Jesus passaram desse mundo para o próximo através dessas marcas no corpo:   • João Batista foi decapitado porque foi fiel. • O apóstolo Paulo foi decapitado também—a última marca dele foi no pescoço—porque ele foi fiel. • Pedro foi crucificado, mas a pedido dele mesmo, de cabeça para baixo, para ele não se achava digno de morrer da mesma maneira que o seu Rei.   Há poucos dias, Charlie Kirk passou para o mundo eterno com Cristo sendo morto por causa da mensagem que ele pregava.   E assim tem sido com milhares de cristãos fieis espalhados pelo mundo. A salvação é pela graça, mas existe um grande custo de seguir o Senhor Jesus nesse mundo.   Só na Nigéria, ano passado, 3.100 cristãos foram mortos. 20 dias atrás, dia 8 de setembro de 2025, 100 cristãos foram mortos no Congo, África. 30 deles foram mortos enquanto estavam no velório de um dos cristãos que tinha sido morto. Esse é um mundo mal. O nosso Bom Pastor disse:   — Se alguém quer vir após mim, negue a si mesmo, dia a dia tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida a perderá; e quem perder a vida por minha causa, esse a salvará (Lucas 9:23-24).   Nós não sabemos o que vai acontecer no Brasil e no mundo. Talvez alguns de nós aqui terão marcas no corpo também. O certo é que todos vocês, seguidores do Senhor Jesus, carregam e carregarão marcas na alma e na mente de vocês por causa da sua fidelidade ao seu Senhor.   Alguns de vocês têm sido maltratados e manipulados depois que vocês começaram a seguir a Jesus. Dentro da casa de vocês, dentro da família de vocês, dentro do lugar onde vocês trabalham e estudam. Não usaram açoites, mas usaram palavras que tem força para dilacerar a sua alma.   Você deixou de ser bem-vindo em certos lugares. Isolaram você. Debocham de você onde você trabalha ou estuda. Ou ficam irados com você por causa das suas posições morais que refletem o ensino da Palavra de Deus sobre sexualidade, casamento, aborto, o que é ser um homem e ser uma mulher.   Nós fomos salvos pelas marcas do Senhor Jesus nas mãos dele e nos pés dele naquela cruz. Só as marcas nele nos salvaram. Mas se fizeram aquilo com o nosso Rei, ele disse para não nos surpreendermos se perseguissem os seguidores dele também.   Peçamos graça ao Senhor para não devolver o mal com o mal, mas devolver o mal com o bem. Orem por aqueles que perseguem vocês; abençoem e façam o bem. No que depender de nós, vivamos em paz com todas as pessoas. Às vezes, não é possível (cf. Romanos 12:14-21).   E lembrem-se das palavras do Senhor Jesus perseguido e morto por amor a nós e a Deus. Ele disse:   — Bem-aventurados são vocês quando, por minha causa, os insultarem e os perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vocês. Alegrem-se e exultem, porque é grande a sua recompensa nos céus; pois assim perseguiram os profetas que viveram antes de vocês (Mateus 5:11-12).   A vida cristã é uma vida invertida. Em vez de consumidos pela tristeza, que o Senhor nos ajude a nos alegrarmos por causa da nossa recompensa nos céus: ver o Rei na beleza da sua santidade.   Paulo termina a oração com um desejo pelo que mais precisamos nesse mundo: GRAÇA.   3.     ORAÇÃO (v. 18)   [18] A graça de nosso Senhor Jesus Cristo esteja com o espírito de vocês, irmãos. Amém!   Em uma carta em que Paulo combateu o falso evangelho das obras e defendeu o verdadeiro evangelho da suficiência da cruz de Cristo, nada mais apropriado do que terminar com graça.   Durante a carta, Paulo às vezes repreendeu os Gálatas por amor com palavras firmes. Paulo ficou perplexo em ver os Gálatas se deixam enganar pelos falsos mestres, depois de terem ouvido e crido no evangelho de Cristo.   Paulo disse para eles coisas como:   Ó gálatas insensatos! Quem foi que os enfeitiçou? Não foi diante dos olhos de vocês que Jesus Cristo foi exposto como crucificado? (Gálatas 3:1).   Ele chegou a dizer:   Receio que o meu trabalho por vocês tenha sido em vão (Gálatas 4:11).   Mas Paulo escreve com fé. Ele fala do Senhor Jesus como o “ nosso ” Senhor”. Veja como ele chama os Gálatas no final: “ irmãos ”.   O Senhor irá trazer e manter suas ovelhas com ele, como uma galinha ajunta os pintinhos, como ele mesmo disse. A Palavra de Deus tem todo o poder necessário para puxar o peso de uma alma humana para perto de Jesus, de novo. O evangelho é o poder de Deus para a salvação.   Por isso, nós vivemos pela fé e proclamamos Cristo pela fé. A graça que nós ressuscitou e nos deu vida com Cristo é a mesma graça que irá nos levar aos braços dele nos céus.   Do começo ao fim, é a graça de Deus trabalhando em nós. E do começo ao fim, é a glória de Deus nosso alvo.   CONCLUSÃO   Em uma frase, Gálatas é uma defesa da mensagem da cruz. Uma defesa cheia de precisão e paixão.   Mas Paulo não escreveu simplesmente para ganhar uma disputa teológica. Não foi para vencer um debate doutrinário e ganhar uma medalha de grande argumentador.   Ele escreveu para mostrar que a verdade está do lado dele, sim, mas a intenção final dele é ver as pessoas sendo salvas e Deus sendo glorificado.   Paulo e nós sabemos que a mensagem das obras destrói as pessoas e desonra a Deus. A mensagem de que nós precisamos obedecer a lei para sermos justificados não salva e nunca salvará ninguém, porque nós somos incapazes de obedecer como Deus exige.   Nossa esperança—nossa única esperança—é alguém obedecendo em nosso lugar e esse mesmo alguém sendo punido pela nossa desobediência em nosso lugar. Esse alguém é o nosso Senhor Jesus Cristo—nosso Salvador e nosso Substituto.   Que essa seja sua esperança, hoje e todos os dias da sua vida!   A mensagem mais maravilhosa que já penetrou os ouvidos humanos é a mensagem da cruz. Como Deus faz as coisas! Ó profundidade da riqueza da sabedoria, e do conhecimento de Deus!   Deus toma um instrumento horrível de tortura e morte—a cruz—e a transforma no palco da maior manifestação de amor que esse mundo já viu.   Deus inverte—como ele costuma fazer—e: • da morte ele tira vida, • do abandono do Senhor Jesus na cruz ele tira a nossa união eterna com ele, • da condenação de Jesus ele tira a nossa salvação, • da humilhação do Rei ele manifesta a glória dele com infinito esplendor.   Esse é o nosso Deus. Esse é o nosso Senhor Jesus Cristo!   Povo de Deus, a salvação é, de acordo com a Escritura somente, pela graça somente por meio da fé somente em Cristo somente para a glória de Deus somente. E se é para nos gloriarmos, então nós vamos nos gloriar na cruz somente. Igreja Batista Jardim Minesota Rua Clotildes Barbosa de Souza, 144 Jardim Santa Maria (Nova Veneza) 
 Sumaré - São Paulo

Gálatas 6:11-18: Gloriem-se na Cruz Somente

A vida cristã é uma vida invertida. Uma vida contrária (inversa) à maneira como os reinos desse mundo operam.

Setembro - Dezembro de 2025 Igreja Batista Jardim Minesota Rua Clotildes Barbosa de Souza, 144 Jardim Santa Maria (Nova Veneza) 
 Sumaré - São Paulo

Escola Bíblica na IBJM

Setembro - Dezembro de 2025 Igreja Batista Jardim Minesota Rua Clotildes Barbosa de Souza, 144 Jardim Santa Maria (Nova Veneza) Sumaré -...

