top of page

Posts List

Série em Gálatas: A Mensagem da Cruz 
 16 de março de 2025 – IBJM Você já percebeu que para existir qualquer tipo de relacionamento, precisa existir uma determinada unidade entre você e a outra pessoa? Isso não significa que as pessoas precisam concordar em tudo, mas elas precisam concordar em algumas questões essenciais.   Eu vou dar alguns exemplos:   Em uma sala de aula: se o professor quer ensinar matemática, mas os alunos querem aprender como jogar Fortnite  no videogame, o relacionamento não vai funcionar. A sala de aula se torna um caos. Precisa haver uma unidade sobre o que deve acontecer naquela sala.   Em uma empresa, como a 3M: se o diretor quer produzir fita adesiva, mas os operários na fábrica querem fazer fatias de pão, o relacionamento não vai funcionar. Eles não têm unidade de pensamento.   Se em um time de basquete, os jogadores não estiverem unidos para pegar a bola com as mãos e jogar na cesta certa, mas um quer chutar a bola e o outro quer acertar na cesta do próprio time, o relacionamento não vai funcionar. Não existe unidade.   Isso vale para que um casamento continue acontecendo, para que um relacionamento entre pais e filhos continue florescendo, para qualquer tipo de relacionamento.  Incluindo a vida cristã. Relacionamentos só existem onde há unidade.   Para nós termos um relacionamento na IBJM como membros que se amam, nós precisamos de uma determinada unidade. No nosso caso, a nossa unidade está no evangelho. A nossa unidade está na verdade da mensagem de Jesus Cristo.   O evangelho é o laço de amor que nos amarra. Os laços do evangelho tem tanto poder, tanta força, que nem depois de milhões de anos esses laços vão se gastar e romper.   Um dia, salas de aula de matemática vão deixar de existir. Times de basquete vão deixar de existir. Um dia, a 3M vai deixar de operar. Mas a igreja vai permanecer para sempre.   Mas para essa união continuar, nós precisamos continuar amarrados à verdade. É a verdade do evangelho que produz unidade na igreja.   Paulo continua a mini-biografia dele, mas o propósito dele em contar essas histórias é mostrar que o evangelho que Paulo prega é o evangelho verdadeiro e os Gálatas (e nós!) devemos ficar amarrados na verdade desse evangelho.   Paulo não está tão preocupado com a reputação dele—como nós também não deveríamos estar. Paulo está preocupado com a salvação das pessoas—como nós também deveríamos estar.   O assunto principal dessa passagem é a UNIDADE entre os apóstolos, mas ao longo da defesa de Paulo, ele aproveita para falar de outros frutos que a verdade do evangelho produz.   Mas antes de falar dos frutos do evangelho, Paulo conta mais da história dele para mostrar também que, apesar de todos os apóstolos terem unidade no que eles ensinavam, Paulo não dependeu dos outros apóstolos para pregar. Ele dependeu só de Cristo que salvou e chamou Paulo na estrada para Damasco.   CONTEXTO: SEGUNDA VISITA À JERUSALÉM (vv. 1-2) Além do que ele já tinha falado no capítulo 1, Paulo dá mais duas informações para provar isso:   Primeiro Fato: a segunda visita dele à Jerusalém demorou muito tempo:   [1] Catorze anos depois, fui outra vez a Jerusalém com Barnabé, levando também Tito.   Paulo visitou Jerusalém 3 anos depois da conversão. E a segunda visita foi 14 anos depois da conversão. Ou seja, Paulo ficou 10 anos sem ter nenhuma conversa teológica com outro apóstolo.   Segundo Fato: Paulo foi a Jerusalém, não porque ele precisava tirar umas dúvidas com Pedro. Ele foi para Jerusalém porque Deus deu essa ordem para ele.   [2] Fui em obediência a uma revelação [de Deus!]. E lhes apresentei o evangelho que prego entre os gentios — mas fiz isso em particular aos que pareciam de maior influência —, para não correr ou ter corrido em vão.   Esses de “maior influência” são os apóstolos.   Paulo está quebrando o argumento dos falsos irmãos que estão tentando enganar os Gálatas. Eles estão dizendo que Paulo se desviou do evangelho ensinado em Jerusalém pelos apóstolos. Paulo está mostrando que a autoridade dele e o ensino dele vieram diretamente de Jesus. Por isso, Paulo não precisava ir para Jerusalém ter aula de teologia na Seminário Apostólico da Judeia. Paulo aprendeu com o Mestre Jesus—a teologia em carne e osso. Por isso os Gálatas deveriam continuar acreditando no evangelho que Paulo pregou e jogar no lixo a mensagem de salvação pelas obras.   Paulo agora usa experiências que ele teve durante o ministério para mostrar os frutos abençoados do evangelho verdadeiro e, ao mesmo tempo, mostrar como o falso evangelho dos falsos irmãos gera frutos podres e tira a vida da árvore do evangelho.   Primeiro Fruto:   1.     LIBERDADE: ACRESCENTAR OBRAS AO EVANGELHO É PERDER A LIBERDADE (vv. 3-5)   [3] Mas, nem mesmo Tito, que estava comigo, sendo grego, foi obrigado a submeter-se à circuncisão. [4] E isto surgiu por causa dos falsos irmãos que se haviam infiltrado para espreitar a liberdade que temos em Cristo Jesus e nos reduzir à escravidão. [5] A esses não nos submetemos por um instante sequer, para que a verdade do evangelho permanecesse entre vocês.   Acrescentar qualquer tipo de obra ao evangelho é, segundo Paulo, perder a verdade do evangelho (v. 5). Se Paulo deixasse Tito ser circuncidado, como os falsos irmãos estavam exigindo, isso seria se “reduzir à escravidão”.   Seria colocar algemas nas mãos e nos pés e perder a liberdade. Não liberdade para pecar. Liberdade de andar no Espírito. Liberdade da condenação que a lei traz por causa do nosso pecado.   E agora vem esse grupo dizendo que os cristãos precisam se submeter a lei de Moisés e se circuncidar para serem parte do povo de Deus.   No tempo do Antigo Testamento—na Antiga Aliança—Deus ordenou que os homens fossem circuncidados ao oitavo dia como um sinal da aliança com Deus.   O NOVO CHEGOU   Mas agora que Jesus veio, a Antiga Aliança ficou obsoleta. Jesus inaugurou uma Nova Aliança—para onde todo o Antigo Testamento apontava. Exigir que os gentios fossem circuncidados seria perder o evangelho. Por isso Paulo não aceitou de maneira nenhuma. E os outros apóstolos em Jerusalém concordaram e não aceitaram de maneira nenhuma. “Nem por um instante sequer”.   Mas isso não é um exagero? Por que Paulo não deixa para lá? Os judaizantes não estão dizendo que Jesus não é o Messias. Eles não estão dizendo que não é necessário crer em Jesus. Eles dizem que, sim: “Jesus é o Filho de Deus, você precisa crer nele para ser salvo”. E, acrescentar a circuncisão.   Isso é basicamente o que os Adventistas do Sétimo Dia fazem. Sim, Jesus—a obra dele na cruz, claro. Mais... guardar o sábado.   Esse é o mesmo problema do Catolicismo Romano. Eles não negam que Jesus é o Cristo, o Salvador. Mas eles também acrescentam obras à justificação—como o batismo e até nossa santificação.   Por que nós não deixamos isso para lá e temos unidade com os adventistas e católicos e outros grupos que acrescentam obras à justificação, mas dizem crer em Cristo?   Porque só existe unidade na verdade do evangelho. Paulo não está exagerando. E os cristãos hoje que consideram o ensino desses grupos um desvio do evangelho não estão exagerando.   O que nós estamos fazendo é protegendo a verdade do evangelho, protegendo a vida da igreja e protegendo a glória de Cristo.   Acrescentar a necessidade de obras à justificação (ao perdão de Deus) é transformar a salvação de uma obra de Deus em uma obra do homem. É pegar a oração de Jonas na barriga do peixe—“Ao Senhor pertence a salvação”—e acrescentar: “Ao Senhor e ao Homem pertencem a salvação”. É esse nível de gravidade. É perder a verdade do evangelho.   Paulo considera essas pessoas (versículo 3) “falsos irmãos”. Nós não nos submetemos a eles (versículo 5) “para que a verdade do evangelho permanecesse entre vocês”.   MAS E TIMÓTEO?   Por isso Paulo não permitiu que Tito se circuncidasse “por um instante sequer”. Mas porque Paulo não fez a mesma coisa com Timóteo?  Alguns de vocês se lembram que com Timóteo Paulo agiu diferente. Antes de levar Timóteo em uma viagem, Paulo circuncidou Timóteo—o texto diz em Atos 16—“por causa dos judeus daqueles lugares” (v. 3).   Não dá para comparar o caso de Tito com o caso de Timóteo. É como comparar banana com laranja. Tito era gentio e os judaizantes queriam circuncidá-lo para que ele fosse parte do povo de Deus. Mas Timóteo era considerado judeu porque a mãe dele era judia, apesar do pai ser grego.   Segundo, Paulo circuncidou Timóteo por um motivo missionário. Como todo mundo sabia que Timóteo era filho de uma judia, ele não poderia entrar em uma sinagoga com Paulo para pregar o evangelho.   Mas com Tito a questão era o evangelho—o que é necessário para ser parte do povo de Deus: fé em Cristo somente ou fé mais circuncisão?   Tito e Timóteo estavam em situações diferentes.   Segundo Fruto da Árvore do Evangelho:   2.     AUTORIDADE: A AUTORIDADE DO EVANGELHO ESTÁ EM DEUS (v. 6)   [6] E, quanto àqueles que pareciam ser alguma coisa — o que eles foram, no passado, não me interessa; Deus não aceita a aparência do homem —, esses, digo, que pareciam ser de maior influência, nada me acrescentaram.   Paulo parece que está sendo orgulhoso:   “— Os apóstolos nada me acrescentaram”. “— O que eles foram no passado não me interessa”.   Paulo não está sendo orgulhoso. Ele não está dizendo que ele não tinha nada para aprender com Pedro. Paulo está também mostrando que a autoridade da mensagem do evangelho não está em um homem—nem mesmo nos apóstolos. A autoridade da mensagem está no próprio Deus.   Para nós, a lição é a seguinte: a autoridade da mensagem de uma pessoa só existe até o ponto em que ela é fiel a Palavra de Deus.   Não importa quem seja. Pode ser um escritor cristão que vendeu 1 milhão de livros, pode ser um pregador com 1 milhão de seguidores na internet, pode ser brasileiro ou americano ou inglês ou africano, pode ser alguém que viveu durante a Reforma ou um Puritano.   Pode ser Agostinho ou Lutero ou Calvino ou Piper ou Nicodemus. Eu amo esses homens. Nós podemos aprender muito com eles. Mas se eles falaram ou falarem algo diferente do que está na Bíblia (ou eu falar alguma coisa que não está na Bíblia), você fica com a Bíblia. Sempre.   Deus não aceita a aparência do homem (v. 6).   Nós precisamos de sabedoria para termos gratidão pelo que aprendemos das pessoas, precisamos de humildade para ouvir e aprender com os outros, mas não confunda respeitar com venerar.   Nós não criamos um fã clube de alguém como se nós fôssemos obrigados a defender todas as posições dele. Nós devemos fidelidade à Palavra de Deus. Nós amamos homens e mulheres de Deus. Nós respeitamos. Mas nós não veneramos.   Eu me lembro de anos atrás estar em uma conferência e ouvir pela primeira vez um pastor chamado Stuart Ollyot, do país de Gales. Eu nunca tinha visto nada parecido em minha vida. Eu fiquei de boca aberta, queixo no chão, baba escorrendo. “Uau”.   Eu não fui cuidadoso com o meu coração. Eu me deixei ficar mais impressionado com o homem de Deus do que o Deus daquele homem. No mesmo dia, o Senhor me mostrou o meu pecado e me corrigiu. Eu agradeço ao Senhor pela vida dele até hoje, mas ele é só um instrumento de Deus. Ele é o vaso, não o tesouro.   Nossa fidelidade final está com a Palavra de Deus—onde está a autoridade final. Esse é o ponto de Paulo no versículo 6.   Mas existe um outro extremo. Um extremo que me parece muito comum em nossos dias. O extremo de rejeitar qualquer tipo de liderança. Uma inclinação para se rebelar contra as autoridades que Deus coloca sobre nós (o governo, nossos pais, pastores, chefes no trabalho).   Jovens, essa pode ser uma tentação especialmente para vocês, mas todos nós temos que lidar com esse espírito de rebeldia e criticismo exagerado e pecaminoso.   O cristão é alguém inclinado a submissão às autoridades que Deus coloca em nossa vida. Se elas não nos levam a pecar, nossa inclinação deve ser obedecer.   Para que lado errado você vê seu coração mais inclinado? Você se sente mais tentado a se rebelar contra as autoridades em sua vida e criticar para não se submeter OU você se sente mais tentado a venerar ser humanos feitos do pó da terra?   Paulo não estava dizendo que Pedro não tinha a autoridade de apóstolo. Paulo reconhece. Mas Paulo está mostrando que a autoridade final está em Deus.   Respeite a liderança das pessoas que Deus colocou em sua vida. Tenha um espírito humilde e submisso, se eles não levam você a pecar. Mas lembre-se que todos os seres humanos são falhos e têm pecado. Sua lealdade maior deve ser sempre à Deus.   Uma doutrina é verdadeira não porque um homem disse. Uma doutrina é verdadeira porque Deus disse e está na Bíblia.   Primeiro Fruto: LIBERDADE. Segundo: AUTORIDADE. O terceiro fruto da árvore do evangelho que produz vida é a:   3.     DIVERSIDADE: A VERDADE DO EVANGELHO PRODUZ DIVERSIDADE NA IGREJA (vv. 7-8)   [7] Pelo contrário, quando viram que me havia sido confiado o evangelho da incircuncisão, assim como a Pedro foi confiado o evangelho da circuncisão [8] — pois aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado da circuncisão também operou eficazmente em mim para com os gentios —   Mesmo Deus, mesmo evangelho, mesma missão—fazer discípulos, mas um chamado diferente.   Pedro, Deus enviou para os judeus—o apostolado da circuncisão. Paulo, Deus enviou para os gentios—o apostolado da incircuncisão.   O que Deus fez dentro do grupo dos apóstolos ele continua dentro da igreja. A diversidade não está só no lugar onde nós servimos. A diversidade está também nos dons que nós recebemos.   Uma das imagens que a Bíblia usa para falar da igreja é um corpo. Cristo é o cabeça e nós somos os membros do corpo. Para o corpo funcionar bem, nós seguimos a liderança do nosso Cabeça e fazemos o que nós devemos fazer—cada um no seu papel.   Imagine se o seu corpo, no lugar dos seus dois olhos, tivesse dois braços. Isso não seria um corpo saudável. E se no lugar das suas duas pernas, você tivesse mais duas orelhas enormes. E se em vez de braços, você tivesse mais dois olhos. Ou tira a sua boca e coloca uma terceira perna no seu rosto. Que tal?   IBJM, para a nossa igreja chegar “à medida da estatura de Cristo” (Efésios 4:13) cada um de vocês deve executar seu papel no corpo, de acordo com os dons que Deus deu a você pessoalmente.   Existem milhões de necessidades e milhões de oportunidades em nossa igreja. Por trás de cada foto do diretório de membros e por trás de cada rosto aqui, existem histórias e lágrimas e sorrisos e necessidade de encorajamento, de conselho, de refeições, de caronas, de ofertas, de tempo—necessidade de um ouvido para ouvir e coração para entender o que alguém tem a dizer.   Necessidades e oportunidades de discipular e evangelizar. De servir e ajudar—ajudar com bebês, com crianças, com adolescentes, com jovens, com adultos. Orar, enviar mensagem, ligar, visitar, aconselhar, sentar para ter conversar espirituais.   Eu vejo isso acontecendo em nossa igreja. Eu louvo a Deus que dá dons e está nos preparando para nos encontrarmos com Cristo.   Membro, membro do corpo, continue usando seus dons para a edificação do corpo de Cristo (Efésios 4:12).  E se por algum motivo nas últimas semanas ou meses (ou anos) você está dormente, você pode começar com a ajuda de Deus a se mexer e o sangue voltar a circular na sua alma.   Efésios 4:15-16—Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem-ajustado e consolidado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio crescimento para a edificação de si mesmo em amor.   E a beleza da diversidade fica ainda mais bela quando nós olhamos para ela junto com o próximo fruto: a unidade.   A verdade do evangelho produz diversidade na igreja. E:   4.     UNIDADE: A VERDADE DO EVANGELHO PRODUZ UNIDADE NA IGREJA (v. 9)   Esse é o ponto mais importante da passagem: a ênfase de Paulo está na unidade que existe entre ele e os apóstolos.   [9] e, quando reconheceram a graça que me foi dada, Tiago, Cefas [que é Pedro] e João, que eram reputados colunas, estenderam a mim e a Barnabé a mão direita da comunhão, a fim de que nós fôssemos para os gentios e eles fossem para a circuncisão.   Paulo está quebrando o argumento dos falsos irmãos que se infiltraram nas igrejas dizendo que a mensagem de Paulo e a mensagem de Pedro era diferente. Todos os apóstolos concordaram que não deveriam circuncidar Tito. Os apóstolos de Jerusalém reconheceram que Paulo recebeu graça para pregar aos gentios.   Paulo e Pedro e Tiago e João e os cristãos ao longo de 2 mil anos pregam o mesmo evangelho—a mesma verdade. É por isso que eles olham um para o outro, sorriem, apertam a mão e se abraçam. Não podemos discordar em pontos secundários—às vezes até importantes como o batismo, mas secundários.   Mas no que se refere à mensagem do evangelho: “a salvação pela graça somente por meio da fé somente em Cristo somente”—morto da cruz pelos nossos pecados—essa é a mesma mensagem que os cristãos pregam pelo últimos 2 mil anos.   A beleza da diversidade no corpo de Cristo fica ainda mais bonita por causa dessa unidade. A unidade que só a verdade pode criar. Nós somos tão diferentes e, ao mesmo tempo, tão unidos como nenhum outro grupo ou instituição na terra.   A igreja não é perfeita (ainda). Ela será, quando Jesus voltar. Mas não é maravilhoso quando você vê jovens e idosos orando uns pelos outros no PG, ricos e pobres servindo uns aos outros, negros e brancos, descendentes de árabe e descendentes de alemão unidos, descendentes de leto e descendentes de índios unidos em amor por causa do descendente da mulher que morreu no lugar deles?   Uma igreja unida traz glória a Deus. Traz glória a Deus porque fica claro para o mundo que nós não estamos juntos porque nós temos a mesma faixa etária, os mesmos gostos, a mesma cor de pele, ou a mesma classe social.   Nós estamos juntos porque nós somos filhos e filhas do mesmo Pai. Porque nós temos o mesmo irmão mais velho: o Senhor Jesus Cristo. Só ele pode criar essa unidade. E fica claro que a igreja é uma obra de Deus, não do homem. E Deus recebe a glória pelo que ele está fazendo.   Você percebe por que a unidade na igreja é tão importante para Deus? Porque a unidade foi o que Jesus comprou na cruz para nós. Jesus sofreu e morreu—ele entregou a vida naquela cruz para comprar a nossa unidade. Esse foi o preço da nossa unidade: o sangue do Filho de Deus.   Jesus comprou 2 tipos de união quando ele morreu na cruz. Os dois tipos de união são mais fortes do que morte.   A primeira união é a sua união pessoal com Jesus.   Você está unido a Cristo em uma só carne. Jesus escolheu se unir a nós por toda a eternidade, o Noivo da Igreja eternamente casado (unido) com aqueles que ele escolheu amar. Esse é o tipo de união que Jesus comprou com o sangue dele.   A segunda união é a sua união com os outros cristãos—que se manifesta especialmente em nossa igreja.   Gálatas 3:28—Assim sendo, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vocês são um em Cristo Jesus.   Nossa união com Cristo e nossa união uns com os outros traz glória a Deus porque mostra o poder dele para nos unir depois do enorme estrago que o pecado causou.   Eu entendo que é por isso também que Jesus e os apóstolos têm palavras tão duras para aqueles que querem desviar um cristão da verdade e aqueles que causam divisão em uma igreja. Causar divisão é desfazer a união que Cristo comprou com a morte dele.   A HISTÓRIA DA SALVAÇÃO EM TERMOS DE UNIÃO   Você pode olhar para a história de toda Bíblia como uma história de união, separação e re-união.   Deus nos criou unidos a ele e uns aos outros. Em perfeita comunhão. Adão e Eva viviam em perfeita união e os dois vivam com Deus em perfeita união. O que Satanás fez foi invadir o Jardim e causar divisão.   Se a verdade produz união, a mentira produz divisão. E foi o que Serpente fez: ele usou a mentira para nos separar de Deus e nos separar uns dos outros. Satanás rasgou o relacionamento que nós tínhamos com Deus.   Mas a história não terminou porque Deus não terminou. A história começa com união, passa por separação, mas ela continua. Tem muitos capítulos depois de Gênesis 3. Todo o restante da Bíblia é a história de Deus unindo—re-unindo—o seu povo a ele mesmo.   Enquanto Satanás é um separador, mas Jesus é o Pacificador. Satanás cria conflito, mas Jesus é o Príncipe da Paz.   A história passa por todo o Antigo Testamento, Deus dá muitas promessas ao seu povo—“Eu serei o seu Deus e vocês serão o meu povo”. Deus habita unido ao seu povo no tabernáculo. Deus habita unido ao seu povo no Templo. Até que Deus vem habitar com o seu povo através de Jesus.   E a história da Bíblia termina com a nossa união—com Deus e uns com os outros:   Apocalipse 21:3—Então ouvi uma voz forte que vinha do trono e dizia: — Eis o tabernáculo de Deus com os seres humanos. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles e será o Deus deles.   É para essa união eterna que a história está caminhando. É para essa união eterna que a sua história está caminhando, crente.   Você percebe por que a união—a unidade da igreja na verdade—é tão importante para Deus? Porque esse é o evangelho: a obra de Cristo na cruz para nos unir a ele e nos unir uns aos outros. Ele deu o sangue dele por essa unidade. Ele morreu por essa unidade.   Porque a unidade é tão importante para Deus, ela deve ser muito importante para nós.   Não seja um crente britadeira—que gera impacto e faz o chão tremer por onde passa. Seja um crente amortecedor—que absorve o impacto. Seja um inimigo de conflito e um amigo da paz.   Lembre-se da promessa do Senhor Jesus:   Bem-aventurado os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus (Mateus 5:9).   Lembre-se da sabedoria de Salomão:   A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira (Provérbios 15:1)   Lembre-se do apelo do apóstolo Paulo:   Efésios 4:1-3—Por isso eu, o prisioneiro no Senhor, peço que vocês vivam de maneira digna da vocação a que foram chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando uns aos outros em amor, fazendo tudo para preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz.   Isso não significa que você precisa concordar com tudo o que todo mundo fala. Mas Deus chama você a fazer tudo em amor—a fazer tudo para preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz.   Seja um crente amortecedor, não um crente britadeira.   Uma igreja saudável é uma igreja unida. Unida na verdade e unida no amor. É o que o Espírito Santo está fazendo nesse lugar. É o que Deus quer de nós. É o que Jesus orou por nós.   João 17:20—Não peço somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por meio da palavra que eles falarem, a fim de que todos sejam um.   O nome de Deus é santificado quando nós andamos unidos—em amor e na verdade.   LIBERDADE, AUTORIDADE, DIVERSIDADE, UNIDADE. Quinto e último fruto bendito da árvore da vida do evangelho:   5.     SANTIDADE: VOCÊ NÃO É SALVO POR OBRAS, MAS VOCÊ É SALVO PARA OBRAS (v. 10)   [10] Somente recomendaram que nos lembrássemos dos pobres, o que também me esforcei por fazer.   O apóstolo Paulo chama de falsos irmãos àqueles que querem colocar obras como a causa da nossa salvação—seja circuncisão, ou batismo, ou guardar o sábado.   Mas isso não significa que não exista espaço para as obras na vida cristã. Existe um espaço enorme para as obras na vida cristã—mas nossas obras precisam estar no lugar certo. O lugar certo das obras são como evidência da sua salvação, não causa.   O que você faz não compra a sua salvação. Jesus já pagou tudo. Mas agora que você é uma nova criatura—você foi criado para boas obras.   Falando a mesma coisa em outras palavras:   Gálatas 5:6—Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor.   A fé atua pelo amor—que se manifesta em milhões de maneiras. Uma delas é, no caso do versículo 10, cuidando das necessidades físicas dos crentes.   A região da Judeia estava passando por uma fome e os crentes gentios levantavam ofertas para suprir as necessidades dos judeus. Que demonstração linda de unidade! Gentios e judeus—que antes nem sentavam na mesma mesa para comer, agora consideram que o dinheiro de um é o dinheiro do outro.   Que o ministério de benevolência da IBJM transborde por causa da generosidade que o Senhor derramar em nós. O Senhor Jesus disse que é melhor dar do que receber. Ele sempre diz a verdade.   Só a fé salva, mas a fé que salva nunca está só. Ela sempre produz fruto de santidade, de boas obras, da fé que atua pelo amor.   Uns meses atrás eu li a história de uma mulher que, eu pensei, é uma ilustração em carne e osso dessa passagem.   HELLEN STIRKE (1544)   O nome dele é Hellen. Hellen Stirke. Ela era uma cristã na Escócia durante a época da Reforma Protestante—perto de 1540. Ela era esposa, dona de casa e mãe. Ela estava grávida. Na hora do parto, a tradição católica exigia que a mulher fizesse orações à Virgem Maria. Hellen conhecia a Bíblia e se recusou a fazer isso. As parteiras não gostaram.   Hellen disse:   “Se eu tivesse vivido nos dias de Maria, Deus poderia ter olhado para o meu estado humilde e pobre, como ele fez com Maria, e ter me feito a mãe de Cristo”.   Hellen respeitava Maria. Mas não venerava Maria. Ela sabia que as orações delas são ouvidas por Deus através de Jesus, o único Mediador.   As notícias de que Hellen tinha se recusado a orar a Maria se espalharam rápido. O clero católico local ficou sabendo. Que contou para o cardeal. E em pouco tempo, Hellen foi presa junto com o marido e outros 4 cristãos protestantes da cidade. Eles foram considerados culpados de “heresia” e condenados à morte. No dia seguinte, os soldados trouxeram Hellen, o marido dela, James e os outros 4 cristãos.   Hellen pediu para morrer lado a lado com seu marido, James, mas pedido dela foi negado. Os homens eram enforcados e as mulheres eram afogadas. O marido de Hellen, James, foi o primeiro a ser morto. Hellen se aproximou do marido segurando o bebê deles, deu um beijo no marido e disse:   Marido, alegre-se, porque nós vivemos muitos dias felizes e esse dia em que nós devemos morrer nós devemos considerar como o mais alegre de todos porque nós teremos alegria para sempre. Portanto, eu não vou dar boa noite para você, porque em breve nós nos encontraremos no Reino dos Céus.   James foi enforcado na frente dela. Hellen foi forçada a entregar o filho recém-nascido para uma enfermeira que ficou encarregada de cuidar do bebê. As autoridades levaram Hellen para um lago próximo, amarraram as mãos e os pés dela, colocaram-na em uma grande saco cheio de pedras e a jogaram na água como se fosse um saco de lixo. Porque ela “blasfemou contra a Virgem Maria”; porque ela acredita que oração deve ser feita a Deus somente em nome de Jesus somente.   Hellen estava tão convencida da verdade do evangelho que ela entendeu que só pela fé em Cristo que nós podemos ter um relacionamento com Deus.   UMA MULHER CHEIA   Eu não estou contando essa história para assustar vocês. Eu não tenho nenhuma intenção de assustar vocês. Eu quero usar o exemplo dessa mulher para mostrar como a verdade é preciosa. Como a verdade do evangelho tem um custo. E como a verdade do evangelho produz frutos que refletem a glória de Deus.   Hellen é uma ilustração dos frutos do evangelho de Gálatas 2:   Hellen tinha certeza de que Cristo morreu para a LIBERDADE dela. Foi por isso que ela pode dizer que o dia da morte dela seria o dia mais feliz. É indescritivelmente horrível ser amarrada, colocada em um saco e jogada na água para morrer.   Mas a fé de Hellen é que depois de alguns segundos naquele saco, ela iria abrir os olhos e estar diante do Salvador dela por um tempo sem fim. Ela sabia que seria indescritivelmente maravilhoso. E isso deu coragem para ela ficar do lado da verdade. Faz 500 anos que nossa irmã Hellen está diante do nosso Rei—livre: livre do pecado e livre desse mundo mal.   Ela respeitava Maria, mas não venerava. Ela dava AUTORIDADE suprema a Deus somente. Nem clero. Nem cardial. Nem homem algum.   O fé dela que só Cristo nos leva a Deus e nenhuma outra pessoa e nenhuma outra obra deu um fruto de SANTIDADE que ela amar a Cristo mais do que a vida.   Hellen sabia da UNIÃO que ela tinha com Cristo e a união que ela tinha com outros crentes, incluindo o marido dela. Foi por isso que ela disse:   Eu não vou dar boa noite para você, porque em breve nós nos encontraremos no Reino dos Céus.   E eles se encontraram. Eles estão juntos até hoje. E juntos com o Salvador. O Salvador que teve as mãos e os pés, não amarrados, mas pregados em uma cruz e também foi condenado como um blasfemador pelos religiosos da época.   CONCLUSÃO   Verdade produz Unidade. Não com o mundo. Não com falsos irmãos. Mas unidade com Cristo. E unidade entre nós. Para sempre.   A obra de Cristo na cruz é tão poderosa que ela nos une a ele e nos une uns aos outros com uma amor mais forte do que a morte. Igreja Batista Jardim Minesota Rua Clotildes Barbosa de Souza, 144 Jardim Santa Maria (Nova Veneza) 
 Sumaré - São Paulo

Gálatas 2:1-10: Verdade Produz Unidade

O propósito de Paulo em contar essas histórias é mostrar que o evangelho que Paulo prega é o evangelho verdadeiro.