Série em Gálatas: A Mensagem da Cruz 
 21 de Setembro de 2025 – IBJM John Newton, o autor do maravilhoso hino Maravilhosa Graça, resumiu em 5 frases como ele se via. Veja se você se identifica com o que ele disse:   1.     Eu não sou o que eu devia  ser. 2.     Eu não sou o que eu quero  ser. 3.     Eu não sou o que eu espero  ser. 4.     Mas eu não sou o que eu costumava  ser. 5.     Pela graça de Deus, eu sou  o que eu sou .   Você diria essas 5 frases sobre você mesmo—sobre a sua santidade?   1.     Eu não sou o que eu devia  ser – nós estamos longe do que nós deveríamos ser por causa do pecado que ainda habita em nós. 2.     Eu não sou o que eu quero  ser – você tem um desejo por ser mais parecido com Cristo? 3.     Eu não sou o que eu espero  ser – você ainda não é o que você será no céu. 4.     Mas eu não sou o que eu costumava  ser – você tem visto mudança no seu coração ao longo do tempo? 5.     Pela graça de Deus, eu sou  o que eu sou  – sim, John Newton está certo. Todo o que nós somos de bom e tudo o que nós fazemos de bem, é por causa da graça de Deus agindo em nós.   Eu estou citando esse resumo sobre santidade do John Newton porque esse é o assunto que Paulo continua lidando: como eu ando no Espírito Santo?   Não é interessante que em uma carta que Paulo está defendendo o evangelho da graça e combatendo a ideia de que nós não somos justificados pelo que nós fazemos, ele termina a carta falando tanto sobre como nós vivemos?   Você pode imaginar uma conversa entre Paulo e os falsos mestres que se infiltraram nas igrejas da Galácia. A conversa poderia ser mais ou menos assim:   PAULO E OS FALSOS   O Falso Mestre diz: Paulo, você está dizendo que a salvação é só por causa da graça e não por causa das nossas obras? Paulo responde: “Sim, exatamente”. O Falso Mestre diz: Então nós não precisamos fazer mais nada (nada!) para sermos declarados justos por Deus—a única coisa que nós precisamos é crer em Cristo morto na cruz pelos nossos pecados? Paulo responde: “Sim, exatamente”.   O Falso Mestre diz: “Espera aí! Você está dizendo que não precisamos obedecer a lei de Moisés para fazer parte do povo de Deus?” Paulo responde: “Sim, exatamente!”   O Falso Mestre diz: “Então nós podemos viver de qualquer maneira porque a salvação é só pela graça mesmo!” Paulo responde: “Não. Não, de modo nenhum! Pela fé em Cristo, nós não estamos livres para pecar. Por causa de Cristo e do Espírito em nós, agora nós estamos livres para amar”. Livres para sermos santos.   A passagem de hoje é sobre como andar no Espírito Santo. Paulo continua explicando o versículo 25:   Capítulo 5, versículo 25: Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito.   Como nós andamos no Espírito? Paulo vai colocar mais carne e osso nessa vida espiritual—a sua vida no Espírito.   Deus, como o nosso Pai, nos dá nessa passagem 3 princípios sobre como nós devemos viver dentro da família dele. Toda família tem seus princípios, regras e rotinas. Coisas que são fundamentais para a família funcionar bem. Nessa passagem, nosso Pai Celeste está nos dando mais 3 princípios sobre como viver na família da fé.   1.     PRIMEIRO PRINCÍPIO: “O TRABALHADOR É DIGNO DO SEU SALÁRIO” (V. 6)   [6] Mas aquele que está sendo instruído na palavra [nós todos, membros da igreja] compartilhe todas as coisas boas com aquele que o instrui [pastores e líderes que ensinam].   Cuidem daqueles que lideram e ensinam vocês. Paulo está falando sobre generosidade. Nós devemos cuidar das necessidades daqueles que tem a responsabilidade de ensinar a Palavra de Deus—de pregar o evangelho.   Foi Jesus quem nos ensinou esse princípio de cuidar daqueles que ensinam. Quando ele enviou seus discípulos para pregar, ele disse:   Lucas 10:7—Fiquem na mesma casa, comendo e bebendo do que eles tiverem; porque o trabalhador é digno do seu salário.   Ou, usando as palavras de Paulo em uma outra carta—1 Coríntios:   1Coríntios 9:14—Assim também o Senhor ordenou aos que pregam o evangelho que vivam do evangelho.   Isso sempre foi o que a igreja cristã acreditou e praticou nos últimos 2.000 anos.   Eu quero dizer publicamente que vocês cuidam muito bem de mim e da minha família e, eu creio, dos pastores e daqueles que tem a responsabilidade de ensinar publicamente. Mas Gálatas 6:6 não está aqui por acaso. Esse é um assunto importante. Nós precisamos cuidar daquele que cuidam do ensino público.   Por que é importante cuidarmos das necessidades—físicas e financeiras—dos pastores e líderes da nossa igreja?   Porque cuidando bem daqueles que ensinam, nós estamos, por trás, cuidando bem daquilo que é ensinado na igreja também. Cuidando as necessidades daqueles que pregam, a igreja está dando o tempo necessário para eles se dedicarem à oração e ao ministério da Palavra—tempo para se prepararem para ensinar e pregar.   Patriarca contou a história de um homem que era pastor em uma igreja, mas ele trabalhava também no açougue de um mercado. Quando era dia de desossar o boi, ele chegava no mercado às 4h da manhã. Trabalhava o dia inteiro em pé, se trocava no banheiro do mercado e ia à noite para a igreja ensinar.   Como um homem desse, feito como nós—do pó da terra—pode se preparar devidamente para ensinar a Palavra de Deus? Trabalhar o dia inteiro, cuidar da família, ter tempo para comer e dormir E se preparar para ensinar e cuidar da igreja é uma lista longa para um dia com 24 horas.   Inevitavelmente, ele não terá o tempo necessário para cuidar de tudo. Algumas áreas vão sofrer: ou a família ou a igreja ou a saúde dele... ou as três juntas.   Algumas igrejas são pequenas e não tem recursos para sustentar um pastor, mas quando uma igreja tem condições financeiras de sustentar um pastor (ou alguns pastores), a própria igreja é abençoada, porque assim os líderes podem se dedicar a orar e estudar e não precisam dividir o tempo com outras responsabilidades.   Assim como Deus colocou policiais para nos proteger de ladrões, Deus colocou também pastores como os principais responsáveis—não os únicos, mas os principais responsáveis—para prover ensino verdadeiro e proteger a igreja de ensino falso. Nós queremos nos certificar que os nossos líderes estão em condição de ficar na linha de frente da batalha—que eles têm água, alimento, as armas e os recursos suficientes para lutar.   A característica mais importante de uma igreja é aquilo que ela crê. Aquilo que é ensinado.   • Se as cadeiras são confortáveis é secundário. • Se o ar-condicionado está funcionando bem é secundário—a menos que seja verão. • Se o sistema de som é de última geração é secundário. • Se a igreja se reúne em uma casa de palha, embaixo de uma árvore ou em um prédio moderno de 3 andares com vitrais lindos, essas coisas são absolutamente secundárias!   O primário—o mais importante na vida de uma igreja—é o ensino da igreja: a exposição da Palavra de Deus.   Essa nossa prioridade deve ser refletida em nosso cuidado com aqueles que nos instruem.   Assim como um soldado não vai à guerra pagando pelas próprias armas e aquele que planta uma vinha também come do seu fruto e quem apascenta um rebanho toma o leite da vaca, o trabalhador é digno do seu salário. Esse é o princípio que nosso Pai está nos dando para vivermos na casa de Deus.   Continuem cuidando bem daqueles que instruem vocês, povo de Deus da IBJM.   2.     