Série em Gálatas: A Mensagem da Cruz 
 23 de março de 2025 – IBJM O nosso coração é como um navio. Ele pode ser movido para diferentes direções. Uma das mãos que move o timão do nosso coração se chama TEMOR.   O temor pode nos aproximar de Deus ou nos afastar de Deus. O temor pode nos aproximar das pessoas ou nos afastar das pessoas.   Em uma palavra, a passagem de hoje é sobre TEMOR.   [12] De fato, antes de chegarem alguns da parte de Tiago, ele [Pedro] comia com os gentios; quando, porém, chegaram, começou a afastar-se e, por fim, separou-se, temendo os da circuncisão.   Temendo. Na língua em que Paulo escreveu o Novo Testamento (grego) a palavra é φοβέω, de onde vem a nossa palavra “fobia”—medo. Pedro se afastou dos gentios porque ele teve “fobia” dos judeus. Apóstolos também temem.   Apóstolos também têm medo. Como nós temos. Muitos. Eu li essa semana no site de um Hospital Batista uma lista dos 10 medos mais comuns:   1.     Medo de Altura 2.     Medo de Avião 3.     Medo de Aranha 4.     Medo de Cobra (Tem alguém que não tem medo de cobra?) 5.     Medo de Cachorro 6.     Medo de Injeção 7.     Medo de Trovão e Relâmpago 8.     Medo de Solidão 9.     Medo de Germes (e pegar uma doença) 10.  Medo Social—medo do que as pessoas podem pensar de nós ou fazer conosco.   Nós temos muitos medos. Mas eu quero lembrar você também que nós temos também um Deus muito grande. Nós temos um Deus de muito amor, muito poder e muita graça. Ele prometeu fortalecer você, ajudar você e sustentar você quando você estiver com medo.   E se essa passagem é sobre UM assunto: TEMOR, ela fala também sobre UM EVENTO: o dia em que um apóstolo corrigiu outro apóstolo. Em público!   [11] Quando, porém, Cefas [Pedro] veio a Antioquia, resisti-lhe face a face, porque havia se tornado repreensível.   Paulo repreendeu Pedro porque ele “havia se tornado repreensível”—digno de ser corrigido. Esse é o evento. No restante da passagem (os versículos 12, 13 e 14) Paulo está explicando o que aconteceu.   A história tem 3 capítulos. Ela vai do TEMOR para a HIPOCRISIA, e da HIPOCRISIA para a CORREÇÃO.   VERSÍCULO 12: TEMOR VERSÍCULO 13: HIPOCRISIA VERSÍCULO 14: CORREÇÃO   Para tornar esses próximos minutos espiritualmente proveitosos para você, se coloque no lugar de Pedro. Vamos nos colocar no lugar do apóstolo que teve fobia (medo).   Que o Senhor use a Palavra dele para nos ajudar a lidar com as nossos temores e alimentar a nossa fé.   1.     VERSÍCULO 12: TEMOR   [12] De fato, antes de chegarem alguns da parte de Tiago, ele comia com os gentios; quando, porém, chegaram, começou a afastar-se e, por fim, separou-se, temendo os da circuncisão.   A situação foi a seguinte: você tem vários cristãos na igreja em Antioquia. O Senhor está salvando judeus e gentios:   • JUDEUS que nunca tinha chegado perto de carne de porco porque eram animais considerados impuros pela Antiga Aliança. •  E GENTIOS que comem de tudo e ignoravam completamente a Lei de Moisés.   E o Senhor colocou esse grupo misto junto: um só povo—o povo do evangelho—para adorar o Senhor junto e ter refeições juntos—comunhão.   Agora que Jesus veio e inaugurou a Nova Aliança, as restrições alimentares da Lei de Moisés acabaram. Um gentio (como nós, não judeus) se torna parte do povo de Deus crendo em Jesus e só. Não existem mais animais impuros. O cardápio foi ampliado.   Pedro sabia. E por isso ele estava comendo com os gentios. Paulo não nos conta o que eles estavam comendo. Eu não sei se era hamburguer com bacon. Eu não sei se era costela ao molho barbecue. Eu não sei se era camarão empanado.   Mas Pedro estava vivendo com os gentios sem querer forçá-los a se abster de porco e frutos de mar que eram proibidos na Antiga Aliança. A única coisa que os gentios precisam é crer em Jesus. E eles se tornam tão filhos de Deus quanto os judeus! É isso que Pedro crê.   MAS TEMENDO...   Mas se tem uma força que move o nosso coração na direção errada é o temor—o medo. Olha o que acontece:   Segunda metade do v.[12] (...) quando, porém, chegaram [os judeus], começou a afastar-se e, por fim, separou-se, [por quê?] temendo os da circuncisão.   A razão por que Pedro se afastou dos gentios não foi porque ele mudou a teologia dele. O que fez Pedro parar de comer com os gentios não foi ele ter parado de crer em Jesus. Foi ele ter começado a ficar com medo.   E um medo específico: o medo do que as pessoas vão pensar: “temendo os da circuncisão”—aqueles judeus que diziam que os gentios também deveriam obedecer a Lei de Moisés.   A Bíblia chama esse medo de “temor de homens”. Pelas pesquisas que são feitas, parece que esse é o medo número 1. Maior que o medo de ALTURA. Maior que o medo de COBRA. Maior até do que o medo de MORRER. É o medo do que as pessoas vão pensar.   Essa passagem já causou muito desconforto ao longo da história. Alguns cristãos nos primeiros séculos chegaram a dizer que Pedro estava fingindo que ele teve medo do que as pessoas iam pensar só para criar uma oportunidade para Paulo ensinar o evangelho.   Como pode!? Pedro!   A CORAGEM DO PASSADO   • Pedro teve coragem de pedir para andar sobre as águas. • Pedro teve coragem para cortar a orelha do servo do sumo-sacerdote quando vieram prender Jesus. • Pedro teve coragem de pregar para milhares de pessoas e chamar todos ao arrependimento. • Pedro teve coragem de confrontar Ananias e Safira e os dois caíram mortos. • Quando os fariseus ouviram Pedro pregando e eles proibiram que ele pregasse no nome de Jesus, Pedro teve a coragem de responder:   — Os senhores mesmos julguem se é justo diante de Deus ouvirmos antes aos senhores do que a Deus; pois nós não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos (Atos 4:19-20).   Não é possível! Pedro? Pedro realmente teve medo? Sim. Pedro era um homem de Deus, mas ainda não glorificado. A nossa santificação é progressiva. Ela será completada, mas só no céu. Apóstolos também temem. Eles também têm medo. Incluindo medo das pessoas.   Eu gostaria que nós sentíssemos a nossa fraqueza na fraqueza de Pedro. Se Pedro, o grande apóstolo Pedro, líder dos 12 apóstolos, líder da Igreja de Jerusalém, um dos maiores líderes da fé cristã—se Pedro teve medo, nós estamos sujeitos aos mesmos sentimentos. Nós também precisamos da ajuda do Senhor para lidar com os nossos medos.   ANDE SOBRE AS ÁGUAS   A vida cristã é como andar sobre águas. (Uma experiência que Pedro também teve).   Você está andando sobre as águas, pela fé, olhando para o Salvador—que olhou para você e disse: “—Vem!”. E você vai. Mas no caminho, você acaba se distraindo. Você tira um pouco os olhos dele e começa a olhar para a força do vento—para a força das provações, a força das tentações, e você e parar de olhar para a força do seu Rei. E nós começamos a afundar na água.   Louvado seja o Senhor, porque ele está sempre perto quando você afunda. Você grita (com a voz tremendo): “—Salve-me, Senhor”, e ele estende a mão, segura você, levanta você, e você continua caminhando pela fé.   O temor de Pedro nos lembra que nós todos temos tantas fraquezas—nós precisamos de um Salvador forte que fique perto de nós e não nos deixe afundar por causa do medo. Eu quero dizer para você que esse Salvador forte existe: o nome dele é Jesus.   Eu não sei onde está o nível da água em você. Na sua barriga? No seu pescoço? No seu nariz? Você acha que a água já passou da sua cabeça? Você sabe o que você precisa fazer, mesmo debaixo d’água? Você precisa chamar ele: “—Salve-me, Senhor”. Ele ouve, mesmo você estando debaixo da água sem muita força para falar.   Jesus não precisa de orações longas para salvar você. Jesus não precisa de uma fé forte para salvar você.   Você só precisa olhar para ele e falar: “Socorro!”. Deixa a força e a salvação com ele. Você entra com a fraqueza e o pecado. Ele entra com poder para salvar.   Jesus não prometeu que ele vai fazer cessar todos os ventos da provação na sua vida. Mas ele prometeu que ele vai estar perto de você. Ele prometeu que ele vai segurar você quando você estiver afundando. Ele prometeu que ele vai levantar você e não vai deixar a sua fé morrer.   IBJM, com a ajuda do Senhor, vamos olhar menos para a força dos ventos, e vamos olhar mais para a força do nosso Salvador.   • Olha o que ele fez com o seu pecado na cruz! Ele pagou. • Olha o que ele fez com Satanás na cruz! Ele esmagou. • Olha o que ele fez com a morte na cruz! Ele venceu.   Se ele teve força para vencer os seus maiores inimigos, ele tem força para sustentar você com o braço forte dele.   Versículo 12: TEMOR.   2.     VERSÍCULO 13: HIPOCRISIA   [13] E também os demais judeus se fizeram hipócritas juntamente com ele, a ponto de o próprio Barnabé ter-se deixado levar pela hipocrisia deles.   Hipócrita é uma palavra forte.   É a palavra que Jesus usou contra os fariseus (Mateus 23:13-36). É a palavra que Paulo usou contra os falsos mestres (1 Tim 4:1-2).   Originalmente, a palavra “hipócrita” era usada para falar dos atores no palco que estavam usando máscaras e fingindo que eram um personagem em uma peça de teatro. A Bíblia tomou essa palavra e usa sempre no sentido negativo.   Hipocrisia é dizer uma coisa e fazer outra. Ser hipócrita é fingir publicamente que você é algo que você não é. Ser hipócrita é ter uma convicção, mas viver de forma diferente do que você crê. Isso que Pedro estava fazendo.   Paulo não está dizendo que Pedro era um falso mestre. Paulo está dizendo que Pedro é um crente agindo de forma perigosamente inconsistente—Pedro não É  um hipócrita, mas ele ESTÁ SENDO  hipócrita nessa situação.   INFLUÊNCIA É INEVITÁVEL   E veja o que aconteceu com a hipocrisia de Pedro. Ela se espalhou. Hipocrisia é contagiosa. Mais que catapora. Os efeitos são muito piores. O versículo 13 diz que outros judeus e até Barnabé foi contaminado pela atitude hipócrita de Pedro.   Suas atitudes influenciam as pessoas que estão perto de você. Você está sempre influenciando as pessoas a sua volta—para se aproximarem mais de Cristo ou para se afastarem de Cristo. Suas atitudes são também como uma mão no timão do coração de um irmão.   Sua presença no culto (ou sua ausência) é uma influência—você está mostrando para a sua família e para os outros o que é importante em sua vida. O que você faz antes do culto e quando o culto acaba, você está influenciando as pessoas a sua volta: para o bem ou para o mal.   Você já não passou por isso?   • Alguém diz para você ou em uma reunião de PG: “Por favor, ore por mim. Essa semana eu estava mais impaciente com meus filhos, eu deveria ter sido mais atencioso com eles”. E você pensa: eu preciso ser um pai (uma mãe) melhor também. Você foi abençoadamente influenciado. • Alguém diz para você: “Por favor, ore por mim. Eu tenho estado muito preocupado e ansioso. Está difícil descansar no Senhor”, e você pensa: às vezes é difícil para mim também—Senhor, nos ajuda. Você foi abençoadamente influenciado.   Você vê alguém orando com uma pessoa depois do culto, você fica sabendo de alguém que foi generoso, você fica sabendo de alguém que tomou tempo da sua rotina corrida para servir alguém: uma carona, uma refeição, um tempo de comunhão—e aquela atitude influencia você. Você é abençoadamente influenciado.   EM CASA TAMBÉM   Pais, vocês são uma enorme influência na vida de seus filhos. Deus criou os seus filhos para terem o coração inclinado a vocês—para confiar em você e observar vocês. Vamos usar essa influência para o bem espiritual delas.   Uma vida imperfeita, mas digna do evangelho dentro de casa, tem uma enorme influência no seus filhos. Só Cristo salva, mas sua vida adorna sua doutrina.   Maridos, a maneira como você trata a sua mulher será uma enorme influência na vida dela. Nós podemos apontar as pessoa para olharem para Jesus com as nossas palavras, ou nós podemos atrapalhar as pessoas a andarem pela fé sobre as águas.   Esposas, vocês também são uma enorme influência na vida de seus filhos e do seu marido. Sua atitude, seu serviço em casa (mesmo quando não existe reconhecimento), seu tom de voz e seu espírito manso, tudo isso tem uma enorme influência no ambiente da casa.   Isso também é verdade do lado negativo: se você vive reclamando, ou se irritando, ou dá uma importância grande para coisas do mundo e dá uma importância pequena para coisas de Deus—você está influenciando sua família.   Crianças, adolescentes, vocês estão influenciando seus amigos. E eles estão influenciando você. A minha pergunta é: Para que lado: para mais perto de Cristo ou para mais longe dele?   Irmãos mais velhos, vocês são uma influência na vida dos seus irmãos mais novos. Use essa influência bem. Se você resolve os conflitos sempre chorando, fazendo cara feia, sendo agressivo, não aceitando bem o que seus pais falam para você, seu irmão vai imitar você.   A hipocrisia de Pedro contagiou as pessoas perto dele. Se nós agirmos de forma hipócrita—dizemos uma coisa (cremos em uma coisa), mas fazemos outra—as pessoas em nossa volta serão contagiadas. Influência é inevitável.   Já que influência é inevitável, vamos contagiar as pessoas com fé, com alegria, com amor, não com hipocrisia. Vamos fixar nossos olhos em Jesus, e as pessoas a nossa volta, se elas forem nos imitar em alguma coisa—que elas imitem o que elas viram de Cristo em nós.   Como Paulo disse:   1 Coríntios 11:1—Sejam meus imitadores, como também eu sou imitador de Cristo.   Assim, o que nós faremos é simplesmente ajudando outras pessoas a imitarem o nosso Salvador Santo.   Eu tinha dito para nos colocarmos no lugar de Pedro para o nosso benefício espiritual. Aguenta um pouco mais, então.   Vamos nos fazer algumas perguntas para detectarmos áreas de nossa vida que podem estar sofrendo de hipocrisia. Áreas da sua vida onde existe uma inconsistência entre o que você sabe que é verdade e a maneira como você vive:   1.     Você crê que a Bíblia é a Palavra de Deus—infalível, gloriosa, o livro onde o próprio Deus fala, mas durante a semana você passa mais tempo em uma tela assistindo do que na Palavra meditando? Isso é inconsistência.   2.     Você crê que a Igreja e o Culto são muito importantes—que nada é mais importante nessa vida do que crer em Cristo e viver para ele e servir o povo dele, mas se aparece algum compromisso na família, você não pensa duas vezes em não vir à igreja? Isso é inconsistência.   3.     Você crê que sem Jesus, você não pode fazer nada. Que você depende dele para tudo, mas quando você está diante de alguma situação difícil, você tenta resolver de todas as maneiras que você puder e se nada do que você tentou funcionou, só então você ora de verdade. Isso é inconsistência.   Vamos usar a hipocrisia de Pedro a nosso favor. Que áreas da sua vida você precisa ajustar? Deixá-la mais consistente com o que você sabe que é verdade. O que você precisa mudar? A partir de hoje. Ler mais a Bíblia? Orar mais? Servir os irmãos da igreja mais? Ser mais generoso? Ser mais amoroso em casa?   Hipocrisia é contagiosa. Mas sabe o que é contagioso também? Santidade. Piedade. Deus pode usar você para espalhar o aroma de Cristo e fazer outras pessoas se aproximarem dele.   O que pode ser mais importante nessa vida do que ajudar outras pessoas a amarem mais o Senhor Jesus Cristo?   O ÚLTIMO CAPÍTULO: “ELE VEM PRA TE SALVAR”   Nós vimos que o temor (versículo 12) leva a hipocrisia (versículo 13) e influencia outras nessa direção. O meu temor aos homens me faz me afastar das pessoas e me afastar de Deus.   Mas ovelha do Senhor Jesus, sabe o que acontece quando você se afasta do seu Bom Pastor? Sabe o que acontece com você quando você se afasta do aprisco onde suas ovelhas amigas estão e começa a viver de forma inconsistente com o evangelho? Sabe o que acontece?   O Senhor Jesus deixa as 99 e vai atrás de você. E a forma que o Senhor mais usa para trazer você de volta é enviando alguma outra ovelha para corrigir seu caminho e ajudar você a voltar para ele.   VERSÍCULO 12: TEMOR VERSÍCULO 13: HIPOCRISIA                                                            3.     VERSÍCULO 14: CORREÇÃO   [14] Quando, porém, vi que não procediam corretamente segundo a verdade do evangelho, eu disse a Cefas, na presença de todos: “Se você, que é judeu, vive como gentio e não como judeu, por que quer obrigar os gentios a viverem como judeus?”   Temor (v. 12) leva a hipocrisia (v. 13). E a nossa hipocrisia (v. 13) leva a correção do Senhor (v. 14).   Foi o que Jesus fez com Pedro através de Paulo. Jesus poderia ter dado outra visão para Pedro. Como ele fez um pouco antes com o lençol vindo do céu cheio de animais impuros. Claro que Jesus poderia. Mas ele não quis.   Dessa vez, ele usou o método que ele mais usa para nos corrigir. Ele envia uma outra ovelha para nos falar que estamos no caminho errado—andar com Jesus é por aqui.   Como o pecado de Pedro foi público e grave, Paulo corrigiu Pedro “na presença de todos”. Paulo está mostrando para Pedro a perigosa inconsistência dele. Pedro é judeu, mas antes de outros judeus chegarem, ele estava vivendo como os gentios. Ele estava comendo com eles, normalmente. Mas agora que chegaram outros judeus, Pedro ficou com medo e agiu como se os gentios precisassem parar de comer carne de porco para terem comunhão com eles—para serem parte do povo de Deus.   Isso é se desviar da verdade do evangelho. Pedro não estava “procedendo corretamente” (v. 14).   Paulo não tem interesse em envergonhar Pedro publicamente. Paulo não está contando essa história para dizer que ele é mais crente que Pedro. Nós precisamos nos lembrar do contexto para entender por que Paulo incluiu esse evento nessa carta.   VERDADE, NÃO VERGONHA   Os adversários de Paulo que entraram nas igrejas da Galácia estão dizendo que o evangelho de Paulo—o evangelho da graça—é falso. Que Paulo está inventando um evangelho diferente do evangelho que os apóstolos em Jerusalém pregam.   Esses dois primeiros capítulos de Gálatas, Paulo está provando que o evangelho que ele prega é o verdadeiro—que Paulo tem autoridade de apóstolo e que a lealdade de Paulo está, acima de tudo, a Deus.   Quando Paulo teve que escolher entre seguir Pedro ou seguir Cristo, Paulo escolheu Cristo. A acusação dos adversários de Paulo é falsa. Os Gálatas e a IBJM devem ficar com o evangelho da graça, não das obras. Esse é o evangelho que veio de Deus.   A atitude de Pedro foi muito ruim. Se os judeus agora exigem que os gentios precisam obedecer a lei de Moisés para terem comunhão com eles na igreja, o evangelho da graça foi perdido. Se para alguém ser salvo e entrar no povo de Deus, essa pessoa precisa de fé mais obras da lei, isso não é o evangelho. E todos nós estamos perdidos.   Por isso, Paulo se levantou e pregou a verdade do evangelho.   PEDRO RECEBEU E SE ARREPENDEU   Paulo não conta, mas nós podemos assumir que Pedro ouviu a correção de Paulo, concordou, se arrependeu, e mudou. Paulo não conta por que o objetivo dele não é ficar contando histórias sobre ele e Pedro, mas usar essa história para defender o evangelho.   Mas nós podemos assumir que Pedro recebeu a repreensão com humildade:   • Paulo não teria usado uma história que causou uma divisão entre ele e os outros apóstolos porque isso era justamente o que os adversários dele estavam dizendo. Seria um tiro saindo pela culatra. • E, nós não temos nenhuma evidência em nenhum lugar na Bíblia, que os apóstolos estavam divididos—uns achavam que era só a graça, outros que era graça mais lei. Muito pelo contrário: a única coisa que nós vemos na Bíblia é uma enorme unidade entre os apóstolos—tanto em doutrina quanto em comunhão.   Vamos nos colocar de novo no lugar de Pedro para o nosso benefício espiritual. Para que nossa vida seja cada vez mais digna do evangelho—consistente com o que nós cremos.   POSSO CORRIGIR VOCÊ?   Você é uma pessoa corrigível? Você é fácil de ser corrigido? Se eu tiver que conversar com você para corrigir você, você vai receber bem? Quando sua esposa precisa mostrar seu pecado, você recebe bem? Se seu marido, filho, um irmão da igreja, quando alguém precisa mostrar que você está errado e corrigir você, como é essa experiência para ele? Você é uma corrigível?   É fácil como apagar algo escrito à lápis e reescrever? Ou a experiência de corrigir você é mais como tentar mudar o que foi escrito em tábuas de pedra? Se não quebrar, não tem como mudar.   Você é uma pessoa fácil de corrigir, como o Rei Davi, que depois que o profeta Natã foi corrigi-lo, em 2 segundos ele concordou e se arrependeu e pediu perdão? Ou você se parece mais com o Rei Saul, que ficou dando desculpas para o profeta Samuel colocando a culpa nos outros—“foi esse povo que quis poupar o rebanho”?   Sejamos pessoas corrigíveis.   Quando você está aqui ouvindo um sermão, como agora, você está aplicando principalmente para você? Ou você está pensando em como os outros precisam melhorar? O seu coração é um solo fofo, receptivo, onde a piedade cresce como uma árvore plantada junto a corrente de águas, ou a semente da Palavra tem caído em um solo duro e cheio de pedras?   Tiago 3:2—Todos tropeçamos em muitas coisas.   Sim. Em muitas! E quando você tropeça e alguém chega perto para levantar você do chão e corrigir você, com amor, que experiência essa pessoa tem? Você é humilde e ouve?   Não é fácil se humilhar. Não é fácil admitir que está errado. Mas é possível. Com o Espírito de Deus em você, é possível mortificar a carne—que sempre quer estar certa—e vivificar o Espírito—que sempre quer você cresça.   Se o nosso maior interesse é trazer glória a Deus, então nossa inclinação será receber a correção e agradecer por alguém ter tomado o tempo de parar, ver que eu tropecei, ver se eu me machuquei, me levantar, me ajudar a limpar a sujeira, me corrigir, e me mostrar de novo o caminho que leva à Cristo.   Povo de Deus, sejamos um povo fácil de ser corrigido. Se alguém vê que nós não estamos procedendo corretamente segundo a verdade do evangelho, e essa pessoa vem até nós, que ela encontre um coração macio para ser moldado, ouvidos atentos para considerar e uma boca pronta para confessar.   MESMO QUANDO O PACOTE É FEIO   Posso colocar a barra ainda mais alta? Mesmo que alguém venha até você para corrigir você, e a maneira como a pessoa falou não foi boa—não foi mansa. Ela falou de forma mais dura. E de tudo o que ela falou, algumas coisas não foram corretas.   O desafio espiritual para nós é: mesmo assim, eu vou considerar o que a pessoa falou? Existe algo no que ela falou que é verdade (mesmo que seja 10%) que eu posso usar para crescer. Existe algo no que ela falou (mesmo que seja 5%) que eu preciso pedir perdão?   Que o ambiente da sua casa e da nossa igreja seja um ambiente de amor—onde é fácil sermos corrigidos pelos nossos irmãos. Que o Senhor nos ajude a não ficamos na defensiva. Que nós possamos baixar a guarda e sermos moldados pela Palavra do Senhor.   Provérbios 12:1—Quem ama a disciplina ama o conhecimento, mas o que odeia a repreensão é tolo. Provérbios 15:32—Quem rejeita a disciplina despreza a si mesmo, mas o que aceita a repreensão adquire entendimento.   Ser corrigido não é fácil. Eu reconheço. Mas sabe uma coisa que vai nos ajudar muito a receber as correções do Senhor? Se quando ele estiver no corrigindo—nós olharmos para essa correção do Senhor como um ato de amor.   CORRIGIR É AMAR   O Senhor corrige você porque o Senhor ama você. Ele mesmo disse isso:   Hebreus 12:5-6—E vocês se esqueceram da exortação que lhes é dirigida, como a filhos: “Filho meu, não despreze a correção que vem do Senhor, nem desanime quando você é repreendido por ele; porque o Senhor corrige a quem ama e castiga todo filho a quem aceita.”   Agora, nesse momento da sua vida, você percebe que o Senhor está de alguma maneira corrigindo você? O Senhor está disciplinando você? O Senhor está expondo o seu pecado—seja para você mesmo, seja para outros? Você sabe por que Deus está fazendo isso com você? Porque ele ama você.   Se você está em Cristo—confiando em Cristo como aquele que morreu por você naquela cruz—Deus não está condenando você por causa do seu pecado. Sua condenação já aconteceu. 2 mil anos atrás. Naquela cruz. Quando o seu Substituto morreu no seu lugar.   Agora, Deus está corrigindo você. Trazendo você para o caminho onde ele vai receber a glória através de você e você vai chegar na glória através dele. Como um Pastor usa o cajado para trazer sua ovelha para o lugar certo—para tirar você do perigo de ficar longe dele. “Filho, vem para perto de mim”.   Nós todos podemos crescer em sermos crentes fáceis de corrigir, fáceis de moldar—mais como barro nas mãos do oleiro, do que aço nas mãos do ferreiro. Nós queremos ser fáceis de mudar o formato para ficarmos mais parecidos com a imagem de Cristo.   DE PEDRO PARA PAULO   Eu tenho um último exercício espiritual para nós fazermos: em vez de nos colocar no lugar de Pedro, vamos nos colocar no lugar de Paulo. Em de nos colocar no lugar do apóstolo que temeu aos homem e foi corrigido, vamos nos colocar no lugar do apóstolo que temeu a Deus e corrigiu.   Eu vejo duas maneiras em que nós podemos crescer na graça olhando para a graça de Deus em Paulo:   1.     CRESÇA NO TEMOR AO SENHOR PARA DIMINUIR NO TEMOR AOS HOMENS   O grande perigo do temor aos homens é que ele nos impede de obedecer a Deus. Quando Pedro se afastou dos gentios—junto, ele se afastou de Cristo também. Ele se afastou do caminho da obediência pela fé.   O temor dos homens—do que as pessoas vão pensar de mim—nos escraviza. Ele é como uma armadilha em que nós caímos e ficamos presos:   Provérbios 29:25—O temor aos homens gera ciladas, mas quem confia no Senhor está seguro (NVI).   Edwards Welch é conselheiro bíblico há muitos anos. Ele escreveu um livro excelente sobre esse assunto. Eu recomendo! O título do livro é: Quando as Pessoas São Grandes e Deus é Pequeno. Essa é uma boa descrição do temor aos homens.   • O marido ou a esposa explosiva fica grande e Deus fica pequeno e acabamos não vivendo como deveríamos. • O filho desobediente fica maior que Deus e nós somos controlados por eles em vez de termos o controle sobre eles. • Um chefe difícil ou uma pessoa difícil no trabalho ou um amigo difícil no colégio acabam controlando o nosso comportamento e nos levando a fazer o que ele vai gostar, mesmo quando você sabe que Deus não vai gostar.   Todos nós, seres humanos, somos pequenos. Até aqueles que tem 2 metros, eles são bem pequenos quando eles são colocados do lado da infinita grandeza de Deus.   O problema é que o meu pecado diminui o tamanho de Deus na minha mente. Meditar na grandeza do Deus que abre o mar e vence a morte e rasga o véu para eu viver com ele—essas verdades me dão a liberdade de ser controlado pelo que Deus grande pensa e não pelo que as pessoas pequenas podem pensar de mim.   O versículo que eu mais uso para lidar com os meus temores é Isaías 41:10. Eu recomendo. Mais do que o livro do Edward Welch. Eu prego para mim o que Deus me disse:   Isaías 41:10—não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel (ARA).   Ou:   Salmos 23:4—Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam.   E nós damos passos de fé no nosso grande Deus, mesmo que o medo pareça grande.   A primeira maneira de crescer na graça vendo a reação de Paulo é percebermos que crescer no temor ao Senhor faz diminuir o temor aos homens. Isso é libertador. A segunda maneira é o outro lado da gangorra.   2.     CRESÇA NO TEMOR AO SENHOR PARA CRESCER NO AMOR ÀS PESSOAS   O seu temor ao Senhor diminuiu o seu temor pelas pessoas e, ao mesmo tempo, aumenta o seu amor por elas.   A pessoa que teme a Deus não é uma pessoa que não se importa com os outros e só se importa com Deus. Pelo contrário! A pessoa que teme a Deus se importa com as pessoas da maneira correta . Ela age com elas da maneira em que elas serão ajudadas para amar mais a Deus.   Paulo amava Pedro. Mas Paulo não temia Pedro. Paulo não pensou: “Como eu vou corrigir o apóstolo Pedro, um homem que andou 3 anos com Jesus, líder da igreja de Jerusalém, o grande Pedro?”   Ele temeu a Deus e amou a Pedro. E por isso ele foi usado por Deus para tirar Pedro da hipocrisia e trazer ele de volta para o caminho da obediência da fé.   É sua responsabilidade, como membro da IBJM: encorajar E exortar, instruir E corrigir, repreender o erro E reconhecer a graça. Mas sempre, com um espírito de mansidão.   Gálatas 6:1—Irmãos, se alguém for surpreendido em alguma falta, vocês, que são espirituais, restaurem essa pessoa com espírito de brandura [mansidão].   Você não precisa (e não deve!) corrigir tudo o que você pensa que as pessoas fizeram de errado. Mas se tem algo sério, se você um padrão na vida de alguém que está impedindo essa pessoa de andar perto de Cristo, você pode restaurar essa pessoa, sempre com o espírito correto—com brandura.   CONCLUSÃO Que nós nos levantemos para falar a verdade, mesmo quando for difícil. Mas que nós também nos abaixemos para levantar os irmãos que tropeçaram. E quando nos abaixarmos, que nós nos lembremos que todos nós tropeçamos em muitas coisas.   E que nós possamos corrigir um ao outro no temor do Senhor, com mansidão e amor—e assim todos nós crescemos em santidade, o evangelho da graça é preservado e o nome de Deus é santificado. Igreja Batista Jardim Minesota Rua Clotildes Barbosa de Souza, 144 Jardim Santa Maria (Nova Veneza) 
 Sumaré - São Paulo

Gálatas 2:11-14: Apóstolos também temem (e Amam)

Louvado seja o Senhor, porque ele está sempre perto quando você afunda

Série em Gálatas: A Mensagem da Cruz 
 09 de março de 2025 – IBJM Você precisa escolher em quem você vai acreditar. Como os Gálatas precisam. Mas eles estão confusos.   • De um lado da mesa, estão os adversários de Paulo: homens que se infiltraram nas igrejas dizendo que para Deus perdoar você e receber você no céu, você precisa crer em Cristo mais  obedecer a lei de Moisés. • Do outro lado da mesa, você tem Paulo dizendo que para Deus perdoar você e receber você no céu, você precisa crer em Cristo mais  nada.   Duas mensagens de salvação diferentes. Os Gálatas precisam escolher quem está falando a verdade. A fonte que você escolhe acreditar determina como você vive nesse mundo, e, no caso do evangelho, determina também o que vai acontecer com você por toda a eternidade.   Nós não temos judaizantes invadindo a IBJM e dizendo que nós precisamos parar de comer carne de porco e guardar o sábado para sermos salvos. Mas nós também estamos rodeado de vozes diferentes com mensagens diferentes disputando a nossa lealdade.   Você precisa escolher quem você vai seguir. Quem você vai ouvir quando vozes diferentes levam você para direções diferentes?   Quando você precisa tomar decisões no trabalho—seu chefe fala para você mentir, Deus fala para você falar a verdade, quem você irá ouvir? Pessoas a sua volta esperam que você viva de forma imoral, Deus chama você a viver de forma pura, quem você vai ouvir? Quem você vai querer agradar?   Quem você vai seguir: Deus ou o mundo? Deus ou o conselho de amigos contrários à Bíblia? Deus ou os desejos da carne?   Assim como os Gálatas, nós temos mensagens diferentes diante de nós. Talvez você esteja confuso, como os Gálatas estavam—sobre quem ouvir. O que fazer com a sua vida. Em quem você deve acreditar.   Eu quero dizer para você: se Deus é Deus, é a voz dele que você deve ouvir. Ele é a única fonte perfeitamente confiável. Ele sempre fala a verdade. Ele nunca mente.   Toda a passagem gira em torno desse tema: a fonte (a origem) do evangelho de Paulo—o evangelho da Bíblia.   Paulo vai usar a história dele para mostrar que o evangelho que ele prega é o evangelho verdadeiro. Que ele não prega a salvação só pela graça, sem obediência a lei de Moisés, porque ele quer agradar as pessoas.   Ele prega o evangelho da graça porque foi essa a mensagem ele recebeu diretamente de Cristo. A fonte de Paulo é divina—o evangelho dele veio do céu.   Olha como ele começa:   O EVANGELHO VEIO DO CÉU   [11] Mas informo a vocês, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é mensagem humana, [agora ela dá a razão] [12] porque eu não o recebi de ser humano algum, nem me foi ensinado, mas eu o recebi mediante revelação de Jesus Cristo.   Essa revelação aconteceu quando Paulo estava na estrada para Damasco indo prender e matar cristãos, como nós ouvimos na Leitura Bíblica no culto hoje.   Antes da conversão, Paulo achava que Jesus era um impostor, alguém que se achava o Messias, mas não passava de um enganador. Depois do encontro pessoal que ele teve com Jesus e as escamas dos olhos dele caíram, a pregação dele mudou: Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras (cf. 1 Coríntios 15:4). Arrependam-se e se convertam a Deus, praticando obras dignas de arrependimento (cf. Atos 26:20).   A prova de que o evangelho de Paulo é verdadeiro é porque a mensagem que ele prega veio do céu—veio do próprio Deus.   O evangelho não é uma invenção humana. O evangelho é uma revelação divina. Para Paulo, ele recebeu na estrada para Damasco. Hoje, você recebe o mesmo evangelho—não em uma estrada, mas na Escritura. Mas a fonte é a mesma—a autoridade é a mesma: Deus.   Quando alguém proclama o evangelho verdadeiro, a autoridade que a mensagem carrega não é uma autoridade humana. É a mensagem (a palavra) de Deus!   Essa afirmação tem uma enorme implicação para nós: rejeitar o evangelho da Bíblia não é rejeitar uma mensagem humana. Rejeitar o evangelho da Bíblia é rejeitar a Deus.   Agora chegamos no testemunho pré-conversão e pós-conversão de Paulo. Paulo escreveu uma mini-autobiografia. Ele usa a história dele para provar que a origem do evangelho dele é divina, não humana e que nós devemos crer no que ele prega.   Paulo apresenta 3 provas para provar que o evangelho que ele prega veio do céu—veio pessoalmente de Deus:   PRIMEIRA PROVA: PAULO ODIAVA JESUS (VV. 13-14) Antes da conversão, Paulo tinha tanta raiva dos cristãos e da mensagem deles de que Jesus era o Messias enviado por Deus, que ele se dedicava a prender e matar os discípulos do Senhor Jesus. Ele mesmo conta:   [13] Porque vocês ouviram qual foi, no passado, o meu modo de agir no judaísmo, como, de forma violenta, eu perseguia a igreja de Deus e procurava destruí-la. [14] E, na minha nação, quanto ao judaísmo, levava vantagem sobre muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições dos meus pais.   PERDEU O LOUVOR HUMANO Paulo não tinha nenhuma razão humana para deixar de pregar a lei de Moisés e a circuncisão e pregar a salvação só pela fé em Cristo. Dizer que Paulo prega uma mensagem só para agradar as pessoas é um absurdo porque, se ele quisesse agradar as pessoas, ele deveria ter continuado no judaísmo.   Ele levava vantagem sobre muitos da idade dele. Paulo era aquele seminarista que ficava ouvindo dos professores: “Deus vai usar muito você. Você tem muito potencial”.   Paulo ganhava os prêmios de memorização do Antigo Testamento. Medalha de melhor pregador da Lei de Moisés. Troféu de estudante do ano. Ele fazia a oração de abertura do ano letivo. Os rabinos amavam Paulo. Ele vivia cercado de aplausos dos homens.   A acusação dos adversários de Paulo que ele prega o evangelho da graça para agradar pessoas é absurda.   Se ele quisesse a aprovação das pessoas, ele teria continuado onde ele estava, e não ter largado tudo—largado toda a carreira de rabino no judaísmo, perdido o louvor dos homens para ser perseguido por causa de Jesus.   INVERTEU A PAIXÃO Olha o tamanho da paixão que Paulo tinha pela religião dele antes da conversão. Ele tinha tanto zelo, tanto desejo em defender o que ele achava que era a verdade—ao ponto de estar disposto a matar os oponentes dele.   Como um fã de futebol que não perde um jogo, gasta dinheiro para viajar até para o Japão para ver jogos do seu time, faz dívida, abandona a família, mata torcedores do outro time—por amor ao seu time. Um tipo de paixão que domina completamente o coração. Esse era Paulo na religião.   Ele confessa que ele agia de forma violenta querendo matar os crentes. Na mente dele, ele era um defensor da verdade de Deus. Paulo se via como um novo Profeta Elias matando os falsos profetas de Baal no Monte Carmelo (1 Reis 18). Ele tinha certeza de que estava fazendo o que era certo.   Como explicar uma mudança tão radical na vida dele? Como alguém que quer matar os cristãos se transforma em alguém que agora morre pelos crentes?   Deixe-me ler para vocês a lista coisas que esse homem enfrentou por amor a Jesus e as pessoas que ele queria ver salvas. O que leva alguém a enfrentar tão sofrimento?   2Coríntios 11:23-29—(...) em prisões, muito mais; em açoites, sem medida; em perigos de morte, muitas vezes. Cinco vezes recebi dos judeus quarenta açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas. Uma vez fui apedrejado. Três vezes naufraguei. Fiquei uma noite e um dia boiando em alto mar. Em viagens, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de assaltantes, em perigos entre patrícios, em perigos entre gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos; em trabalhos e fadigas, em vigílias, muitas vezes; em fome e sede, em jejuns, muitas vezes; em frio e nudez. Além das coisas exteriores, ainda pesa sobre mim diariamente a preocupação com todas as igrejas. Quem enfraquece, que eu também não enfraqueça? Quem se escandaliza, que eu não fique indignado?   Qual é a explicação para um homem largar toda a sua carreira religiosa—dinheiro, conforto, reconhecimento das pessoas, perspectiva de crescimento, oportunidade para usar seus talentos—pegar tudo, empacotar, jogar tudo no lixo e dizer: “Eu quero Cristo! Agora eu vou pregar só Cristo!”?   A única explicação é Deus. A única explicação razoável é que Jesus realmente apareceu para ele na estrada para Damasco e que ele realmente teve um encontro pessoal com o Senhor Jesus Cristo.   Esse passado de Paulo como perseguidor nos lembra de 2 verdades importantes:   Primeiro, nós somos naturalmente rebeldes. Não é só Paulo que rejeitava a Cristo. Talvez nós não tenhamos pegado em armas para matar cristãos como os grupos islâmicos estão fazendo agora na Nigéria e no Afeganistão. Mas em nosso coração, nós não tínhamos nenhum interesse em viver para Cristo.   Naturalmente, nós nascemos amando as coisas do mundo e da carne. Surdos para a voz doce de um Salvador que morre por pecadores na cruz. Cegos para a beleza de um Rei que escolhe morrer por aqueles que traíram a ele todos os dias.   O passado de Paulo nos lembra da nossa rebeldia natural. E pensar que o Senhor nos salvou! É muito amor.   Segundo, ser religioso não é a mesma coisa que ser salvo. Paulo era um religioso perfeito. Mais zeloso, impossível. Ele dedicava a vida inteira para—“o que ele achava”—era a causa de Deus. Mas ele estava tão perdido quanto o Faraó do Egito. Um homem que conhecia a Bíblia sem conhecer o Deus da Bíblia.   É possível alguém ser sincero, ser muito religioso, muito dedicado à igreja, e estar perdido. É possível ser sincero, e estar errado. E não ser salvo.   Esse foi o caso de vários de vocês aqui na igreja. Como nós ouvimos no testemunhos de vocês:   • Você achava que estava agradando a Deus, quando, na verdade, você estava confiando em uma mensagem de salvação pelas obras e não pela graça de Deus; • Quando você estava confiando na água do seu batismo em vez de confiar só no sangue de Cristo; • Você estava confiando nas ofertas que você dava em vez de receber de graça o perdão de Cristo pela fé.   Você pode usar o seu passado de incredulidade para louvar a Deus por ter salvado você. Se não fosse a graça de Deus, você estaria até hoje perdido e tentando se salvar e acabar perdido por toda a eternidade.   A segunda prova de que Paulo prega o evangelho verdadeiro—o evangelho que veio de Deus e não de homens, é que Paulo foi mais do que convencido. Ele foi convertido e chamado por Deus da graça.   SEGUNDA PROVA: DEUS SALVOU PAULO (VV. 15-17)   [15] Mas, quando Deus, que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça, achou por bem [16] revelar seu Filho em mim, para que eu o pregasse entre os gentios, não fui imediatamente consultar outras pessoas, [17] nem fui a Jerusalém para me encontrar com os que já eram apóstolos antes de mim, mas fui para as regiões da Arábia e voltei, outra vez, para Damasco.   A única explicação para a conversão de um homem tão convencido de que Jesus era um impostor para agora ver Jesus como Salvador é Deus—a intervenção de Deus.   A história de Paulo é uma grande motivação para você ter esperança. Deus salva os “insalváveis”. Deus muda corações. Deus tem poder para salvar.   Ninguém é duro demais que Deus não possa quebrar para reconstruir. Ninguém está longe demais que Deus não possa trazer para perto. Ninguém é frio demais que Deus não possa aquecer com o amor de Cristo. Ninguém é morto demais que Deus não possa ressuscitar. Ninguém.   Externamente, aos nossos olhos, a situação de cada pessoa pode parecer bem diferente. Mas me diga: salvar uma criança que nasce em um lar cristão é mais fácil para Deus do que salvar um ex-terrorista? Não é. A dificuldade é a mesma: humanamente falando, a dificuldade é infinita. Os dois são completamente incapazes de se salvar—tão incapazes quanto alguém no cemitério se levantar e começa a andar.   Mas o que é impossível para o homem, é possível para Deus.   Esses dias eu estava ouvindo a história de um homem. Ele nasceu em um lar com a família completamente desestruturada em um bairro perigoso. O pai era um homem estúpido e muito violento. Um dia, quando ainda era uma criança, o pai deu um soco no peito dele que deixou uma bola preta por vários dias. A mãe foi parar no hospital por causa das agressões do pai. Os amigos em volta dele eram péssimas influências.   Ele tinha tudo para se tornar um criminoso. Ou um ateu revoltado com a vida. Ou um homem imoral e egoísta. Mas...   Mas, quando Deus, que o separou antes de ele nascer e o chamou pela sua graça...   Ele foi até Cristo e se tornou uma nova criatura. Qual é a explicação? Deus. A graça soberana de Deus que separa, chama e salva.   Esses dias eu estava lembrando a história de uma mulher que eu conheço. O pai dela morreu quando ela era uma criança. A mãe era uma mulher orgulhosa e dura. Ela levava homens para dentro de casa. Ela foi exposta as coisas do mundo muito cedo. Ela tinha tudo para se tornar uma prostituta. Ou uma mulher sem religião. Ou uma feminista radical. Mas...   Mas, quando Deus, que a separou antes de ela nascer e a chamou pela sua graça...   Ela foi até Cristo e se tornou uma nova criatura. Qual é a explicação? Deus. A graça soberana de Deus que separa, chama e salva.   Essa é a sua história também, crente. Os detalhes pessoais podem mudar, mas a Pessoa que salvou você foi a mesma. O evangelho foi o mesmo. O Espírito foi o mesmo. A soberania, o poder, o amor e a graça foram os mesmos. Eles vieram do céu. Eles vieram de Deus.   Você pode não ter visto uma luz forte como o sol quando você estava andando na rua. Mas a luz que você viu foi ainda mais forte. Foi a mesma luz que salvou Paulo.   2Coríntios 4:6—Porque Deus, que disse: “Das trevas resplandeça a luz”, ele mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Jesus Cristo.   Foi uma luz tão forte, tão forte, que ela rompeu a sua cegueira e fez você ver, pela primeira vez, Jesus, o Filho de Deus morto no seu lugar naquela cruz.   Nenhum de nós é um apóstolo. Ou apóstola. Mas os elementos mais importantes da salvação de Paulo estão na sua salvação também. Nós fazemos bem em aproveitar para meditar neles:   Primeiro, Deus separou você antes de você nascer.   [15] Mas, quando Deus, que me separou antes de eu nascer...   Paulo está usando a linguagem dos profetas que foram chamados por Deus. Jeremias. Isaías. Mas essa escolha divina se aplica a todos os salvos. Não existe outra maneira de conta a sua história de salvação, crente.   Você ama a Deus porque Deus amou você primeiro. Ele escolheu você quando você só queria escolher as coisas do mundo e os desejos da carne.   Antes de você nascer, Deus escolheu amar você.   Segundo, Deus chamou você pela graça dele.   [15] Mas, quando Deus, que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça   De novo, a iniciativa foi de Deus. Ele separou você. Ele chamou você. É um chamado pessoal. Paulo fala: “Deus me chamou”. Nós estamos acorrentados ao pecado em um cela de prisão—sujos e fedorentos.   Até que Cristo nos chamou. A Palavra dele é doce como o mel, mas é também forte como o trovão. A voz dele foi tão forte que quebrou as correntes e você foi liberto da cela do pecado e da culpa.   Em um aspecto muito real esse mundo é um grande presídio. Cada ser humano nasce em uma cela de pecado—preso, acorrentado. É o que nós merecemos por causa da nossa rebeldia contra um Rei tão bom.   Porque Deus quis me salvar e não salvar o meu vizinho, isso eu não sei responder. Porque Deus quis salvar você, meu irmão pecador, e não quis salvar uma outra pessoa da sua família, isso eu não sei. Só Deus sabe.   Uma coisa eu sei: você que foi salvo, você foi chamado pela graça . O que nós realmente merecíamos era ficarmos naquela prisão pelos próximos milhões de anos. A única explicação que eu vejo para ele ter vindo até nós, aberto a porta da cela, nos libertado e ter se trancado na cela esperando o dia da execução na cruz para nos salvar—a única explicação que eu conheço está no versículo 15: me chamou pela graça. Graça.   Deus separa você. Deus chama você.   Terceiro, Deus envia você para falar dele.   [16] revelar seu Filho em mim, para que eu o pregasse entre os gentios   Você não é um apóstolo. Nem apóstola. Mas o Senhor Jesus nos chamou, pessoalmente, a fazer discípulo de todas as nações até que ele volte. Você tem o privilégio, como ex-prisioneiro e agora livre, de contar para aqueles que ainda estão presos como você saiu de lá.   Diga para eles que se eles pedirem para o Rei salvá-los, ele vem. Se eles crerem que o Senhor pode pagar pela dívida do crime deles na cruz, eles serão livres também.   João 8:31-32—Se vocês permanecerem na minha palavra, são verdadeiramente meus discípulos, conhecerão a verdade, e a verdade os libertará.   Essa é a segunda prova de que a fonte (a origem) do evangelho de Paulo é divina. A origem do evangelho de Paulo é divina porque a origem da salvação de Paulo é divina. Foi a verdade que libertou Paulo, não a mentira, como os adversários dele estão dizendo.   A única explicação para uma transformação tão drástica e tão radical na vida de Paulo (e na nossa) é Deus.   A terceira prova que o evangelho de Paulo (e da Bíblia) vem de Deus e não de algum homem é que:   TERCEIRA PROVA: PAULO NÃO FOI ENSINADO POR OUTROS HOMENS (VV. 18-24) Paulo quer mostrar que ele praticamente não passou tempo com os apóstolos e outros cristãos—nem antes da conversão nem depois da conversão. Isso prova que a origem (a fonte) do evangelho que Paulo prega não pode ter vindo de uma pessoa.   Paulo divide essa terceira prova em duas parte:   PAULO NÃO FOI ENSINADO POR OUTROS APÓSTOLOS (vv. 18-20)   [18] Passados três anos, fui a Jerusalém para me encontrar com Cefas e fiquei quinze dias com ele. [19] E não vi outro dos apóstolos, a não ser Tiago, o irmão do Senhor.   Paulo teve um contato muito limitado com os apóstolos. Paulo não ficou esperando se encontrar com Pedro para ele explicar mais do evangelho e Paulo saber o que fazer. Paulo não esperou a confirmação de outros apóstolos para poder pregar.   Paulo foi derrubado do cavalo, levantado do chão, carregado até Ananias, desvendado os olhos, convertido a Cristo e enviado para pregar. Ele foi para Jerusalém só 3 anos depois de tudo isso acontecer.   Por que Paulo fala isso? Ele não fala, mas é natural entender que os adversários de Paulo estavam dizendo que Pedro ensinou o evangelho para Paulo, mas Paulo estava distorcendo o evangelho só para agradar os gentios.   O próximo versículo confirma que Paulo está se defendo de uma acusação:   [20] Ora, a respeito do que estou escrevendo a vocês, afirmo diante de Deus que não estou mentindo .   Eu estou dizendo a verdade. Diante de Deus. Não acreditem neles nem o evangelho deles. O evangelho que eu prego é o evangelho que salva—só por causa da graça só por meio da fé só em Cristo.   Se vocês abandonarem o evangelho que eu preguei aí, vocês estão abandonando Cristo.   Crente, não são só os apóstolos que são acusados, perseguidos e atacados. Esse tipo de sofrimento está acontecendo agora em todo o mundo.   LAN NO VIETNÃ   Eu li ontem o testemunho de uma mulher no Vietnã chamada Lan. Ela está sendo perseguida pela família e até pelo próprio marido. Se ele encontrar a Bíblia que ela tem em casa, ele vai jogar fora. Ela lê escondida.   Ele já chegou a estrangular a ele porque ele estava estudando a Bíblia. Ela já foi denunciada e parou na delegacia três vezes. Eles disseram para ela parar de seguir a Cristo, mas ela ignora e continua. Essa perseguição dentro de casa faz essa mulher orar mais e ler a Bíblia mais.   Qual é a explicação para isso? Por que ela não desiste? A explicação é Cristo. Ela entendeu quem ela é. Ela entendeu quem Jesus é. Ela sabe qual é a fonte verdadeira: a Palavra de Deus. Ela sabe que o marido está errado, os policiais no Vietnã estão errados, a verdade está em Cristo. É por isso que ela continua.   Essa mulher viu uma luz mais forte que o sol de meio-dia. A luz que resplandeceu no coração delas e no seu coração, crente.   Existe um custo em seguir um Salvador que foi perseguido. Seja onde você estuda, onde você trabalha, seja dentro da sua casa. Alguns de vocês têm sofrido conflito e perseguição dentro da própria família.   O que você faz você continuar? Por que você não joga tudo para o ar? Porque você sabe que Deus separou você e chamou você pela graça. Você sabe que só ele tem as palavras de vida eterna.   Depois da iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Jesus Cristo, a maneira como você vê o mundo muda. A maneira como você vê as pessoas muda. A maneira como você vê a vida muda.   Paulo continua a defesa dele. Ele provou que ele não foi ensinado por Pedro, nem por apóstolo nenhum em Jerusalém, e agora (a partir do versículo 21), nem por cristão nenhum em Jerusalém.   PAULO NÃO FOI ENSINADO POR OUTROS CRISTÃOS (vv. 21-24)   [21] Depois, fui para as regiões da Síria e da Cilícia. [22] E eu não era conhecido pessoalmente pelas igrejas da Judeia, que estão em Cristo. [23] Ouviam somente dizer: “Aquele que antes nos perseguia, agora prega a fé que no passado procurava destruir.” [24] E glorificavam a Deus a meu respeito.   As igrejas de Jerusalém nem conheciam Paulo pessoalmente. Eles só ouviram falar da conversão poderosa que ele teve. Isso é prova que ele não passou tempo em Jerusalém sendo ensinado por outros apóstolos ou buscando a confirmação deles.   O evangelho que Paulo pregava não teve origem humana. Ele recebeu do céu—de Cristo, e por isso, rejeitar a mensagem que Paulo pregou é rejeitar o próprio Senhor Jesus.   Essa é a forma de Paulo apelar com eles: “Não façam isso. Esses homens que entrarem aí para perturbar vocês e me atacar são enganadores. Não creiam neles. Não abandonem o meu evangelho—não se submetam a lei de Moisés para serem salvos. Fiquem na mensagem da graça”.   O PODER TRANSFORMADOR DA GRAÇA DE DEUS [cf. Schreiner, p. 113]   E é verdade que o poder está na mensagem da graça, não no mensageiro. Nós somos vasos de barro. O tesouro está no evangelho. Deus usou uma mula para falar a Balão. Isso nos dá esperança. Ele pode nos usar também.   Mas a Bíblia não separa a nossa proclamação do nosso coração. Veja como Paulo no versículo 20 afirma a integridade dele diante de Deus e dos Gálatas. Eles observaram a vida de Paulo. Eles podia confirmar que Paulo era um pecador, mas um pecador que experimentar o poder transformador do evangelho.   No versículo 24, quando as pessoas viram a transformação na vida de Paulo, eles deram glória a Deus.   Que isso seja verdade de cada um de nós, povo de Deus. Que as pessoas possam olhar para as nossas vidas e possam dar glória a Deus pela transformação que ele fez e está fazendo em nós. Que a graça de Deus seja evidente na sua vida.   Viver uma vida escravizada ao pecado, viver como o mundo, não vai mostrar o poder do evangelho e vai enfraquecer o nosso testemunho.   Dizer que Cristo é maravilhoso e tudo na nossa vida, mas viver exatamente como alguém que não é crente—tira poder do nossa proclamação.   Isso não significa que você precisa ser perfeito para poder evangelizar. Se isso fosse verdade, nem Paulo, nem Pedro, nem apóstolo nenhum, nem homem nenhum, nem mulher nenhuma poderiam pregar. Mas nós podemos reconhecer o que é uma pessoa apaixonada por Cristo e uma pessoa apaixonada pelo mundo.   Se você é uma pessoa em público e outra pessoa no privado, você está se enganando. Não enganando Deus, que vê os corações. Enganando a si próprio. Você precisa ir até o Senhor. Pedir perdão e pedir para ele transformar você com a graça dele.   Como você tem vivido? As pessoas que estão perto de você—na sua casa, na sua família, no seu trabalho—o que elas estão vendo? Alguém apaixonado por Jesus. Ou alguém apaixonado pelas coisas do mundo? Alguém amoroso? Ou alguém irado? Alguém cheio de gratidão? Ou alguém cheio de reclamação?   Como você tem vivido? Como você tem usado o seu dinheiro? Com integridade? Com generosidade? Você sustenta o trabalho na igreja com alegria e generosidade? Ou você vive com medo de não ter o suficiente e sua fé não toca no seu bolso? Você gasta o seu dinheiro como o mundo gasta? Ou como alguém que está contente em Cristo?   Como você tem vivido? Como você tem usado o seu tempo? Você usa boa parte do seu tempo assistindo coisas triviais que não vão edificar você? Você usa horas e horas da sua semana com entretenimento banal—produzido pela Indústria de Diversão da Babilônia — que faz sua alma ficar mais gelada para as coisas espirituais e desejar mais as coisas temporárias desse mundo? Ou você tem visto e lido e ouvido coisas que vão deixar você mais apaixonado por Cristo e com mais desejo de viver para ele e de falar dele para as pessoas a sua volta.   Jesus disse: Mateus 6:21—Porque, onde estiver o seu tesouro, aí estará também o seu coração.   Onde está o seu coração? O que você realmente ama? O amor por Jesus produz uma vida para Jesus. A árvore da salvação sempre produz fruto de santificação.   Como alguém falou sobre Richard Sibbes: “O céu esteve nele antes que ele estivesse no céu”.  [Pregação Reformada, p. 264].   Que nós possamos carregar esse aroma de vida celestial também por causa do nosso amor por Cristo.   CONCLUSÃO A história de cada um de nós tem seus detalhes pessoais. Mas a Pessoa que nos salva é sempre a mesma. O evangelho é sempre o mesmo. A graça é sempre a mesma. A graça que separa, chama, salva e transforma você.   Se você está se perguntando: “Como Deus pode me perdoar depois do que eu fiz?”, eu digo: Deus salva os “insalváveis”. Ele não veio para os justos, mas para os pecadores. Mas você precisa olhar para o Salvador certo. O Jesus certo. O Jesus da Bíblia.   Você precisa ouvir a fonte certa: a mensagem da Palavra de Deus. A mensagem do Jesus que morreu em uma cruz para pagar pelo seu pecado “impagável” e que não precisa da nossa ajuda para nos salvar.   Você precisa abrir mão de toda a sua confiança em você e crer que quando ele morreu, não faltou nada para salvar você. Ele já fez tudo.   Assim o evangelho que veio do céu entra em você. E você, como Paulo, nunca mais será a mesma pessoa. Igreja Batista Jardim Minesota Rua Clotildes Barbosa de Souza, 144 Jardim Santa Maria (Nova Veneza) 
 Sumaré - São Paulo

Gálatas 1:11-24: O Evangelho Veio do Céu

Quem você vai seguir: Deus ou o mundo? Deus ou o conselho de amigos contrários à Bíblia? Deus ou os desejos da carne?

02 de março de 2025 – IBJM Imagine que você está saindo de Sumaré com a tua família para tirar uns dias de folga na Baía de Sancho, em Fernando de Noronha, que foi eleita a melhor praia do mundo pela sétima vez em 2024. E, no meio do caminho, você recebe uma ligação com a mensagem de que um parente teu muito próximo, que você ama muito, está no hospital depois de ter sofrido um acidente terrível. Você volta o mais depressa possível para Sumaré, vai direto para o hospital para poder dar toda a atenção necessária e para acompanhar de perto a recuperação dessa pessoa que você tanto ama. 
 Uma mudança radical nos planos dos dias de folga que você tinha: da paisagem de Fernando de Noronha para uma cadeira ao lado de um leito de hospital; dos sorrisos para o choro; de momentos de alegria para momentos de tensão e preocupação. 
 É exatamente o que vemos Judas fazer na sua carta: uma mudança radical de direção. Ele começa a carta dizendo qual era a sua intenção original em escrever: falar sobre a “salvação que temos em comum” , mas então, ele muda o tom da sua carta de maneira drástica para uma exortação “a lutar pela fé que uma vez foi entregue aos santos”  (v.3). 
 O que dá a entender é que a situação era urgente, exigia atenção imediata, como exigiu de você desistir de ir para Fernando de Noronha e cuidar do teu ente querido.   V.4: “Certos indivíduos, [...] ímpios, [...] haviam se infiltrado na igreja sem serem notados” , ou seja, falso ensino penetrando na Igreja e, quando perceberam, já estava numa situação alarmante. Estavam “transformando a graça de Deus em libertinagem”  e “negando o Senhor Jesus Cristo” .   Libertinagem é conduta desregrada, voltada para desejos e prazeres imorais, pecaminosos; indisciplina, insubmissão; desconsideração da moral. A libertinagem é o uso errado da liberdade. Enquanto a liberdade da graça de Deus nos faz usufruir dos benefícios dos alimentos com moderação, a libertinagem faz dos alimentos fonte de gula. Enquanto a liberdade traz o prazer do relacionamento sexual entre um homem e uma mulher dentro do casamento, a libertinagem faz desse relacionamento prostituição. A libertinagem prejudica não somente a própria pessoa como, também, outras pessoas que estão ao redor. 
 O verso 4 parece uma pintura do ano de 2025: Falsas doutrinas entrando nas igrejas sem serem percebidas e, quando são notadas, o estrago está feito. O resultado disso são pessoas que odeiam a igreja, que não querem ouvir mais falar de crente, que estão feridas, famílias se dissolvendo dentre tantas outras formas como o falso ensino se manifesta na vida de quem ouve todo esse engano e acredita nos lobos falantes.             Judas nos traz um alerta de que precisamos ter muita atenção ao que acontece ao nosso redor, ao que estamos ouvindo, vendo, ao que acontece com cada um de nós. 
 
 Às vezes, parece que está tudo bem, tudo dando certo, nossa vida está ótima, mas precisamos parar e avaliar para saber se, de fato, está tudo bem. Precisamos saber e filtrar se o que estamos consumindo tem nos santificado ou camuflado nossos pecados. Se pegarmos o histórico dos vídeos que assistimos no YouTube, dos reels que vemos no Instagram, das conversas que temos com nossos amigos e familiares, o que tudo isso dirá a nosso respeito? Estão sendo usados para a glória de Deus, nosso crescimento em santidade e nossa firmeza na fé, ou estão penetrando nosso coração sem conseguirmos notar (como os falsos mestres) e corroendo nossa vida pouco a pouco? O falso ensino dos falsos mestres está conectado com a vida que eles vivem. A história nos mostra muitos homens que apostataram da fé. Isso acontece. É real. Eram lobos infiltrados no meio das ovelhas.    
 Uma das evidências de uma pessoa que quer enganar os outros é o quanto a vida dela é acessível, o quanto você conhece dela, das suas qualidades e das suas dificuldades; do seu crescimento na piedade e das suas lutas contra os seus pecados. 
 A vida não é para ser vivida na privacidade. Deus não criou o homem para andar sozinho. Um líder que esconde a sua vida é um líder que está escondendo o seu coração; ele está colocando num quarto escuro todas as suas palavras, toda a sua conduta, seus pensamentos, desejos, trancando esse quarto a sete chaves e, quando você quiser saber alguma coisa sobre ele, ele te mostra somente a porta fechada do quarto, muito bem pintada, adornada, para tirar a atenção do que está dentro do quarto, daquilo que é a realidade. 
 Usando uma ilustração da própria Bíblia, vemos que o Senhor Jesus já tinha dito sobre esse tipo de pessoas, de líderes, quando falou a respeito dos escribas e fariseus: “Ai de vocês, escribas e fariseus, hipócritas, porque vocês são semelhantes aos sepulcros pintados de branco, que, por fora, se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda podridão!”  (Mt 23.27).   O falso ensino é muito perigoso!             Martinho Lutero: “A paz, se possível, mas a verdade, a qualquer custo”. Lutero foi quem deu o start na Reforma, lutando contra os líderes da Igreja que enganavam o povo com as indulgências, por exemplo (comprar a salvação). 
 O ponto aqui não é viver em guerra com todo mundo. Paulo nos adverte em Romanos que temos que viver em paz com todos. Mas para a paz ser possível, é necessário que ela esteja fundamentada na verdade.   Então, o que me parece é que Lutero está dando eco ao que Jesus ensinou e ao que Judas escreveu. O que esses nossos irmãos do passado fizeram foi fincar no solo dos corações dos crentes as estacas da convicção do evangelho com o martelo da Palavra de Deus, para que a Igreja permanecesse firme na fé, sem ser enganada e levada por ensinamentos falsos, por doutrinas que são preceitos de homens.   Judas está com um quadro branco em sua frente, um pincel numa mão e uma badeja de tintas na outra, e ele está pintando um retrato dos falsos mestres, onde cada pincelada que Judas dá, vai mostrando o resultado do caráter dos falsos mestres. 
 O que este “servo de Jesus Cristo”  nos mostra é que os falsos mestres podem ser identificados por seu caráter imoral.             Nós vemos neste trecho as manifestações externas dos falsos mestres: palavras e ações. Vamos observar as exortações, os alertas de Judas a essas manifestações externas dos falsos mestres através de três olhares do autor na sua carta: o olhar dele para (1) as palavras de Enoque, o olhar dele para (2) as palavras dele mesmo (Judas) e o olhar dele para (3) as palavras dos apóstolos.   Vv. 14-15 (palavras de Enoque) Judas vai usar um texto de Enoque, o mesmo Enoque de Gênesis 5, a respeito de quem foi dito que ele “andou com Deus” , e esse texto faz parte de um livro apócrifo (ou seja, não é inspirado por Deus) da literatura judaica, como um meio de falar numa linguagem em que seus leitores o entenderão mais facilmente, pois os judeus conheciam outras literaturas também. Ainda hoje, esta prática continua sendo um dos elementos mais importantes da comunicação da verdade cristã. 
 Nós lemos muitos livros cristãos, que são excelentes literaturas. Discipulados são feitos com livros que não são a Bíblia. Eles não são inspirados, somente a Bíblia é inspirada, mas são livros que nos ajudam a enxergar as verdades bíblicas com mais clareza. 
 
 Então, o uso do livro de Enoque por Judas não minimiza a importância do que ele está dizendo e nem que ele pensava que o Livro de Enoque deveria estar na Bíblia; ele só está deixando o assunto mais claro para seus leitores, assim como para nós os livros não diminuem a importância das Escrituras, mas nos fazem olhar para os que as Escrituras dizem com mais atenção.   Enoque escreve a respeito do juízo que o Senhor vai exercer contra todos (todos os ímpios) e convencer todos os ímpios das suas impiedades cometidas contra o próprio Deus. O Senhor vai convencer: “a respeito de todas as”  obras ímpias que praticaram (ações) E “a respeito de todas as”  palavras insolentes que proferiram (palavras).   Note que Enoque escreve com um termo de totalidade: todos os ímpios, todas as obras ímpias, todas as palavras insolentes. E quando ele fala de palavras e ações, ele está resumindo o que é o ser humano. As palavras e as ações são resultados externos daquilo que está no coração, e quando falamos de coração, não estamos falando do órgão humano, mas sim, de todas as faculdades humanas, daquilo que o homem é. Então, quando ele diz palavras e ações, muito provavelmente, ele está falando de todo o homem. O homem será julgado pelo Senhor pela maneira como vive, e os que não vivem de acordo com a Palavra de Deus estarão debaixo do juízo de Deus.             E nós podemos saber que o que Enoque escreveu era uma verdade pelo fato de Judas usar esse texto e confirmá-lo como uma verdade, pois as palavras de Judas (v.16) são inspiradas por Deus. Mas, também, pelo fato das palavras dos apóstolos (vv.17-18) confirmarem essa verdade, pois são palavras inspiradas pelo Espírito Santo também. 
 V.16 (palavras de Judas)   “Esses tais são murmuradores, pessoas descontentes. [...] A sua boca vive falando grandes arrogâncias” . 
 
 Murmuradores, descontentes e arrogantes. 
 Provavelmente, a primeira coisa que vem à mente de Judas, que era judeu, quando ele fala de murmuração, é Êxodo 16, quando o povo tinha saído do Egito e chegado ao deserto (e ele cita esse exemplo no verso 5), e começou a reclamar que não tinha pão, que seria melhor ter morrido no Egito junto às panelas de carne e quando comiam pão à vontade. 
 O povo de Israel tinha acabado de ser libertado da escravidão, e eles não conseguiam enxergar o livramento de Deus. Em vez de olharem para o Senhor, estavam olhando para o seu próprio umbigo. Descontentes com a salvação, murmurando por estar no deserto e desejando voltar à escravidão. 
 Do jeito de Deus não estava bom, tinha que ser do jeito deles. 
 Quanta arrogância, quanta soberba. É assim que esses falsos mestres são e vivem. 
 A murmuração e o descontentamento fazem com que as pessoas se tornem arrogantes, cegas para as pessoas ao seu redor. Não se interessam pelo próximo, mas somente por si mesmas. 
 E quanto mais uma pessoa olha para si mesma, menos ela olha para Cristo. 
 
 A distância entre ela e Deus começa a aumentar. E sempre que o homem começa a se afastar do Senhor, a ficar fora do contato com Deus, a probabilidade dele se queixar é muito grande. 
 Nada nunca estará bom o suficiente. O nível de exigência se torna muito alto. Exige-se muito dos outros e dele mesmo. Nunca está satisfeito e contente.   Meus irmãos, o povo de Israel murmurou, os falsos mestres são conhecidos por serem murmuradores e descontentes. Mas e quanto a você? - Você tem notado sinais de murmuração no seu coração? Pois essa parece ser uma característica que não deve fazer parte do nosso retrato, do quadro da nossa vida. - Será que temos sido governados pelos nossos desejos? - De querermos ter tudo sob o nosso controle? - Será que percebemos o quanto a murmuração e o descontentamento são um insulto contra o nosso Deus? 
 Dificilmente a gente para pra pensar que estamos respirando e como Deus cuida de nós a cada segundo da nossa vida. Lucas, no livro de Atos, diz que Deus “é quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas” . 
 Nós temos a tendência de somente agradecer a Deus por nos dar coisas físicas, palpáveis, que podemos mostrar para os outros. Agradecemos por dons para servir que são mais vistos pelas pessoas, sendo que deveríamos ser muito mais gratos a Deus por abrirmos nossos olhos todas as manhãs. Não vamos nos esquecer que não importa o que aconteça, “nada pode nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”. 
 
 Se você se lembrar todos os dias que não existe nada que irá separar você do amor de Deus em Cristo Jesus, você irá murmurar menos e ser menos descontente e começará a ser mais agradecido e feliz no Senhor, independente das circunstâncias. 
 
 Esse é um excelente exercício diário para fazermos. 
 
 Antes de você ir para a academia exercitar o seu corpo físico, exercite o seu coração e a sua alma com a gratidão pelo que Jesus fez na cruz para te salvar.   A murmuração e o descontentamento levam uma pessoa a ser arrogante que leva essa pessoa a andar segundo as suas paixões, a ser motivada pelos seus interesses pecaminosos (v.16: “... andam segundo as suas paixões. [...] adulam (bajulam) os outros por motivos interesseiros” ). 
 Andar segundo as suas paixões é fazer as obras da carne. É nesse caminho que os falsos mestres andam. 
 Gl 5.19-21: “Ora, as obras da carne são conhecidas e são: imoralidade sexual, impureza, libertinagem, 20  idolatria, feitiçarias, inimizades, rixas, ciúmes, iras, discórdias, divisões, facções, 21  invejas, bebedeiras, orgias e coisas semelhantes a estas. Declaro a vocês, como antes já os preveni, que os que praticam tais coisas não herdarão o Reino de Deus.”   Muitas igrejas são conhecidas na Internet não por pregarem o evangelho, mas por seus líderes estarem envolvidos em escândalos, em brigas por poder, brigas por posições teológicas, por terem adulterado, por se envolverem com vícios. 
 Igrejas que não são alimentadas com um pão fresco, quentinho, macio, mas com um pão mofado encontrado no lixo. 
 Dizem tantas palavras bonitas, mas vazias e jogadas ao vento, mostrando uma imagem de santos, mas corrompidos por dentro. Se passando por generosos, mas ostentando o banquete do mundo. 
 Pastores que são bajuladores por motivos interesseiros, por ganância (como Judas já havia citado no verso 11), apenas para enriquecerem. Homens que querem mostrar os seus bens materiais, e não os seus corações e sua vida. Que vivem com base no “é melhor receber”, do que obedecer a palavra de Cristo que diz “é melhor dar”.   O que Judas está nos dizendo é que a Igreja não precisa e nem deve aceitar esse tipo de comportamento dentro da Igreja. 
 A exortação para permanecer firme na fé envolve a firmeza de defendermos o evangelho e sermos criteriosos com o alimento que estamos recebendo. 
 Não é para aceitarmos qualquer coisa, qualquer comida. Não é para aceitarmos pedido de dinheiro, mensagens motivacionais para nos sentirmos melhor, mensagens que digam que as Escrituras não são suficientes, mensagens que contam somente histórias. É para aceitarmos somente a palavra que mostra “Cristo, e este crucificado” .    Vv. 17-18 (palavras dos apóstolos)   “Mas vocês, meus amados...” . 
 O fato de Judas chamá-los de “meus amados”  mostra que eles são diferentes dos ímpios (v.1: “... são amados em Deus Pai...” ), mas também, que ele tem uma preocupação pessoal com eles. Judas amava a Igreja. A exortação dele, embora seja bem incisiva e dura, era com amor. 
 Exortar um irmão é demonstração de amor. Se você for exortado por algum irmão piedoso, não se entristeça, não fique bravo. Agradeça o Senhor por ter colocado pessoas ao teu lado que te amam a ponto de te falarem que você está errado e te mostrarem o caminho do arrependimento. Essas pessoas estão te ajudando a fincar as estacas da fé na Palavra de Deus para você não pecar.   “Mas vocês, meus amados, lembrem-se” . 
 Não somos só nós que temos problema de memória. Nossos irmãos do passado também tinham. Judas está repetindo essa expressão que ele usou no início da sua carta (v.5), para mostrar aos seus leitores que os apóstolos já tinham falado e alertado sobre os lobos no meio das ovelhas. Esses falsos mestres vinham de dentro da igreja, tinham se tornado parte da igreja e agiam como se fossem crentes verdadeiros. Judas está usando a palavra dos apóstolos para afirmar que o que ele está dizendo não é nenhuma invenção, não é nada novo, é algo que estava acontecendo e que já tinha acontecido outras vezes na história do povo de Deus.   E esse alerta serve muito bem para nós hoje. O esquecimento do ensino e das advertências de Deus na Escritura é uma causa fundamental na deterioração espiritual. 
 Se nos esquecermos do ensino e das advertências do Senhor na Sua Palavra, começaremos a considerar que as coisas são relativas, subjetivas, sendo que, na verdade, não são.   - Perceba como, na medida em que nos esquecemos do que a Palavra de Deus diz sobre o culto, podemos começar a pensar que o culto não é tão importante. - Quando a gente esquece dos encorajamentos da Palavra sobre termos comunhão com os irmãos, somos tentados a achar que isso também não é tão importante. - Se nos esquecermos do ensino da Palavra sobre cuidarmos uns dos outros, podemos cair no erro de pensarmos que ajudar os irmãos nas suas mais diversas necessidades não é importante.             Nós nos esquecemos, e esquecemos rápido, que a demonstração do amor e da graça de Deus é em todo momento. Nos esquecermos disso é tiramos as estacas do nosso acampamento das Escrituras e colocamos sobre as nossas próprias convicções. Meus irmãos, para onde nós iremos se é Deus, e somente Deus, quem tem as palavras de vida eterna? Precisamos nos lembrar que nossa vida não pode ser fundamentada em nós mesmos, em nossas próprias convicções, mas tem que ser fundamentada na Palavra viva e eficaz, a Palavra de Deus.   V.19 (Efeitos colaterais da vivência com falsos mestres e seus falsos ensinos) O resultado de se viver em suas próprias convicções não é bom. 
 Se nós vivermos nos lembrando da Palavra, viveremos, consequentemente, de acordo com a Palavra. Mas o que Judas vai mostrar agora, nesse último versículo desse trecho, é o resultado da vida de quem não vive se lembrando da Palavra, mas vive pelas suas convicções, vivendo contra a Palavra. 
 Judas estava falando das palavras dos apóstolos, e eles estavam certos sobre os falsos mestres. Os falsos mestres não iam viver de acordo com a Palavra e é assim que Judas conclui, mostrando a forma como eles vivem, a consequência gerada na vida deles por não crerem na Palavra e ensinarem o que é contrário às Escrituras. 
 Então, no versículo 19, Judas nos mostra claramente o resultado da pintura que ele está fazendo dos falsos mestres. 
 “São estes os que promovem divisões, seguem os seus próprios instintos e não têm o Espírito.”             Você já deve ter ouvido a seguinte expressão: “siga o seu coração”. Essa é uma das frases mais diabólicas que você pode ouvir e acreditar. Foi o que o Diabo disse no Éden para Eva e é o que o mundo continua a dizer até hoje. 
 Quem segue o próprio coração não tem o Espírito de Deus, porque o Espírito Santo não leva você ao seu coração, Ele leva você para a cruz, Ele te direciona para Cristo. Um falso mestre direciona as pessoas para muitos lugares, menos para a cruz de Cristo. E se você não for para a cruz, você não pode ser salvo. Não existe esperança de vida eterna longe de Jesus. Cuidado! Esses ensinos que promovem divisão, que incentivam a seguir os próprios instintos, o próprio coração, são ensinos que não têm o Espírito, e podem penetrar pelo WhatsApp, pelos vídeos do Youtube, pelos posts do Instagram, pelos livros, pelas conversas despretensiosas.   Mas a salvação sobre a qual Judas queria escrever no início da sua carta é o caminho contrário a esse vivido pelos falsos mestres. - O crente não anda segundo as suas paixões, ele anda em santidade. - O crente não promove divisões, ele promove unidade. - O crente não segue os seus próprios instintos, ele segue o Bom Pastor, Jesus Cristo. - O crente não é uma pessoa que não tem o Espírito, mas é em quem o Espírito Santo de Deus habita.   Conclusão      “Meus amados”, o preço pago para sermos unidos, para que o Espírito habitasse dentro de nós, foi muito alto. Foi preço de sangue, o sangue do nosso Bom Pastor, do nosso Redentor e Salvador Jesus Cristo. 
 O sangue de Cristo derramado na cruz por pecadores como eu e você é o único meio para sermos salvos. Isso é o evangelho verdadeiro. Isso é uma estaca bem fincada no solo do teu coração. 
 O caminho do verdadeiro evangelho é o caminho da cruz!   Nossa resposta a esse amor que Deus mostrou a nós no Seu Filho deve ser de fincarmos nossas estacas na Sua Palavra firmando nossa fé na Pessoa de Jesus e na obra de salvação que Ele fez na cruz.   A Igreja sempre lutou contra falsos ensinos de falsos mestres. Mas podemos olhar para o quadro que Judas pintou para nós e recebermos ajuda do Espírito Santo para não cairmos nas ciladas de Satanás. 
 Mesmo nos dias mais escuros e tenebrosos que vivemos, não importa o quanto as trevas militem contra nós, vamos permanecer com os nossos olhos em Cristo, no Autor e Consumador da nossa fé. Vamos andar unidos, em amor, buscando viver em santidade, e não segundo os nossos próprios desejos, para um dia podermos estar unidos diante do nosso Deus, contemplando a Sua glória e a Sua Majestade.   Esse Deus, o único Deus verdadeiro, é poderoso para evitar que a gente tropece e nos apresentar diante Dele mesmo, santos e irrepreensíveis. Ele nos ajudará a perseverarmos e a lutarmos pela nossa fé até o fim. Igreja Batista Jardim Minesota Rua Clotildes Barbosa de Souza, 144 Jardim Santa Maria (Nova Veneza) 
 Sumaré - São Paulo

Judas 14-19: Cuidado! Lutem Pela Fé de Vocês!

se você não for para a cruz, você não pode ser salvo. Não existe esperança de vida eterna longe de Jesus.