SEGUNDO PRINCÍPIO: “NÓS COLHEMOS O QUE NÓS SEMEAMOS” (VV. 7-8)   Conhecido também como a lei da semeadura.   [7] Não se enganem: de Deus não se zomba. Pois aquilo que a pessoa semear, isso também colherá. [8] Quem semeia para a sua própria carne, da carne colherá corrupção; mas quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá vida eterna.   Deus implantou esse mecanismo no mundo. Nós colhemos o que nós plantamos (ou semeamos). Se eu lançar sementes de feijão no solo, vai crescer um pé de feijão e eu vou colher feijão. Ninguém lança uma semente de milho e nasce uma árvore com as tâmaras doces dos desertos da Arábia.   Mas esse princípio que Deus criou não fica restrito ao mundo das plantações. Deus o espalhou para várias áreas da nossa vida. Se vocês, crianças, semearem estudar bem a matéria, vocês colherão boas notas. Se eu comer muito e gastar pouca energia, eu colho ganho de peso. Se eu gastar mais dinheiro do que eu recebo, eu colho dívida financeira. Se eu dirigir de forma imprudente—correndo, eu colho uma multa ou um acidente.   Nós colhemos o que nós plantamos. Paulo aplica essa princípio de plantação para falar da nossa salvação (ou perdição). O versículo 8 explica o princípio do versículo 7.   Final do v.[7] (...) Pois aquilo que a pessoa semear, isso também colherá. [8] Quem semeia para a sua própria carne, da carne colherá corrupção; mas quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá vida eterna.   Dois modos de semear levam a duas colheitas diferentes. Paulo volta a falar dos dois rivais mortais: a carne e o Espírito.   Semear para a carne é viver praticando obras da carne. Isso nos levará ao que ele chama no versículo 8 de “corrupção”. Ele está falando da condenação eterna daqueles que não confiam em Cristo.   A palavra corrupção funciona como o contrário de vida. Corrupção é o que acontece com o nosso corpo quando ele morre. Ele vai se decompondo. Que é o contrário de semear no Espírito—que nos leva a vida eterna: a ressurreição cheia de glória e vida na presença de Deus.   Semear para o Espírito é andar no Espírito—não é uma vida sem pecado, mas é uma vida crescentemente caraterizada pelo fruto do Espírito.   Só existem dois tipo de plantações espirituais: semear para a carne—viver no pecado, ou semear para o Espírito—andar no Espírito.   Para quem você está semeando: para a carne ou para o Espírito?   No versículo 4, no trecho anterior, o Senhor nos chamou a nos examinarmos:   Gálatas 6:4—Mas que cada um examine o seu próprio modo de agir.   Se você examinar o seu modo de agir—o que marca a sua vida? As obras da carne: imoralidade, idolatria, ira, inveja ou o fruto do Espírito: amor, alegria, paz, paciência, bondade, mansidão, domínio próprio?   Para quem você tem semeado? Para a carne ou para o Espírito? Se alguém chegar perto de você para sentir o cheiro da sua alma—o que essa pessoa irá sentir: o cheiro de carne podre estragada ou aquele aroma do Espírito—aquele cheiro de terra molhada, que vem de um coração regado pela água da graça de Deus?   As pessoas que estão mais perto de você—o que elas veem? Uma vida dominada pela carne ou dominada pelo Espírito. Se alguém tiver acesso a sua conta bancária, nós veremos um coração nas coisas desse mundo ou nas coisas do Reino de Deus? E se alguém tiver acesso ao seu celular: essa pessoa verá o celular de alguém que é semeia para a carne ou alguém que semeia para o Espírito?   Dois tipos de estilo de vida que levam a duas colheitas eternas. O Espírito Santo está nos chamando: “Semeiem para mim e vocês colherão vida!”   Mas como o meu destino eterno pode depender do que eu faço? A salvação não é pela graça? A resposta da Bíblia é: a salvação é e sempre foi pela graça. O seu destino eterno não é definido pelo que você faz, ele é definido pela sua fé no que Cristo fez.   Mas, aqui vem a questão chave para nós entendermos a relação entre a nossa fé e as nossas obras: o seu destino eterno não é determinado pelo que você faz, mas ele é comprovado pelo que você faz—pela maneira como você vive.   A maneira como você vive—sua generosidade, seu amor, suas orações e vir ao culto—nenhuma dessas coisas podem pagar pelos seus pecados.   Só existe uma forma de Deus perdoar você e você ir para o céu: confiando que Jesus de Nazaré é o Filho de Deus que morreu na cruz pelos seus pecados. Crer que quando Jesus foi crucificado, ele estava sendo julgado no seu lugar—pelos seus pecados e você se arrepende por ter pecado contra Deus. Essa é a única forma.   Mas… mas a partir do momento em que você crê em Jesus e você tem o Espírito Santo, sua vida muda. Você é uma nova criatura. O que você faz (o que você semeia: para carne ou para Espírito) não salva você, mas prova que Jesus salvou você.   É nesse sentido que Paulo está usando o princípio da semeadura: “Nós colhemos o que nós semeamos”.   Viver semeando para a carne e pensar que irá colher vida eterna é um engano. Um grande engano. O maior de todos os enganos. Foi assim que Paulo começou esse assunto:   [7] Não se enganem: de Deus não se zomba. Pois aquilo que a pessoa semear, isso também colherá.   • Nós sabemos que Jesus foi zombado. Os soldados romanos colocaram um manto vermelho nele, uma coroa de espinhos, um caniço na mão, se ajoelharam e ficaram zombando de Jesus: “— Salve, rei dos judeus”. • Eles zombaram de Jesus, cuspindo no rosto dele, batendo na cabeça dele com o caniço e dando tapas no rosto dele. • Os sacerdotes judeus também zombaram de Jesus. Quando o Senhor Jesus estava pregado naquela cruz, eles se aproximaram de Jesus só para dizer:   — Salvou os outros, a si mesmo não pode salvar. É rei de Israel! Que ele desça da cruz, e então creremos nele. Confiou em Deus; pois que Deus venha livrá-lo agora... (Mateus 27:42-43).   Jesus foi tratado com desprezo. Humilhado, ridicularizado, zombado. Sim, é verdade. Mas de Deus não se zomba. Pensar que alguém pode viver segundo a carne—viver pecando contra Deus sem se arrepender e confiar no Filho dele—e ainda colher vida eterna, isso é um grande engano.   Nós vamos colher o que nós plantamos—para quem nós semeamos: para a carne ou para o Espírito.   Deus é um Deus de amor. Deus é amor. Deus é cheio de misericórdia e bondade. Deus é um Deus perdoador. Veja quem Deus é na atitude do pai do Filho pródigo. Nós estamos andando na direção de Deus para pedir perdão, e ele vem correndo em nossa direção para nos perdoar, nos abraçar, nos amar. Ele é:   O Senhor Deus compassivo e bondoso, tardio em irar-se e grande em misericórdia e fidelidade… (Êxodo 34:6-7).   Se você está semeando para a carne, se você está vivendo em pecado sem se arrepender, vá até o Senhor, peça perdão para ele. Ele perdoa—ele perdoa a maldade, a transgressão e o pecado.   Peça para ele olhar para o Filho dele morto no seu lugar e perdoar você, e ele perdoa. Por que você vai se atirar no inferno, quando Deus promete perdoar você se você se arrepender e crer em Cristo?   Mas todos aqueles que continuarem semeando para a carne colherão corrupção: condenação eterna. O Deus que é amor é também fogo consumidor. Hebreus, capítulo 12, versículo 29: “Porque o nosso Deus é fogo consumidor”. De Deus não se zomba.   