Série em Gálatas: A Mensagem da Cruz 
 16 de fevereiro de 2025 – IBJM De tudo o que Paulo escreveu, essa é a passagem mais severa. Essa é a versão de Paulo derrubando as mesas e pegando um chicote para expulsar os cambistas do templo.   Anátema é uma palavra pesada. Anátema significa maldito. Nesse trecho curto, Paulo usa 2 vezes. “Seja anátema”. Ele repete: “que esse seja anátema”.   Paulo está tomado por um espírito de indignação. O que está acontecendo?   Eu vou tentar explicar com uma história: uns 4 ou 5 anos atrás, eu estava na casa de um pastor no Acre, e ele estava contando sobre o dia em que uma cobra entrou na casa deles. Os cachorros começaram a latir como loucos para a cobra. O pastor viu a cobra, entrou em um quarto e começou a gritar. (Seria provavelmente o que eu faria também!). Um enorme desespero.   Mas nesse dia estava também em casa a Chiquinha, uma mulher que trabalhava para eles. Ela é bem baixinha e magrinha, mas Chiquinha foi criada na roça. Não foi a primeira vez que ela viu uma cobra.   Ele viu o que estava acontecendo, pegou uma vassoura, foi até o quintal onde a cobra estava e com um golpe certeiro esmagou a cabeça da cobra com o cabo da vassoura.   Pergunta para vocês: Chiquinha é uma vilã ou uma heroína? Ela é a heroína. Ela salvou o pastor e a família. Ela salvou até os cachorros. A situação exigiu essa reação.   COBRAS ENTRARAM  A situação em Gálatas exige essa reação: Falsos mestres que se infiltraram nas igrejas para enganar os crentes recém-convertidos. Paulo está experimentando uma ira santa que vem de um zelo pela glória de Deus, um zelo pela verdade, e um zelo pela salvação das pessoas que ele ama.   Essa passagem é uma repreensão às igrejas também, mas Paulo não está com raiva dos crentes. Paulo disse em 1 Coríntios 13 que o amor “não se irrita”. Apóstolos não escrevem cartas para pecar contra o povo de Deus.   Paulo não está irado com os Gálatas, mas ele está espantado, perplexo, inconformado em como eles abriram a porta da igreja e deixaram essas serpentes venenosas entrarem. Eles abriram a porta do coração para homens com um evangelho diferente.   Em vez de eles latirem para avisar que tinha uma cobra dentro da igreja, eles trataram as cobras como se fossem ovelhas. Agora Paulo precisa entrar com uma vassoura para proteger a família de Deus. E precisa ser rápido. É uma situação de emergência.   O amor cria esse zelo. E o zelo nos leva a proteger o que é precioso: a glória de Cristo e a salvação das ovelhas. Parte do papel dos apóstolos, dos pastores e de todos nós, é protegermos as ovelhas.   Existem situações de vida ou morte. Uma cobra venenosa dentro de casa é uma situação de vida ou morte. Homens com falsos evangelhos na boca é uma situação de vida eterna ou morte eterna.   Os Gálatas começaram bem, mas não continuaram bem. Eles demoraram tanto para expulsar as cobras, que eles acabaram sendo picados.   Mas, louvado seja o Senhor! Existe um antídoto para o veneno. Mas ele precisa ser aplicado rápido, antes que seja tarde demais.   SEM AÇÃO DE GRAÇAS Nós conseguimos ver esse senso de urgência em Paulo até pelo que ele não escreve:   • Com os Filipenses, logo depois da saudação inicial, Paulo escreveu: “Dou graças ao meu Deus por tudo o que lembro de vocês” (1:3). • Para os Colossenses, ele disse: “Damos sempre graças a Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, quando oramos por vocês”. • Até para o Coríntios, uma igreja cheia de problemas, Paulo escreveu: “Sempre dou graças ao meu Deus por vocês”.   Gálatas é diferente. Paulo esticou a saudação inicial para falar do evangelho, mas aqui ele cortou a gratidão inicial para ir direto para o assunto.   Em vez de “dou graças a Deus por vocês”, ele começa com:   [6] Estou muito surpreso em ver que vocês estão passando tão depressa daquele que os chamou na graça de Cristo para outro evangelho...   Não que Paulo não seja grato por eles. Ele é! Mas é a urgência da emergência. Ele precisa correr e salvar a Noiva de Cristo que foi picada.   Em uma mão, Paulo tem uma vassoura para atacar as serpentes. Na outra mão, ele tem o antídoto para salvar os crentes.   Eu quero mostrar para vocês no texto 3 verdades do evangelho que vão nos proteger dessa raça de víboras chamada falsos mestres. 3 substâncias que, juntas, foram o antídoto para nos salvar.   Primeira substância do antídoto evangélico:   1.     NÃO EXISTE OUTRO EVANGELHO (VV. 6-7) Evangelho só existe um.   [6] Estou muito surpreso em ver que vocês estão passando tão depressa daquele que os chamou na graça de Cristo para outro evangelho, [7] o qual, na verdade, não é outro. Porém, há alguns que estão perturbando vocês e querem perverter o evangelho de Cristo.   Paulo está perplexo de como, em menos de 2 anos (“tão depressa!”), os crentes estão se deixando levar por uma falsificação do evangelho.   A implicação para nós aqui é: CRENTE PRECISAM CONTINUAR CRENDO.   Crente, continue crendo—todos os dias—até o fim dos seus dias nesse mundo.   Paulo está escrevendo para crentes. Ele não está alertando os falsos mestres. Eles está escrevendo para os crentes da Galácia. E ele escreve com a esperança certa de que os crentes verdadeiros vão se agarrar a mensagem do evangelho verdadeiro.   Um pouco mais para frente, na carta, ele diz:   Tenho confiança no Senhor de que vocês não mudarão a sua forma de pensar. Mas aquele que está perturbando vocês, seja ele quem for, sofrerá a condenação (Gálatas 5:10).   Paulo tem confiança de que eles vão ouvir as palavras de Paulo como as palavras de Deus e rejeitar as falsificações do evangelho.   Mas nós precisamos reconhecer nossa fraqueza. Nosso coração tem uma tendência natural de acreditar em mentiras. Quando Adão e Eva acreditaram na mentira da Serpente no Jardim, esse veneno entrou na corrente sanguínea deles de uma forma que, a partir daquele dia, a bactéria mortal da incredulidade começou a passar de geração em geração.   Quando nós nos convertermos, nós recebemos a capacidade de crer na verdade, mas nós ainda enfrentamos o perigo de sermos enganados. Nós ainda precisamos ser alertados e ensinados até o fim da nossa corrida da fé. Crentes precisam continuar crendo. Se nós nos afastamos do evangelho da graça de Cristo, isso mostrará que nossa fé nunca foi verdadeira.   Por isso, amarre seu coração com toda a força na âncora do evangelho. Não deixe sua alma navegar para o mar das mentiras desse mundo. A repreensão de Paulo aos Gálatas nos lembra que nós precisamos vigiar nossa vida e nossa doutrina.   E para isso, a segunda implicação: CONHEÇA BEM O EVANGELHO VERDADEIRO.   Você não precisa saber responder todas as perguntas espirituais que todas as pessoas fazem. Mas vocês precisa saber as questões fundamentais do evangelho para conseguir discernir o que é original e o que é uma falsificação.   Paulo chama o evangelho, no versículo 6, de “a graça de Cristo”.   [6] (...) passando tão depressa daquele que os chamou na graça de Cristo para outro evangelho.   Uma maneira de você reconhecer um evangelho diferente, um evangelho falsificado, é você perceber se a mensagem da graça não está sendo contaminada com obras humanas sendo acrescentadas—seja o batismo, seja guardar o sábado, seja qualquer obra.   Uma mensagem que diz que você precisa, além da fé em Jesus, obedecer para ser perdoado (justificado) não é uma boa notícia para nós, pecadores—não é o evangelho.   Ou a salvação é uma conquista humana ou a salvação é a conquista de Cristo. Evangelho que é realmente uma boa notícia só existe um: o evangelho da graça, não das obras.   A palavra que Paulo usa no final do versículo 7 para “perverter” ou “distorcer” é uma palavra usada para falar de uma grande mudança. Ela é usada na Bíblia para falar da mudança de água para sangue, de luz para trevas, de alegria para tristeza.   A mensagem do evangelho é como um jarro de 3 litros cheio da água pura e cristalina. Acrescentar alguma obra humana é pingar uma gota de veneno preto na água. Não tem como beber mais. Agora ela faz mal.   Nós precisamos beber a água do evangelho puro, limpo, cristalino—a maravilhosa mensagem de que nós não fizemos nada para merecer o perdão e Jesus fez tudo na cruz para pagar pelo nosso pecado.   Nós entramos com o pecado e Deus entra com o perdão. Nós entramos com a nossa miséria e Deus entra com misericórdia. Nós entrarmos com a sujeira da nossa desobediência e Deus entra com a pureza da santidade do Senhor Jesus.   Crente, continue crendo no evangelho. Conheça bem o maravilhoso evangelho da graça. Não existe outro.   Leia a sua Bíblia. Sirva na sua Igreja. Viva entre seus irmãos. Seja um ouvinte e um praticante do evangelho da graça de Cristo. E você estará protegido.   Segunda substância do antídoto evangélico que nos protege do veneno do evangelho falsificado das cobras:   2.     EVANGELHOS DIFERENTES LEVAM A MALDIÇÃO (VV. 8-9) O evangelho verdadeiro leva a salvação, ao perdão, a comunhão com o Deus—aquele que nos chamou para a graça de Cristo (v. 6). Mas o evangelho falsificado das obras humanas nos afasta de Deus e nos leva a condenação, a destruição da nossa alma—a maldição.   [8] Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu pregue a vocês um evangelho diferente daquele que temos pregado, que esse seja anátema. [9] Como já dissemos, e agora repito, se alguém está pregando a vocês um evangelho diferente daquele que já receberam, que esse seja anátema.   Paulo repete para mostrar a seriedade. Nós estamos lidando com o destino eterno das pessoas, com a glória infinita de Deus, com a obra suficiente de Cristo na cruz.   Não importa quem seja, pode ser até “um anjo vindo do céu”: se alguém pregar uma mensagem diferente do evangelho original, esse alguém é anátema—amaldiçoado.   As palavras de Jesus para os falsos mestres do tempo dele não foram diferentes:   — Ai de vocês, escribas e fariseus, hipócritas... Serpentes, raça de víboras! Como esperam escapar da condenação do inferno? (Mateus 23:29,33).   Paulo não está dizendo que um anjo ou ele, de verdade, pregariam um evangelho falso. Anjos verdadeiros e apóstolos verdadeiros amam o Deus verdadeiro e a mensagem verdadeira.   Paulo está usando uma linguagem muito forte para mostrar que o evangelho é documento divino imutável: escrito pelo Deus Pai, assinado pelo Deus Filho e publicado pelo Deus Espírito.   Aquele que tentar mudar a evangelho de Deus será destruído.   • Como Nadabe e Abiú foram destruídos porque ofereceram fogo estranho diante de Deus. • Como Uzá foi destruído porque tocou na arca da aliança. • Como Ananias e Safira foram destruídos porque mentiram para o Espírito Santo.   Deus nos deu o evangelho para nós crermos e amarmos e proclamarmos, não para distorcermos, pervertermos ou modificarmos a mensagem da cruz. Evangelhos diferentes levam a destinos diferentes: não salvação, mas maldição.   O evangelho é uma estrada muito segura. Totalmente segura. Se nós trilharmos o evangelho da graça olhando para Cristo crucificado, nós vamos chegar no destino da glória. É certo! Até hoje, Jesus não perdeu nenhuma ovelha. E nunca perderá.   Ovelha do Senhor Jesus, você pode ter que passar pelo vale da sombra da morte, mas ainda assim, ele estará com você e guiará você. E você habitará na Casa do Senhor, para todo o sempre.   Mas de cada um dos dois lados da estrada do evangelho, tem um penhasco com uma queda de milhões de quilômetros. Não dá para ver o fim. Se desviar da estrada da graça é cair no abismo.   IBJM, não vamos tirar os olhos do nosso Salvador. Não vamos sair da estrada do evangelho da graça. Por nada!   Uma coisa que deve ficar clara para nós é que esses falsos mestres na Galácia (e os falsos mestres hoje) não são crentes confusos. Falsos mestres são não-crentes. Eles rejeitaram a salvação do Senhor e estão decididamente se opondo a mensagem da graça que Paulo prega. Por isso, Paulo declara uma palavra de maldição para eles: “que esse seja anátema”.   No Antigo Testamento, Deus usou a palavra “anátema” para condenar uma pessoa ou uma cidade à destruição completa. Em Deuteronômio 13, por exemplo, se os moradores de uma cidade que o Senhor tivesse dado a Israel se juntassem e dissessem: “Vamos servir outros deuses”, Deus ordenou que a cidade fosse “anátema”—destruída completamente, como julgamento por ter rejeitado o Deus da graça.   Paulo declara os falsos mestres “anátemas” para que os Gálatas acordem, saiam de perto deles e da doutrina deles e corram de volta para se refugiarem debaixo da cruz de Cristo—o lugar onde o nosso julgamento já aconteceu.   Não existe outro evangelho. Evangelhos diferentes levam a maldição.   Povo de Deus, vamos nos proteger as picadas das cobras—do veneno dos evangelhos diferentes, bebendo todo dia o antídoto da graça—da obediência de Jesus no nosso lugar, da fé só nele e da salvação completa na cruz.   E assim nós estaremos protegidos.   • Se na primeira substância nós lidamos com o CONTEÚDO: só existe um evangelho. • E na segunda substância nos lidamos com a CONSEQUÊNCIA: evangelhos diferentes levam a maldição, um destino diferente da salvação. • A terceira substância do antídoto para nos protegermos da Serpente lida com o CORAÇÃO.   3.     NÓS SOMOS CONTROLADOS POR SOMENTE UM SENHOR: CRISTO   [10] Por acaso eu procuro, agora, o favor das pessoas ou o favor de Deus? Ou procuro agradar pessoas? Se ainda estivesse procurando agradar pessoas, eu não seria servo de Cristo.   Os falsos mestres estavam acusando Paulo de ser um bajulador. Eles estavam dizendo que Paulo não exigia que as pessoas se circuncidassem só para não deixar nenhum gentio ofendido. Eles estavam dizendo que Paulo pregava um evangelho mais ralo, mais fácil, só para todo mundo gostar dele.   O discurso deles é: “Paulo não exige que vocês se circuncidem porque ele quer agradar vocês e deixar o evangelho mais fácil”. Essa é uma acusação absurda.   Primeiro, porque Paulo está pronunciando a condenação—a maldição—daqueles que pregam outro evangelho. Uma pessoa que vive para agradar os outros não faria isso. A maneira de agradar todo mundo é dizer que cada um pode pensar o que quiser e falar o que quiser e todos os caminhos levam a Deus. Esse é um discurso bem popular nos nossos dias, mas não era o de Paulo, nem dos apóstolos, nem dos profetas, nem o que Jesus ensinou.   Segundo motivo por que essa acusação é absurda: se Paulo vivesse para agradar as pessoas e não para agradar a Deus, ele concordaria com aqueles que diziam que os gentios precisavam se circuncidar. Se Paulo disse isso, ele acabaria com toda a perseguição dos judeus contra ele.   Mas apesar disso, ele jogou fora toda a reputação dele entre os judeus, ele pegou o diploma dele de discípulo de Gamaliel, ele pegou as medalhas que ele ganhou como fariseus, e jogou tudo fora.   Paulo prefere ser apedrejado e atacado e perseguido do que abrir mão do evangelho. Ele faz isso porque ele é um servo de Cristo e não vive para bajular as pessoas. Paulo ama as pessoas, mas ele não é controlado pela opinião popular. Ele é controlado pela opinião de Deus.   Nessa terceira substância do antídoto, Paulo está lidando com o coração, com um aspecto da fé verdadeira: o temor. A questão que Paulo coloca é a questão dos temores: quem nós iremos temer? Temer a Deus ou temer aos homens.   Nós sabemos o que é a pressão de ser aceito pelo grupo. O medo de ser rejeitado. A opinião das pessoas pode exercer uma enorme força no nosso coração, muitas vezes uma força tal ao ponto de impedir a fé.   No evangelho de João, Jesus disse que a razão por que muitos não criam nele era porque eles desejavam a aprovação dos homens mais do que agradar a Deus.   João 5:44—Como podem crer, vocês que aceitam glória uns dos outros e não procuram a glória que vem do Deus único?   O temor dos homens, o medo de desagradar as pessoas é uma escravidão. É como ficar preso em uma armadilha e não conseguir sair.   Provérbios 29:25—Quem teme o homem cai em armadilhas, mas quem confia no Senhor está seguro (NVI).   Mas esse provérbio dá também a maneira de escaparmos do temor do homens: “quem confia no Senhor está seguro”.   Quando nós colocamos nossa fé em Cristo, o Espírito Santo nos deu poder para nos libertarmos dessa escravidão de viver para agradar as pessoas. Crente, agora você tem fé para ser um servo de Cristo.   Mas o temor dos homens—o medo do que as pessoas vão pensar de nós—ainda pode exercer poder sobre nós:   • Nós podemos evitar falar de Jesus para as pessoas onde nós trabalhamos ou estudamos com medo do que as pessoas podem pensar. • Nós podemos evitar falar das nossas lutas e dos nossos pecados para os nossos irmãos na igreja com medo do que eles podem pensar de nós [Schreiner, Galatians, p. 91].   O temor dos homens é uma força enorme. Mas nós, crentes, podemos lutar contra essa força com uma força maior. A força da fé. A força da fé nas promessas de Deus:   • A promessa de que nenhuma criatura—incluindo seres humanos—pode nos separar do amor de Deus em Cristo Jesus (Romanos 8). • A promessa de que Deus não recusa nenhum bem aos que temem a ele (Salmo 84). • A promessa de que o amor de Deus por nós é mais forte do que a morte (Cântico dos Cânticos 8). • A promessa de Deus nunca deixará você nem abandonará você (Hebreus 13). • A promessa de que “ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo” (Salmo 23).   As promessa de amor de Deus em Cristo são tão fortes que elas podem rasgar a armadilha do temor do homens e nos fazer descansar no Deus que é fiel para nos proteger.   O evangelho de Jesus pode nos fazer amar as pessoas e não temer as pessoas. Que o Senhor nos dê graça para experimentarmos essa liberdade. Que nós possamos ser ousados para falar de Jesus e vulneráveis para falar dos nossos pecados. Assim o mundo verá como a graça é realmente maravilhosa.   Paulo está nos dando nesse trecho a fórmula do antídoto contra o veneno das serpentes—contra a picada dos falsos mestres. A receita tem 3 substâncias:   1.     Não Existe Outro Evangelho. 2.     Evangelhos Diferentes Levam a Maldição (não Salvação). 3.     Somos Controlados por Somente um Senhor: Cristo. (Nós tememos a Deus e amamos as pessoas).   Nós vivemos em tempos difíceis. Tempos de muita discussão e brigas e acusações. Eu olho para a maneira como vários cristãos lidam com as diferenças na internet ou nas igrejas—às vezes diferenças pequenas—e não é muito animador. Uma agressividade que não honra o Senhor e acabando sendo um testemunho ruim para o mundo.   Ao mesmo tempo, os falsos mestres continuam por aí picando e matando as pessoas com o veneno da falsa doutrina. Seitas continuam surgindo e existindo. O Senhor nos chama a “lutar pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos” (Judas, versículo 3).   Tem muita coisa em jogo: a glória do Deus que salva e o destino eterno de pessoas que precisam de um Salvador.   Nós precisamos de sabedoria do Senhor para lidar com essas diferenças. Não é fácil navegar pelas águas das nossas diferenças doutrinárias.   Nós precisamos de discernimento espiritual para saber o que é muito importante, o que é importante, o que é menos importante, e o que talvez nem seja tão importante assim.   TRIAGEM TEOLÓGICA O Presidente de um Seminário Batista nos EUA, um homem chamado Albert Mohler, propôs uma abordagem muito sábia para lidar com as diferenças doutrinárias.   Ele batizou essa abordagem de Triagem Teológica. Ele tirou essa ideia do mundo dos hospitais. Mais especificamente, de um Pronto Socorro. Imagine um hospital muito movimentado. Pessoas estão chegando sem parar.   Alguns chegam gritando de dor. Outro chega todo ensanguentado. Alguns desmaiados. Precisa existir um médico que seja capaz de rapidamente analisar a situação e decidir a gravidade do caso e saber—quem deve ir para cirurgia, quem deve fazer alguns exames, quem pode esperar mais.   Alguém precisa fazer uma triagem para saber como lidar com as diferentes situações. Imagine o caos se todo mundo fosse tratado como uma emergência. Imagine a tragédia se emergências verdadeiras fossem ignoradas. Essa triagem pode salvar vidas.   Na igreja, nós precisamos de sabedoria para fazermos uma triagem teológica. Albert Mohler sugeriu termos 3 níveis de prioridade:   NÍVEL PRIMÁRIO Essas são as doutrinas centrais e essenciais da fé cristã: a Trindade, Jesus como completamente homem e completamente Deus, a justificação pela fé, a autoridade da Bíblia.   Para essas doutrinas, nós precisamos de coragem para morrer. Atacar essas doutrinas é perder o evangelho, perder a graça de Deus em Cristo e sermos anátemas. Paulo estava lidando com esse nível. Perverter essas doutrinas é muito grave. Quem nega essas doutrinas essenciais, não pode ser considerado um cristão.   NÍVEL SECUNDÁRIO Mas existe um segundo nível de importância. Nem todos os erros são heresia. Nem todas as diferenças doutrinárias levam à condenação. Neste segundo nível, nós colocamos as doutrinas que os cristãos discordam entre si, que nossas diferença acabam impedindo de servirmos juntos na mesma igreja local, mas nós estamos lidando com diferenças entre irmãos. Dentro da família da fé.   O batismo é um exemplo. Presbiterianos entendem que os filhos dos crentes devem ser batizados por aspersão. Nós, batistas, entendemos que somente os crentes, depois de professarem fé e darem evidência de conversão, devem ser batizados por imersão.   Essa diferença acaba fazendo com que sirvamos em igrejas locais diferentes, mas nós somos irmãos em Cristo. No céu, os presbiterianos vão entender que eles estavam errados. Mas eles acham que no céu nós, batistas, vamos entender que nós estávamos errados. Mas uma coisa é certa: nós estaremos juntos no céu. E isso é mais importante do que nosso entendimento diferente do batismo.   Um outro exemplo seria igrejas que tem mulheres como pastoras. Eu entendo que esse é um erro que tem sérias consequências. Mas isso não é uma heresia. Uma pessoa que crê no pastorado feminino não vai para o inferno. É um erro, mas um erro que não faz da pessoa um não-crente.   No nível primário nós precisamos de coragem para morrer. Nesse nível secundário, nós precisamos de sabedoria para navegar.   NÍVEL TERCIÁRIO Existe ainda um terceiro nível na triagem. Diferenças doutrinárias que tem a sua importância, mas mesmo com diferenças, nós podemos servir juntos na mesma igreja local. Um exemplo aqui seria a doutrina dos últimos tempos, geralmente chamada de escatologia.   Cristãos creem que Jesus voltará, fisicamente, com seus anjos em grande glória e poder para julgar os rebeldes, salvar seu povo e reinar para sempre. Mas os cristãos discordam na ordem de alguns eventos. Eles discordam sobre como entender o milênio. Meu entendimento é que nós podemos ter pré-milenistas e amilenistas e pós-milenistas como membros da IBJM. Nós não deveríamos nos dividir por causa de diferenças terciárias.   SABEDORIA PARA TRIAR No nível primário nós precisamos de coragem para morrer. Nesse nível secundário, nós precisamos de sabedoria para navegar. Aqui nós precisamos de graça para abraçar. E continuar servindo juntos na fé que trabalhar pelo amor.   Vários de vocês vieram de seitas. Vocês chegaram aqui muito feridos e confusos. Que o Senhor continue cuidando das suas feridas e que o antídoto do evangelho da graça cure todas as picadas que vocês levaram ao longo desses anos.   Mas lembrem-se que nem tudo é heresia. Nem todos os erros levam à morte. Que o Senhor lhes dê sabedoria.   Nós precisamos evitar dois extremos:   • O erro dos liberais é pensar que não existe nada de importância essencial. Na triagem deles, não existe o nível primário—quase qualquer coisa vale. • O erro dos fundamentalistas é pensar que não existe nada secundário ou terciário. Tudo é primário. E um espírito excessivamente separatista pode acabar nos dominando.   Nós precisamos de sabedoria do Senhor para fazer a triagem teológica:   • O que é primário e nós nunca podemos abrir mão como crentes—como a justificação pela fé. • O que é secundário, como questões do batismo. • E o que é terciário, como questões sobre o fim dos tempos.   APLICAÇÃO Em Gálatas, Paulo está lidando com o nível primário. O nível mais importante de todos. Os falsos mestres não são crentes lidando com doutrinas difíceis. Os falsos mestres são—usando as palavras do Senhor Jesus—uma raça de víboras querendo picar e matar as pessoas. E essas cobras continuam andando por aí. Na internet. No trabalho. Na família. Nas igrejas.   Povo de Deus da IBJM, nossa proteção está no evangelho da graça de Cristo. Beba dele todos os dias. Quando você acordar e antes de você dormir. Desse antídoto, você nunca vai exagerar na dose.   Não é maravilhoso saber que, com todos os nossos pecados, existe um Salvador? Existe um Salvador que é tão santo, tão poderoso, que a morte dele pode cobrir e pagar todos os nossos pecados?   Não é maravilhoso saber que o Deus que governa esse Universo decretou um plano de salvação em que nós somos perdoados pela graça e não pelas nossas obras?   Mas é isso que esses falsos mestres querem destruir. E pervertendo o evangelho, eles perturbam as pessoas—e tira a paz que só Cristo pode ser.   Eles querem roubar a glória do Senhor Jesus acrescentado obras ao evangelho. Não, Jesus não precisa de ajuda. Jesus não precisa de ajuda para nos salvar. Ele disse: “Está consumado!”, então está consumado.   Jesus não vai deixar de receber a glória que ele é digno. Deus nos salvou sozinho, sem a nossa ajuda. A glória dele não será divida com ninguém.   Você quer ouvir uma ironia santa: os falsos mestres estão acrescentando obras ao evangelho da graça e assim eles estão se perdendo e levando as pessoas à perdição—eles estão chamando sobre eles mesmos a condenação de anátema.   Mas sabe o que é a mensagem do evangelho verdadeiro? Por favor, vá para o capítulo 3.   Gálatas 3:13—Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar — porque está escrito: “Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro”.   A mensagem do evangelho diz que nós estávamos debaixo da maldição, nós tínhamos um “anátema” declarado contra nós porque nós quebramos a lei de Deus. E Jesus—o Santo de Deus—veio para esse mundo mal, esse mundo de pecado e morte, e na cruz se fez pecado por nós. Na cruz ele foi amaldiçoado em nosso lugar.   O evangelho é a mensagem de que Jesus recebeu o “anátema” no nosso lugar. Jesus foi condenado, destruído, feito maldição no nosso lugar, para que, um dia, nós pudéssemos ouvir:   Venham, benditos de meu Pai! Venham herdar o Reino que está preparado para vocês desde a fundação do mundo (Mateus 25:34).   Nós não podemos perder essa mensagem por nada.   CONCLUSÃO A igreja e o mundo precisam de Homens e Mulheres de Deus que tenham uma espinha de aço para se mantarem em pé (firmes) em nome da verdade e um coração macio pelos que sofrem e estão perdidos.   Nós queremos começar bem, continuar bem e concluir bem. Se o Senhor Jesus não voltar antes, nós queremos que a IBJM seja usada pelo Senhor para proclamar o verdadeiro evangelho.   Que nós sejamos servos fieis de Cristo—defendendo a verdade com sabedoria, vivendo no temor do Senhor e amando as pessoas ao nosso redor.   Com a cruz na mãos, ou melhor, com as mãos na cruz, Jesus deu um golpe certeiro na cabeça da Serpente. O que ele nos chama agora a fazer segurar o evangelho da cruz em uma mão e com a outra mão oferecer o antídoto da graça para que outros sejam também curados. Igreja Batista Jardim Minesota Rua Clotildes Barbosa de Souza, 144 Jardim Santa Maria (Nova Veneza) 
 Sumaré - São Paulo

Gálatas 1:6-10: Não Existe Outro Evangelho

Jesus não vai deixar de receber a glória que ele é digno. Deus nos salvou sozinho, sem a nossa ajuda. A glória dele não será divida com ning

Série em Gálatas: A Mensagem da Cruz 
 09 de fevereiro de 2025 – IBJM 500 anos atrás, Deus sacudiu o mundo com muita força. O nome dado a esse terremoto foi “Reforma Protestante”. A Reforma Protestante não foi um evento—foi um movimento. Um movimento de Deus para trazer avivamento à igreja. E trouxe.   Os frutos que Deus trouxe a partir da Reforma são impossíveis de contar—pessoas salvas, igrejas plantadas—são mais numerosos que as estrelas do céu.   Nós somos um desses frutos. Nós estamos aqui hoje, em uma igreja batista (protestante) com a Bíblia aberta (em nossa língua!) por causa desse terremoto espiritual que fez a terra tremer 500 anos atrás. Quando Deus sacode o mundo, ele desperta a igreja.   O lema desse movimento foi resumido em 5 Solas. Ou, traduzindo do latim para o português: 5 Somentes : Somente  a Escritura, Somente  pela Graça, Somente  por meio da Fé, Somente  Cristo e Somente  para a Glória de Deus.   Se existe uma carta na Bíblia que deveria receber o título de carta da Reforma, essa carta é Gálatas. Eu tenho duas razões para dizer isso: uma razão bíblica e uma razão histórica.   RAZÃO BÍBLICA: JUSTIFICAÇÃO  A razão bíblica é porque Gálatas é uma exposição do coração do evangelho—que é eixo central que conecta os 5 Solas. Paulo está defendendo a mensagem do evangelho contra falsos mestres que se infiltraram nas igrejas da Galácia para desviar os crentes da verdade.   Os falsos mestres querem derrubar o que Paulo construiu. E para derrubar a igreja, o alvo deles é destruir o fundamento—quebrar a doutrina que mantém a igreja de pé. A doutrina da justificação pela fé.   Enquanto Paulo pregava o evangelho da justificação pela fé, os adversários de Paulo entraram na igreja dizendo que Paulo estava errado. Eles diziam que para sermos justificados—para sermos aceitos por Deus, nós precisamos também obedecer a lei de Moisés.   Gálatas é a defesa do apóstolo Paulo da doutrina da justificação pela fé em Cristo somente, a doutrina central da Reforma Protestante.   RAZÃO HISTÓRICA: LUTERO   A razão histórica para Gálatas ser eleita a carta da Reforma se chama Martinho Lutero, o Pai do Movimento Protestante. Ele mesmo disse que a doutrina da justificação é o que faz a igreja permanecer em pé ou cair. Aparentemente os falsos mestres sabiam disso e por isso vieram com suas picaretas malignas para quebrar o fundamento do evangelho e fazer a igreja desmoronar.   No jeito intenso de falar, Lutero chamava a carta de Gálatas de “a minha Catarina Von Bora”. Catarina Von Bora era o nome da esposa dele. Lutero se via casado com Gálatas, de tão próximo que ele se sentia dessa carta.   Que o nosso Deus se agrade em chacoalhar o mundo de novo com a mensagem da cruz—o evangelho da justificação pela fé, e que o tremor faça os mortos ressuscitarem, os cativos serem libertados das algemas do pecado e Deus seja glorificado como único que tem poder para nos salvar.   Como era a prática da época, a saudação inicial de Paulo se divide em 3 partes: AUTOR, RECEPTOR e ORAÇÃO. Quem escreveu, para quem ele escreveu, e uma breve oração pelos leitores.   Eu vou usar essa introdução à carta para dar também o contexto de Gálatas.   1.     O AUTOR: PAULO   [1] Paulo, apóstolo...   Se Lutero foi o maior líder da Reforma Protestante, 500 anos atrás, o apóstolo Paulo é, depois do Senhor Jesus, o maior líder na história da igreja dos últimos 2.000 anos.   John MacArthur disse: “Se você quer um modelo humano de liderança, eu não acho que você encontrará um modelo melhor do que Paulo. Ele é o meu herói como líder”.   John Piper disse: “Além de Jesus, ninguém me guardou do desespero ou me levou mais fundo nos mistérios do evangelho do que o apóstolo Paulo”.   Esses são só 2 exemplos de 2 milhões que nós poderíamos dar.   Ninguém exerceu mais influência na fé cristã do que Paulo. Mateus, Marcos, Lucas, João, Tiago, o autor de Hebreus, Pedro e Judas escreveram metade dos livros do Novo Testamento. A outra metade, quem escreveu foi Paulo. Dos 27 livros, ele escreveu 13.   Paulo passou a vida plantando igrejas entre os gentios—aqueles que não eram judeus. A palavra “apóstolo” significa “enviado”. Paulo foi enviado por Cristo para proclamar o evangelho e fazer discípulos. Ele foi enviado para pregar a Palavra e plantar igrejas. E foi o que Paulo fez até o fim da vida.   Paulo foi convertido quando ele tinha por volta de 30 anos de idade, pouco tempo depois que Jesus ressuscitou, e ele morreu com 60 anos, decapitado por ordem do Imperador Romano Nero, no ano 62 DC.   Nós vamos ouvir mais sobre a história de Paulo quando ele contar o testemunho de conversão dele mais para frente no capítulo 1.   As cartas começavam com o nome do autor. O costume era, logo em seguida, colocar o nome do receptor—para quem a carta estava sendo escrita. Mas crentes fazem coisas diferentes. Paulo quebra o padrão e estica a saudação para incluir a autoridade do autor.   A AUTORIDADE do AUTOR   [1] Paulo, apóstolo — não da parte de pessoas, nem por meio de homem algum, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai, que o ressuscitou dos mortos —,   Parece estranho começar uma carta dizendo: “Eu sou apóstolo, não porque algum homem quis, mas porque Jesus Cristo e Deus Pai me escolheram”.   Mas existe uma boa razão. Uma das principais acusações dos adversários de Paulo era que ele não tinha a mesma autoridade dos apóstolos de Jerusalém. Pedro, Tiago, João e todo o grupo dos 12 apóstolos eram, segundo eles, os “apóstolos de verdade”. Mas os falsos mestres estavam dizendo que Paulo era um falso apóstolo. Ele acusavam Paulo de ser fake. E por isso a mensagem dele também era falsa.   É por isso que Paulo começa estabelecendo que não foi ele que se escolheu para ser apóstolo. Nem homem algum disse: “A partir de hoje você é o ungido do Senhor”. Ele também não foi eleito pela votação de um comitê de busca apostólica. Quem escolheu Paulo para ser apóstolo foi Jesus, pessoalmente.   Paulo tem autoridade porque ele recebeu essa autoridade do céu, não da terra; de Deus, não do homem. Isso significa que receber as palavras de Paulo é receber as palavras de Deus. Não porque Paulo é divino, mas porque Deus usou Paulo para falar o que Deus queria falar.   Não existem homens hoje com a mesma autoridade que Paulo porque não existem mais apóstolos. Mas a autoridade apostólica que Paulo recebeu está registrada no que Paulo escreveu—no Novo Testamento.   Por isso ouvir Gálatas é ouvir o próprio apóstolo Paulo. E ouvir o apóstolo Paulo é ouvir o próprio Jesus falando para nós. A autoridade da Palavra de Deus continua sendo a mesma.   SOMENTE DUAS OPÇÕES  A questão diante das igrejas da Galácia é a mesma questão diante das igrejas de Sumaré e de cada um de nós:   Quem tem autoridade sobre você? Em quem você vai acreditar? Na mensagem do mundo ou a mensagem da Bíblia? Quem está certo: Paulo ou os adversários da fé cristã que estão atacando a Palavra de Deus até hoje?   Nós temos que escolher quem nós vamos ouvir. Ou Paulo está mentindo, e nós podemos ignorá-lo. Ou Paulo está falando a verdade, e o que ele está falando define como nós nos relacionamos com Deus. Nós temos que escolher quem nós vamos ouvir.   Não é possível ficar com um pé em cada barco. Não é possível ficar com um pé no barco do mundo e um pé no barco de Jesus. Esses dois barcos navegam em direções opostas. Quem fizer isso vai acabar caindo na água e morrendo afogado.   Para você atravessar essa vida e chegar do outro lado, você precisa colocar os dois pés—e todo o seu ser—na embarcação que carrega o tesouro do evangelho. É o único meio de transporte seguro para levar você para Deus.   E Paulo não acredita no que ele acredita sozinho. Ele tem companhia.   PAULO TEM COMPANHIA   [2] e todos os irmãos que estão comigo...   Foi Paulo que escreveu Gálatas, mas ele não é o único que crê na mensagem que ele prega. Paulo não inventou um evangelho. Paulo não é um louco em carreira solo falando o que só ele acredita. Ele tem irmãos que creem no que ele crê.   Isso deveria ajudar os Gálatas a perceberem que quem se desviou da verdade não foi Paulo e seus irmãos, mas esses outros pregadores perturbadores da paz.   Esse princípio da companhia é essencial para entendermos o evangelho e vivermos o evangelho. IBJM, nós não podemos nos isolar dos nossos irmãos. Existem dois tipos de isolamentos que nós precisamos evitar a qualquer custo.   ISOLAMENTO X RELACIONAMENTO 1.     HISTÓRICO  O primeiro é o isolamento histórico—ignorarmos o que já aconteceu na história da igreja nos últimos 2 mil anos. C. S. Lewis chamou esse isolamento de “Esnobismo Cronológico”. Seria uma grande arrogância—um esnobismo—de nossa parte deixarmos de aprender com aqueles que vieram antes de nós.   O Espírito Santo sustentou a igreja na verdade por séculos. Por dois milênios! Nós vamos enxergar mais longe se nós subirmos nos ombros dos gigantes que viveram antes de nós. Eles não são infalíveis. Só a Palavra de Deus é. Mas existe uma sabedoria coletiva na igreja que nós devemos ouvir.   Isso significa também que se alguém vem com alguma doutrina nova, algo que os cristãos nunca creram por 2 mil anos, nós devemos ficar não só com um pé, mas com os dois pés atrás. Não entre em um barco desse.   Essa “nova doutrina” deve ser uma “falsa doutrina”. Nossa teologia deve ser construída com a Bíblia aberta, conversando e ouvindo aquilo que nossos irmãos do passado sempre creram.   2.     GEOGRÁFICO Além do isolamento histórico, nós precisamos evitar também o isolamento geográfico. Nós devemos olhar para além das paredes desse galpão e nos envolvermos com irmãos de outras igrejas que têm trabalhado fielmente pelo Reino de Deus.   Eu louvo a Deus porque eu não vejo nessa igreja nenhum desses dois isolamentos. Pelo contrário, eu vejo relacionamentos: tanto ouvindo nossos irmãos do passado: como a série de biografias que tivemos na EBD e os livros que nós amamos, quanto se relacionando com nossos irmãos do presente—ofertando para outras igrejas, em viagens missionárias e viagens de ministério, orando quinta-feira pelos nossos irmãos ao redor do mundo e outros tipos de parceria no evangelho que o Senhor tem nos dado o privilégio de participar.   Pela graça de Deus, vamos continuar crescendo e aprendendo juntos com nossos irmãos em Cristo—do passado e do presente, de perto e de longe, até o dia em que nosso Rei voltar e nós estivermos todos juntos reunidos em volta de mesa do Banquete do Cordeiro.   A primeira parte da saudação terminou: o autor. Agora vem o receptor.   2.     RECEPTOR: AS IGREJAS   Final do v.[2] (...) às igrejas da Galácia.   Reparem que essa carta foi escrita não para uma única igreja, mas para às igrejas (no plural). Essas igrejas foram plantadas por Paulo na primeira viagem missionária que ele fez, no ano 46 e 47 DC. Paulo tinha 13 anos de convertido.   Galácia era uma Província do Império Romano, como se fosse um estado no Brasil, com várias cidades. Paulo plantou igrejas nas cidades de Antioquia, Icônio, Listra e Derbe. No nosso mapa hoje, essa região está na Turquia, no Oriente Médio.   Nós ouvimos no culto um trecho de Atos 13, um dos sermões que Paulo pregou durante essa primeira viagem missionária. A mensagem que Paulo pregou dividiu as pessoas em dois grupos, como acontece hoje toda a vez que o evangelho é pregado.   UMA MENSAGEM E DOIS GRUPOS Um primeiro grupo foi até Paulo no final da pregação e disse: “Você pode voltar semana que vem para pregar de novo?” E, o texto diz: “Paulo e Barnabé, falando com eles, os persuadiram a continuar firmes na graça de Deus”. Esse é o primeiro grupo. O grupo dos crentes na graça de Deus.   O segundo grupo era a oposição. Ele sempre existiu e sempre vai existir até Jesus voltar. Atos diz que “os judeus... ficaram com muita inveja e, blasfemando, contradiziam o que Paulo falava” (Atos 13:45).   Mas a luz da Palavra de Deus continuou perfurando a oposição das trevas, como acontece até hoje, e salvando os perdidos que estavam na escuridão. Uma igreja foi plantada em Antioquia, com gentios “cheios de alegria e do Espírito Santo” (Atos 13:52).   Esse tipo de oposição não terminou quando Paulo foi embora. No ano 48 DC, 1 ou 2 anos depois que essas igrejas foram plantadas, Paulo precisou escrever Gálatas—a primeira carta dele—para pastorear os crentes que antes estavam cheios de alegria, mas agora estão cheios de confusão.   3.     A ORAÇÃO: GRAÇA E PAZ   [3] Que a graça e a paz estejam com vocês, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo,   Ver essa oração de Paulo para que Deus derrame graça e paz é prova de que essa carta não é simples debate teológico para ver quem tem os melhores argumentos. Paulo não está interessado em disputas intelectuais.   A motivação de Paulo é pastoral. Paulo está defendendo a mensagem do evangelho porque ele ama aquelas pessoas. Paulo escreve Gálatas por causa do amor.   Abandonar o evangelho da graça não é perder algumas recompensas no céu. A salvação por obras não é um segundo caminho para Deus, só um pouco mais difícil. Salvação por obras é um caminho que leva para outro lugar: para a destruição eterna.   Abandonar o evangelho verdadeiro é abandonar a Deus. É perder o céu. É perder Cristo. É jogar fora a graça e a paz que só ele pode dar.   Gálatas não é um tratado acadêmico para satisfazer os intelectuais. Deus deu Gálatas para os aflitos, os angustiados, os deprimidos, os confusos, para aqueles que estão sendo tentados, aqueles que estão com a consciência pesada por causa dos seus pecados.   O que nós mais precisamos nessa vida é da graça e da paz que a mensagem de Gálatas pode nos dar. A mensagem da salvação, não pelas nossas obras, mas pela fé em Cristo.   ORE ESSA ORAÇÃO Quando você não souber o que orar por outras pessoas, você sempre pode orar por graça e paz. Todos nós precisamos de graça para sermos amorosos uns com os outros, graça para ouvirmos críticas e não ficarmos na defensiva, graça para não nos orgulharmos nas coisas que nós fazemos, graça para perseverar quando a vida está difícil. [Schreiner, Galatians, p. 79].   Todos nós somos pecadores. E o que pecadores mais precisam é de graça—a maravilhosa e poderosa graça de Deus em Cristo Jesus.    UMA FONTE DIVINA Eu tenho mais uma observação sobre essa oração: em toda a Bíblia, nenhuma vez um anjo ou um homem são fonte de graça e paz. A fonte é sempre divina. Só Deus pode dar a graça que nos perdoa e nos purifica. E só Deus pode dar a paz que a nossa inimizade natural contra Deus quebrou por causa do nosso pecado.   Em toda a Bíblia, só existe uma fonte de graça e paz: Deus. Mas vejam o que Paulo faz:   [3] (...) da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.   Paulo pode fazer isso porque o Senhor Jesus Cristo também é Deus. Porque Jesus de Nazaré é a Segunda Pessoa da Trindade, o Deus Filho, o grande EU SOU.   Geralmente, as saudações terminavam aqui: autor, receptor e uma breve oração. Mas Gálatas é diferente. Paulo estica a saudação, de novo, para incluir a mensagem que ele vai defender por toda a carta—a mensagem da cruz.   Logo depois que ele cita o nome do Senhor Jesus, ele diz:   4.     A MENSAGEM DA CRUZ   [4] o qual entregou a si mesmo pelos nossos pecados, para nos livrar deste mundo perverso [desta era perversa], segundo a vontade de nosso Deus e Pai,   A saudação de Paulo é uma saudação evangélica. Ele expande o número de palavras da introdução para incluir o evangelho. Em uma frase, o que é o evangelho?   ELE SE ENTREGOU   [4] [Jesus] entregou a si mesmo pelos nossos pecados.   Isso aconteceu na cruz. Jesus não foi morto contra a vontade dele. Ele entregou a si mesmo. Ele quis morrer por nós—por amor. Jesus disse me João 10:   Ninguém tira a minha vida; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para entregá-la e para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai (João 10:18).   Jesus veio se entregar “pelos nossos pecados”. Quando ele morreu naquela cruz, ele sofreu o que nós merecíamos: ele foi condenado por Deus no nosso lugar. Ele se entregou para morrer.   É da cruz dele que nós recebemos graça e paz. Não das nossas obras. Não de outros homens. E de nenhum outro lugar. Só dele, só pela cruz.   No capítulo 2, Paulo vai dizer:   E esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim (Gálatas 2:20).   Essa é a nossa graça. Essa é a nossa paz. Essa é a nossa mensagem e a nossa vida: ele se entregou por mim.   O que você precisa fazer para ser um cristão? O que você precisa fazer para Deus perdoar você de todos os seus pecados? Você precisa dizer com a fé de uma criança que não tem nada a oferecer a Deus: “O Filho de Deus me amou e se entregou por mim”.   Com Deus nós não nos relacionamos oferecendo coisas para ele. Ele já tem tudo. Ele não tem nenhuma necessidade. Com Deus nós nos relacionamos recebendo—confiando e recebendo.   E NOS LIBERTOU Na frase seguinte, Paulo fala da libertação que Jesus conquistou para nós na cruz. Ele foi preso para nós sermos libertos.   [4] o qual entregou a si mesmo pelos nossos pecados, [para quê?] para nos livrar deste mundo perverso.   “Livrar” é a linguagem do Êxodo. “Livrar” foi o que Deus fez com os Israelitas no Egito quando ele os tirou da escravidão e os levou para a Terra Prometida:   Êxodo 3:8—Deus disse: Conheço o sofrimento do meu povo. Por isso, desci a fim de livrá-lo.   Êxodo 18:10—Bendito seja o Senhor, que libertou vocês das mãos dos egípcios e da mão de Faraó.   Não é absolutamente glorioso Deus abrindo o mar para o povo passar para ir habitar com ele? Mas Deus abrindo o Mar Vermelho é só o anúncio. A libertação que Jesus veio nos dar é maior. Bem maior! Moisés abriu o Mar. Jesus abriu o Céu.   Com a morte dele, Jesus abriu o céu e nos deu acesso a Deus .  A morte de Jesus é um tipo de resgate como o que aconteceu no Egito. Só que maior. Bem maior!   Jesus veio para nos livrar deste mundo perverso—desta era perversa. Este mundo é marcado pelo pecado, pelo morte, pelo mal e pelo Maligno. A Bíblia diz que Satanás é o deus deste século (2 Coríntios 4:4). Os não-crentes andam sendo o curso deste mundo (Efésios 2:2).   Esse mundo é marcado pelo pecado e pela morte.   Mas Jesus nos libertou. A morte e a ressurreição de Jesus inauguraram uma nova era e um novo mundo. O reino de Deus será consumado quando Jesus voltar, mas o reino dele já foi inaugurado. A nova criação já começou.   Jesus invadiu esse mundo com a cruz dele e causou um terremoto de proporções cósmicas. Ele sacudiu o Universo. Quando a cruz de Cristo foi fincada na terra e Jesus foi levantado, Jesus causou um tipo de abalo nesse planeta que nós estamos sentindo as vibrações até hoje, 2 mil anos depois.   A Reforma Protestante foi um tremor secundário. Foi muito forte, mas foi secundário. O primeiro terremoto, o terremoto primário que originou todos os outros, foi um terremoto que começou em Jerusalém, no Calvário, quando o Senhor Jesus Cristo foi crucificado e no terceiro dia saiu da sepultura vencendo a morte.   Você ainda está nesse mundo, crente, mas você não pertence mais a esse mundo. Nós ainda estamos na velha criação, mas nós já somos parte da nova criação.   E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura [nova criação!]; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas (2Coríntios 5:17).   Cristão, você foi crucificado com Cristo, logo já não é você quem vive, mas Cristo vive em você. Esse viver que agora você tem na carne, viva pela fé no Filho de Deus que amou você e se entregou por você.   Então, enquanto o Senhor Jesus não voltar para consumar o reino dele—viva pela fé nele. Lute contra o pecado, resista a Satanás, e não se conforme aos padrões desse mundo, mas renove sua mente para que experimentemos a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (cf. Romanos 12:2).   Você foi libertado pela cruz.   Diante de tão grande salvação, Paulo estica a saudação uma última vez para dar glória a quem é devido glória.   5.     A GLÓRIA DE DEUS Eu vou ler a partir do versículo 4 de novo:   [4] o qual entregou a si mesmo pelos nossos pecados, para nos livrar deste mundo perverso, segundo a vontade de nosso Deus e Pai, [5] a quem seja a glória para todo o sempre. Amém!   A gloriosa e grandiosa obra de salvação de Deus através de Cristo tem um propósito final: dar glória a Deus. Nós somos libertados e Deus é glorificado.   Dar glória a Deus é reconhecer a majestade e a beleza e o poder de um Deus que é capaz de salvar pecadores e libertá-los da morte—morrendo ele mesmo através da Pessoa do Senhor Jesus.   Os céus proclamam a glória de Deus. Para onde você olhar nesse mundo, você verá a glória de Deus—a majestade e a beleza e o poder de Deus. Mas em nenhum outro lugar a glória de Deus brilha tão forte e tão clara quanto na cruz do Senhor Jesus Cristo.   O Filho de Deus vencendo sozinho o pecado e Satanás e a morte para nos libertar deve redundar em glória a Deus e a Deus somente. Soli Deo Gloria é o 5º Sola: Glória somente a Deus.   É errado dar glória a um profeta ou a um pastor. É errado dar glória a Paulo ou a Lutero ou quem quer que seja. A salvação é pela graça somente por meio da fé somente em Cristo somente para a glória de Deus somente.   CONCLUSÃO Quando perguntaram para Lutero como ele pode fazer tantas durante a Reforma, a resposta dele foi cheia de glória—para Deus. Ele disse:   “Eu simplesmente ensinei, preguei, escrevi a Palavra de Deus; fora isso, eu não fiz nada. A Palavra fez tudo”. [George, Theology of the Reformers, p. 53]   É a Palavra de Deus—o evangelho da justificação pela fé—que tem poder para salvar. É a Palavra que faz tudo.   Que Deus cause um tremor santo no nosso coração por causa daquela cruz, onde o nosso Senhor se entregou pelos nossos pecados para nos libertar desse mundo mal. E que terremotos de salvação e avivamento sejam sentidos em Sumaré, no Brasil e nos confins da Terra.   E para cada um que for ressuscitado para vida eterna, que a glória seja dada a ele somente. Para todo o sempre. Amém! Igreja Batista Jardim Minesota Rua Clotildes Barbosa de Souza, 144 Jardim Santa Maria (Nova Veneza) 
 Sumaré - São Paulo