O Jesus que foi zombado quando ele veio conquistar a nossa salvação voltará a esse mundo para ser exaltado. Ele sofreu como um cordeiro em silêncio, mas quando ele voltar, ele virá rugindo como um leão—e seus inimigos não vão suportar a vinda dele.   O povo dele estará chorando e cantando de alegria. Aqueles que permanecem se rebelando, vão chorar e gritar de desespero. Um desespero como se nunca viu na história.   Deus deu ao apóstolo João uma visão sobre a volta do Rei. E ele não viu um carpinteiro em fraqueza. Ele viu um guerreiro invencível. Eu vou ler para vocês:   Vi o céu aberto, e eis um cavalo branco. O seu cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro e julga e combate com justiça [Esse é Jesus!]. Os seus olhos são como chama de fogo; na cabeça dele há muitos diademas... Está vestido com um manto encharcado de sangue, e o seu nome é “Verbo de Deus”.   Os exércitos do céu o seguiam, montados em cavalos brancos e vestidos de linho finíssimo, branco e puro. Da sua boca sai uma espada afiada, para com ela ferir as nações. Ele mesmo as regerá com cetro de ferro e ele mesmo é o que pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso.   No seu manto e na sua coxa está escrito um nome: “Rei dos reis e Senhor dos senhores” (Apocalipse 19:11-16).   Você que está aqui hoje e ainda está semeando para a carne. Por favor, pare! Você não quer enfrentar a fúria desse Rei. Como um único golpe, ele irá enviar Satanás, os demônios e todos os que não se arrependeram para o logo de fogo, de onde eles nunca vão sair.   Mas você pode ir para a glória do céu: o mundo de perfeito amor, o lugar de eterna paz a terra de alegria sem fim.   Arrependa-se dos pecados e creia nesse Rei que foi morto como um Cordeiro na cruz no seu lugar, e você colherá vida eterna.   “O que uma pessoa semear, isso ela colherá”.   Nosso Pai Celeste está nos dando 3 princípios sobre como ele espera que vivamos na casa dele com nossos irmãos—a família da fé.   O primeiro princípio é: “o trabalho é digno do seu salário”. O segundo princípio é: “cada um colherá o que semear”.   O terceiro princípio:   3.     NÃO SE CANSE DE FAZER O BEM (VV. 9-10)   [9] E não nos cansemos de fazer o bem, porque no tempo certo faremos a colheita, se não desanimarmos. [10] Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé.   Paulo continua falando do fim dos tempos. No versículo 9, ele fala que “no tempo certo faremos a colheita”. Ele continua no mundo da plantação. Ele acabou de definir essa colheita no final do versículo 8. A colheita que nós faremos se fizermos o bem (se semearmos para o Espírito) é a vida eterna.   A motivação para não desanimarmos e continuarmos amando as pessoas—fazendo o bem—é a eternidade. A colheita futura no céu: estar com o Senhor.   A MOTIVAÇÃO: ETERNIDADE   Olhar para a colheita vai dar força para você continuar fazendo o bem. No final das contas, você serve e ama as pessoas por causa daquele dia final, quando você estará com o seu Salvador, e você quer ouvir da boca dele:   Mateus 25:21—“Muito bem, servo bom e fiel; você foi fiel no pouco, sobre o muito o colocarei; venha participar da alegria do seu senhor.”   Servo do Senhor, serva do Senhor, continue sendo fiel e fazendo o bem.   Nós precisamos ser incentivamos a perseverar em fazer o bem porque muitas vezes nós desanimamos. O Senhor precisa nos chamar a não nos cansamos de fazer o bem porque muitas vezes nós cansamos. Nós cansamos às vezes porque as pessoas não respondem bem ao nosso fazer bem a elas. Elas não são gratas como deveriam, como nós também às vezes não agradecemos porque nem percebemos os atos de bondade das pessoas.   Nós assumimos que nossa roupa é magicamente lavada e dobrada e entra na gaveta sozinha e não agradecemos quem fez. Nós assumimos que a comida quentinha veio parar na mesa e nos esquecemos que alguém trabalhou e nos serviu e nos fez bem.   Uma tentação nossa é nos cansarmos de fazer o bem e desanimarmos. Mas o Senhor quer que você se levante, arregasse as mangas, coloque o avental, e faça o bem. De novo. E de novo. E depois de ter feito o bem, fazer de novo.   FAÇA O BEM: TUDO E GENEROSIDADE   Fazer o bem nos versículo 9 e 10 inclui todas as manifestações de amor—desde trocar uma fralda e preparar refeições e receber pessoas na sua casa e animar as pessoas com as suas palavras de ânimo e aconselhar as pessoas com conselhos bíblicos e atos de generosidade, como essa passagem enfatiza.   Paulo usou o mesmo princípio da semeadura—que nós colhemos o que nós semeamos—com a igreja de Corinto, como nós ouvimos a leitura bíblica no culto em 2 Coríntios 9.   E isto afirmo: aquele que semeia pouco também colherá pouco; e o que semeia com fartura também colherá com fartura. Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade, porque Deus ama quem dá com alegria (2Coríntios 9:6-7).   Aqui vem uma outra razão para sermos generosos. A primeira razão é para colhermos a vida eterna com o Senhor. A segunda razão do porquê você pode ser generoso é que Deus está cuidando de você, ele é o seu Bom Pastor e nada lhe faltará.   Na continuação dessa passagem de 2 Coríntios, Paulo diz:   2 Coríntios 9:8—Deus pode tornar abundante em vocês toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, vocês sejam abundantes em toda boa obra.                                  Porque Deus irá suprir suas necessidades, sua segurança não está na quantidade de provisão guardada no banco ou na dispensa, mas no Provedor—seu Pai Celeste—que não deixará faltar nada para você.   Não espere ter muito sobrando para ser generoso. Não espere o seu copo transbordar para compartilhar sua água com outros que estão com sede. Não espere ter dinheiro de sobra, tempo de sobra, tranquilidade de sobra—para ser usado pelo Senhor para suprir as necessidades das pessoas a sua volta.   Veja o exemplo dos irmãos das igrejas da Macedônia. O Senhor agiu poderosamente no meio deles e mesmo sendo muito pobres, eles foram alegremente muito generosos:   2Coríntios 8:2-4—Porque, no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a profunda pobreza deles transbordou em grande riqueza de generosidade. Porque posso testemunhar que, na medida de suas posses e mesmo acima delas, eles contribuíram de forma voluntária, pedindo-nos, com insistência, a graça de participarem dessa assistência aos santos.   DOIS LADOS DOCES   Os dois lados do fruto da generosidade são doces de se experimentar. Tanto dar quando receber. Quando você é generoso—você experimenta o Espírito Santo em você. É Deus dando graça no seu coração. E ele abençoa você com bençãos espirituais. Mas receber a generosidade dos irmãos é doce também.   Para Deus, é uma oferta de aroma agradável. Para nós, é um sacrifício que nós recebemos e nos faz louvar a Deus. A generosidade é um fruto doce dos dois lados que você experimentar.   Mas o Senhor Jesus disse: Mais bem-aventurado (feliz) é dar do que receber” (Atos 20:35).   Que o Senhor nos dê fé para crer que é verdade! Que ele continue fazendo a obra dele—como eu tenho visto nessa igreja—de nos dar a graça de sermos generosos uns com os outros.   Depois de fazermos o bem, nenhum de nós irá pensar: “Eu fui amoroso demais. Eu fui generoso demais. Eu deveria ter vivido mais para mim”.   Ninguém que está no céu colhendo a vida eterna pensa assim. Nenhum de nós chegará, no leito de morte, vai pensar dessa maneira. Nós nunca vamos nos arrepender de termos sido generosos demais.   