Gálatas 1:1-5: A Primeira Carta do Maior Líder

Gálatas é uma exposição do coração do
evangelho.

02 de fevereiro de 2025 – IBJM Em 2019 foi publicado um livro de Elisabeth Elliot com o título de “O Sofrimento Nunca É em Vão”. Título esse que eu dei também a este sermão. Vocês devem conhecer a história dessa mulher de Deus.   Elisabeth foi casada com o missionário Jim Elioth. Apenas três anos após o casamento, Elisabeth perdeu o marido quando ele e outros quatro missionários foram mortos por indígenas enquanto cumpriam a missão de levar o evangelho ao povo indígena Huaorani, no Equador. Naquela altura Jim deixou Elisabeth e sua filha de apenas dez meses.   Dois anos depois de perder o marido, Elisabeth foi morar exatamente entre o povo Huaorani, para que o evangelho continuasse sendo proclamado entre eles.   Dezesseis anos depois, Elisabeth se casou com o teólogo Addison Leitch. E três anos e meio após o casamento, essa mulher de Deus perde o segundo marido que faleceu de câncer.   Antes de vir a falecer em 2015, Elisabeth sofreu muitos anos com demência e outros problemas de saúde. Parece que ela teve experiências suficientes para dizer algo sobre o sofrimento.“O Sofrimento Nunca É Em Vão” foi publicado como livro quase quatro anos depois de sua morte. Foi uma compilação de palestras que ela havia dado com esse título.   Elisabeth Eliot experimentou muito sofrimento, produziu muito conteúdo, e glorificou muito a Deus com a sua vida. E depois de tantas experiências, ela chegou a algumas conclusões sobre o sofrimento:   “O sofrimento foi um meio insubstituível pelo qual aprendi uma verdade indispensável [...]: aprendi que Deus é Deus. [...] Algumas situações difíceis têm ocorrido na minha vida, é claro, assim como na sua [...] Então, cheguei à conclusão de que foi por meio do sofrimento mais intenso que Deus me ensinou as lições mais profundas. E, se confiarmos nele dessa forma, podemos chegar à segurança inabalável de que ele está no comando. Deus tem um propósito amoroso. E ele pode transformar algo terrível em algo maravilhoso. O sofrimento nunca é em vão.”   As palavras de Elisabeth Elliot, e a sua confiança no que escreveu, não veio do acaso. Não foi um momento de inspiração olhando para a paisagem.   São palavras de muitos momentos de sofrimento vividos com os olhos voltados para a Palavra de Deus! Para a glória de Cristo, o seu Salvador.   Dizer que “o sofrimento nunca é em vão”, é entender que há propósitos por trás do sofrimento. E isso não sou eu, ou Elisabeth Elliot que está dizendo.   São as palavras do Senhor que estão diante de nós nesse texto bíblico de hoje! Nesses 11 versículos do primeiro capítulo de 2Coríntios, Paulo menciona:   • Pelo menos 9 vezes alguma palavra referente a sofrimento. • Pelo menos 10 vezes alguma palavra referente a consolação. • E, em 4 vezes, Paulo usa conectivos que evidenciam propósito para esses dois temas:   [4] É ele que nos consola em toda a nossa tribulação, para que (com o propósito de), pela consolação que nós mesmos recebemos de Deus, possamos consolar os que estiverem em qualquer espécie de tribulação.   [6] Se somos atribulados, é para (com o propósito de) o consolo e a salvação de vocês; se somos consolados, é também para (com o propósito de) o consolo de vocês.   [9] De fato, tivemos em nós mesmos a sentença de morte, para que (com o propósito de) não confiássemos em nós mesmos, e sim no Deus que ressuscita os mortos,   11 versículos: 9 vezes sofrimento; 10 vezes consolação; 4 vezes elucidando propósito para eles.   Assim, está claro a mensagem de Paulo nesse trecho. O sofrimento é real na vida! Na vida do ser humano, e isso inclui a vida dos crentes também! E Paulo quer trazer, para os crentes em Corinto, e para os crentes na IBJM, lições importantes acerca do sofrimento! Paulo quer mostrar como o sofrimento deve ser enxergado à luz do evangelho!   O Senhor quer mostrar para você, meu irmão, minha irmã, que sente como se o seu coração tivesse estilhaçado pela marreta do sofrimento, como se seus ombros tivessem doloridos com o peso da tribulação... que há sim propósito no sofrimento na vida cristã.   O Senhor quer mostrar que o sofrimento nunca é em vão.   Vamos ver isso começando a entender qual era o contexto que se encontrava Paulo quando escreveu esse trecho maravilhoso sobre sofrimento em 2Coríntios 1.   E vamos fazer isso olhando para a saudação de Paulo aos Coríntios.   SAUDAÇÃO E CONTEXTO [1-2] Como nas outras cartas, Paulo inicia a 2ª carta aos Coríntios com uma saudação.   [1] Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, e o irmão Timóteo, à igreja de Deus que está em Corinto e a todos os santos em toda a Acaia. [2] Que a graça e a paz de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo estejam com vocês.   As palavras de saudação nas cartas do Novo Testamento podem soar comum. Mas as palavras na Bíblia também não são em vão! Nenhuma palavra foi escrita de maneira meramente protocolar, sem razão.   As palavras de saudação nesses dois versículos carregam muito do contexto por detrás das palavras de Paulo nos nove versículos que veremos.   A começar pelo seu endereçamento! Paulo endereça a carta à igreja em Corinto, que ficava na região da Acaia.   Sabemos que essa igreja foi plantada pelo próprio apóstolo Paulo quando lá pregou o evangelho. Foi para essa igreja que Paulo também enviou a carta anterior a essa na Bíblia, a 1ª carta aos Coríntios.   Vemos na saudação que essa igreja era uma igreja verdadeira! Havia crentes verdadeiros, mesmo com todos os problemas apresentado nas cartas.   Paulo os chama de “igreja de Deus”, os chama de “santos”. E encerra com a saudação “a graça e a paz de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo estejam com vocês”, que é o tipo de saudação que evidencia uma comunhão que só pode existir entre duas partes que estão verdadeiramente unidas a Cristo!   Então sim, Paulo tinha muita esperança sobre a igreja em Corinto. Sabia da fé verdadeira daqueles irmãos.   Mas Paulo também tinha preocupações. A situação em Corinto era mesmo preocupante. E isso se dava pelos, chamados por Paulo, no capítulo 11, de “falsos apóstolos”, que havia se infiltrado naquela igreja.   Por isso, Paulo diz no capítulo 11 que ele:   [11:3] “Temia que, assim como a serpente, com a sua astúcia, enganou Eva, assim também a mente dos crentes em Corinto fossem corrompida e se afastasse da simplicidade e pureza devidas a Cristo.”   No verso 4 ele dá a entender que havia alguém que pregava outro Jesus na igreja, diferente daquele que os apóstolos pregavam, e alguns estavam aceitando um evangelho diferente do que haviam aceitado.   A situação em Corinto era muito séria! E o que estava em jogo era a verdade do evangelho. E consequentemente, a salvação das pessoas!   Paulo, junto de Timóteo, escreve essa carta para lidar com todas essas questões na igreja.   E por isso, com esse contexto em vista, com esse problema com os falsos apóstolos, Paulo começa sua saudação na carta se identificando como:   [1] Paulo, apóstolo[1] de Cristo Jesus[2] pela vontade de Deus[3].   Pode parecer uma simples identificação. Mas, novamente, não é em vão!   1.     Paulo, diferente daqueles homens, era de fato apóstolo.Apóstolo significa “aquele que é enviado”. Mas não qualquer “enviado”. Era a palavra usada para designar aqueles que eram comissionados como representantes autorizados a agir em nome daquele que os enviou.Por isso esse foi o nome dado aos 12 apóstolos escolhidos por Cristo. Porque eles eram enviados com a autoridade de Cristo a frente das igrejas. E dessa forma, Paulo expõe um segundo fato em sua saudação.   2.     Ele era apóstolo de Cristo Jesus.Ele queria deixar muito claro quem ele estava representando. A mensagem de Paulo não era de Paulo. Era daquele quem tinha o enviado: Cristo Jesus! E Paulo não foi colocado nessa posição por meio de mãos humanas. O terceiro fato é que:   3.     Ele era apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus.Paulo era enviado por Cristo, como representante de Cristo, por vontade e ação soberana do próprio Deus.   Percebem a importância dessas palavras de saudação?   Paulo começa a carta mostrando suas “credenciais” porque o caminho que os falsos apóstolos usavam para atacar o evangelho pregado por Paulo, era exatamente questionando a sua autoridade como apóstolo, como alguém enviado por Deus!   Eles atacavam o evangelho atacando Paulo, colocando em questão seu ministério apostólico.   E sabe qual era uma das críticas que esses homens perversos usavam para desqualificar Paulo como apóstolo? Justamente o SOFRIMENTO!   Paulo tal como Elisabeth Elliot, e tantos outros crentes verdadeiros, foi severamente experimentado pelo sofrimento em sua vida.   E esses homens questionavam como que alguém que era enviado para representar Deus, falar em nome de Deus, poderia ser alguém tão marcado pelo sofrimento?!   Será que Deus permitiria alguém que o servia, alguém que dizia ser um mensageiro do próprio Deus, passar por tantas e tantas tribulações?   Será que os apóstolos não deveriam, na verdade, ser o contrário? Terem suas vidas marcadas por prosperidade, ao invés de sofrimento?   Aplicação: Falsos apóstolos em Corinto e a Teologia da Prosperidade Talvez você ouvindo sobre a teologia desses acusadores de Paulo já deve ter percebido algumas coincidências com os nossos dias. Pois é, o que conhecemos como “Teologia da Prosperidade”, tão disseminada nos nossos dias não é de hoje. Não tem nada novo debaixo do sol.   Se você colocar no google “o que é a teologia da prosperidade”, a primeira resposta que vai aparecer é a seguinte, na compilação de artigos no Wikipédia:   “Teologia da prosperidade é uma doutrina teológica neopentecostal segundo a qual a abundância material é o desejo de Deus para seus fiéis, e a fé, o discurso positivo e as doações para os ministérios cristãos irão sempre aumentar a riqueza material do fiel. A doutrina interpreta a Bíblia como um contrato entre Deus e os humanos: se estes tiverem fé em Deus, Ele irá cumprir suas promessas de segurança e prosperidade. A expiação (reconciliação com Deus) é interpretada de forma a incluir o alívio das doenças e da pobreza, que são vistas como maldições a serem quebradas pela fé.”   Essa é a Teologia da Prosperidade. A mesma raiz da teologia dos acusadores de Paulo em Corinto.   Uma visão de que a experiência de sofrimento é oposta ao que se espera da vida cristã.   • Na Teologia da Prosperidade, quanto mais fé você tem, ou quanto mais você “declara positivamente”, ou quanto mais você dá de dinheiro na igreja, menos sofrimento você vai passar. •  Na Teologia dos Falsos Apóstolos de Corinto, quanto mais comissionado por Deus você é, menos sofrimento você vai passar.   Então, nesse ponto de vista, se você está passando por algum tipo de sofrimento, algo está errado no que diz respeito sua vida cristã, ou sua fé. Os “falsos mestres” dos nossos dias vão dizer que se você sofre ou é porque você não tem fé, ou você está com algum pecado, ou você não está dando o seu dinheiro como deveria, ou você não está usando o “poder das palavras”.   Você gostaria de saber qual era a opinião de Paulo sobre esse tipo de teologia?   [11:13] Porque esses tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, disfarçando-se em apóstolos de Cristo. [14] E não é de admirar, porque o próprio Satanás se disfarça de anjo de luz. [15] Portanto, não deveria surpreender que os seus próprios ministros se disfarcem em ministros de justiça. O fim deles será conforme as suas obras.   Esse tipo de teologia, que corrompe a pureza do evangelho de Cristo, é um veneno terrível! E não provem em nada de Cristo, ou de sua Palavra.   Diante disso, eu gostaria de fazer 2 comentários sobre esse cenário:   1.    Para aqueles que foram machucados pela teologia da prosperidade. Talvez alguns de vocês tenham sido expostos a esse tipo de ensino, e tenha sofrido pressão, humilhação, e frustração, em lidar com os sofrimentos da vida nos moldes dessa falsa mensagem.   Se esse é o seu caso, eu gostaria de dizer primeiro que eu sinto muito! E gostaria de dizer que esse tipo de abordagem, mesmo que quem tenha feito tenha usado o nome de Deus, tenha lido trechos da Bíblia... essa abordagem não tem nada de Deus, e nada de bíblica!   Na verdade, o que Paulo acabou de mostrar é que esses falsos mestres são ministros não de Deus, mas de Satanás. E se eles não se arrependerem do que ensinam, Paulo disse que haverá julgamento sobre eles.   Mas não só isso! Eu também gostaria de te preparar que em breve você ouvirá um caminho muito mais excelente! Uma verdadeira esperança! Esperança bíblica! Sobre como lidar com o sofrimento que você tem experimentado mesmo caminhando com o Senhor.   2.    Para aqueles que em si mesmo tem uma visão equivocada sobre o sofrimento. Talvez, você não ouviu de falsos mestres essas falsas acusações sobre o seu sofrimento. Talvez você tenha ouvido de você mesmo! Você se questionou sobre o seu sofrimento, sobre situações difíceis que aconteceram na sua vida, mesmo quando você já estava caminhando com Cristo. E se perguntou como isso se relaciona com as promessas do evangelho! Por que isso acontece mesmo quando você tem crido em Cristo?   Se você está passando por isso, ou já passou, eu gostaria de dizer que é exatamente isso que Paulo vai tratar agora dos versículos 3 ao 11! Seremos expostos a um dos trechos mais belos da teologia paulina sobre o sofrimento! E essa verdade também pode te trazer verdadeira esperança no sofrimento!    A partir daqui quero mostrar para vocês quatro verdades maravilhosas sobre o sofrimento em 2Coríntios 1:   1.     Existe consolo no sofrimento; 2.     Existe propósito no sofrimento; 3.     Existe fruto no sofrimento; 4.     Existe oportunidade no sofrimento.   Consolo, propósito, fruto e oportunidade.   Diferente do que os falsos apóstolos apontavam, Deus está muito envolvido no sofrimento de um crente! E ele tem muito a nos dizer por meio de sua Palavra.   A começar, nos assegurando que temos consolo no sofrimento!   EXISTE CONSOLO NO SOFRIMENTO [3-4a] [1:3] Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai de misericórdias e Deus de toda consolação! [4a] É ele que nos consola em toda a nossa tribulação   Mesmo sofrendo falsas acusações e oposições de falsos apóstolos, Paulo começa sua mensagem a igreja com um louvor! Começa dando graças a Deus!   Essa já é uma importante lição para nós: o sofrimento não deve nos paralisar! Meu irmão, o sofrimento não deve manchar a sua visão sobre a beleza de quem Deus é! As nuvens cinzas do sofrimento não podem esconder a potente luz da glória de Deus   Antes de qualquer doutrina, antes de qualquer exortação, Paulo começa com adoração!   E diante de um Deus com infinitas perfeições, Paulo traz diante dele atributos propícios para se agarrar na tribulação: Deus é misericordioso e consolador!   [3] Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai de misericórdias e Deus de toda consolação!   Aplicação: Medite na misericórdia e na consolação do Senhor Você quer uma receita médica para sua alma enferma pelo sofrimento? Comece o dia com uma dose de adoração concentrada de misericórdia e consolação divina!   Assim que os seus olhos abrir na cama, depois de uma noite difícil de sono, e você logo se lembrar da aflição que te espera naquele dia, em vez de deixar que automaticamente sua visão se turve pela tempestade, abra sua Bíblia e leia algo como:   [Salmo 121:1] Elevo os meus olhos para os montes: de onde me virá o socorro? [2] O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra.   E logo em seguida, guiado pela Palavra, você adora o Senhor cantando em oração:   Sê minha vida, ó Deus de poder Que eu nunca perca a visão do Teu ser! Se é noite ou dia, Tu és minha luz Tua presença meus passos conduz   E agora sim, você está pronto, com os olhos voltados para o lugar certo, a encarar o seu dia!   Foi assim que Paulo começou sua carta! Recordando em adoração que o Deus bendito, Pai de Jesus Cristo quem tinha o enviado como apóstolo aos coríntios, era o Pai de misericórdias e Deus de toda consolação!   E adorando o Senhor, logo ele testificou:   [4a] É ele que nos consola em toda a nossa tribulação   Meus irmãos, essa é uma verdade que você deve se agarrar, e se assegurar nessa manhã: em Cristo, existe consolo no sofrimento!   E repare: não é uma consolação superficial!   Não é um consolo ilusório de distração por redes sociais ou entretenimentos. Não é um consolo ilusório de satisfação em prazeres carnais momentâneos. Não é um consolo ilusório de substâncias que te tira consciência.   Não! É um consolo real direto do trono da graça! Se você pudesse escolher de onde viria um consolo para o seu coração aflito no momento da angústia, da onde seria melhor do que um consolo que flui do próprio Deus?! Do Deus de toda consolação?!   É ELE, o Deus Todo Poderoso, que nos consola em toda a nossa tribulação.   Essa é a consequência natural do coração que está confiando em Cristo minutos após meditar em quem Deus é! Ele medita na verdade de quem Deus é, o Deus de toda consolação, e por causa de Cristo, rapidamente o Espírito aplica essa verdade no seu coração, o convencendo que desse Deus vem o seu próprio consolo.   O que significa receber consolo que vem do Senhor? - É você poder confiar que Deus é soberano, e que nada, nenhuma circunstância na sua vida está aquém do domínio dele. - É você se lembrar da promessa dele de que tudo está cooperando para o seu bem. - É você se lembrar de que o Senhor Jesus não perderá nenhum de todos que foram dados pelo Pai! Ele não perderá você na dura jornada do sofrimento! - É você saber que mesmo que você ande no vale da sombra da morte, você não deve temer mal nenhum, porque o Senhor está contigo.   Meu irmão, isso que é consolo de verdade! Consolo maciço, robusto! Consolo capaz de sustentar homens e mulheres firmes como âncoras ao passar pelas piores tempestades de sofrimento que essa vida pode oferecer.   Não tem poço de sofrimento fundo demais onde o consolo do Senhor não possa chegar. Pelo contrário: quanto mais fundo é o poço do seu sofrimento, maior é a profundidade de consolo que você pode experimentar no Senhor!   Portanto, se agarre nessa verdade, meu irmão: existe consolo no sofrimento! No Senhor, existe consolo.    E no mesmo versículo, Paulo continua, nos levando para a segunda verdade preciosa sobre o sofrimento:   EXISTE PROPÓSITO NO SOFRIMENTO [4b-7] [3] Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai de misericórdias e Deus de toda consolação! [4] É ele que nos consola em toda a nossa tribulação, para que (com o propósito de), pela consolação que nós mesmos recebemos de Deus, possamos consolar os que estiverem em qualquer espécie de tribulação.   Existe muitas respostas verdadeiras para a pergunta: Qual é o propósito do sofrimento?   Poderíamos dizer que existe propósito no sofrimento em, de alguma forma, trazer glória a Deus. Poderíamos dizer que existe propósito no sofrimento em, de alguma forma, contribuir na nossa santificação.   Boas, verdadeiras e bíblicas respostas!   Mas Paulo é mais direto aqui em 2Coríntios: o sofrimento tem o propósito de nos trazer consolação de Deus, para que possamos consolar outros!   Sim, isso está ligado a trazer glória a Deus e a nossa santificação! Mas Paulo está com uma ênfase um pouco mais direta aqui!   Ele diz que nós passamos pelo sofrimento, recebemos consolo direto do Senhor, e nessa experiência profunda e pessoal com o Senhor, Deus proporciona a benção de podermos servir outras pessoas os consolando também em seus sofrimentos! Em qualquer espécie de tribulação, diz Paulo!   Aplicação: o propósito do sofrimento: servir! Meus irmãos, momentos como esse brilha a infinita sabedoria do Senhor!   Você já parou para pensar que como a experiência de sofrimento pode nos levar a momentos de egoísmo?   O nosso coração é tão enganoso, que muitas vezes, mesmo passando por um sofrimento genuíno, onde de fato precisamos de ajuda e cuidado, nós podemos acabar cruzando a linha e transformando a situação de uma maneira que passamos a ter uma postura egoísta, olhando somente para nós mesmos! Por vezes passamos a exigir que as coisas a nossa volta aconteçam como se somente o nosso sofrimento importasse! Que terrível o coração humano, meus irmãos.   Mas que maravilhosa é a sabedoria do Senhor!   Ele pega essa situação de potencial pecaminoso e destrutivo para nós, e transforma numa ocasião de serviço e amor ao outro!   Se você está em Cristo, e você passa a desfrutar do consolo do Senhor em meio ao sofrimento, a corrente de escravidão do egoísmo é quebrada, e, porque você está consolado no Senhor, você fica livre para olhar para o outro! Mesmo em meio ao seu sofrimento!   Na consolação do Senhor, somos capacitados, fortalecidos, a tirar os olhos do nosso umbigo, e olhar para os olhos de lágrimas do nosso irmão que também está sofrendo!   Foi isso que o nosso Senhor Jesus fez!   No ponto alto da sua dor e sofrimento na cruz, o nosso Rei perfeito, teve forças para olhar para Maria, para o sofrimento de sua mãe, e cuidar dela, promovendo João, o seu discípulo amado, para lhe ser o seu filho e cuidar dela (João 19:25-27)! Até no momento de maior dor e injustiça, Jesus estava no seu sofrimento, servindo os outros!   Meus irmãos, o nosso Deus é sábio e poderoso para trazer propósito de cura ao nosso sofrimento! Não somente a cura da nossa dor, mas a cura da dor do outro, através da nossa dor!   Façamos disso uma oração! Que o Senhor nos ajude! Quando estivermos passando em meio à tribulação, que o seu Espírito nos dê sensibilidade para observar a dor do outro!   E nos dê alegria, mesmo em meio a nossa dor, em saber que por meio do nosso sofrimento, alguém ao nosso lado pode ser consolado!   Mas Paulo não para aí! Agora, ele vai nos mostrar a razão dessa verdade!   Por que isso é verdade? Por que da consolação que Paulo recebeu do Senhor, outros poderiam ser consolados?   A RAZÃO DO PROPÓSITO DO SOFRIMENTO [5-7] [5] Porque, assim como transbordam sobre nós os sofrimentos de Cristo, assim também por meio de Cristo transborda o nosso consolo.   Meus irmãos, se a teologia da prosperidade é um veneno, o que Paulo faz nesse verso é pegar uma seringa, com a agulha impressionantemente fina, e cirurgicamente entrar na veia sanguínea e retirar cada gota dessa sujeira!   A razão que Paulo dá para os nossos sofrimentos serem canais de consolo ao outro, é que os nossos sofrimentos, tal como o nosso consolo, estão ligados a Cristo!   Sabe por que os falsos apóstolos de Corinto, e os pregadores da prosperidade dos nossos dias, não podiam estar mais errados em enxergar o sofrimento como oposto a uma vida perto do Senhor?   Porque o próprio Deus, por meio do Filho, sofreu! E mais do que isso. Ele não sofreu passivamente! Ele foi em direção ao sofrimento!   Sabe por que o seu sofrimento pode ser usado como canal de consolo para o outro? Porque foi exatamente isso que Cristo fez por você!   Jesus, o filho do Pai de misericórdia e Deus de toda consolação, habitava na eternidade sem nenhum sofrimento! Desfrutava da glória do céu! Não havia experimentado dor em si!   E o que ele fez, foi abrir mão dessa glória, dessa condição da qual vivia eternamente, entrar na história, abraçando o sofrimento das limitações de um corpo humano, abraçando os sofrimentos de uma vida sem grandes confortos, abraçando o sofrimento de injustas perseguições, de traição, de dor física pendurado num madeiro... Mas mais do que tudo isso, ele abraçou o sofrimento de tomar o cálice da ira de Deus!   A ira de Deus estava posta em nossa direção, por causa dos nossos pecados. Nós éramos merecedores de sofrimento eterno. Enquanto Cristo eternamente não experimentava sofrimento algum!   Mas Jesus tomou todo o sofrimento da ira de Deus sendo derramada sobre ele. Ele carregou todo o pecado do seu povo. Para que por meio do sofrimento dele, nós, pudéssemos desfrutar de consolo eterno!   [Isaías 53:5] Mas ele foi traspassado por causa das nossas transgressões e esmagado por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos sarados.   Aqui Paulo rasgou o cadáver do falso evangelho dos falsos apóstolos de dentro para fora!   Ele mostra que o fato dele passar por sofrimento não poderia desqualificá-lo como apóstolo. Porque como apóstolo, ele estava enviado pelo próprio Deus que sofreu para salvá-lo!   O seu sofrimento não enfraquecia sua mensagem. O seu sofrimento era o poder na sua mensagem!   Porque os seus sofrimentos vinham da sua obediência em proclamar Cristo, em pregar a mensagem da salvação em Cristo!   Foi exatamente o que Jesus disse sobre aqueles que o seguissem: [Mateus 5:11] — Bem-aventurados são vocês quando, por minha causa, os insultarem e os perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vocês. [12] Alegrem-se e exultem, porque é grande a sua recompensa nos céus; pois assim perseguiram os profetas que viveram antes de vocês.   Paulo sabia que o seu sofrimento era evidência de que ele estava no caminho certo apontado pelo seu Senhor que o enviou! Ele era apóstolo de Cristo Jesus, o servo sofredor!   E Paulo sabia que quando estamos unidos a Cristo, sofrer por Cristo, é compartilhar do sofrimento do próprio Cristo. Mas que também unidos a Cristo, em Cristo também transborda o nosso consolo!   O sofrimento de Paulo deveria ser um encorajamento para os crentes em Corinto! Porque eles eram abençoados por tais sofrimentos! Como Paulo descreve:   [6a] Se somos atribulados, é para o consolo e a salvação de vocês; se somos consolados, é também para o consolo de vocês.   As tribulações de Paulo em pregar o evangelho era instrumento de Deus para que o evangelho chegasse com ainda mais força aos corações perdidos.   As tribulações funcionavam como uma grande turbina para que o evangelho chegasse com toda força rompendo a incredulidade dos coríntios, e os fazendo a crer em Cristo.   Paulo explica tudo isso alguns capítulos a frente:   [2 Coríntios 4:10] Levamos sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a vida dele se manifeste em nosso corpo. [11] Porque nós, que vivemos, somos sempre entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal. [12] De modo que em nós opera a morte; em vocês, a vida.   Os coríntios viam Paulo sofrendo em pregar o evangelho de Cristo, Deus lhes dava fé em Cristo, e eles desfrutavam do mesmo consolo que Paulo desfrutava em Cristo, no seu sofrimento.   E Paulo mostra que esse consolo tem uma forma eficaz de se concretizar: a perseverança!   [6b] Esse consolo se torna eficaz na medida em que vocês suportam com paciência os mesmos sofrimentos que nós também suportamos. [7] A nossa esperança em relação a vocês é sólida, sabendo que, assim como vocês são participantes dos sofrimentos, assim também serão participantes da consolação.   Ou seja, aqueles crentes deveriam permanecer fiéis a Cristo, mesmo que sobre eles também viessem perseguição, rejeição, humilhação, das quais Paulo passava. Das quais Cristo passou.   Mas Paulo estava esperançoso, uma esperança sólida, que o Senhor tinha salvado verdadeiramente crentes naquela igreja! E eles iriam perseverar! Iriam participar tanto desse sofrimento, quanto da consolação.   Aplicação: nós também! Portanto, meus queridos irmãos, lembre-se que o seu sofrimento tem propósito! Lembre-se que pela consolação que você recebe do Senhor na sua angústia, você é livre de olhar somente para você em meio a dor, para então servir o seu irmão que também está sofrendo!   Você está unido ao Senhor que sofreu para que você fosse salvo! Agora, viva entregue à morte por causa de Cristo, para que também a vida de Jesus se manifeste na sua!   Essa é então, a segunda verdade a respeito do sofrimento!   Existe consolo no sofrimento. Existe propósito no sofrimento.   Mas assim como a dor do sofrimento muitas vezes é grande, as belezas por trás do sofrimento são muito maiores! E Paulo continua.   Agora ele vai mostrar O FRUTO do sofrimento no seu próprio coração, ao relatar sobre uma grande tribulação que ele havia passado:   EXISTE FRUTO NO SOFRIMENTO [8-10a] [8] Porque não queremos, irmãos, que vocês fiquem sem saber que tipo de tribulação nos sobreveio na província da Ásia. Foi algo acima das nossas forças, a ponto de perdermos a esperança até da própria vida.   Conforme Paulo explica a visão correta sobre o sofrimento, ele compartilha de um grande sofrimento que ele havia passado desde a sua última ida a Corinto. Ele não específica o que aconteceu, mas ele diz que foi uma situação “acima de suas forças” e que ele mesmo achava que ia morrer, quando diz que “perdemos a esperança até da própria vida”.   O sofrimento parece ter sido grande! Mas o sofrimento nunca é em vão.   Paulo continua compartilhando, e expõe outro propósito do sofrimento. Dessa vez no seu próprio coração:   [9] De fato, tivemos em nós mesmos a sentença de morte, para que não confiássemos em nós mesmos, e sim no Deus que ressuscita os mortos, [10] o qual nos livrou e ainda livrará de tão grande morte.   A tribulação tão grande que Paulo passou, que lhe parecia uma sentença de morte, tinha propósito ainda maior: aumentar sua confiança no Senhor!   para que NÃO CONFIÁSSEMOS EM NÓS MESMOS, E SIM NO DEUS que ressuscita os mortos   Meu irmão, você quer uma notícia de grande esperança para o seu sofrimento?! O sofrimento pode parecer um sólido árido, mas não é um sólido infrutífero! Pelo contrário!   Existe muitos frutos no sofrimento!   Vocês se lembram da história de Jó. Depois de ter perdido tudo, família, bens, saúde... Depois de muitas reflexões, muitos diálogos...   Como sai o coração de Jó com relação a sua confiança ao Senhor, depois de tantas tormentas e aflições?   [Jó 42:1] Então Jó respondeu ao Senhor e disse: [2] "Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado. [5] Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem.   É imensurável o quanto Jó cresceu em confiança no Senhor!   O solo do sofrimento tem potencial imensurável de frutificar confiança no Senhor!   Meus irmãos, passar por sofrimento sem meditar no quanto confiamos no Senhor, é desperdiçar o nosso sofrimento!   Mas essa meditação não é meditação como a prática secular, pagã de meditação. De sentar-se de pernas cruzadas e olhos fechados, e respiração lenta, e tentando se desligar de tudo.   A meditação no sofrimento é de pernas prostradas, com os olhos na Palavra, e o coração totalmente voltado ao Senhor! Lutando contra os pensamentos enganosos querendo te desanimar pela tribulação. Lutando em meditar na consolação das promessas do Senhor, nas verdades sobre quem Deus é. Lutando contra você mesmo, na força do Espírito, para que o seu coração confie no Senhor, mesmo na aflição! Especialmente na aflição!   O caminho para você não desperdiçar o seu sofrimento e frutificar em uma confiança maior no Senhor tem os seguintes passos:   Primeiro: expor o seu coração diante do Senhor! Precisamos ser corajosos de olhar o nosso coração em meio ao sofrimento, e orar:   [Salmo 139:23] Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; [24] vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno.   Se formos sinceros, muitas vezes vamos encontrar um coração agarrado a ídolos! Um coração confiando menos no Senhor do que deveria! O sofrimento tem esse poder de revelar enganos velados do nosso coração.   E então temos o segundo passo no caminho do crescimento da confiança:   Segundo: confessar o pecado diante do Senhor! Precisamos confessar o nosso pecado em não confiar no Senhor! Precisamos confessar o nosso pecado em confiar em nós mesmos. Ou confiar nas circunstâncias. Ou confiar em outros homens.   O Senhor muitas vezes usa o sofrimento para derrubar nossos ídolos. Para derrubar nossa prepotência. Para desnudar o nosso coração enganoso e desesperadamente corrupto.   E com o bálsamo do consolo, nos levar a confiança mais profunda naquele que é dignamente confiável!   Ilustração: barbante e cabo de aço Confiar em qualquer outra coisa que não no Senhor é o mesmo que estar diante do abismo e em vez de ser amarrado em um cabo de aço, com um cadeado de aço te prendendo, você preferir segurar pelos dedos em um barbante!   O Senhor muitas vezes usa o sofrimento para cortar o nosso barbante. Mas também rapidamente nos mostrar que estamos seguros, presos em um cabo de aço.   Depois do seu coração frutificar em confiança no Senhor, Paulo desfrutou também do livramento daquela grande tribulação na Ásia (verso 10).   Mas sua esperança era maior que o livramento de uma tribulação terrena; e sim o livramento do sofrimento eterno: o que ele chama de “tão grande morte”.   [9] De fato, tivemos em nós mesmos a sentença de morte, para que não confiássemos em nós mesmos, e sim no Deus que ressuscita os mortos, [10] o qual nos livrou e ainda livrará de tão grande morte.   Em meio ao sofrimento de quase perder a vida, Paulo teve sua confiança fortalecida se lembrando de que o Deus que ressuscita mortos o livrou não somente daquela situação de risco de morte iminente, mas da tão grande morte, aquela que o separaria eternamente de Deus!   E a partir dessa experiência de grande livramento de uma tribulação momentânea, Paulo traz a quarta e última grande verdade sobre o sofrimento nesse trecho:   EXISTE OPORTUNIDADE NO SOFRIMENTO [10b-11] O Senhor usa o sofrimento para nos dar oportunidade de sermos participantes do que ele está fazendo soberanamente, por meio da oração:   [10b] Nele [o Deus que ressuscita mortos e o livrou] temos esperado que ainda continuará a nos livrar, [11] enquanto vocês nos ajudam com orações a nosso favor, para que, por muitos, sejam dadas graças a Deus a nosso respeito, pelo benefício que nos foi concedido por meio da súplica de muitos.   Meus irmãos, mais uma vez aqui Paulo mostra a insondável sabedoria do nosso Deus!   Se no sofrimento existe o propósito de nós, que estamos dentro do sofrimento, podermos servir o outro por meio do consolo, agora Paulo mostra que no sofrimento existe a oportunidade daquele que está fora de tal sofrimento, servir por meio da oração!   Às vezes podemos ter pensamentos enganosos achando que orar é pouca coisa! Podemos pensar: “eu queria fazer tanto por aquela situação, mas eu “só” posso orar”.   Quando isso vier a sua mente, lembre-se de 2Coríntios 1:11! Paulo está dizendo que ENQUANTO Deus nos livra da tribulação, os crentes ajudam em oração!   Nele temos esperado que ainda continuará a nos livrar, [11] enquanto vocês nos ajudam com orações a nosso favor   O sofrimento proporciona a oportunidade graciosa de servirmos aqueles que sofrem, EM ORAÇÃO! Oração não é pouca coisa! Oração não é “só mais uma coisa”! ORAÇÃO É O QUE DEVE SER FEITO!   Paulo diz que o livramento, o benefício, é concedido por Deus “por meio da súplica de muitos”!   E não somente isso!   Deus não somente usa nossas orações para conceder benefícios aos seus que estão sofrendo, como ele usa toda essa circunstância para que outros, terceiros, deem graças a Deus diante da obra dele nessa circunstância!   Acompanhe o raciocínio exposto por Paulo: 1.     Eu vou passar por tribulação! 2.     Tenho esperado que o Senhor vai continuar me livrando, enquanto vocês oram por mim!Porque, quando vocês oram, Deus atende a oração e concede-me o livramento! 3.     E quando Deus concede-me o livramento, após ter usado as orações de vocês, muitos que saberão disso, darão graças a Deus!   Meus irmãos, que sabedoria infinita do Senhor?!   Quem teria um plano tão magnífico com tantos propósitos, diante de uma situação que todos nós, se pudéssemos escolher, não passaríamos, como é o sofrimento?!   Nós precisamos orar! O Senhor está nos dando a oportunidade de participarmos daquilo que ele soberanamente está fazendo na vida de irmãos que estão sofrendo!   Esse texto é real! Não é brincadeira, não é faz de conta! O que está escrito é verdade!   Deus quer que você ore, e quer usar sua oração para conceder livramento ao seu irmão em sofrimento, e quer usar o testemunho do livramento dele por meio da sua oração, para que ele, o Senhor, seja glorificado!   Esse é a oportunidade que você tem de dar glória a Deus e servir o seu irmão!   Aplicação: ORE! Eu quero te fazer um encorajamento para hoje a tarde, para o PG, para os seus dias durante a sua semana: 1.     Pegue a folha de oração, que enviamos nos grupos da igreja com uma série de pedidos reais! De sofrimentos reais de irmãos nossos! 2.     Pega essa folha de oração da nossa igreja, abra esse texto de 2 Coríntios 1 novamente, e ore por aqueles pedidos diante da verdade aqui escrita! Mas ore com fé! Crendo que essa é a palavra de Deus!   Faça uma oração sincera, com confiança no Senhor: “Senhor, sustenta esse meu irmão diante desse sofrimento! Segundo a sua vontade, dê a ele o livramento! E use essa circunstância para que o seu poder seja visto, e as pessoas deem glória ao Senhor!” Nós precisamos orar, meus irmãos!   Quando estivermos diante do sofrimento de alguém, não podemos pensar mais: “Puxa, eu só posso orar” Devemos pensar: “uau, eu posso orar!”.   Essa é uma grande oportunidade que existe no sofrimento.   CONCLUSÃO Meus irmãos, é verdade que o sofrimento é uma das experiências mais complexas da existência humana. É verdade também que ninguém gosta de passar pelo sofrimento! De certa forma, fazemos muitas coisas na nossa vida pensando em evitar o sofrimento.   Mas, acima de tudo, é verdade que a Bíblia é nos fornece o que precisamos para lidar com o sofrimento! E é verdade que Deus está presente no nosso sofrimento! Com muitos propósitos.   Por isso, lutemos para não sermos paralisados diante do sofrimento. Nem sempre o correto é fugir do sofrimento. Não devemos ser escravos do sofrimento. Não devemos lidar de maneira mundana com o sofrimento!   O que devemos fazer é: 1.     Experimentar o consolo real que vem do Senhor, no sofrimento! 2.     Devemos perceber o propósito do Senhor em consolar as pessoas a nossa volta em meio ao nosso próprio sofrimento! 3.     Devemos aproveitar o sofrimento para que o nosso coração frutifique em uma confiança maior, mais forte, no Senhor! 4.     E devemos valorizar a oportunidade de participar, por meio da oração, do que o Senhor está fazendo na vida das pessoas no momento do sofrimento.   O sofrimento é real. O sofrimento é doloroso. Mas o sofrimento nunca é em vão.   Eu gostaria de finalizar lendo alguns versículos do capítulo 4 de 2 Coríntios. Abram no capítulo 4.   [2 Coríntios 4:1]Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi dada, não desanimamos. [7] Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que se veja que a excelência do poder provém de Deus, não de nós. [8] Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; ficamos perplexos, porém não desanimados; [9] somos perseguidos, porém não abandonados; somos derrubados, porém não destruídos. [14] Por isso não desanimamos. Pelo contrário, mesmo que o nosso ser exterior se desgaste, o nosso ser interior se renova dia a dia. [17] Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um eterno peso de glória, acima de toda comparação, [18] na medida em que não olhamos para as coisas que se veem, mas para as que não se veem. Porque as coisas que se veem são temporais, mas as que não se veem são eternas. Igreja Batista Jardim Minesota Rua Clotildes Barbosa de Souza, 144 Jardim Santa Maria (Nova Veneza) 
 Sumaré - São Paulo

2 Coríntios 1:1-11: O Sofrimento Nunca É em Vão

O sofrimento é real. O sofrimento é doloroso. Mas o sofrimento nunca é em vão.

Fevereiro - Abril 2025 Igreja Batista Jardim Minesota Rua Clotildes Barbosa de Souza, 144 Jardim Santa Maria (Nova Veneza) 
 Sumaré - São Paulo

Escola Bíblica na IBJM

Fevereiro - Abril 2025 Igreja Batista Jardim Minesota Rua Clotildes Barbosa de Souza, 144 Jardim Santa Maria (Nova Veneza) Sumaré - São...

Série: Domínio e Esperança 26 de janeiro de 2025 – IBJM O livro de Daniel chega ao fim lidando com perguntas sobre o fim. Perguntas sobre o fim dos tempos, o fim do mundo e o fim da nossa vida.   O que acontece depois que eu morrer? Esse mundo vai acabar? E o que vai acontecer com esse mundo antes de ele acabar? O mundo vai melhorar com o tempo? Ou ele vai piorar?   Nós somos seres perguntadores. Existe uma curiosidade humana natural e em alguns casos até uma certa fascinação com o que vai acontecer no futuro. Não é à toa que os livros e filmes sobre o fim dos tempos são tão populares. Porque nós temos muitas perguntas. E nós queremos respostas.   Eu imagino que você tenha muitas perguntas. Existe um Deus no céu que pode responder. Ele nos deu um livro onde tudo o que você lê é verdade. É verdade que nem todas as nossas perguntas são respondidas, mas Deus não deixa de nos dizer nada que nós precisamos saber.   Tudo o que nós precisamos para viver nesse mundo com fé e alegria está nesse livro. E na passagem de hoje, nós temos algumas certezas eternas reveladas pelo Deus da Verdade.   Daniel 12 é o final da visão que começou no capítulo 10. O versículo 1 começa com “nesse tempo”. Que tempo? Volte para o último versículo do capítulo anterior:   Daniel 11:45—Armará as suas tendas palacianas entre o mar e o glorioso monte santo. Mas chegará ao seu fim, e não haverá quem o socorra.   O texto está falando do Anticristo. O contexto aqui é o fim dos tempos. O período mais perto do fim do mundo e da volta de Cristo. “Nesse tempo”:   [1] — Nesse tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe, o defensor dos filhos do povo de Deus, e haverá tempo de angústia, como nunca houve, desde que existem nações até aquele tempo. Mas, naquele tempo, o povo de Deus será salvo, todo aquele que for achado inscrito no livro.   Deus nos dá 2 certezas sobre o fim já no versículo 1:   CERTEZA 1: SERÁ UM TEMPO DE ANGÚSTIA   [1] (...) haverá tempo de angústia, como nunca houve...   Esse é um tema de Daniel. E um tema da Bíblia. Depois que o pecado entrou no mundo, a vida nesse mundo inclui sofrimento, dor e angústia. Às vezes, em uma dose muito alta. Algumas pessoas aqui receberam grandes porções de angústia.   Deus está dizendo que perto do fim do mundo será ainda pior: “como nunca houve”. Ele está falando da Grande Tribulação de Mateus 24 e Apocalipse 12.   Existem momentos na história em que o mundo desfruta de um pouco mais de paz e um pouco mais de moralidade, mas a direção geral do mundo é para baixo, não para cima. Nossa esperança deve estar em outro lugar, não nos reinos desse mundo.   A primeira certeza é difícil de ouvir e difícil de viver. A certeza da angústia é uma notícia ruim. Agora vem a boa.   CERTEZA 2: O POVO DE DEUS SERÁ SALVO  Última frase do versículo 1:   [1] (...) Mas, naquele tempo [o mesmo tempo!], o povo de Deus será salvo, todo aquele que for achado inscrito no livro.   Essa é uma promessa maravilhosa. Jesus está prometendo não perder ninguém. A angústia pode ser certa, mas a salvação também é! O “livro” que ele está se referindo aqui é o Livro da Vida (cf. Apocalipse 20:12).   O nome de todos aqueles que Deus já salvou e irá salvar estão nesse livro.   É o livro onde está escrito seu nome, cristão. Escrito em letras vermelhas de sangue. Com uma caligrafia todos nós vamos reconhecer. Foi Cristo, nosso Salvador, quem escreveu.   No último dia, quando a lista dos nomes for publicada e Jesus chamar cada um pelo nome, nós não vamos ouvir nenhum “faltou”. Nós não vamos ouvir nenhum “esse se perdeu”.   (...) todo aquele que for achado inscrito no livro.   A certeza da angústia nos dá medo. A certeza da salvação nos dá paz, mesmo durante o tempo de angústia.   COMO SEREMOS SALVOS?  Nós somos seres perguntadores. A pergunta que alguns de nós podem estar se fazendo agora é: “Como eu sei se meu nome está inscrito no livro?” “O que eu preciso fazer para ser salvo?”   A resposta de Deus para essa pergunta é Jesus. Ninguém tem o direito de escrever no Livro da Vida, a não ser Cristo. Ninguém é capaz de pagar pelos pecados, a não ser Cristo.   Não Jesus mais nossas obras. Não Jesus mais nossas orações. Não Jesus mais nossas ofertas. Não Jesus mais nossas atividades religiosas na igreja. Jesus mais nada.   Atos 4:12—E não há salvação em nenhum outro, porque debaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos.   Você precisa desistir de se esforçar para ser uma boa pessoa e tentar impressionar a Deus e torcer para no fim, ele salvar você. Esse não é o caminho da salvação. Esse é o caminho da condenação porque ninguém é bom o suficiente diante de Deus.   Ninguém, a não ser um. Jesus, o Filho de Deus, santo e perfeito que morreu um sacrifício perfeito por pecadores naquela cruz.   A resposta de Deus para a nossa pergunta: “Como eu posso ser salvo?” é arrependa-se e creia no evangelho. Confesse seu pecado e confie em Cristo como aquele que foi julgado no seu lugar. Jesus disse:   De fato, a vontade de meu Pai é que todo aquele que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia (João 6:40). Jesus promete vida eterna e ressurreição no final. Essa é a próxima certeza sobre o fim em Daniel 12:   CERTEZA 3: VOCÊ RESSUSCITARÁ Uma das perguntas que tanto cristãos quanto não-cristãos fazem é: “O que acontece depois da morte?” A resposta de Deus para a pergunta é: a ressurreição. Um dia, quando Jesus voltar, todas as pessoas irão ressuscitar:   [2] Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, outros para vergonha e horror eterno.   Dormir no pó da terra é uma expressão para falar da morte. Esse é um das passagens mais claras do Antigo Testamento sobre a ressurreição física de toda a humanidade.   Todos nós iremos existir para sempre. Nenhum ser humano criado jamais será “descriado” e deixará de existir. Você irá viver de forma consciente por toda a eternidade.   Deus criou dois destinos possíveis depois da morte, e só dois: vida eterna ou horror eterno. Os dois destinos são eternos, mas eles são também opostos.   DOIS DESTINOS ETERNOS   A Glória do Céu A Bíblia descreve o futuro daqueles que confiam em Cristo em termos celestialmente gloriosos. Os cristãos irão viver com um corpo glorificado em um lugar glorificado diante do Cristo glorificado por toda a eternidade. Qualquer lugar que você olhe, você verá glória.   Nesse lugar, nós perderemos completamente a capacidade de pecar. Nunca mais você pecará contra o seu Deus, crente. Será uma vida de bilhões de bilhões de anos com perfeito amor fluindo de você para Deus, de Deus para você, e o amor fluindo entre todos os cristãos em toda intensidade e pureza.   Todas as vezes em que você abrir a boca, suas palavras serão perfeitas. Tudo o que você pensar será santo porque seus pensamentos serão completamente controlados pelo Espírito Santo. Você nunca mais terá que lutar contra nenhum pecado—desânimo, impureza, ira. A luta terá terminado e você terá vencido junto com o Cordeiro de Deus.   Nesse lugar, você nunca mais sentirá dor—sua coluna não vai doer, seu joelho não vai doer, sua cabeça nunca vai doer e, ainda mais maravilhoso, seu coração nunca mais vai doer. Você será completamente dominado por uma alegria plena e perpétua:   Salmo 16:11—[N]a tua presença há plenitude de alegria, à tua direita, há delícias perpetuamente.   Aqueles que perseverarem e aguentarem as angústias dessa vida, serão recompensados com vida em um mundo de amor e glória por toda a eternidade. Cristão, vale a pena ser fiel ao seu Deus. O que espera por você é céu.   O Horror do Inferno O único outro destino possível é um lugar que a Bíblia chama de inferno—um tipo de vida que Daniel 12 descreve como “vergonha e horror eterno”. A Bíblia descreve o inferno como um lugar de densa escuridão, choro e ranger de dentes.   O inferno é o oposto do céu. Enquanto o céu é um mundo de amor, o inferno é um mundo de horror. Horror sem fim. A maior angústia nessa vida não pode ser comparada com 5 minutos no inferno. O inferno é o lugar onde Deus suprime toda a misericórdia dele e ele solta a santa ira dele contra o pecado em toda a sua força.   Enquanto aqueles que se arrependem e creem em Cristo serão exaltados, aqueles que se mantém rebeldes serão envergonhados. Enquanto a certeza do céu é uma notícia maravilhosa para os cristãos, a certeza do inferno é a notícia mais assombrosa para aqueles que não seguem a Cristo.   A Força da Eternidade Que esses dois destinos eternos nos ajudem a viver nesse mundo. Que a promessa do céu eleve seu coração, crente, quando você estiver para baixo. Experimentar meditar e crer nessa promessa de vida eterna—pense em como, em algumas horas ou em alguns anos, você estará nesse mundo de amor—que isso faça você pensar: “Vale a pena sofrer e ser fiel ao meu Salvador. Eu estarei com ele em breve!”   Que a ameaça do inferno possa quebrantar seu coração, se você ainda não está confiando em Cristo. Nosso pecado é tão sério e tão mal, que a justiça de Deus exige que nós sejamos condenados debaixo da ira dele por toda a eternidade.   Eu quero oferecer Cristo de graça, mais uma vez. Jesus disse (e quem mais poderia dizer isso?):   — Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá. E todo o que vive e crê em mim não morrerá eternamente. Você crê nisto? (João 11:25-26).   Jesus oferece mudar seu destino de graça e para sempre. Ele diz: “creia em mim”. Creia nele. Ele tem força para tirar você do inferno e levar você para o céu. Ele tem. Ele provou que ele tem poder sobre a morte quando ele ressuscitou ao terceiro dia. A morte perdeu para Jesus. Ele tem poder para derrotar a sua morte também e ressuscitar você para vida eterna.   Você precisa se perguntar: “Para onde eu irei quando eu morrer?” Sua alma é valiosa. Não descanse enquanto você não conseguir responder onde você vai estar quando você ressuscitar.   O anjo expande mais da glória da vida no céu no versículo 3:   [3] Os que forem sábios resplandecerão como o fulgor do firmamento, e os que conduzirem muitos à justiça brilharão como as estrelas, sempre e eternamente.   O céu é real. O inferno é real. Jesus é real. A cruz é real. O perdão e a graça são reais. A ira de Deus e o sofrimento eterno é real. A ressurreição é real.   Sejamos sábios. Precisamos tomar decisões sobre como usar nosso tempo e nosso dinheiro e como usar os dons que o Senhor nos dá nos lembrando que a vida aqui é curta. E que a vida depois da morte é eterna.   Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio (Salmos 90:12).   Quantas vezes as preocupações dessa vida—que são reais também e nós precisamos lidar—mas quantas vezes elas dominam mais do nosso coração do que deveriam. Pensar na eternidade nos ajuda a colocar nossas angústias na perspectiva correta.   As angústias são certas, mas elas são temporárias. A salvação é certa, mas ela é eterna.   • Que o Senhor dê a você coragem para mudar o que você precisa em sua vida. • Que o Senhor encha o nosso coração de amor pelas pessoas que ainda não conhecem o Rei crucificado por pecadores. • Que o Senhor deixe o nosso coração pesado—como nós ouvimos na quinta—pelas pessoas que estão perecendo sem um Salvador. • Que o Senhor nos dê sabedoria para “conduzir muitos à justiça”—à uma vida de santidade pela fé em Cristo.   E assim nós habitaremos com Deus nos céus refletindo o brilho da glória dele, sempre e eternamente. Foi para isso que nós fomos criados.   Antes de Daniel falar, o anjo tem uma ordem para ele:   [4] Quanto a você, Daniel, encerre as palavras e sele o livro, até o tempo do fim.   Encerrar e selar o livro não é uma ordem para Daniel guardar segredo sobre essas profecias. Se esse fosse o caso, Daniel teria desobedecido porque ele escreveu e espalhou.   Encerrar e selar têm o sentido de escrever e preservar para as próximas gerações do povo de Deus lerem e interpretarem, o texto diz, “até o tempo do fim”.   Junto com a ordem, o anjo entrega uma profecia:   [4] (...) Muitos correrão de um lado para outro, e o saber se multiplicará.   De novo, a humanidade é divida em dois:   O primeiro grupo são aqueles que vão correr de um lado para o outro em vão—agitados e perdidos, sem saber para onde ir. O segundo grupo são aqueles cujo saber se multiplicará. Esse é o mesmo grupo que brilhará com as estrelas. O grupo dos salvos.   No futuro, o saber se multiplicará porque Deus dará sabedoria ao seu povo e eles entenderão essas profecias. O papel de Daniel é encerrar e selar o livro.   A conversa celestial entre os anjos e Daniel continua. O que parece é que não só nós, seres humanos, somos seres perguntadores. Os anjos também são:   PERGUNTA 1: QUANDO?   [5] Então eu, Daniel, olhei, e eis que outros dois estavam em pé às margens do rio, um de cada lado. [6] Um deles perguntou ao homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio: — Quando se cumprirão estas maravilhas?   “Estas maravilhas” são os acontecimentos do fim do mundo:   • QUANDO será esse enorme tempo de angústia? • QUANDO será da vinda do Anticristo? • QUANDO será ressurreição do mortos?   Existe uma curiosidade quase indomável sobre o futuro nos seres humanos e nos seres angelicais. O outro anjo responde:   RESPOSTA 1: 3 TEMPOS E MEIO   [7] Então ouvi o homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio. Ele levantou a mão direita e a esquerda ao céu e jurou por aquele que vive eternamente...   Deus é aquele que vive eternamente. Uma mão levantada para o céu é um juramento importante. Duas mãos levantadas para o céu—o lugar onde Deus habita—é um juramento muito, muito importante.   O anjo está falando a mais absoluta verdade em nome de Deus.   Continuação do v.[7] (...) dizendo: — Passarão um tempo, tempos e metade de um tempo. E, quando tiverem acabado de destruir o poder do povo santo, estas coisas todas se cumprirão.   A resposta à pergunta “quando chegará o fim do mundo?” é “um tempo, tempos e metade de um tempo” e o povo de Deus perderá toda a sua força nesse mundo e essas coisas se cumprirão.   Essas expressão “tempo, tempos e metade e um tempo” apareceu antes em Daniel. Volte para o capítulo 7.   Daniel 7:25—Ele [o Anticristo] falará contra o Altíssimo, oprimirá os santos do Altíssimo e tentará mudar os tempos e a lei; e os santos serão entregues nas mãos dele por um tempo, tempos e metade de um tempo.   Nas duas vezes no livro de Daniel—no capítulo 7 e no capítulo 12, esse período de “um tempo, tempos e metade de um tempo” descreve um período de grande perseguição e opressão contra o povo de Deus. Esse período de 3 tempos e meio (1 + 2 + 0,5) é o tempo de grande angústia durante o reinado do Anticristo.   O que isso significa—que o povo de Deus irá sofrer 3,5 tempos?   • Primeiro, que esse é um tempo limitado. Fixado. Determinado por Deus. Isso mostra que Deus continua no controle, mesmo quando parecer que o mal está reinando. • Segundo, significa que o povo de Deus não irá sofrer para sempre. 7 é o número da eternidade na linguagem apocalíptica. O tempo de angústia pode parecer logo (3,5 tempos), mas não são 7 tempos. Não será para sempre. • Terceiro, nós sabemos o que vai acontecer depois desse tempo de angústia. Nós já vimos nas outras visões de Daniel e nós já ouvimos Jesus dar mais detalhes.   Quando o povo de Deus estiver totalmente enfraquecido—ou usando a frase do versículo 7: “quando tiverem acabado de destruir o poder do povo santo”, e parecer que o mal venceu, Jesus voltará e ele vencerá. Jesus virá, como ele disse, entre as nuvens com seus anjos com grande poder e glória.   Ele irá destruir todo o mal—incluindo o Anticristo e todos os seguidores dele e o reino dele. Jesus irá receber de Deus o domínio, a glória e o reino e pessoas de todos os povos, nações e línguas vão se prostrar diante do Senhor Jesus em alegria e adoração. E nós iremos reinar com ele.   Daniel 7:18—Mas os santos do Altíssimo irão receber o reino e o possuirão para todo o sempre, de eternidade a eternidade.   Esse será o fim. Isso nós sabemos.   Se a certeza 3 foi: “Você ressuscitará”. A certeza 4 para o povo de Deus é:   CERTEZA 4: VOCÊ REINARÁ   Aqueles que continuarem confiando em Cristo e não se prostrarem aos ídolos desse mundo, como os amigos de Daniel—Sadraque, Mesaque e Abede-Nego—também não se prostraram, eles reinarão com Cristo. Aqueles que continuarem buscando o Senhor em oração como Daniel mesmo depois que o governo proibiu orar a Deus, eles reinarão com Cristo.   Que o Senhor nos livre do desespero. Quando nós olhamos para esse mundo e vemos a impiedade reinando e o mal vencendo, que nós possamos nos lembrar que isso vai acabar. Quando eles menos esperarem, Jesus irá voltar para vencer e para reinar. E nós reinaremos com ele.   Vale a pena seguir a Jesus. Vale a pena ser fiel a Deus.   A conversa de Daniel com os anjos continua. Agora é a vez de Daniel perguntar.   PERGUNTA 2: COMO?   [8] Eu ouvi, mas não entendi. Então perguntei: — Meu senhor, qual será o fim destas coisas?   Nós somos, por natureza, perguntadores. Daniel ouviu a resposta da pergunta “quando?” e agora ele pergunta “como?” Ele quer saber mais detalhes. O que significa exatamente 3,5 tempos?   Mas antes da pergunta, reparem no comentário que ele fez sobre o que ele ouviu.   [8] Eu ouvi, mas não entendi.   Ele não entendeu. Daniel, esse homem de Deus, cheio de sabedoria e conhecimento, respondeu: “Eu não entendi”.   O livro de Daniel começou quando ele tinha 14 anos. Agora Daniel está com 86 anos. A vida inteira servido o Senhor em um ambiente hostil. Um homem que orava. Um homem que lia a Bíblia. E no final da vida, ele diz: “Eu ouvi, mas não entendi”.   Que isso seja um grande encorajamento para nós: nós não precisamos entender tudo para sermos fieis a Deus.   Você pode ser fiel, mesmo sem entender tudo o que a Bíblia diz e mesmo sem entender tudo o que está acontecendo no mundo. O conhecimento é fundamental, nós devemos crescer na graça e no conhecimento de Deus, mas sempre haverá coisas que nós não entendemos.   Essa é a terceira vez que Daniel recebe uma visão e não entende: • No capítulo 7, Daniel não entendeu, e Deus enviou um anjo para explicar para ele. • No capítulo 8, Daniel não entendeu, e Deus enviou um anjo para explicar para ele. • E agora, de novo, Daniel não entendeu, mas a resposta de Deus foi diferente:   RESPOSTA 2: PALAVRAS SELADAS   [9] Ele respondeu: — Siga o seu caminho, Daniel, porque estas palavras estão encerradas e seladas até o tempo do fim.   A resposta de Deus através do anjo foi: “Daniel, não faça mais perguntas. Siga o seu caminho. Confie em mim. Continue sendo fiel a mim. No tempo certo, no tempo do fim, o meu povo entenderá”.   Essa conversa parece aqueles que os discípulos tiveram com Jesus um pouco antes de Jesus voltar para o céu, depois que ele ressuscitou.   Os discípulos perguntaram para Jesus:   — Será este o tempo em que o Senhor irá restaurar o reino a Israel?   Jesus respondeu: — Não cabe a vocês conhecer tempos ou épocas que o Pai fixou pela sua própria autoridade. Mas vocês receberão poder, ao descer sobre vocês o Espírito Santo, e serão minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até os confins da terra (Atos 1:6-8).   Que é uma outra maneira de dizer: “Siga o seu caminho. Obedeça às minhas palavras e confiem em mim. Testemunhem do meu poder para salvar. Falem da minha morte. Falem da minha ressurreição. Façam discípulos—de todas as nações! Mas não cabe a vocês saber mais detalhes agora”.   Povo de Deus, nós temos muitas perguntas: Existem muitas coisas que nós não sabemos e nós gostaríamos de saber. A resposta de Deus para nós é: “IBJM, andem pela fé. Sigam o seu caminho. Sejam fieis. Perseverem. Em breve, meu Filho vai voltar para reinar”.   Deuteronômio 29:29—As coisas encobertas pertencem ao Senhor, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e aos nossos filhos, para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei.   Deus não nos deu a Bíblia para satisfazer nossa curiosidade. Deus nos deu a Bíblia para nos dar santidade—e para nos satisfazer com Cristo.   Mas no meio das nossas perguntas sem resposta e coisas encobertas, Deus nos deu todas as certezas que nós precisamos para andar pela fé. Na continuação da resposta, nós temos mais uma coisa revelada—mais uma certeza.   CERTEZA 5: DEUS USARÁ A PERSEGUIÇÃO PARA NOSSA PURIFICAÇÃO   [10] Muitos serão purificados, limpos e provados, mas os ímpios continuarão na sua impiedade, e nenhum deles entenderá; mas os sábios entenderão.   Os ímpios continuaram fazendo impiedade. Os ímpios, aqueles que não amam o Senhor Jesus, “nenhum deles entenderá”. Eles não tem o Espírito Santo e por isso eles não conseguem entender as coisas espirituais. É por isso que eles vivem do jeito que eles vivem.   Mas nós, o povo de Deus, continuamos buscando a santidade, sem a qual ninguém verá o Senhor. E para nos dar santidade, o Senhor usará perseguição.   Deus é tão soberano e tão santo, que ele é capaz de usar até a impiedade dos ímpios para seus propósitos de purificação. Não são os momentos de nossa maior fraqueza que nós mais buscamos o Senhor? Porque quando nós somos fracos (em nós mesmos), então nós somos fortes no Senhor.   E no tempo do fim, no tempo certo, (final do versículo 10), “os sábios entenderão”. O Senhor dará o entendimento necessário para o seu povo entender a Palavra dele, se agarrar nas promessas dele e chegar até o fim.   Sabedoria para entender versículos como os próximos dois:   [11] Depois do tempo em que o sacrifício diário for tirado e a abominação desoladora for estabelecida, haverá ainda mil duzentos e noventa dias. [12] Bem-aventurado o que espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco dias.   Essas duas expressões—“sacrifício diário tirado” e “abominação desoladora”—já foram usadas em Daniel nas profecias anteriores sobre Antíoco Epifanes, aquele governante cruel que tentou exterminar os judeus fieis a Deus em 170 AC.   O texto está aqui usando essa linguagem para falar do Anticristo para fazer um paralelo, uma comparação entre os dois. O Anticristo é a versão futura e final (e mais maligna) de Antíoco Epifanes.   Mas nós somos seres perguntadores. Quando nós olhamos esses números dos versículos 11 e 12, nós fazemos perguntas:   • O que significam esses “1.290 dias”? Isso dá 3 anos e 7 meses. O que esse número significa? Eu não sei. • O que significa exatamente “depois do sacrifício diário tirado haverá 1.290 dias”? Eu não sei. • O que significam esses “1.335 dias”? 45 dias a mais de perseguição que os 1.290 dias do versículo anterior. Eu não sei. Parafraseando o profeta Daniel, “eu li, mas não entendi”.   E pelo que sei, ninguém sabe. Algumas pessoas ao longo da história tentaram criar um esquema para resolver o enigma desses números, mas ninguém tem uma resposta convincente.   Mas no tempo certo, quando estivermos nos últimos dias do fim dos tempos, os sábios do povo de Deus entenderão. Deus dará sabedoria.   Isso não significa que esses versículos não têm nenhuma mensagem para nós hoje.   Esses números estão dizendo que a perseguição contra o povo de Deus pode ser longa, mas ela vai terminar. Ela tem uma duração limitada. Quando o tempo de purificação terminar, Deus vai acabar com a perseguição e enviar Jesus de volta.   Esses números provam que Deus tem o controle de todos os nossos dias. Em vez de usar a palavra “tempo”, Deus usa a palavra “dias”. A soberania de Deus é realmente detalhada. Ele não perde o controle da história—e da sua vida—nem por um milésimo de segundo. Nada escapa das mãos divinas. Nós estamos em boas mãos.   E aqueles que perseverarem e passarem pelos 1.335 dias e continuarem sendo fieis a Deus, esses serão felizes. O versículo 12 diz: “Bem-aventurados”. Do outro lado da perseguição, existe bem-aventurança, alegria, paz, vida eterna—comunhão com Cristo para sempre.   Essa é a mensagem desses versículos difíceis. Os detalhes, o povo de Deus saberá quando o tempo do fim chegar. Mas nós não precisamos decifrar esse enigma para sermos fieis. Deus nos deixou sem saber de propósito. Para andarmos pela fé.   Daniel não entendeu os detalhes da profecia. Como nós, hoje, ainda não entendemos tudo. Mas Deus tem uma mensagem para esse profeta de 86 anos:   [13] — Quanto a você, siga o seu caminho até o fim. Você descansará e, ao fim dos dias, se levantará para receber a sua herança.   Deus tem uma ordem e uma promessa para Daniel. A ordem é “siga o seu caminho até o fim”. Ele repetiu a ordem do versículo 9. Seja fiel até o fim. Persevere. É a mesma ordem para você, cristão:   [13] — Quanto a você, siga o seu caminho até o fim.   No meio de suas lutas—lutas contra o seu pecado, lutas contra as tentações do diabo, lutas para confiar em Deus quando as coisas estão difíceis, siga o seu caminho até o fim. Não pare. Não desista. Não tire os olhos do Autor e Consumador da sua fé. Fique firme até o fim. Essa é a ordem de Deus para nós.   Agora vem a promessa daquele que não pode mentir, o Deus Todo-Poderoso:   [13] (...) Você descansará e, ao fim dos dias, se levantará para receber a sua herança.   O que Deus prometeu para Daniel ele está prometendo para você, cristão. Quando chegar o seu dia, você descansará. Você descansará das suas obras aqui nesse mundo e irá para a presença de Deus no céu.   • O mesmo paraíso que Jesus prometeu para o ladrão na cruz. • O mesmo lugar onde o profeta Daniel está, o apóstolo Paulo está, junto com Pedro, Tiago, João. Junto com Abraão, Moisés, Samuel e Elias. • O mesmo lugar onde o Rei Davi está, onde João Batista está e o lugar onde Maria Madalena, que tinha 7 demônios, mas agora, está tão pura quanto o céu. • É o céu onde está Sara, Rute, Abigail, a rainha Ester, Ana, esposa de Samuel, Maria, mãe de Jesus. Eles seguiram o caminho e agora estão descansando na presença do Rei.   É o lugar onde todo o povo de Deus está. Todo aquele que teve o nome inscrito no Livro da Vida. Não terá ninguém faltando nesse lugar. Nenhuma ovelha se perder do Bom Pastor e perder o caminho de casa.   Povo de Deus, é para lá que nós estamos indo descansar. Mas essa é a primeira parte da promessa. Tem mais.   [13] (...) Você descansará E, ao fim dos dias, se levantará para receber a sua herança.   Ao fim dos dias, você se levantará. Você vai ressuscitar. Sim, você vai morrer. Mas você vai viver, de novo, e ressuscitar para receber a sua herança.   Herança é diferente de salário. Você recebe seu salário porque você suou e trabalhou. Mas pela sua herança, você não trabalha. Você recebe o que outro conquistou. Você recebe simplesmente porque você é parte da família.   Quando Jesus foi pregado naquela cruz e sangrou até morrer, ele pagou sua dívida. Ele pagou pelos seus pecados. Ele sofreu a morte no seu lugar. Mas essa é a primeira parte da obra dele. Tem mais.   Ele também deu a você o direito de tomar o sobrenome dele. De ser um cristão. Com o sangue dele, ele assinou o documento de adoção. A mesma caligrafia do Livro da Vida. Ele trouxe você para dentro da família. Quando ele fez isso, ele deu a você o direito de receber a herança.   É por isso que você persevera durante o exílio. É para isso que você é fiel na Babilônia desse mundo mal. Para no fim dos dias, se levantar e receber das mãos perfuradas do Senhor a sua herança.   O versículo 2 chamou essa herança de vida eterna.   A herança que você irá receber viver eternamente com Cristo—ter comunhão com ele, contemplar a glória dele, amar a ele e receber o amor dele. Sempre e eternamente.   Nessa vida nós já provamos um aperitivo de comunhão com o Senhor. Quando ele voltar, nós teremos um banquete completo com o Rei.   Aqui nós vemos uma vislumbre da glória dele na Palavra, na oração, nos cultos, nas músicas, na nossa comunhão. Quando ele voltar, nós teremos olhos para ver o Leão da Tribo de Judá em todo o seu resplendor e glória.   CONCLUSÃO O livro de Daniel é a história de um jovem de 14 anos que, junto com seus 3 amigos, foi tirado da sua casa e tirado da sua família e tirado da sua terra e foi levado para o exílio na Babilônia; e eles, mesmo debaixo de muita pressão e debaixo de muita perseguição, continuaram sendo fiel ao Deus deles.   Daniel é a prova de que é possível vivermos a vida cristã mesmo cercados por influências pagãs. É possível você viver em fidelidade ao seu Deus em um ambiente de hostilidade a sua fé.   Quando eles precisaram de consolo, Deus deu. Quando eles precisaram de coragem, Deus deu.   Nós também podemos ser fieis a Deus. Deus nos dará o consolo e a coragem que nós precisamos.   Cristão, vale a pena ser fiel, vale a pena sofrer por Cristo, vale a pena perseverar mesmo em meio a grande tribulação e perseguição. Vale a pena carregar a sua cruz até o fim—até o dia em que você irá trocá-la por uma coroa.   Povo de Deus, nós não estamos em casa. Esse mundo não é o nosso lar.   Por isso, quanto a você, siga o seu caminho até o fim. Você descansará e, ao fim dos dias, (você pode ter certeza!), você se levantará para receber a sua herança.   Você será de Cristo. Cristo será seu. E o Deus que tem todo o domínio será tudo em todos. Essa é a nossa esperança. Igreja Batista Jardim Minesota Rua Clotildes Barbosa de Souza, 144 Jardim Santa Maria (Nova Veneza) 
 Sumaré - São Paulo

Daniel 12: Como Será o Fim?

O livro de Daniel chega ao fim lidando com perguntas sobre o fim. Perguntas sobre o fim dos tempos, o fim do mundo e o fim da nossa vida.