Povo de Deus da IBJM, não se cansem de fazer o bem. Não desanimem.   Ore por mais oportunidades de fazer o bem. Peça ao Espírito Santo para dar sensibilidade para você: e na próxima vez que você ouvir sobre uma necessidade, aproveite a oportunidade. Como um professor meu disse uma vez sobre evangelismo: oportunidades não faltam. O que nos falta é muitas vezes sensibilidade.   Que o Espírito nos dê um coração sensível. Em breve nós desfrutaremos da colheita da vida eterna com o Senhor.   Nós precisamos lidar como uma última questão. Nós precisamos lidar com essa palavra “principalmente” no versículo 10:   A ORDEM DO AMOR   [10] Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé.   Nós devemos amar todas as pessoas. O Senhor Jesus nos chama a amar os inimigos. A amarmos o próximo como a nós mesmos. Paulo concorda com o Senhor Jesus. Ele está dizendo: “Façamos o bem a todos”.   Mas nós somos limitados. Nós temos tempo limitado, dinheiro limitado, dons limitados. Na prática, nós precisamos fazer escolhas. É por isso que Paulo usa o “principalmente” no versículo 10. Nós devemos fazer o bem a todos, mas a família da fé—nossos irmãos em Cristo na igreja—são a nossa prioridade: eles são o nosso “principalmente” em relação ao “todos”.   Imagine que eu tenho R$ 50 sobrando. O Israel me liga e diz que está morrendo de fome e não tem dinheiro para comer. Só tinha comida para a Rafa e as meninas e ele está com o estômago roncando. Eu passo na casa dele, pego ele e nós vamos para um restaurante. Na porta, na hora de entrar, tem um homem me para e diz: “Eu estou morrendo de fome, você pode comprar comida para mim?”   Eu preciso tomar uma decisão: para quem eu vou comprar comida. Eu só tenho aquele dinheiro. Um princípio bíblico que eu devo usar para nesse momentos é o princípio da “ordem do amor”.   A primeira pessoa que desenvolveu esse princípio mais detalhadamente foi Agostinho no século 4. O princípio ficou sendo conhecido como “ ordo amoris ” no latim. No português: “a ordem do amor”.   Alguns de vocês podem estar pensando: “Você poderia ter gastado R$ 25 com o Israel para matar a fome dele e R$ 25 com aquele homem de rua”. Tudo bem. Ou eu poderia ter dado a minha comida para o homem de rua. Sim, às vezes existem alternativas para fazer o bem a todos e você não precisa escolher. Mas muitas vezes não tem como fugir.   Se nesse mês eu consigo dar R$ 100 de oferta extra, o que eu vou fazer? Eu vou dar para um irmão na igreja que eu sei que precisa, eu vou dar para um amigo de um primo que quebrou a moto, ou eu vou cobrar um tênis para o meu filho porque o dele rasgou a sola? Nossos recursos são limitados—não tem como fugir dessas decisões.   O princípio da “ordem do amor” que Paulo está usando em Gálatas é útil. Você pode pensar em diferentes círculos de proximidade e, quanto mais próxima uma pessoa, maior a sua responsabilidade em ajudá-la.   O primeiro círculo—que Paulo não está lidando aqui—é a sua família. Em 1 Timóteo 5, Paulo diz que aquele que não cuida dos da sua própria casa é pior do que um descrente e negou a própria fé (v. 8).   Minha esposa e meus filhos são minha prioridade. É minha responsabilidade cuidar das necessidades deles. Se eu tenho condição de dar só um prato de comida para alguém—se minha filha está com fome e meu vizinho está com fome—eu devo dar a minha filha.   O segundo círculo é a igreja—a “família da fé” (v. 10). A igreja deve ser minha segunda prioridade. Nós devemos contribuir para as necessidades da igreja com RPG: regularidade, proporcionalidade e generosidade.   Nós fazemos bem separando uma porção do que nós recebermos para sustentar os ministérios e as necessidades da igreja—da família da fé. Nossa igreja local. E em seguida, podemos considerar outros ministérios e irmãos fora da IBJM.   Por exemplo, imagine que uma família da nossa igreja foi assaltada e levaram o carro que não tinha seguro. E nós ficamos sabendo que uma família da Primeira Igreja Batista de Rondonópolis, Mato Grosso, também perdeu o carro. Nossa responsabilidade com uma irmão aqui é maior do que nossa responsabilidade com nossos irmãos em Rondonópolis, ainda que seria maravilhoso poder ajudá-los também.   O terceiro círculo, mais externo, é o círculo do “todos” do versículo 10. Aqueles que não são da minha família nem da igreja nem irmãos em Cristo. Os cristãos devem amar a todos e ser generosos com todos e fazer o bem a todos, mas principalmente as da família—a família de sangue e a família da fé.   Vocês repararam que eu pulei um alvo do nosso amor nessa “ordem do amor”? O principal, o primeiro e mais importante é o nosso amor a Deus. É do nosso amor a Deus que flui nosso amor às pessoas. Deus não tem nenhuma necessidade, como todos nós temos, mas você demonstra seu amor a Deus confiando em Cristo, andando na dependência do Espírito Santo, e obedecendo a Palavra dele pela fé.   Como nós vimos, quanto mais seguro você está no amor de Deus, mas livre você será para ser generoso com aquilo que Deus colocou na sua mão para fazer o bem às pessoas.   Tudo pertence ao Senhor. Nós não somos donos de nada. Nós somos simplesmente administradores dos bens dele. E ele quer que nós usemos tudo para a glória dele e o bem das pessoas.   CONCLUSÃO   Quando a fé toca o coração, ela toca no nosso bolso também. A fé afeta todo o nosso ser—todas as áreas da nossa vida, incluindo nossa relação com o dinheiro e nossos bens.   O Senhor Jesus disse:   — Não acumulem tesouros sobre a terra, onde as traças e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntem tesouros no céu, onde as traças e a ferrugem não corroem, e onde ladrões não escavam, nem roubam. Porque, onde estiver o seu tesouro, aí estará também o seu coração (Mateus 6:19-21).   Jesus está dizendo que a maneira como nós usamos nosso dinheiro e nossos bens são um termômetro da nossa vida espiritual.   Nós somos salvos só pela fé em Cristo, mas a fé em Cristo não fica só. Ela sempre produz amor, o fruto do Espírito, boas obras e atos de generosidade.   Nós podemos fazer o bem e ser generosos porque nós podemos confiar em um Deus que foi generoso conosco e nos entregou o que ele tem de mais precioso: o filho dele.   Cristão,   1.     Você não é o que você deveria ser. 2.     Você não é o que você quer ser. 3.     Você não é ainda o que você espera ser. 4.     Mas você não é o que você costumava ser. 5.     Pela graça de Deus, você é o que você é.   Com a ajuda do Senhor, semeie para o Espírito e assim você colherá vida eterna com o Rei eterno que nunca deixará você.   Nossa maior motivação para sermos generoso é porque nós temos um Deus generoso que prometeu cuidar bem de nós:   Hebreus 13:5—Que a vida de vocês seja isenta de avareza. Contentem-se com as coisas que vocês têm, porque Deus disse: “De maneira alguma deixarei você, nunca jamais o abandonarei.” Igreja Batista Jardim Minesota Rua Clotildes Barbosa de Souza, 144 Jardim Santa Maria (Nova Veneza) 
 Sumaré - São Paulo

Gálatas 6:6-10: Semeie o Bem e Colha a Vida

Toda família tem seus princípios, regras e rotinas. Coisas que são fundamentais para a família funcionar bem. Nessa passagem, nosso Pai Celeste está nos dando mais 3 princípios sobre como viver na família da fé.

Série em Gálatas: A Mensagem da Cruz 
 14 de Setembro de 2025 – IBJM A leitura que ouvimos no culto—Ezequiel 37—é uma das minhas passagens preferidas na Bíblia. Ezequiel 37—o vale dos ossos secos—é uma descrição da nossa ressurreição, do que o Senhor fez quando ele nos salvou. E, eu vejo também, retrata a história da nossa igreja. Ezequiel 37 é uma ilustração individual e coletiva para nós.   O Senhor leva o profeta Ezequiel até um vale cheio de ossos. Deus faz Ezequiel andar ao redor dos ossos para que ele veja que eles estão secos como a morte. Não existe nenhuma esperança. Esse é um retrato tanto do povo de Israel quando eles estavam exilados na Babilônia quanto um retrato do nosso estado espiritual sem Cristo: sem vida, sem esperança.   Deus faz uma pergunta para ajudar Ezequiel a colocar para fora o que ele já sabe lá dentro: “Ezequiel, esses ossos podem reviver?” Ezequiel não sabe o que dizer. Ele responde: “Senhor Deus, tu o sabes”.   Deus, então, ordena o profeta profetizar. Ezequiel, diga o seguinte:   — Assim diz o Senhor Deus a estes ossos: “Eis que farei entrar em vocês o espírito, e vocês viverão. Porei tendões sobre vocês, farei crescer carne sobre vocês e os cobrirei de pele. Porei em vocês o espírito, e vocês viverão. Então vocês saberão que eu sou o Senhor.” (Ezequiel 37:5-6).   Ezequiel abre a boca e fala com os ossos. E enquanto Ezequiel está falando, os ossos começam a se mexer. Eles começam a bater um no outro e formar esqueletos. Ezequiel continua olhando, e começam a aparecer tendões e carne e pele. Mas ainda não havia o espírito de Deus neles. Eles ainda estão mortos no chão.   Deus fala de novo com Ezequiel e manda ele pedir ao Espírito Santo:   “Venha dos quatro ventos, ó espírito, e sopre sobre estes mortos, para que vivam” (Ezequiel 37:9).   Ezequiel obedece. Ele ora para o Espírito ressuscitar aqueles mortos, e o Espírito entra neles, eles se colocam de pé. E o texto diz:   Formavam um exército, um enorme exército (Ezequiel 37:10).   Povo de Deus, foi o que Deus fez com cada um de nós quando nós estávamos mortos em nossos pecados. Pelo Espírito de Deus, pela Palavra de Deus, ele soprou vida quando nós éramos ossos secos.   Nós nos levantamos, olhamos para Cristo crucificado no nosso lugar, e agora nós estamos vivos. Vivendo no Espírito. E Deus continua formando um exército aqui na IBJM e em igrejas espalhadas pelos quatro cantos do mundo.   EZEQUIEL EM GÁLATAS   Essa profecia está se cumprindo na igreja. E essa passagem de Ezequiel casa perfeitamente com o que está acontecendo em Gálatas 5.   [25] Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito.   Esse é o versículo central dessa passagem. Todo o restante da passagem são maneiras de praticar esse chamado para “andarmos no Espírito”.   Se agora nós fomos ressuscitados, se a carne não é mais o poder dominador do seu ser, se o Espírito é o poder dominador, então vamos andar no Espírito.   Mas aqui vem mais uma peça importante do porquê essas passagens se encaixam tão bem—Ezequiel 37 e Gálatas 5.   MARCHEM NO ESPÍRITO!   A palavra que Paulo usa no versículo 25 para andar—“andemos no Espírito”—tem a ideia original de marchar. É como se Deus estivesse dizendo: “Agora que eu ressuscitei vocês, agora que vocês vivem no Espírito, então marchem seguindo a direção do Espírito”.   A imagem é de cada um de nós—o exército que Deus formou e está formando—andando enfileirado e no ritmo certo, como soldados marchando de acordo com a ordem do nosso Comandante: o Espírito Santo que fala em nome de Deus.   Nós acabamos de passar por duas listas em Gálatas 5. Nós vimos a lista das obras da carne e no domingo passado a lista do fruto do Espírito. Marchar, então, envolve duas atividades espirituais: crucificar a carne e frutificar no Espírito.   A passagem de hoje, Paulo, pelo Espírito Santo, está colocando carne e osso nessa vida no Espírito. O que é andar (marchar) no Espírito de forma concreta na vida da igreja? Crucificar e frutificar são o esqueleto. Agora nós vamos ver como essas duas atividades espirituais se manifestam na vida da nossa igreja.   A vida de santificação é uma vida em comunhão. Nós vamos ver o caráter coletivo da santificação. O contexto em que nós produzimos o fruto do Espírito é na igreja. Junto com outros pecadores como eu. Que irão pecar contra mim e eu preciso perdoar. E que irão sofrer com o meu pecado e precisam me perdoar.   Se a igreja é uma casa espiritual, como Pedro diz, o que nós vamos fazer agora é entrar nessa casa espiritual e ver a vida acontecendo lá dentro—na sala, nos quartos na cozinha. Como é o dia a dia dos soldados de Deus? O que os soldados ressuscitados do exército de Deus fazem e deixam de fazer?   1.     EXPULSE (5:26)   Expulse o orgulho (a vanglória).   [26] Não nos deixemos possuir de vanglória, provocando uns aos outros, tendo inveja uns dos outros.   Spurgeon disse uma vez: “Aquele demônio do orgulho nasceu conosco e não irá morrer nem uma hora antes de nós”. Ele tem razão.   O orgulho é uma obra da carne que nós vamos crucificar e mortificar até o dia em que nós deixamos esse corpo. Quando nós morreremos, o orgulho morre também. Ele não tem permissão para entrar no céu. Mas enquanto nós estamos vivos, ele vai insistir em viver dentro de nós também.   O orgulho—ou a van-glória—é uma glória vã. É uma glória no lugar errado: em um lugar vão—que é no eu em vez de em Deus.   Vanglória é o contrário da humildade. Vanglória é ter uma visão exagerada de si mesmo. Enquanto andar no Espírito nos deixa com um ego pequeno e batendo no peito — “Senhor, tem misericórdia de mim, pecador”, a vanglória me faz andar na carne, de nariz empinado e peito estufado, como se eu fosse o rei da cocada preta.   A grande causa do conflito nas igrejas da Galácia (e em todas as igrejas do mundo em toda a história) é a vanglória. Para o bem da igreja, para o bem da casa espiritual que é casa de Deus, nós precisamos expulsar o orgulho do nosso coração—todo os dias—para que ele não cause tremores internos dentro do povo de Deus.   Paulo lista duas manifestações da vanglória: provocando e invejando.   [26] Não nos deixemos possuir de vanglória, provocando uns aos outros, tendo inveja uns dos outros.   PROVOCANDO   Provocar não é amar. O Senhor Jesus nos chama a sermos pacificadores, não provocadores. Provocar é fazer algo intencional para irritar as pessoas.   “Você nunca faz nada certo! Eu não acredito que você fez isso de novo!”. Xingar e gritar é provocar.   Quando eu uso o tom de voz errado, eu estou provocando. Quando eu ataco a reputação de alguém, eu estou provocando. Quando eu me isolo de propósito, quando eu não falo a verdade, quando eu fico de mau-humor, quando eu não considero o que a outra pessoa tem a dizer e estou mais preocupado em responder e me defender, isso é provocar.   E provocar é o contrário de amar. Com a ajuda do Espírito, vamos expulsar a vanglória do nosso coração e da nossa igreja.   A segunda manifestação do orgulho é a inveja, uma das obras da carne que Paulo listou no versículo 22.   [26] (...) provocando uns aos outros, tendo inveja uns dos outros.   INVEJANDO   A inveja é um pecado particularmente vergonhoso de confessar, mas que todos nós precisamos lidar e crucificar porque, se ele não for mortificado, ele será manifestado na vida da igreja e quebrar nossa unidade e represar o nosso amor.   Nós podemos reconhecer a inveja no nosso coração quando alguém é convidado para algum evento e eu não: “Eu deveria ter ido!” ou quando alguém sofre e existe um senso de prazer por ver o outro se dando mal. Um tipo de “bem-feito” silencioso.   Nós podemos reconhecer a inveja no nosso coração quando nós ficamos tristes com a alegria dos outros ou quando nós ficamos alegres com a tristeza dos outros.   Mas o Senhor nos chama a chorarmos com os que choram e nos alegrarmos com aqueles que se alegram (Romanos 12:15).   É tão bonito ver quando cristãos estão se alegrando uns com os outros, mesmo quando o outro ganha um carro, ou viaja ou recebe algo do Senhor e eu não. E eu abraço e celebro e me alegro pelo outro. Eu já vi isso acontecendo aqui na igreja. E é lindo de se ver.   