Série: Domínio e Esperança 15 de dezembro de 2024 – IBJM  Nossa igreja está em guerra. Cada um de nós está em uma guerra. E nessa guerra, nós temos três inimigos: o mundo, a carne e o diabo.   O MUNDO é esse sistema mal ao nosso redor que se opõe a Deus. A CARNE é a nossa velha natureza que se opõe a Deus. O DIABO é o líder do império das trevas que se opõe a Deus.   O foco de Daniel 10 está no nosso terceiro inimigo: o diabo e seus demônios.   Lutero, como o seu estilo nada sutil, disse que o cristão, muitas vezes, é como um bêbado tentando subir em um cavalo. Ele sobe, mas acaba caindo do outro lado. Ele tenta subir de novo, e cai para o outro lado [Spiritual Warfare, Borgman & Ventura, p. 1].   E quando nós estamos lidando com esses inimigos invisíveis—Satanás e os demônios, nós precisamos evitar, a todo custo, dois extremos não-bíblicos e não cair do cavalo.   O MOVIMENTO (RECENTE) DA BATALHA ESPIRITUAL   O primeiro extremo é viver como se toda a nossa batalha espiritual se restringisse a lutar contra Satanás. Existe um grupo de pessoas que vive obcecada com o diabo. A vida cristã se resumir a expulsar demônios, arramar Satanás, quebrar maldições hereditárias e cultos de libertação para repreender os espíritos em nome de Jesus.   No Brasil, esse movimento ganhou muita força e ficou conhecido como “o movimento de batalha espiritual”. Esse é um lado—um extremo.   O MOVIMENTO CÉTICO E ANTI-SOBRENATURAL   O segundo extremo, também perigoso, é viver como se Satanás e os demônios não existissem. Eu me lembro de uns anos atrás, em um estudo bíblico, uma pessoa me perguntando: “Mas diabo e demônio existem mesmo?”. A resposta é: “Sim, eles existem”.   Pedro fala do diabo como um leão andando ao nosso derredor rugindo e procurando alguém para devorar (1 Pedro 5:8). A Bíblia chama Satanás de “príncipe da potestade do ar que atua agora naqueles que não creem” (Efésios 2:2), o deus deste mundo (2 Coríntios 4:3) responsável por cegar os incrédulos para eles não verem a glória de Cristo no evangelho. Ele é chamado de “o sedutor de todo o mundo” em Apocalipse (12:9) e João diz que “o mundo inteiro jaz no Maligno” (1 João 5:19).   O pastor puritano Thomas Brooks disse que “o cristão deve conhecer quatro coisas: Cristo, a Bíblia, a si mesmo, e as astutas ciladas do diabo” [Batalha Espiritual, Nicodemus, p. 26].   Nós estamos em uma batalha espiritual. Nosso pecado é real, o mundo é real, e o diabo é um inimigo poderoso e real também.   Daniel 10 fala de anjos e demônios e conflitos no céu com consequências na terra. Essa passagem é um lembrete para nós que:   a nossa luta não é contra o sangue e a carne, mas contra os principados e as potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestiais (Efésios 6:12).   CONTEXTO: A ÚLTIMA VISÃO   Daniel 10 é a quarta e última visão que Daniel registra. Os capítulos 10, 11 e 12 falam de uma mesma visão.   O corpo—o conteúdo—da visão está no capítulo 11. O capítulo 10 funciona como a introdução da visão. Daniel fez questão de registrar algumas verdades preciosas para o nosso grande conflito contra o reino das trevas. Daniel descreve a experiência dele com essa visão, e ele não fez nenhuma questão de esconder a montanha-russa de emoções que ele passa, como é a nossa vida geralmente desse lado do céu—com muitos altos e baixos.   1.     DANIEL COMEÇA DE LUTO (vv. 1-3)   [1] No terceiro ano de Ciro, rei da Pérsia, uma palavra foi revelada a Daniel, cujo nome é Beltessazar.   O nome que ele recebeu pelos babilônios. Daniel recebeu essa visão no final da vida dele. Ele tinha quase 90 anos. E ele ainda estava no exílio. Ainda confiando no Senhor.   [1] (...) A palavra era verdadeira e envolvia grande conflito. Ele entendeu a palavra e teve entendimento da visão. [2] Naqueles dias, eu, Daniel, fiquei de luto por três semanas. [3] Não comi nada que fosse saboroso, não provei carne nem vinho, e não me ungi com óleo algum, até que passaram as três semanas.   Daniel não explica por que ele estava tão triste. Ele, de propósito, abriu mão do prazer de conhecer carne e vinho e abriu mão do conforto de se ungir com óleo em um clima mais seco que Sumaré no inverno para combinar com o espírito quebrantado dele diante do Senhor.   Daniel não explica explicitamente por que ele estava tão triste, mas ele dá uma pista. Ele começa dizendo que o jejum dele foi (versículo 1) “no terceiro ano de Ciro, rei da Pérsia”.   Dois anos antes, Ciro tinha decretado que os judeus poderiam voltar para Jerusalém para reconstruir o templo e a cidade. E um grupo voltou. Mas como toda a obra de Deus nesse mundo, eles sofreram forte oposição e foram forçados a parar.   Você sabe: quando você enfrenta obstáculos, isso não significa que Deus está dizendo que você deve desistir. Não, necessariamente. Quando o povo de Deus se propõe a fazer a obra de Deus, eles enfrentam oposição dos inimigos de Deus. Foi o que aconteceu com o povo de Israel que voltou para Jerusalém. É o que acontece conosco hoje.   Essa é a causa mais provável da enorme tristeza de Daniel. Agora que o rei autorizou a reconstrução de Jerusalém, vem oposição e a obra para. Daniel está lamentando diante de Deus. Para Daniel, é como se alguém tivesse morrido. Ele está de luto.   Até que, depois de 3 semanas de tristeza, Daniel recebe uma visita dos céus.   2.     DANIEL VÊ GLÓRIA (vv. 4-6)   [4] No dia vinte e quatro do primeiro mês, estando eu na margem do grande rio Tigre, [5] levantei os olhos e vi um homem vestido de linho, com um cinto de ouro puro de Ufaz na cintura. [6] O seu corpo era como o berilo, o seu rosto parecia um relâmpago, os seus olhos eram como tochas de fogo, os seus braços e os seus pés brilhavam como bronze polido, e a voz das suas palavras era como o barulho de uma multidão.   Quem é esse homem vestido de linho que brilha com tanta glória?   Uma opção é que essa é mais uma aparição do Senhor Jesus antes da encarnação. A descrição é de um ser tão glorioso. A visão de Daniel que Daniel tem desse ser tão glorioso se parece muito com a visão que João em Apocalipse, quando ele estava na prisão na Ilha de Patmos e viu Jesus.   Mas o versículo 13 faz a possibilidade de ser Jesus remota:   [13] Mas o príncipe do reino da Pérsia [que é um espírito maligno, como nós vamos ver] me resistiu durante vinte e um dias. Porém Miguel, um dos príncipes mais importantes, veio me ajudar, e eu fiquei ali com os reis da Pérsia.   Ninguém é capaz de resistir ao Senhor Jesus. Pensar que um demônio conseguiu segurar Jesus por 21 dias e não deixou ele ir até Daniel parece impensável. Segundo, nesse mesmo versículo, esse ser glorioso que Daniel viu precisou da ajuda de Miguel, um outro anjo. Mas Jesus derrota Satanás com um sopro da boca dele, sem a ajuda de ninguém.   O mais provável é que Daniel viu um anjo. O que acontece é que os anjos servem na presença de Deus. Por isso, como eles passam tempo contemplando a glória de Deus—essa glória divina fica impressa nele e por onde eles vão. Eles refletem glória.   A mesma coisa acontece com você, quando você passa tempo contemplando a glória do Senhor na Palavra de Deus. Quando você sai para trabalhar ou servir na sua casa ou se encontrar com alguém, a glória do Senhor está impressa em você e você vai refletir essa glória nas suas palavras e nos seus atos de amor.   Mas a glória de Deus nos anjos é indescritível. Daniel faz o que ele pode para descrever o indescritível: ele usa as coisas desse mundo que brilham para falar do resplendor do anjo. Ele fala de ouro puro e berilo e rosto como relâmpago e olhos como tochas de fogo.   Mas ninguém que vê a glória de Deus nos anjos e consegue ficar indiferente. Daniel não só relata a glória.   3.     DANIEL REAGE A GLÓRIA (vv. 7-9)   [7] Só eu, Daniel, tive aquela visão. Os homens que estavam comigo nada viram, mas ficaram com muito medo, fugiram e se esconderam. [8] Assim, fiquei sozinho e contemplei esta grande visão, e não restou força em mim. O meu rosto mudou de cor e se desfigurou, e perdi as forças. [9] Contudo, ouvi a voz das suas palavras; e, ouvindo essa voz, caí sem sentidos, com o rosto em terra.   Algumas pessoas relatam que viram anjos como se elas estivesse escolhendo a marca do macarrão no supermercado—como se fosse uma experiência sem muitas consequências.   Não foi assim com Daniel. Os anjos são seres tão maravilhosos e tão gloriosos, que Daniel chegou a desmaiar. Ele perdeu todas as forças. Ele caiu no chão, sem sentido. E os homens que estavam perto dele, apesar de não terem visto o anjo, só de estarem perto de Daniel e verem a reação dele, ficaram morrendo de medo e saíram correndo.   Mas assim que Daniel reage ao resplendor do anjo, o anjo reage ao pavor de Daniel. Deus enviou o anjo para instruir Daniel, não para destruir esse homem de Deus.   4.     O ANJO FALA (vv. 10-14)   [10] Eis que a mão de alguém tocou em mim, e me ajudou a ficar de joelhos, apoiado nas palmas das mãos.   Olha a cena: Daniel estava esparramado no chão, sem força. O anjo toca em Daniel para ajudar Daniel se levantar. Daniel agora está de quatro: mãos e joelhos no chão. Ele ainda está se recuperando, e o anjo fala, e a primeira coisa que ele fala é:   [11] Ele me disse: — Daniel, homem muito amado, esteja atento às palavras que vou lhe dizer.   Eu vou voltar nesse ponto daqui a pouco, mas não é interessante que a primeira coisa que ele fala para Daniel é: “homem muito amado”? Guarde essas palavras no coração.   O anjo dá uma ordem para ele:   Continuação do v.[11] (...) Fique em pé, porque fui enviado para falar com você. Enquanto ele falava comigo, eu me pus em pé, tremendo.   Daniel está passando por uma montanha-russa de emoções. Ele estava chorando de luto. Agora ele está tremendo de medo. Daniel é como nós—sujeito aos meus sentimentos. Ele é um exemplo de piedade para nós. Mas ele é também feito de carne e osso e precisa desesperadamente da graça de Deus.   [12] Então ele [o anjo] me disse: — Não tenha medo, Daniel, porque as suas palavras foram ouvidas, desde o primeiro dia em que você dispôs o coração a compreender e a se humilhar na presença do seu Deus. Foi por causa dessas suas palavras que eu vim.   Vocês percebem a repetição? No capítulo anterior, Daniel estava chorando pelos pecados dele e do povo de Deus e orando, e assim que ele começou a se humilhar diante de Deus, Deus enviou um anjo para falar com Daniel. Deus ouviu e Deus agiu.   O mesmo fenômeno espiritual está acontecendo aqui no capítulo 10. Daniel se humilha diante de Deus, e “desde o primeiro dia”, o anjo diz, as palavras deles foram ouvidas e o anjo veio por causa delas. A mensagem para nós é: ore porque Deus ouve.   Mas apesar do anjo ser um ser espiritual que consegue se mover mais rápido que luz, ele ficou preso e demorou 21 dias (3 semanas) para chegar. Foi por isso que Daniel ficou 3 semanas de luto, esperando no Senhor. A explicação que o anjo dá é surpreendente:   [13] Mas o príncipe [um anjo maligno] do reino da Pérsia me resistiu durante vinte e um dias. Porém Miguel, um dos príncipes mais importantes, veio me ajudar, e eu fiquei ali com os reis da Pérsia. [14] Agora, vim para fazer com que você entenda o que vai acontecer com o seu povo nos últimos dias. Porque a visão se refere a dias ainda distantes.   O anjo demorou 21 dias para chegar até Daniel, e o motivo foi uma guerra no céu. O anjo bom, enviado pelo Senhor, ficou em um conflito celestial com um anjo maligno—que ele chama no começo do versículo 13 de “o príncipe do reino da Pérsia”.   Existem guerras acontecendo não só na terra. Elas acontecem também no céu, no mundo espiritual. Esse anjo maligno—esse demônio—estava influenciando os reis da Pérsia.   É por isso que Paulo disse que:   a nossa luta não é contra o sangue e a carne, mas contra os principados e as potestades [que são os demônios], contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestiais (Efésios 6:12).   Nós nunca saberíamos desse conflito no céu se a Bíblia não nos contasse. Mas ela conta. Existe uma batalha espiritual.   Um extremo seria ignorar nossos pecados, ignorar que esse mundo vive em rebelião contra Deus, e entender que nossa única batalha é contra os espíritos malignos.   Mas um outro extremo, também perigoso, é achar que os demônios não existem e que Satanás não é real e que ele não podem fazer nada conosco e com a nossa famílias e com a nossa igreja e com o povo de Deus.   De acordo com a Bíblia, eles podem. Eles são poderosos e perigosos. Veja o que ele fez com Jó. Nós precisamos tomar cuidado para não cair para nenhum dos lados do cavalo. Nós precisamos ficar montados no equilíbrio bíblico e continuar cavalgando rumo a glória—a cidade celestial.   Enquanto nós não chegamos no nosso lar celestial, nós estamos em guerra. Nós estamos em uma batalha.   Daniel estava de luto. 21 dias chorando diante do Senhor por causa da oposição que o povo de Deus na terra. Um anjo vem e explica que conflitos estão acontecendo nas regiões celestiais também, mas o anjo chegou com uma mensagem de Deus para explicar o que vai acontecer (versículo 14) “nos últimos dias”. Essa mensagem está registrada no capítulo 11.   Mas antes de ouvir a mensagem, Daniel continua experimentando uma montanha-russa de emoções. O diálogo entre o anjo e Daniel continua. Agora é a vez de Daniel falar.   5.     MAIS EMOÇÕES: FORÇA, DOR, MEDO E AMOR (vv. 15-19)   [15] Enquanto ele me dizia essas palavras, dirigi o olhar para o chão e fiquei mudo. [16] Então um ser semelhante aos filhos dos homens me tocou os lábios, e passei a falar. Eu disse àquele que estava diante de mim: — Meu senhor, essa visão me causou muita dor, e eu fiquei sem força alguma. [17] Como pode este seu servo falar com o meu senhor? Porque, quanto a mim, não me resta mais nenhuma força, e quase não posso respirar.   Muitas pessoas, hoje em dia, classificariam essa experiência de Daniel como uma ataque de pânico. Ele se sente sufocado e não consegue respirar direto. Ele está completamente sem força. Ele não consegue falar.   Esse senhor piedoso, com seus quase 90 anos, está mais uma vez com medo e prostrado diante do que ele ouve e vê. Falar com um anjo não é uma experiência fácil. Ser profeta não é fácil.   Mas o anjo veio para instruir, não para destruir esse homem de Deus.   [18] Então aquele ser semelhante a um homem tocou em mim outra vez e me fortaleceu. [19] E disse: — Não tenha medo, homem muito amado! Que a paz esteja com você! Anime-se! Sim, anime-se! Enquanto ele falava comigo, fiquei fortalecido e disse: — Fale agora, meu senhor, pois as suas palavras me fortaleceram.   As palavras do anjo tiveram a força para levantar Daniel e animá-lo e fortalecê-lo.   MORTE E VIDA  É impressionante o poder que as palavras têm. Todos nós já experimentamos isso. As palavras têm o poder de nos derrubar e de nos levantar. Elas têm poder para nos animar e nos machucar. Como Salomão disse: “a morte e a vida estão no poder da língua” (Provérbios 18:21).   Alguém usa palavras duras com um tom grosseiro ou uma crítica injusta e as palavras entram no nosso coração como uma espada afiada (Provérbios 12:18). A morte está no poder da língua.   Mas a vida também. Quando as nossas palavras carregam a glória de Deus e tem o aroma de menta celestial, o que você fala tem força para levantar um filho ou uma filha de Deus prostrada no chão, como o anjo fez com Daniel.   Provérbios 16:24—Palavras agradáveis são como favo de mel: doces para a alma e remédio para o corpo.   Que nós sejamos mensageiros do céu e que nossas palavras carreguem o poder da vida. Como esse anjo abençoado que foi enviado para Daniel. Com a sabedoria angelical dele, ele entendeu que ele deveria repetir duas coisas que ele tinha acabado de falar com Daniel.   [12] Então ele me disse: — Não tenha medo, Daniel... [11] Ele me disse: — Daniel, homem muito amado...   MEDO E AMOR   Não tenha medo. Homem muito amado. Agora volte para:   [19] E disse: — Não tenha medo, homem muito amado! Que a paz esteja com você! Anime-se! Sim, anime-se!   Aqui estão verdades que nós precisamos ouvir todo o dia. Não todo ano. Não todo mês. Não toda semana. Todo dia. E o dia todo.   Nós vivemos em um mundo perigoso e existe uma batalha espiritual acontecendo nas regiões celestiais contra seres perigosos que podem causar grande mal a nós. Ninguém precisa nos explicar o que é ficar ansioso, preocupado e com medo.   Nós sabemos muito bem o que é isso: nós temos medo de não ter dinheiro o suficiente, nós temos medo de não termos saúde suficiente, de não termos reconhecimento suficiente, de não termos uma condição de vida boa o suficiente, e nossa lista pode ir até os céus.   Nós precisamos ser lembrados que nós não devemos ter medo. Em 2 minutos de conversa, Daniel foi lembrado 2 vezes pelo anjo: “Não tenha medo”. Nós precisamos da Palavra de Deus nos dizendo (todo dia): “Não tenha medo”.   A segunda verdade que ele repetiu é a razão para não ficarmos com medo.   [19] E disse: — Não tenha medo, homem muito amado!   Essa é uma das armas mais importantes em nossa batalha espiritual. Por que vocês acham que Daniel fez questão de registrar (duas vezes!) que ele é um homem muito amado? Só para que nós soubéssemos que ele  é muito amado? Não faz muito sentido.   Daniel está nos lembrando que ele é amado porque ele quer que nós saibamos que nós somos amados, mesmo em toda a nossa montanha-russa de emoções:   Quando nós estamos tristes, Deus nos ama muito. Quando nós estamos com medo, Deus nos ama muito. Quando nós estamos de luto, Deus nos ama muito. Quando nós estamos fracos e sem força, Deus nos ama muito.   Meditar no amor de Deus é uma das armas mais poderosas na batalha espiritual. Essa é uma das batalhas mais difíceis que nós travamos no nosso coração. A carne nos puxa para a incredulidade. O Espírito nos arrasta para crermos no amor de Deus por nós em Cristo Jesus, nosso Senhor.   Quando o Senhor nos faz esperar e não responde uma oração, como ele fez com Daniel. Quando o Senhor frustra o plano que nós tínhamos que parecia tão bom, a nossa tentação é ficarmos só de luto e com medo.   Nós precisamos ouvir: “Alex, homem muito amado”. É impressionante o poder que as palavras têm. Elas têm o poder para nos levantar, especialmente quando elas transmitem as verdades de Deus.   Daniel continua em uma montanha-russa das emoções. Ele passou pelo vale da sombra da morte, mas agora ele está no alto:   Segunda metade do v.[19] (...) Enquanto ele falava comigo, fiquei fortalecido e disse: — Fale agora, meu senhor, pois as suas palavras me fortaleceram.   E o anjo explica para Daniel o conflito que aconteceu no céu:   6.     BATALHA ESPIRITUAL (vv. 20-21)   [20] E ele [o anjo] disse: — Você sabe por que eu vim? Agora voltarei a lutar contra o príncipe da Pérsia [o demônio que está atuando na força mais poderosa do mundo na época]. Quando eu sair, eis que virá o príncipe da Grécia [um outro demônio irá influenciar o próximo império, o império grego]. [21] Mas eu direi a você o que está expresso no Livro da Verdade. E na minha luta contra eles não há ninguém que esteja ao meu lado, a não ser Miguel, o príncipe de vocês.   O anjo está contando para Daniel que a luta contra o demônio da Pérsia vai continuar—“voltarei a lutar”, e depois um outro demônio virá contra ele—um demônio que irá influenciar a Grécia. Mas o anjo Miguel, que defende Israel—“o príncipe de vocês”—irá ajudar esse anjo.   O Livro da Verdade que o anjo está falando aqui são os planos de Deus, os decretos de Deus, sobre esses conflitos, que o anjo vai revelar no capítulo 11.   Isso nos lembra que o diabo e seus demônios têm poder, muito poder, mas Todo-Poderoso , só existe um: Deus. O diabo e seus demônios são perigosos, mas eles não são soberanos. Soberano, só existe um: Deus.   Sabe o que o nome Miguel significa (em Inglês, “Michael”)? Miguel (ou Michael) é uma pergunta. Significa: “Quem é como Deus?” Um bom nome para um anjo que protege o povo de Deus contra seres espirituais malignos. “Quem é como Deus?”. Ninguém.   O diabo faz muitas coisas horríveis nesse mundo, mas ele não está solto. O diabo está em uma coleira. Jesus disse que não cai um pardal no chão sem o consentimento de Deus. Isso significa que o conflito é real, mas nós também já sabemos o final.   O FINAL DA BATALHA   Eu quero ler com vocês o final da guerra. Eu quero ler como vocês como vai terminar a batalha espiritual. Vamos para Apocalipse, capítulo 12. O último livro da Bíblia.   Apocalipse 12:7-11—[7] Então estourou a guerra no céu. Miguel e os seus anjos lutaram contra o dragão. Também o dragão e os seus anjos lutaram, [8] mas não conseguiram sair vitoriosos e não havia mais lugar para eles no céu. [9] E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo. Ele foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos. [10] Então ouvi uma voz forte no céu, proclamando: “Agora veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do seu Cristo, pois foi expulso o acusador de nossos irmãos, o mesmo que os acusa de dia e de noite diante do nosso Deus. [11] Eles o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram e, mesmo diante da morte, não amaram a própria vida.   É assim que vai terminar a batalha espiritual. Essa passagem de Apocalipse está falando da vitória de Jesus na cruz. O dragão já perdeu. Os anjos malignos já perderam. O que eles querem fazer é causar o máximo de dano antes de serem lançados no lago de fogo.   Como um reformador chamado João Huszgen (1482-1531) disse: “Se Satanás não temer nem mesmo atacar a Cristo, ele nos pouparia?” [Pregação Reformada, Beeke, p. 159, paráfrase minha].   Crente, você pode esperar os ataques do Maligno. Você pode esperar armadilhas e ciladas. Ele odeia todos os soldados do exército do Príncipe da Paz. Uma das principais armas dele é tentar tirar a nossa paz nos enchendo de medo e tentando nos enganar dizendo que Deus não nos ama.   Mas ele é o pai da mentira. Se você está em Cristo, toda a ira de Deus que você merece por causa do seu pecado já foi derramada nele. Naquela cruz. Mas Satanás vai continuar a atacar você.   SATANÁS, O PROBLEMA É SEU!   Quando eu estava na África, eu ouvi um pastor chamado Timóteo Bila contando a história de um menino de 10 anos foi ouvir um evangelista pregar. O texto que o evangelista usou foi João 5:24.   — Em verdade, em verdade lhes digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida (João 5:24).   Esse menino creu em Jesus e voltou para a casa feliz e aliviado da culpa. Mas durante a noite o diabo aparece e acusa o menino de vários pecados. “Ah, mas você desobedeceu a seus pais. Você não é um cristão verdadeiro”. O menino fica atordoado. Ele pega a Bíblia, lê João 5:24 de novo, e vai dormir.   Na noite seguinte, a mesma coisa. O diabo vem e acusa o menino. “Mas você já mentiu. Deus não perdoou você”. O menino levanta de novo, perturbado, pega a Bíblia, abre em João 5:24, e lê:   Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida (João 5:24).   E ele foi dormir mais tranquilo, com certeza da salvação dele.   Terceira noite, o diabo aparece, de novo, para acusar o menino. “Você é um pecador. Deus nunca vai perdoar você”.   O menino perdeu a paciência com o diabo, pegou a Bíblia e disse: “Seu diabo, aqui diz que se eu crer em Jesus, eu tenho a vida eterna. Se você não sabe ler, o problema é seu!”.   E o diabo parou de atormentar o menino.   Crente, Satanás perdeu todo o poder para acusar você. A única coisa que nós precisamos fazer agora é apontar a Bíblia, apontar para o nosso Rei no trono e dizer: “Ele já pagou tudo. Vai embora!”   Agora, se você está aqui e não está confiando em Cristo. Se você ainda se recusa a se submeter ao Senhor, eu quero dizer para você que você também está em uma batalha espiritual. A diferença é que você está do lado errado, do lado do mal, do lado que vai perder. E a ira de Deus ainda está sobre você.   João 3:36—Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; quem se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus.   Mas você pode mudar de lado. Você precisa mudar de lado. Mude de lado. Vá até Jesus, o Príncipe da Paz, e peça perdão por viver tanto tempo para você mesmo e creia que ele foi morto naquela cruz pelos seus pecados, e ele vai transportar você do império das trevas para o reino dele.   A batalha espiritual não vai terminar, mas agora você lutará do lado certo. Ao lado daquele que venceu na cruz.   APLICAÇÕES: NOSSA BATALHA ESPIRITUAL Povo de Deus, nesse assunto de batalha espiritual, nós precisamos ser sóbrios para não cairmos para nenhum dos lado do cavalo. Nós precisamos evitar os extremos. Eu quero fazer algumas aplicações para o nosso contexto aqui no Brasil.   O movimento evangélico no nosso país é muito influenciado pelo “movimento de batalha espiritual”. Não tem como nós falamos tudo sobre esse movimento e seus problemas. Mas eu acho que não seria sábio não falar nada.   Eu quero expor 3 problemas graves desse que são crenças e práticas muito comuns. Se você quiser saber mais, eu recomendo o excelente livro que o pastor Augustus Nicodemus escreveu sobre esse assunto. Ele mostra muito bem os problemas que esse movimento tem trazido para a igreja evangélica.   Primeiro, eles dizem que todo mal que existe no mundo é demoníaco.   Essa é a doutrina mais fundamental do movimento. Para eles, a causa de todo o mal no mundo é causada diretamente pelo demônios. A fome no mundo, as guerras e corrupção na sociedade, tudo é causado pelo diabo e seus demônios.   Eles falam do demônio da embriaguez, o demônio do adultério, o demônio da depressão. Eles não consideram os outros aspectos da nossa batalha espiritual, como a luta contra a nossa carne (o pecado) e o mundo. Eles creem que a causa dos nossos problemas são os demônios que morando dentro do coração humano.   E como todo mal que existe no mundo e na nossa vida é demoníaco, então a solução (a estratégia) é expulsar os demônios.   É por isso que tem tanto culto de libertação e cura e muitas técnicas para expulsar os demônios foram criadas. O objetivo é amarrar Satanás.   É por isso também que a pregação da Palavra de Deus é negligenciada nesses lugares. Porque o que as pessoas realmente precisam é serem libertadas do demônio. Quando alguém precisa de ajuda, em vez de aconselhar biblicamente, a solução é exorcizar.   Eles estão deixando de lado a arma mais poderosa contra o diabo e seus demônios: o evangelho, que é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Romanos 1:16). Eles estão deixando de lado a espada do Espírito, que é palavra de Deus (Efésios 6:17).   Eles negligenciam também a enorme ênfase da bíblica na mortificação do nosso pecado e a busca por santidade. Os demônios certamente causam males, mas afirmar que todo mal é demoníaco não é uma visão bíblica da nossa batalha espiritual.   A segunda crença importante desse movimento são os espíritos territoriais.   E um dos textos que eles mais usam é Daniel 10—a passagem de hoje. Como nós temos aqui em Daniel o príncipe (ou demônio) da Pérsia, e o demônio da Grécia, a conclusão deles é que cada entidade geográfica tem um demônio também.   Existe o demônio do Brasil, e o demônio do estado de São Paulo e o demônio de Sumaré. Satanás colocou um demônio responsável por cada continente, e debaixo desses 6 demônios, existem outros demônios.   A proposta desse movimento é que as igrejas devem fazer o “mapeamento espiritual” do lugar. Os crentes devem sair pela cidade com um mapa na mão e orando. Quando eles sentirem uma opressão espiritual, ali está o que eles chamam de “o trono de Satanás”. Eles devem, então, declarar em oração a queda do trono de Satanás. Assim a cidade ficará liberta e o igreja pode evangelizar à vontade para ganhar as pessoas para Cristo.   Esse conceito de “espíritos territoriais” e “mapeamento espiritual” não tem uma base bíblica sólida. Em Daniel 10, Miguel é o anjo responsável por defender Israel, mas quando nós olhamos para Apocalipse 12, quando Miguel aparece novamente, ele está defendo a igreja. A conclusão mais natural é que Miguel é responsável por defender um povo (o povo de Deus), e não um lugar específico.   Não existe nenhuma passagem do Novo Testamento que diga que existem demônios específicos para um determinado lugar. No trecho de Efésios 6, Paulo fala que nos luta é contra:   os principados e as potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso (Efésios 6:12).   Ele coloca todos os demônios juntos na categoria de “dominadores deste mundo tenebroso”.   Mas ainda que tivesse um demônio para cada lugar, a estratégia dos apóstolos não era fazer um “mapeamento espiritual” da cidade para descobrir onde está o “trono de Satanás”. Eles entravam nas cidades pregando Cristo crucificado, chamando as pessoas a crerem nele e se arrependerem de seus pecados, e prometendo perdão e vida eterna.   Terceiro prática: a quebra de maldição hereditária.   Essa é uma prática bastante comum no movimento. Eu arrisco dizer que alguns aqui (se não, muitos) já receberam esse diagnóstico. “Essa coisa de ruim está acontecendo porque existe uma maldição que ainda não foi quebrada”.   Você pode estar com uma maldição sobre você por várias causas. Pode se que alguém, quando você era criança, disse: “Vai para o diabo que te carregue!” e assim um demônio ganhou autoridade para entrar na sua vida. Ou pode ser porque você se envolveu com alguma religião espírita ou pode ser que seus pais ou antepassados fizeram algum pacto com demônios ou mesmo eles cometeram algum pecado que ainda não foi confessado e a maldição foi passada para você.   Eles usam a passagem em Êxodo 20 quando Deus fala que ele visitaria a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração.   Esse é um exemplo do perigo de pegar uma passagem bíblica, retirá-la do contexto e não considerar o restante do ensino da Bíblia sobre um assunto.   O texto de Êxodo 20 não está ensinando maldição hereditária. Deus está mostrando que os filhos sofrem as consequências dos pecados dos pais, não que existe uma maldição que passa pelas gerações e que precisa ser quebrada com determinados rituais.   Em Ezequiel 18, o povo de Deus estava reclamando que estava no exílio por causa do pecado dos pais. Deus disse claramente:   Ezequiel 18:20—A pessoa que pecar, essa morrerá. O filho não pagará pela iniquidade do pai, nem o pai pagará pela iniquidade do filho. A justiça do justo ficará sobre ele, e a maldade do ímpio cairá sobre este.   Ou seja, a culpa pelo pecado não é transferida de pessoa para pessoa. A responsabilidade é pessoal. Os meus filhos podem sofrer a consequência do meu pecado, mas a culpa continua sendo minha.   Se você está aqui hoje e você já participou de rituais de magia negra, se você já invocou espíritos malignos, se você viveu por anos em uma seita religiosa, se você se envolveu com bruxaria, se no passado você se envolveu com todo o dia de pecado, roubo, imoralidade, mentira, se sua família era uma família pagã da região, você não precisa de um ritual de quebra de maldição.   Eu tenho boas notícias: você precisa de um Salvador que se fez maldição no seu lugar. Ele se chama Jesus Cristo.   Colossenses 2:14-15—Cancelando o escrito de dívida que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, cravando-o na cruz. E, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando sobre eles na cruz.   Jesus já venceu os demônios. Ele já triunfou sobre eles na cruz. E a maldição que nós merecemos pela nossa desobediência a Deus já foi derramada sobre Jesus. Se você está em Cristo, você está livre. Você já foi liberto. Não existe nenhum pecado não-pago que Satanás pode usar para acusar você. Ele pagou tudo.   Escrito de dívida está cancelado. Nesse sentido, o sangue de Jesus realmente tem poder.   CONCLUSÃO   Povo de Deus, nós estamos em uma guerra. Nós estamos em uma batalha espiritual—contra a carne, contra o mundo e contra o diabo e seus demônios.   Satanás quer empurrar a igreja—a Noiva de Cristo—para ela cair em um dos lados do cavalo e não chegar até o fim. Mas na força do Espírito Santo, nós vamos continuar montados no Cavalo da Verdade de Deus e cruzar a linha de chegada.   Nós vamos chegar no lugar onde já não haverá batalha nenhuma. O lugar onde nós vamos desfrutar da presença de Deus em perfeita paz. E nesse dia Jesus receberá toda a glória que ele merece por causa do triunfo dele sobre as forças do mal na cruz. Igreja Batista Jardim Minesota Rua Clotildes Barbosa de Souza, 144 Jardim Santa Maria (Nova Veneza) 
 Sumaré - São Paulo