Deus é glorificado quando você quer algo e não tem, mas se alegra porque o outro recebeu. Deus é glorificado porque você está mostrando, com a sua vida, que Deus é muito valioso para você. Tão valioso que você não precisa de mais coisas para ter alegria e paz. Você já tem Deus.   O Espírito Santo está nos chamando: Expulsem a vanglória do coração de vocês. E você sabe qual é a maneira mais eficiente de expulsar a vanglória? É o mesmo princípio para retirar o ar de um recipiente.   Qual é a melhor maneira de retirar o ar de um vaso? Você pode usar uma máquina de sucção para que ela puxe o ar e deixa o vaso como um vácuo. Mas assim que você desligar a máquina, o ar vai voltar. Existe um forma melhor: você pode simplesmente encher o vaso de água. E a água expulsa o ar para fora.   A melhor maneira de expulsarmos a vanglória é nos enchendo do Espírito—nos enchendo do contentamento em Cristo. Como você já tem um Salvador suficiente, sua entrada no céu foi comprada com o sangue dele, você já sabe como vai terminar sua história, você não precisa daquilo que os outros têm para ficar bem.   Nós expulsamos o ar de vanglória do nosso coração enchendo-o com a água do contentamento em Cristo.   E uma igreja com membros contentes no Senhor é uma igreja que expulsa pela porta a vanglória e tranca para ele não voltar. Mas isso não é um evento. É uma marcha que, nessa vida, nunca acaba.   Povo de Deus, além de expulsar, nós devemos restaurar.   2.     RESTAURE (6:1)   [1] Irmãos, se alguém for surpreendido em alguma falta [pecado], vocês, que são espirituais, restaurem essa pessoa com espírito de brandura.   Essa é a reação contrária (e correta) da atitude anterior. Em vez de provocar e invejar uns aos outros, nós cuidamos e restauramos uns aos outros. Em vez de dureza, gentileza. Em vez de provocação, mansidão.   Os espirituais — “vocês que são espirituais” — não são uma classe especial de cristãos. Como se existissem os crentes carnais e os crentes espirituais. Os espirituais são aqueles que tem o Espírito—os crentes.   Vocês que vivem no Espírito (v. 15), vocês que são guiados pelo Espírito (v. 18), vocês que andam (marcham) no Espírito (v. 26), vocês, espirituais que tem o Espírito, restaurem .   Quando outros pecadores comprados pelo sangue do Cordeiro estão escorregando no pecado, nós não empurramos eles com nossas atitudes e palavras para eles caírem de vez. O Senhor quer nos usar como instrumentos de restauração. Você estende sua mão para ajudá-los a levantar e voltar para a corrida da fé.   Restaurar é o que Tiago e João estavam fazendo com a rede de pesca quando Jesus os chamou. Eles estavam restaurando (consertando) a rede (Mateus 4:21). Fazendo a rede ser como ela deve ser. O pecado rasga a alma dos nossos irmãos. Você é um costurador de alma. Que privilégio! Ser usado pelo Médico dos médicos, o Senhor Jesus, para costurar a alma rasgada de irmãos seus.   Restaurar era também um termo médico. O significado literal de restaurar (no versículo 1) é “colocar no lugar”. [BDAG, p. 3rd ed., (University of Chicago Press: 2000), 526].   JUNTANDO AS PARTES DA ALMA   É o que o médico faz quando um osso é deslocado ou quebrado.   Como aconteceu com nossa irmã Melissa, esposa do André. Ela estava andando na rua, pisou em falso e, 1 segundo pois, múltiplas fraturas no tornozelo. Ela contou que o barulho do osso quebrando foi tão alto que todas as pessoas em volta ouviram e foram até ela.   Melissa foi levada para o hospital, uma primeira cirurgia de 5 horas, pinos e placas foram presos nos ossos para que os ossos “voltassem para o lugar certo”. O médico precisa ser cuidadoso e manso. Ele está lidando com ossos partidos. É um procedimento delicado.   Essa restauração de um irmão também deve ser um procedimento espiritual com um certo espírito:   [1] (...) Restaurem essa pessoa com espírito de brandura.   Brandura ou gentileza ou mansidão. Esse espírito de brandura é um fruto do Espírito. É o penúltimo pedaço do fruto: mansidão.   Que nós devemos restaurar (corrigir) as pessoas com gentileza e mansidão é claro para todos nós. Se você fez alguma coisa errada: se você pecou, se você derrubou um prato no chão (sem querer) e quebrou ou se você agiu com orgulho e cometeu um pecado grave. Como você gostaria ser corrigido?   Em 1 Coríntios, Paulo pergunta para a igreja:   O que vocês preferem? Que eu vá até aí com um chicote ou com amor e espírito de mansidão? (1Coríntios 4:21).   A pergunta é retórica. Ele sabe a resposta: ninguém quer ser chicoteado. Não preferirmos ser corrigidos com amor e espírito de mansidão.   Se já é difícil para mim ouvir alguém me dizendo que eu estava errado, fica ainda mais difícil quando a pessoa fala da maneira errada.   UMA CIRURGIA DELICADA   E nós falamos com mansidão só da primeira vez, mas na segunda, terceira e quarta vez também. Porque geralmente—normalmente—o processo de restauração para colocar a alma quebrada pelo pecado de volta no lugar é uma cirurgia longa. Geralmente, mais de uma cirurgia é necessária—mais de uma conversa.   Como foi o caso da Melissa: os ossos começaram a colocar no lugar errado. E ela teve que voltar para o hospital, abrir o pé e fazer outra cirurgia. Esse é geralmente o nosso caso com a restauração espiritual.   Nós precisamos abrir a alma mais de uma vez para um irmão para que o Senhor nos remende, restaure—para que ele coloque as partes da nossa alma no lugar certo. E depois disso, nós precisamos fazer fisioterapia. Por meses. Anos.   Melissa disse que durante esse tempo de restauração do tornozelo, ela foi ajudada por muitas pessoas com refeições, limpando a casa para ela, caronas, palavras de encorajamento, orações. Ela disse que se sentiu “carregada” quando seu tornozelo estava partido.   IBJM, vamos carregar uns aos outros também. Os pedaços da nossa alma ainda não estão perfeitamente no lugar. Nós precisamos de ajuda.   Esse espírito de brandura se manifesta não só na maneira como eu olho para o outro, mas na maneira em que eu olho para mim.   EU TAMBÉM   Continuação do v.[1] (…) E que cada um tenha cuidado para que não seja também tentado.   Esse é mais um aspecto da brandura (da humildade). Se eu acho que eu estou acima e jamais cometeria esse pecado, eu vou abordar a pessoa com um espírito de vanglória, não brandura.   Mas se prego para mim mesmo: “Hoje eu estou restaurando a ele. Amanhã sou eu quem pode precisar ser restaurado” [Schreiner, Galatians  (Zondervan: 2010) 358]. Assim nós podemos restaurar uns aos outros olhando no mesmo nível, e não de cima para baixo.   Uma igreja assim (um ambiente assim) é o que permite vivermos em graça e verdade. Nós concordamos que o pecado é mau e precisamos lutar contra ele. O pecado ofende a Deus. Mas nós concordamos também que todos nós somos cheios de fraquezas e pecados e precisamos da ajuda um dos outros para chegar até o fim.   Jonathan Edwards escreveu uma série de resoluções de vida. Uma delas tem a ver como esse espírito de brandura e humildade. Ele escreveu:   Resolvi agir, em todos os aspectos, tanto no falar quanto no agir, como se ninguém fosse tão vil [pecador] quanto eu, e como se eu tivesse cometido os mesmos pecados, ou tivesse as mesmas fraquezas ou falhas dos outros; e que eu deixarei que o conhecimento de suas falhas não promova outra coisa senão vergonha em mim mesmo, aproveitarei esta ocasião para confessar meus próprios pecados e miséria a Deus.   Esse é um homem espiritual falando. Um homem que tem o Espírito. Como todos nós, crentes, temos. Jonathan Edwards tinha 19 anos quando ele escreveu essa resolução.   Com a ajuda do Senhor, nós podemos marchar no Espírito e restaurar uns aos outros com espírito de brandura.   Terceiro cômodo da casa espiritual, mais uma maneira em que viver no Espírito acontece na vida da igreja:   3.     CARREGUE (6:2-3)   Expulse (a vanglória). Restaure (com brandura). Carregue (a carga).   [2] Levem as cargas uns dos outros e, assim, estarão cumprindo a lei de Cristo.   O Senhor Jesus carregou a carga mais pesada do Universo. Ele levou, sozinho, as bilhões de toneladas dos nossos pecados até a cruz. Agora, na força dele, na força do Espírito, ele nos chama a carregar a carga dos nossos irmãos.   Não carregar para salvá-los, como ele fez. Mas levar o peso com eles para eles conseguirem continuar marchando até eles chegarem no destino final.   A carga do seu irmão (da sua irmã) que você deve levar pode ser uma dificuldade com saúde ou uma dificuldade com dinheiro ou uma dificuldade com o relacionamento no casamento ou com os filhos ou uma dificuldade com um pecado ou uma dificuldade com muitas dificuldades ao mesmo tempo. E fica muito pesado.   O problema (a carga) dos outros, em vez de nos distanciar, deve nos aproximar, como o Senhor Jesus sujou as mãos para limpar o problema dos pés sujos dos discípulos (em vez de ficar longe deles) e, ainda mais, como ele sangrou na cruz para nos lavar do nosso pecado e se unir a nós—para sempre!   Vários de nós já passamos por momentos assim. Alguns em nossa igreja estão passando por momentos assim. E todos nós passaremos por momentos assim. O peso parece maior do que nós conseguimos carregar. Sozinho, nós não conseguimos sair do lugar.   Ninguém levanta uma mesa grande de mármore e a muda de lugar sozinho. Mas 4 homens juntos conseguem. O peso é distribuído. Nossa alma é mais pesada que uma mesa de mármore de 20 lugares. Nós precisamos da força do Espírito através de homens e mulheres de Deus.   Povo de Deus, eu vejo isso acontecendo em nossa igreja. Vamos continuar. Leve a carga do seu irmão: orando junto com ele, sendo generoso com seus recursos, aconselhando, chorando junto.   O CUMPRIMENTO DA LEI—DE CRISTO!   Quando você carrega a carga de um irmão, (veja o texto):   Final do v.[2] (...) e, assim, estarão cumprindo a lei de Cristo.   A lei de Cristo é a lei do amor. Nós não estamos mais debaixo da lei de Moisés. A Antiga Aliança ficou antiga. Ficou para trás. Como o autor de Hebreus diz: “Ficou obsoleta”. Agora nós vivemos na Nova Aliança, nós vivemos no Espírito, mas nós também temos uma lei. Não a Lei de Moisés nos proibindo de comer porco, mas a lei de Cristo nos chamando a amar e não pecar.   Nós cumprimos a lei de Cristo quando nós amamos as pessoas, obedecendo a Palavra do Senhor na Palavra de Deus. Se você quer saber o que é a lei de Cristo, olhe para Jesus: ele é o exemplo e a explicação da lei. Ele é o modelo e a manifestação da lei.   Se nós queremos entender o que é o amor e amar as pessoas, nós precisamos olhar para Cristo. Nós estamos obedecendo a lei de Cristo quando nós estamos vivendo como ele—amando.   Essa é a lei que rege a IBJM. Essa é a nossa constituição: a lei do nosso Rei.   CONTRA ESTAS COISAS NÃO HÁ LEI   No sermão passado eu acabei pulando uma frase. No final do versículo 23, depois de listar os pedaços do fruto do Espírito, Paulo diz:   [23] (...) Contra estas coisas não há lei.   Invertendo a ordem das palavras para facilitar: “Não há lei contra estas coisas—contra o fruto do Espírito”. Não há lei contra o amor, a alegria, a paz. É isso que eu entendo que Paulo está dizendo.   A razão por que ele está dizendo isso é porque os falsos mestres estão tão aficionados com a lei de Moisés e lei, e lei, e lei—que Paulo está dizendo: você me atacam tanto porque eu digo que nós não estamos mais debaixo da lei de Moisés, muito bem: contra o que eu estou defendendo, não existe nada contra na lei de vocês.   O último cômodo—o último quarto—da casa espiritual que nós vamos entrar para observar a vida cristã acontecendo, é o exame. O exame de nós mesmos.   Cristão, você anda (marcha) no Espírito expulsando o orgulho, restaurando seu irmão, carregando a carga dele, e se examinando.   4.     EXAMINE (6:3-5)   O foco agora muda de olhar para os outros para olhar para si mesmo, mas o propósito continua sendo o amor aos outros e a glória de Deus.   [3] Porque, se alguém julga ser alguma coisa, não sendo nada, engana a si mesmo.   Paulo não está dizendo que os seres humanos não têm nenhum valor. Nós fomos criados à imagem de Deus. O ser humano é a coroa da criação.   É por isso que nós somos absolutamente contra o aborto e a eutanásia. Porque nós não assassinamos seres humanos, não importa o tamanho que eles têm ou a capacidade que eles têm de fazer alguma coisa. O valor do ser humano não está no que ele faz, mas no que ele é—imagem e semelhança de Deus.   O ponto de Paulo aqui é não nos orgulharmos pelo que nós fazemos como se nós tivéssemos a capacidade de fazer alguma coisa sem a ajuda do Senhor. Como se nós pudéssemos receber o louvor por ter feito alguma coisa sem nossa completa dependência do Espírito de Deus e da graça de Deus. Isso é enganar a si mesmo.   O que nós devemos fazer é o que nós cantamos antes do sermão:   Tudo o que alcançamos vem de Tuas mãos E os frutos que colhemos são presentes dos céus Somos meros vasos Teus, portando teu tesouro E existimos pra Tua glória, ó Deus   Não a nós, só ao Teu nome Seja toda a glória, a glória, pra sempre   Como o Salmo 115 também diz.   Em vez de nos gloriarmos nas coisas que fazemos, Paulo nos chama a nos examinarmos:   [4] Mas que cada um examine o seu próprio modo de agir...   Existe uma maneira de se examinar que é ruim. Existe uma forma de se viver em que você está pensando no que você está fazendo e olhando para os seus pecados sem levantar os olhos e ver Cristo na cruz morto pelos seus pecados.   Mas o autoexame é um excelente exercício espiritual: eu estou vivendo de acordo com o Espírito? Em estou mortificando o meu pecado? Eu estou sendo dominado por algum pecado—impureza, raiva, ganância, vaidade. Eu estou sendo amoroso com as pessoas à minha volta—em casa, na igreja.   A continuação do versículo 4 e o versículo 5 deixam mais claro que tipo de autoexame está falando:   [4] Mas que cada um examine o seu próprio modo de agir e, então, terá motivo de gloriar-se unicamente em si e não em outro. [5] Porque cada um levará o seu próprio fardo.   Esses versículos não são muito fáceis de entender. Uma chave para entender o que Paulo está dizendo é repararmos no tempo que ele está usando. Ele está falando do futuro: “terá motivo de gloriar-se”. Versículo 5: “Cada um levará (futuro) o seu próprio fardo”. Paulo está falando do julgamento final.   Em outras palavras: quando você se examinar, não fique se comparando com os outros e aplaudindo a você mesmo: veja como eu faço mais que os outros, veja como eu sou mais maduro. Não fique se achando se comparando com os outros.   Cada um de nós levará o próprio fardo—ou seja, nós somos responsáveis pelo que nós fazemos, não os outros. Nós seremos julgados, não de acordo com o que os outros fizeram, mas de acordo com o que eu fiz.   Você serve outras pessoas, mas no final das contas, o seu serviço é ao Senhor. Você serve o seu Senhor servindo seus irmãos. Amando a eles.   Repare como o nosso amor pelos outros é centrado no amor a Deus.   A ideia central desses versos é: não fique se comparando com os outros. Viva para a glória de Deus com os dons que ele deu a você. Ame as pessoas. O seu padrão de comparação é Cristo, não os outros.   Ande humildemente com o seu Deus. Ande no Espírito e cresça na semelhança com ele. Seus irmãos não são seus competidores. Eles são seus cooperadores na obra do Senhor.   Uma igreja assim é uma igreja centrada em Deus, focada em Cristo, dependente do Espírito e cheia de amor. Se nós marcharmos assim, nós vamos chegar até o fim.   CONCLUSÃO   •  Uma marcha que você sabe COMO vai terminar: irá terminar em VITÓRIA. •  Uma marcha que você sabe ONDE vai terminar: irá terminar na GLÓRIA. •  Uma marcha que você sabe com QUEM vai terminar: irá terminar com CRISTO.   Continue marchando no Espírito: expulsando a vanglória, restaurando seus irmãos, carregando o carga deles, enquanto examinamos o nosso coração.   [25] Se vivemos no Espírito, marchemos também no Espírito. Igreja Batista Jardim Minesota Rua Clotildes Barbosa de Souza, 144 Jardim Santa Maria (Nova Veneza) 
 Sumaré - São Paulo

Gálatas 5:25-6:1-5: Como Andar no Espírito

Ande humildemente com o seu Deus. Ande no Espírito e cresça na semelhança com ele. Seus irmãos não são seus competidores. Eles são seus cooperadores na obra do Senhor.

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