Daniel 10: Batalha Espiritual

Daniel 10: Batalha Espiritual

Série: Domínio e Esperança 08 de dezembro de 2024 – IBJM GEORGE MULLER Essa passagem me fez lembrar de um homem chamado George Muller. 
 George Muller nasceu em 1805, na Alemanha. Ele descreve a juventude como ele sendo um jovem mentiroso e imoral. Ele chegava até a roubar dinheiro do pai na casa dele. Mas ainda jovem, ele começou a frequentar um estudo bíblico. Ele ficou admirado com o homem que estava liderando o estudo. Ele pensou: “Eu não sou capaz de orar como esse homem, apesar de ter estudado muito mais do que ele”. 
 Com o tempo, George Muller ficou admirado não só com aquele homem. Ele começou a ficar admirado com Jesus. Ele disse que começou a ficar constrangido pelo amor de Jesus durante esse tempo. Mas a medida que ele crescia na fé, ele começou a ficar incomodado com a falta de fé que as pessoas tinham, mesmo dentro da igreja. Ele queria viver de uma maneira em que desse “provas visíveis que o nosso Deus e Pai é o mesmo criador fiel que sempre foi”. 
 George Muller acabou se mudando da Alemanha para a Inglaterra. Ele ficou incomodando também com a quantidade de crianças nas ruas, órfãs e sem ninguém para cuidar delas. Ele decidiu lidar com essa necessidade criando um orfanato para elas já que não existia nenhuma instituição fazendo alguma coisa por essas crianças. 
 Ele tinha alguns desejos no coração com o orfanato. Ele tinha o desejo de cuidar das  necessidades físicas dos órfãos, o que é uma causa maravilhosa. Ele desejava também que esses órfãos fossem treinados no temor do Senhor, o que certamente era uma causa maravilhosa. Mas ele disse também o seguinte: 
 O primeiro e maior objetivo dessa obra—os orfanatos—era que Deus fosse magnificado pelo fato dos órfãos debaixo do meu cuidado recebessem tudo o que eles precisavam somente através da oração e fé, sem que eu ou alguém que trabalhasse comigo pedisse a alguém, de forma que assim fosse visto que Deus ainda é fiel e que ele ainda ouve orações. 
 E foi o que ele fez. De 1836, quando ele fundou a primeira casa para abrigar órfãos, até o dia em que ele morreu, 1898, ele nunca pediu dinheiro para nenhuma uma pessoa. George Muller fundou 5 orfanatos e cuidou de mais de 10 mil crianças. E durante esses 62 anos, o Senhor proveu para todas as necessidades dele e dos órfãos somente através de oração. 
 Ele registrou no diário dele 50 mil respostas de oração. Dessas 50 mil, 30 mil o Senhor respondeu em menos de 1 hora. 
 Ele conta que um dia ele não tinha nada para oferecer para as crianças de café da manhã no orfanato. Ele se sentou na mesa com eles e começou a orar e agradecer o Senhor. Logo depois, ele ouviu alguém batendo na porta. Um padeiro disse que acordou 2 horas da manhã, incomodado e entendeu que deveria preparar alguns pães e levar para o orfanato. Logo em seguida, outra batida na porta. Um homem aparece na porta e diz: “O meu caminhão de leite quebrou aqui em frente, eu quero dar essas garrafas de leite para vocês. E Deus proveu, naquela hora, em resposta à oração, o leite e o pão que eles precisavam. 
 Essa é só uma de muitas e muitas respostas de Deus à oração. Milhares de respostas. Eu lembrei de George Muller porque a passagem de hoje também é a resposta (rápida!) de Deus à oração de um homem. No trecho anterior do capítulo 9 (até o versículo 19), Daniel está orando: pedindo a Deus para perdoar os pecados do povo e acabar com o exílio e levá-los de volta para de Israel. 
 [19] Ó Senhor, ouve! Ó Senhor, perdoa! Ó Senhor, atende-nos e age! Não te demores, por amor de ti mesmo, ó meu Deus, porque a tua cidade e o teu povo são chamados pelo teu nome. 
 Agora, Deus vai responder. Nós vimos como é maravilhoso podermos orar—podermos falar com Deus. Orar é um dos maiores privilégios que nós podemos experimentar nessa vida. Mas nossa comunhão com Deus é ainda mais maravilhosa. 
 Como se não bastasse podermos falar com Deus, quando você ora, Deus ouve. Jesus não só conquistou o direito de falarmos com Deus. Jesus conquistou a atenção dos ouvidos de Deus. Você fala. E Deus ouve! Mas nossa comunhão com Deus é ainda mais maravilhosa e completa. Não só você fala com Deus. E não só Deus ouve. Deus ainda responde. George Muller tem razão: “Deus ainda é fiel e ele ainda ouve orações”... e responde! 
 Mas antes de chegar na profecia, o texto nos dá duas motivações para irmos até o Senhor em oração. 
 INTRODUÇÃO À ORAÇÃO (VV. 24-27) 1. DEUS ESTÁ DISPOSTO A NOS AJUDAR Existe uma disposição—uma inclinação—no ser de Deus para nos ajudar e nos perdoar e agir em nosso favor. Essa é uma motivação para nós orarmos. Daniel fez questão de enfatizar que ele ainda estava orando, ele ainda estava chorando pelos pecados, e Deus já estava respondendo. Ele enviou Gabriel, e Gabriel foi voando, rápido, para levar a resposta para Daniel. 
 [20] Enquanto eu ainda falava, orava, confessava o meu pecado e o pecado do meu povo de Israel e lançava a minha súplica diante do Senhor, meu Deus, pelo monte santo do meu Deus, [agora ele repete!] [21] sim, enquanto eu assim orava, Gabriel, o homem que eu tinha visto na minha visão anterior, veio rapidamente, voando, e tocou em mim; era hora do sacrifício da tarde. 
 Isso foi o que Daniel viu na terra. O que Gabriel experimentou no céu confirma essa disposição divina em nos ajudar e agir em nosso favor. 
 [22] Ele queria instruir-me, falou comigo e disse: — Daniel, agora eu vim para dar a você inteligência e discernimento. [23] Quando você começou a fazer as suas súplicas, foi dada uma ordem, e eu vim para explicar tudo a você... Daniel começou a fazer súplicas, ele nem terminou ainda, e Deus já deu ordem para Gabriel ir falar com Daniel e responder a oração. Esse é o nosso Deus e Pai. Daniel fez questão de enfatizar essa disposição de Deus de nos ouvir e agir para nós incentivar a confessar e orar. 
 “SUAS ORAÇÕES JÁ FORAM ATENDIDAS” 
 Semana passada eu li uma história do professor Russell Shedd—um homem de Deus que serviu no Brasil por muitos anos. Ele recebeu uma oferta em dinheiro que ele não estava esperando. Em vez de gastar o dinheiro rápido, ele disse para a esposa: “Vamos pedir sabedoria para ver como o Senhor quer que nós gastemos esse valor”. 
 Depois de alguns dias, ele chegou mais cedo na sala de aula e tinha um aluno, sozinho, ajoelhado e chorando. O professor Shedd chegou perto e perguntou para ele: “Qual é o problema?” O aluno disse que um dos filhos tinha morrido de leucemia e agora o segundo filho estava tendo os mesmos sintomas. O médico falou para ele levar o filho para fazer um exame, mas ele não tinha condições de pagar o exame do filho. 
 Russell Shedd sorriu e disse: “Suas orações já foram atendidas. Deus colocou o dinheiro na minha conta justamente para sua necessidade”. Ele se sentou, fez o cheque na hora e deu para aquele homem. [ https://teologiabrasileira.com.br/biografia-de-russell-phillip-shedd/ ] 
 Você vê o que pode acontecer quando duas pessoas, um pai desesperado e um professor piedoso, pedem ajuda a um Deus que ouve orações. O resultado são pessoas abençoadas e Deus glorificado. Deus é assim. Quando você começa a orar, Deus já começa a responder. 
 Às vezes, ele responde com “sim”. Às vezes, ele responde com “não”. Às vezes, ele responde com “espera, meu filho”, “espera, minha filha”. Mas para você que está unido a Cristo pela fé, Deus sempre ouve e sempre responde. E ele sempre sabe o que é melhor para os seus filhos. Deus não está de braços cruzados, de mau-humor, precisando de 500 razões para finalmente aceitar fazer alguma coisa por você. Existe uma disposição divina em ajudar os filhos dele. Vocês que têm filhos, vocês já experimentaram uma faísca dessa disposição santa. Seu filho pede alguma coisa para você, e no momento em que ele fala, esse impulso acorda em você e, se você pudesse, você compraria o mundo para eles. Nem sempre é sábio dar o que eles pedem. E nem sempre você tem dinheiro para comprar o que eles querem. Mas a sua disposição é dar. Jesus disse: 
 Ora, se vocês, que são maus, sabem dar coisas boas aos seus filhos, quanto mais o Pai de vocês, que está nos céus, dará coisas boas aos que lhe pedirem? (Mateus 7:11). 
 Deus é o Pai mais generoso desse mundo. E ele tem o mundo todo a dispor dele. Essa é uma motivação maravilhosa para nós orarmos. A segunda motivação é que não só Deus está disposto a nos ajudar. 
 2. DEUS ESTÁ TAMBÉM DECIDIDO A NOS AMAR. E MUITO. Olha a razão que Gabriel dá para Daniel para Deus ter respondido. 
 [23] Quando você começou a fazer as suas súplicas, foi dada uma ordem, e eu vim para explicar tudo a você, porque Deus o ama muito. Portanto, preste atenção à mensagem e entenda a visão. 
 Nós amamos a Deus. Nós que estamos em Cristo, o Espírito colocou essa fé e esse amor a Deus em nós. Você poder dizer, cristão—mesmo com todos os pecados que ainda restam em você—você pode dizer sinceramente: “Meu Deus, eu amo o Senhor”. Mas sabe o que é ainda mais maravilhoso do que falar que você ama a Deus. É ouvir Deus falar que ama você. 
 Cristão, você precisa acreditar que, se você está em Cristo, o amor que Deus tem por Daniel é o mesmo amor que ele tem por você. Se nós acreditarmos nisso, nós vamos orar mais e com mais fé. Nós precisamos acreditar que Gabriel diria a mesma coisa para você: “Alex, Deus o ama muito”. E Deus confirma o amor dele por nós hoje. Ele faz isso, não enviando o anjo Gabriel. Ele faz algo ainda maior. Ele mesmo vem através do Espírito dele para selar esse amor em nós. Romanos 8:16—O próprio Espírito confirma ao nosso espírito que somos filhos de Deus. E essa confirmação do amor de Deus—de que somos filhos amados—nós faz orar. Daniel não escreveu essa “introdução” à profecia que ele recebeu por acaso. Ele está colocando diante de nós a disposição de Deus de nos ajudar e a decisão de Deus de nos amar para nos fazer orar durante o exílio. Para nos levar a buscar o Senhor até chegar a hora de irmos para a casa. Para mostrar que “Deus ainda é fiel e que ele ainda ouve orações”. Agora, se você está aqui e você ainda não confia em Cristo, então Deus ainda não é o seu Pai e ele não ouve as suas orações. Tentar se aproximar de Deus sozinho, sem que seja por meio de Cristo, é uma afronta a santidade de Deus. Nenhum pecador pode entrar na presença de Deus sem ser fulminado pelo calor da santidade dele. Quem rejeita o Filho, o rejeita o Pai. Isso significa que você ainda está debaixo de culpa e da condenação de Deus. Você ainda está debaixo da ira de Deus. E por causa da sua rejeição, a força divina que estaria disponível para ajudar você irá na direção de julgar você. Mas Deus proveu uma maneira segura de se aproximar dele. Deus proveu uma maneira de se tornar um filho amado dele. E só uma maneira. Não é através do que você faz. É confiando no que Cristo já fez. Crendo que, quando ele morreu naquela cruz, ele estava carregando os seus pecados. E quando você crê, Cristo veste você com o manto da justiça dele. E vestido da justiça de Cristo, você pode entrar na sala do trono e falar com o Rei. E ele vai ouvir você, ele vai sorrir para você, e ele vai agir em seu favor. Que hoje seja um dia de salvação. Pare de confiar nos seus bons atos. Para de confiar em você mesmo. Pare de fugir de Deus. Confesse seus pecados. E creia no Senhor Jesus. E você será salvo. E você terá para sempre ao seu lado um Deus que ouve, que perdoa, que atende, que age e que ama você. A PROFECIA DAS SETENTA SEMANAS (VV. 24-27) Agora nós chegamos na resposta de Deus. E Deus responde com a profecia da 70 semanas: [24] — Setenta semanas estão determinadas para o seu povo e para a sua santa cidade, para acabar com a transgressão, para dar fim aos pecados, para expiar a iniquidade, para trazer a justiça eterna, para selar a visão e a profecia e para ungir o Santo dos Santos. Essa é uma das passagens mais difíceis da Bíblia. Sem exagero, existem 70 interpretações diferentes para a profecia das 70 semanas, mesmo entre os cristãos que creem que a Bíblia é a Palavra de Deus e não tem erro. E para provar o meu amor por vocês, eu não vou tentar explicar as 70 interpretações diferentes. Eu vou falar para vocês só a interpretação certa. Sinceramente, eu vou tentar explicar o que eu entendo que a profecia está dizendo. Algumas coisas são mais simples, outras são mais difíceis de entender. Mas aqui vai a boa notícia: os fatos mais importantes sobre a profecia são claros. E são neles em que nós devemos nos agarrar com mais força. SETENTA SETES A primeira decisão que nós precisamos tomar é o que significam essas “Setenta Semanas”. [24] — Setenta semanas estão determinadas para o seu povo [Israel] e para a sua santa cidade [Jerusalém]... Nós precisamos lembrar que Deus está respondendo a uma oração de Daniel. Daniel leu que o profeta Jeremias disse que o exílio duraria 70 anos. O tempo chegou. Daniel vai até o Senhor e pede: “Ó Senhor fiel e misericordioso, nos leva de volta para a terra que o Senhor nos deu. Acaba com o nosso exílio”. Deus responde que o exílio vai acabar, mas não em 70 anos, mas em 70 semanas. A palavra “semana” não pode ser entendida como uma semana de dias—7 dias. A linguagem aqui é mais enigmática. Eu diria, mais simbólica. A palavra “semana”, em Hebraico, a língua dos judeus, é a mesma palavra para o número 7. A resposta de Deus é: “Daniel, o exílio vai acabar em 70 setes”. Vamos interpretar, por enquanto, a profecia como 70 semanas simbólicas—70 períodos de tempo. O PROPÓSITO DA PROFECIA O propósito da profecia é mais direto. Deus dá 6 propósitos ou 6 coisas que o Senhor irá fazer. Os 3 primeiros estão relacionados ao pagamento dos pecados: [24] — Setenta semanas estão determinadas para o seu povo e para a sua santa cidade, para (1) acabar com a transgressão, (2) para dar fim aos pecados, (3) para expiar a iniquidade, Daniel estava com uma angústia santa por causa dos pecados de Israel. Deus está dizendo: “Em setenta semanas, eu vou dar fim aos pecados e pagar por eles. A iniquidade de vocês será expiada”. O próximo propósito é a parte positiva do evangelho: [24] (...) (4) para trazer a justiça eterna, Foi o que Jesus veio fazer. Jesus não veio nos dar uma justiça temporária. Quando nós cremos no evangelho, nós somos declarados justos—por toda a eternidade. “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus” (Romanos 5:1). [24] (...) (5) para selar a visão e a profecia... Uma profecia é selada quando ele é cumprida. O rolo é aberto, a profecia é lida, Deus executa, e agora o rolo pode ser fechado e selado. Seu propósito já foi consumado. E por último, sexta promessa de Deus: Final do v.[24] (...) e (6) para ungir o Santo dos Santos. O Santo dos santos era o lugar dentro do Templo onde Deus manifesta a presença dele com o povo. Ungir o Santo dos Santos é uma promessa para restaurar o lugar onde Deus habita. Em outras palavras, Deus está dizendo: “Eu vou habitar com vocês novamente”. A chave para entender o que Deus está dizendo é entender que existem dois tipos de exílio. Existe um exílio físico—o povo está geograficamente longe da terra, mas existe também um exílio espiritual—o povo está espiritualmente longe de Deus, por causa dos pecados. A resposta de Deus lida com os dois exílios—o físico e o espiritual (e mais importante!). Deus está dizendo para Daniel: “Daniel, o exílio na Babilônia vai acabar depois de 70 anos. Mas eu determinei 70 semanas para acabar com o exílio espiritual—para pagar pelos pecados e trazer justiça eterna para o meu povo. Continue confiando em mim”. Nos próximos versículos, Gabriel dá mais detalhes sobre esse período de 70 semanas. Ele divide esse período em 3 partes: [Gentry & Wellum, Kingdom through Covenant, p. 531s; Ollyot, Ouse Ser Firme, p. 152s] O primeiro período será de 7 semanas, o segundo de 62 semanas e o último período de 1 semana: 7, 62, 1. Crianças, vocês percebem por que vocês precisam continuar estudando matemática. Matemática é importante. 3 períodos: 7 + 62 + 1. O total é:70. 70 semanas. PRIMEIRO PERÍODO: 7 SEMANAS O primeiro período começa com a ordem para restaurar Jerusalém. [25] Saiba e entenda isto: desde que foi dada a ordem para restaurar e para edificar Jerusalém até a vinda do Ungido, o Príncipe, haverá sete semanas e sessenta e duas semanas. As ruas e as muralhas serão reconstruídas, mas será um tempo de muita angústia. Nessa última frase, Gabriel está claramente falando do tempo em que Esdras e Neemias voltaram para Jerusalém para reconstruir as muralhas e o templo. Essa parte da profecia já se cumpriu. A Bíblia tem dois livros chamados “Esdras e Neemias” que narram em detalhes a reconstrução das muralhas e o do Templo em Jerusalém e a enorme oposição que o povo teve que enfrentar. Foi “um tempo de muita angústia”. SEGUNDO PERÍODO: 62 SEMANAS O segundo período é o tempo de 62 semanas. Gabriel não dá detalhes doque vai acontecer durante esse período. É um período mais longo que o primeiro (62 semanas é maior que 7 semanas), mas ele não fala de nenhum evento específico durante essas 62 semanas. Existe uma razão para isso. Esse segundo período de 62 semanas termina com o evento mais importante da história: a vinda do Ungido. [25] Saiba e entenda isto: desde que foi dada a ordem para restaurar e para edificar Jerusalém até a vinda do Ungido, o Príncipe, haverá sete semanas e sessenta e duas semanas. A palavra Ungido é a mesma palavra para “Cristo”. A chegada do Ungido—de Cristo—vai acontecer depois desses dois períodos. Resumo: no primeiro período, de 7 semanas, Jerusalém será reconstruída. E depois de mais 62 semanas, vem o Ungido. A profecia está falando do Messias—o Rei prometido que iria salvar o povo de Deus. Os próximos versículos vão deixar ainda mais claro quem é esse Ungido. Até aqui, então, já se passaram 7 semanas mais 62 semanas, que dão 69 semanas. Só falta uma semana para completar o período das 70 semanas. TERCEIRO (E ÚLTIMO) PERÍODO: A ÚLTIMA SEMANA [26] Depois das sessenta e duas semanas, o Ungido será morto e não terá nada. Gabriel está claramente falando de Jesus. Ungido significa Cristo. Cristo, o Ungido, será morto. Isaías tinha profetizado que Cristo seria “cortado da terra dos viventes” (Isaías 53:8). E ele foi. Essa profecia se cumpriu 2 mil anos atrás, quando Jesus de Nazaré foi pregado naquela cruz romana e morreu—pelos nossos pecados, para expiar a nossa iniquidade, para nos dar justiça eterna. Olhe novamente para o versículo 26. O texto está dizendo que: [26] Depois das sessenta e duas semanas, o Ungido será morto e não terá nada. “Não terá nada” é uma tradução possível, mas aqui eu estou convencido que seria melhor traduzir como “o Ungido será morto, mas não por ele ”. A mensagem é: a morte do Messias não será pelos pecados dele, mas será pelos pecados do povo. Será uma morte substitutiva, uma morte “não por ele”, mas por nós. Isso casa com a profecia de Isaías 53 sobre o Salvador, quando Isaías diz que: [Ele] foi ferido por causa da transgressão do meu povo (Isaías 53:8). E que ele levará sobre ele mesmo as nossas iniquidades (Isaías 53:11). Deus revela mais eventos da última semana—a semana 70: [26] (...) O povo de um príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário. O seu fim virá como uma inundação. Até o fim haverá guerra, e desolações foram determinadas. Esse povo que irá destruir a cidade de Jerusalém e o santuário é o povo de Roma—o Império Romano. Essa profecia também já se cumpriu. No ano 70, o general romano Tito avançou contra Jerusalém e destruiu o templo. Colocou fogo em tudo e não ficou pedra sobre pedra, como Jesus também profetizou antes de ele morrer. Gabriel tem ainda 3 revelações sobre a última semana—a semana que nós estamos vivendo. 1. A ÍNÍCIO DE UMA ALIANÇA [27] Ele fará firme aliança com muitos, por uma semana. Muitas pessoas entendem que esse versículo está falando do Anticristo que fará aliança com muitos judeus antes da volta de Cristo. Faz mais sentido entender esse texto como a aliança que Jesus fez conosco. Na Ceia, o Senhor Jesus disse: Mateus 26:28—Isto é o meu sangue, o sangue da aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados. Jesus fez uma firme aliança com muitos. Ele fez essa aliança com o sangue dele. O versículo 26 e 27 estão falando da mesma semana—a última semana. É como se o versículo 27 desse mais detalhes do que ele já falou no versículo 26. A Bíblia faz muito isso. Primeiro ele fala de uma maneira mais geral, e depois fala do mesmo evento, mas sendo ainda mais específico. A Bíblia começa assim: Gênesis 1 fala de toda a criação, e Gênesis 2 volta e dá mais detalhes sobre a criação do homem e da mulher. Aqui em Daniel 9 está acontecendo a mesma coisa. No versículo 26, Gabriel disse que o Ungido seria morto. Agora ele está voltando para dar mais informações sobre o que a morte do Ungido irá conquistar: uma aliança com muitos. Uma confirmação dessa interpretação vem quando nós trazemos novamente a profecia de Isaías 53 para nos ajudar. Duas vezes, Isaías usa a palavra “muitos” no contexto da morte do Messias pagando pelos nossos pecados. O meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si... [Ele] levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu (Isaías 53:11-12). Jesus fez firme aliança com muitos . É só nós olharmos para a história da igreja. Alguns desses muitos estão aqui na IBJM e muitos mais espalhados pelas tribos, línguas, povos e nações desse mundo. E Jesus tem poder para salvar ainda muitos . E é por isso que nós precisamos evangelizar nossos vizinhos e nossos parentes e colegas de trabalho. É por isso que nós precisamos enviar missionários pelo Brasil e pelo mundo. Jesus já comprou muitos. Ele vai trazer as ovelhas dele para o céu. Nosso papel é chamá-los para crer no Ungido que morreu e ressuscitou e vai voltar. Nosso papel e nosso privilégio. Além do início de uma nova aliança, Gabriel revela o fim da antiga aliança. 2. O FIM DOS SACRIFÍCIOS Continuação do v.[27] (...) Na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de cereais. Ou seja, durante essa última semana, na metade da semana, o sacrifício e as ofertas vão acabar. E acabaram mesmo. Primeiro, porque o templo de Jerusalém foi destruído. Mas segundo e mais importante, porque o sacrifício de Jesus colocou um fim em todo o sistema de sacrifícios do Antigo Testamento—porque ele é o Cordeiro de Deus para o qual todos os outros cordeiros apontavam. Os bilhões de litros de sangue que foram derramados apontavam para ele. Jesus ungiu o Santo dos santos. Não com óleo, mas com sangue dele. Ele nos deu acesso a presença de Deus. Não reconstruindo o templo, mas rasgando o véu. A última revelação do anjo Gabriel sobre os últimos dias mantém o espírito das profecias do livro de Daniel. 3. A VINDA E A DESTRUIÇÃO DO ANTICRISTO [27] (...) Sobre a asa das abominações virá aquele que causa desolação, até que a destruição, que está determinada, seja derramada sobre ele. O Anticristo virá para destruir o povo. Mas vai chegar o dia em que ele será destruído. A destruição determinada será derramada. Essa interpretação casa com o restante da Bíblia. A vinda de Jesus inaugura a última semana, os últimos dias, os últimos tempos. O que nós podemos esperar agora são guerra e desolação do lado do mal. O que nós também podemos esperar agora é paz e salvação do lado do bem—do lado do Ungido (Cristo) que morreu e ressuscitou e continua fazendo uma firma aliança com muitos e salvando pessoas de todas as nações. O que nós podemos esperar também desses últimos dias é que nenhuma palavra do Senhor deixará de ser cumprida. Tudo o que Deus diz que vai acontecer, acontece. É por isso que você tem todas das razões do mundo para perseverar e continuar esperando a volta do seu Rei. Deus profetizou que ele nasceria em Belém, e a profecia se cumpriu. Deus profetizou que ele entraria em Jerusalém em um jumentinho, e a profecia se cumpriu. Deus profetizou que ele seria morto no madeiro, e a profecia se cumpriu. Deus profetizou que ele ressuscitaria no terceiro dia, e a profecia se cumpriu. E por isso também, povo de Deus, nenhum detalhe da profecia das setenta semanas deixará de se cumprir. SETENTA SEMANAS, DE ANOS Agora, ouça isso: eu disse que, quando Daniel recebeu a profecia das 70 semanas, ou 70 setes, ele deve ter entendido de forma simbólica. O número 7 carrega o símbolo de plenitude, de completo. Quando Daniel recebeu essa profecia, não estava explicitamente claro se as semanas deveriam ser entendidas como um símbolo de período de tempo ou se deveria ser entendido de forma mais literal. Mas conforme o tempo avançou e Jesus veio inaugurar a nova aliança, nós ganhamos mais clareza para interpretar essa profecia. Assim como nós temos mais clareza para ler o Antigo Testamento com o Novo Testamento já revelado a nós. Quando Jesus vem, é como se os raios da glória dele iluminassem os textos do Antigo Testamento e, o que antes já estava lá e não dava para ver, agora fica mais aparente. Por que eu estou falando tudo isso? Porque eu entendo que nós podemos, hoje, olhar para a profecia das 70 semanas e ver mais claramente que Deus estava falando também de 70 semanas de anos—ou 70 períodos de 7 anos, literalmente. Ouça isso: em 458 AC, um rei persa chamado Artaxerxes deu uma ordem para restaurar Jerusalém, como no versículo 25—“dada a ordem para restaurar e edificar Jerusalém”. A profecia fala que essa restauração levaria 7 semanas, ou 7 x 7 anos, o que dá 49 anos. Sabe quanto tempo levou para a restauração de Jerusalém—desde a ordem dada por Artaxerxes até as muralhes serem completadas? 49 anos. Depois disso, a profecia fala de um segundo período de 62 semanas, quando apareceria o Ungido, Cristo. Muito bem, 62 semanas de anos (62 x 7 anos) dá um total de 434 anos. Sabe onde essa data cai? 434 anos depois das muralhas de Jerusalém reconstruídas cai no ano de 27 DC. Sabe quem foi batizado e começou seu ministério público nesse ano? Jesus de Nazaré, o Ungido. A profecia das 70 semanas diz ainda que na metade dessa última semana, na metade de 7 anos—ou seja, depois de 3 anos e meio, o Ungido seria morto para fazer aliança com muitos. Você sabe depois de quanto tempo de ministério público o Senhor Jesus foi morto em uma cruz? 3 anos e meio, metade de 7 anos. É muito difícil imaginar que tudo isso foi coincidência. Faz muito mais sentido entender como providência. Faz muito mais sentido entender que existe um Deus que governa a história e o mundo e vai salvar o povo dele, como ele prometeu, do jeito que ele prometeu. Não estava claro na época de Daniel, mas olhando agora para trás, iluminados pelos raios da glória da vinda de Cristo, a profecia das 70 semanas é uma profecia de 70 semanas de anos, 70 x 7 anos, o que dá 490 anos. Se os 70 anos do exílio profetizados por Jeremias se cumpriram literalmente, faz sentido a profecia das 70 semanas de anos se cumprir literalmente também. CONCLUSÃO Povo de Deus, eu pergunto para vocês: nós não temos todas as razões do mundo para confiar no nosso Deus? O Deus soberano e fiel. O Deus que declara o futuro e cumpre o que ele prometeu. Deus acabou com a transgressão, como ele prometeu. Deus deu fim aos pecados e expiou a nossa iniquidade, como ele prometeu. Deus trouxe justiça eterna, ele selou a profecia e ele ungiu o Santo dos santos com o sangue da cruz do Ungido, o nosso Senhor Jesus. Nós estamos vivendo nos últimos dias, nos últimos tempos, na última semana. Quando Jesus voltou para o céu para assumir o trono dele: • Ele prometeu que ele voltaria entre as nuvens com grande poder e glória. • Ele prometeu enxugar todas as nossas lágrimas. • Ele prometeu que nós vamos reinar com ele por toda a eternidade. Ele vai cumprir. George Muller e Daniel são prova de que Deus ainda é fiel e ele ainda ouve orações. O que você faz, então, enquanto você espera Jesus voltar? Você ora. E você confia no Ungido que foi morto—não por ele, mas por você—e que ressuscitou e em breve voltará com poder e glória, para enxugar nossas lágrimas e reinar conosco. Igreja Batista Jardim Minesota Rua Clotildes Barbosa de Souza, 144 Jardim Santa Maria (Nova Veneza) 
 Sumaré - São Paulo

Daniel 9:20-27: A Profecia das Setenta Semanas

O que nós podemos esperar também desses últimos dias é que nenhuma palavra do Senhor deixará de ser cumprida.

Série: Domínio e Esperança 01 de dezembro de 2024 – IBJM Povo de Deus, vocês viram o que acabou de acontecer? Nós oramos. Nós fechamos nossos olhos, curvamos nossa cabeça e nós falamos com Deus! Nós acabamos de falar com o Criador do Universo, o Deus Todo-Poderoso, o nosso Pai. Que honra! Que glória! Que privilégio!   João Calvino disse que a oração é o principal  exercício da fé. Ele está dizendo que a principal maneira como você manifesta sua fé é orando. Charles Spurgeon disse que a oração não nos prepara para grandes obras. A oração É a maior obra.   E que obra! Ter comunhão com Deus.   Daniel é um exilado piedoso. Um exemplo para nós. E um dos segredos de Daniel—não tão segredo assim—era a vida de oração dele.   No capítulo 2, quando ninguém conseguia entender o sonho de Nabucodonosor e ele ameaçou matar todos os sábios, Daniel não se desesperou. Daniel orou. E Deus revelou o sonho do Rei da Babilônia.   No capítulo 6, quando o Rei da Pérsia, Dario, emitiu um decreto dizendo que quem orasse para um deus seria jogado na cova dos leão, Daniel preferiu morrer a parar de orar. E Deus salvou Daniel.   Agora, de novo, Daniel ora. Daniel 9 é uma das orações mais maravilhosas de toda a Bíblia. Que o Senhor use a Palavra dele agora para que nós sejamos uma igreja que ora.   Orar não é opcional para nós, povo de Deus. Orar é uma questão de sobrevivência no exílio—sobrevivência espiritual. Mas que honra! Que glória! Que privilégio é podermos falar com Deus em oração.   ORAÇÃO DE DANIEL E A RESPOSTA DE DEUS  Esse capítulo está dividido em 2 partes. Você pode perceber que, até o versículo 19, Daniel está orando. E do versículo 20 até o final nós temos a resposta de Deus à oração dele na forma de uma profecia. A profecia das 70 semanas. A profecia ficará para semana que vem, se Deus assim permitir.   Hoje nós vamos ouvir como Daniel fala com Deus e aprender a orar como um exilado. A oração dele mistura elementos de adoração, confissão e petição—pedidos a Deus. Mas existe uma razão por que essa oração é tão maravilhosa.   Ela é moldada por 3 tipos de conhecimento. Esses 3 tipos de conhecimento dão forma a oração que Deus ouve.   1.     NOSSA ORAÇÃO DEVE SER MOLDADA PELO CONHECIMENTO DA PALAVRA  Nós precisamos deixar a Bíblia definir—formatar, moldar—como nós oramos. Nós precisamos orar com a Bíblia aberta. Dobrar os joelhos é opcional. Curvar as cabeças é opcional. Fechar os olhos é opcional. O que é obrigatório em nossa orações durante o exílio—durante nossa vida nesse mundo—é orar com a Bíblia aberta.   Porque quando nós falamos com Deus, nós estamos respondendo ao que Deus já falou na Palavra dele. O que levou Daniel a orar desse jeito foi o que ele leu na Bíblia que ele tinha na época dele.   [1] No primeiro ano do reinado de Dario, filho de Assuero, da linhagem dos medos, que foi constituído rei sobre os caldeus, [2] no primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, entendi, pelos livros, que, de acordo com o que o SENHOR havia falado ao profeta Jeremias, a desolação de Jerusalém iria durar setenta anos.   O primeiro ano do reinado de Dario foi o ano de 538 AC. E Daniel tinha ido para o exílio no ano 605 AC, quase 70 anos atrás, quando Daniel tinha 14 anos. Isso significa que Daniel está com 80 anos de idade agora. Se Daniel fosse membro da IBJM, ele seria o nosso membro mais velho e com mais anos de caminhada com o Senhor.   E o que esse senhor de 80 anos, vivendo em um mundo pagão há tantos anos, com tanto sofrimento acumulado nas costas, está fazendo?   Ele está lendo a Bíblia! Ele está lendo os rolos do profeta Jeremias. Essa é uma parte essencial da nossa vida como exilados: suas orações e sua vida são moldadas pela Palavra—pela gloriosa e poderosa e infalível Palavra de Deus.   Daniel estava lendo duas passagens no livro de Jeremias. A primeira, no capítulo 25. Eu vou ler para vocês:   Toda esta terra virá a ser uma ruína, objeto de horror, e estas nações servirão o rei da Babilônia durante setenta anos. Acontecerá, porém, que, quando se cumprirem os setenta anos, castigarei o rei da Babilônia e aquela nação, a terra dos caldeus, por causa de sua iniquidade, diz o Senhor; farei deles ruínas perpétuas (Jeremias 25:11-12).   A segunda passagem que Daniel estava lendo está no capítulo 29. Foi a passagem que nós ouvimos antes no culto. Eu quero ler novamente com vocês. Abra em Jeremias 29 comigo, por favor.   Daniel tem o rolo do profeta Jeremias diante dele. Ele lê:   J eremias 29:[10] Assim diz o Senhor: “Logo que se cumprirem para a Babilônia setenta anos, atentarei para vocês e cumprirei a promessa que fiz a vocês, trazendo-os de volta a este lugar. [O exílio vai acabar e vocês vão voltar para a Terra Prometida] [11] Eu é que sei que pensamentos tenho a respeito de vocês”, diz o Senhor. “São pensamentos de paz e não de mal, para dar-lhes um futuro e uma esperança. [12] Então vocês me invocarão, se aproximarão de mim em oração, e eu os ouvirei. [13] Vocês me buscarão e me acharão quando me buscarem de todo o coração. [14] Serei achado por vocês”, diz o Senhor, “e farei com que mude a sorte de vocês. Eu os congregarei de todas as nações e de todos os lugares para onde os dispersei”, diz o Senhor, “e trarei vocês de volta ao lugar de onde os mandei para o exílio.”   Daniel lê Deus dizendo: “Eu quero o bem de vocês. Quando vocês me buscarem, vocês vão me encontrar. Eu vou castigar a Babilônia e eu vou trazer vocês de volta”.   E Daniel, então, ora a Bíblia de volta para Deus.   A promessa que Deus deu de que eles voltariam para casa faz Daniel pedir para eles voltarem para casa. Se Deus prometeu na Palavra, ele vai cumprir.   [3] Voltei o rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração e súplicas, com jejum, vestido de pano de saco e sentado na cinza. [4] Orei ao SENHOR, meu Deus, e fiz a seguinte confissão...   O que fez os joelhos de Daniel se dobrarem foi a Bíblia aberta. A mente de Daniel é cheia da Bíblia. Daniel resolveu viver não baseado no que o mundo em volta dele diz que é verdade. Daniel resolver viver baseado no que o Deus dele disse na Palavra.   E é assim que nós também devemos viver também.   Olha como Daniel interpreta o sofrimento dele no exílio também a partir da Palavra de Deus. Ele vai para Lei de Moisés, os 5 primeiros livros da Bíblia:   [11] Sim, todo o Israel transgrediu a tua lei e se desviou, deixando de ouvir a tua voz. Por isso, as maldições que estão escritas na Lei de Moisés, servo de Deus, e que foram confirmadas com juramento, se derramaram sobre nós, porque pecamos contra ti. [12] Ele confirmou a sua palavra, que falou contra nós e contra os nossos juízes que nos julgavam, e fez vir sobre nós um grande mal. Nunca antes, debaixo do céu, havia acontecido algo como o que aconteceu com Jerusalém! [13] Como está escrito na Lei de Moisés, todo este mal nos sobreveio. Mas mesmo assim não temos implorado o favor do Senhor, nosso Deus, para nos convertermos das nossas iniquidades e nos aplicarmos à tua verdade. [14] O Senhor tinha preparado esse mal e o fez cair sobre nós, pois o Senhor, nosso Deus, é justo em tudo o que faz, e nós não obedecemos à sua voz.   Daniel entende o que está acontecendo com ele como o resultado do pecado do povo de Israel. Eles estão no exílio, não porque Deus não tem poder para parar Nabucodonosor. Não porque os deuses das outras nações são mais fortes. Eles estão no exílio porque eles abandonaram o Senhor.   Mas como ele chegou a essa conclusão?   [13] Como está escrito na Lei de Moisés.   Olha a visão alta e grandiosa que ele tem da Bíblia. Ele chega a falar que ouvir a Bíblia é ouvir a voz do próprio Deus. Esse tipo de visão da Palavra de Deus afeta o nosso relacionamento com esse livro. Afeta o nosso relacionamento com o culto. Afeta o nosso relacionamento com a pregação. Afeta o nosso relacionamento com Deus. Afeta a nossa vida de oração.   IBJM, quando a Bíblia fala, Deus fala! O nosso Deus fala conosco através da Palavra dele. Que honra! Que glória! Que privilégio é ter a Palavra de Deus!   A Palavra de Deus molda o nosso coração, molda a nossa fé e o resultado é moldar as nossas orações.   Essa é uma lição simples e revolucionária: ore com a Bíblia aberta. Deixe a Bíblia moldar o que você fala com Deus—o que você pede para Deus.   Leia os Salmos e deixe os palavras de Davi serem as suas palavras para Deus. Leia Provérbios e deixe as palavras de Salomão serem as suas palavras para Deus. Leia a Bíblia transforme a sua leitura da Palavra de Deus em oração para Deus.   Abra o seu coração para Deus em oração com a Bíblia aberta.   Se você é uma pessoa normal, se você tentar orar de olhos fechados, sem a Bíblia, sozinho, rapidamente sua mente irá divagar e você vai se distrair com alguma coisa. Quando eu falo rapidamente, eu não estou dizendo depois de alguns minutos. Eu estou dizendo depois de alguns segundos. Essa é a minha experiência.   Nós precisamos de uma âncora para que nossa mente não saia vagando pelos mares da distração. Essa âncora existe. Ela se chama “Palavra de Deus”.   É possível você passar por esse mundo mal com esperança, mesmo em meio às situações mais difíceis. Nossas orações devem ser moldadas pela Palavra de Deus.   Salmo 56, Davi orou:   Quando eu ficar com medo, hei de confiar em ti. Em Deus, cuja palavra eu exalto, neste Deus ponho a minha confiança e nada temerei. Que me pode fazer um mortal? (Salmos 56:3-4).   Um homem de oração é um homem da Palavra. Uma mulher de oração é uma mulher da Palavra.   Ore com a Bíblia aberta. Como Daniel fez. E Deus ouve.   Os próximos dois tipos de conhecimento nos levam para direções opostas, mas eles são fundamentais para que nossas orações sejam alargadas e agradem a Deus.   Um conhecimento nos leva para baixo e o outro nos leva para o alto. Nós precisamos passar para o vale da sombra da morte para depois chegar no monte da transfiguração.   O próximo tipo de conhecimento que define a forma das nossas orações é o conhecimento do nosso pecado.   2.     NOSSA ORAÇÃO PRECISA SER MOLDADA PELO CONHECIMENTO DO PECADO Nós nos aproximamos de Deus reconhecendo nossa necessidade de perdão e confissão e arrependimento. Nós nos aproximamos de Deus em oração com um espírito quebrantado e contrito, e Deus diz que esse espírito, ele não despreza. Ele ouve. Daniel sabe disso. Olha como ele ora:   [4] Orei ao SENHOR, meu Deus, e fiz a seguinte confissão: — Ah! Senhor! Deus grande e temível, que guardas a aliança e a misericórdia para com os que te amam e guardam os teus mandamentos, [5] nós temos pecado e cometido iniquidades. Procedemos mal e fomos rebeldes, afastando-nos dos teus mandamentos e dos teus juízos. [6] Não demos ouvidos aos teus servos, os profetas, que em teu nome falaram aos nossos reis, aos nossos príncipes, aos nossos pais e a todo o povo da terra.   Agora ele se concentra na vergonha e na humilhação de terem se rebelado contra um Deus tão justo e bom:   [7] A ti, ó Senhor, pertence a justiça, mas a nós cabe o corar de vergonha, como hoje se vê, a saber, aos homens de Judá, aos moradores de Jerusalém, a todo o Israel, tanto os de perto como os de longe, em todas as terras para onde os expulsaste, por causa das transgressões que cometeram contra ti. [8] Ó Senhor, a nós pertence o corar de vergonha, aos nossos reis, aos nossos príncipes e aos nossos pais, porque temos pecado contra ti. [9] Ao Senhor, nosso Deus, pertence a misericórdia e o perdão, pois nos rebelamos contra ele [10] e não obedecemos à voz do Senhor, nosso Deus, para andarmos nas suas leis, que nos deu por meio dos seus servos, os profetas.   Um cristão feliz é um cristão que chora. Esse é mais um dos paradoxos da vida cristã. Existe uma alegria libertadora naqueles que choram pelo seu pecado e pelo pecado dos outros. Jesus disse no Sermão do Monte:   Bem-aventurados [abençoados!] os que choram, porque serão consolados (Mateus 5:4).   O conhecimento do nosso pecado deve moldar nossas orações—e nos fazer confessar mais e pedir mais perdão a Deus.   Nós acabamos de cantar:   O meu ser é vacilante, toma-o, prende-o com amor Para que eu a todo instante glorifique a ti, Senhor.   Esse conhecimento do nosso “ser vacilante”—de que nós somos tão facilmente atraídos pelo pecado—esse senso de fraqueza e insuficiência em nós mesmos e dependência do Senhor nos leva a orar de uma determinada forma.   Daniel era um homem piedoso. Um homem santo. E por isso, um homem que sabia que precisava da graça de Deus e do perdão dele. Para ele e para o povo dele.   Pouca confissão de pecado não é sinal de pouco pecado. Pouca confissão geralmente é sinal de pouco conhecimento do próprio pecado—o que deixa nossas orações mais pobres e nossa vida nesse mundo mais triste. A alegria do perdão só abraça aqueles que passam pelo vale do arrependimento e da confissão.   Mas nós não confessamos o pecado sem saber o que Deus irá fazer. Se nós olhamos para Cristo com fé—se você reconhece que o Filho de Deus foi morto no seu lugar porque você pecou contra Deus—então você sabe como Deus responde:   1 João 1:9—Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.   Deus responde aos “confessadores” de pecado com perdão e purificação. Que essa verdade nos leve a confessar mais.   Deus se agrada quando o pecado é confessado. E Deus é honrado. Confessar o pecado é reconhecer que Deus é santo e nós não. É reconhecer que existe alguém acima de nós a quem nós devemos toda a devoção e confiança e obediência.   O conhecimento do nosso pecado é fundamental. Esse conhecimento—esse reconhecimento—do nosso pecado cria em nós um espírito de contrição, de quebrantamento, de humilhação santa que molda a nossas orações com um formato que honra a Deus.   Mas tem um conhecimento ainda mais fundamental: é o conhecimento de Deus—de quem Deus é para nós em Cristo:   3.     NOSSA ORAÇÃO PRECISA SER MOLDADA PELO CONHECIMENTO DE DEUS Daniel ora desse jeito porque ele conhece a Deus. Conhecer a Deus muda as nossas orações. Conhecer a Deus muda tudo.   A oração de Daniel foi imersa—ela foi batizada—no mar dos atributos de Deus. As palavras de Daniel estão encharcadas do conhecimento de Deus—e isso explica a simplicidade e a beleza dessa oração.   O conhecimento de Deus está espalhado na oração inteira. Ele começa com a GRANDEZA de Deus:   [4] Orei ao SENHOR, meu Deus, e fiz a seguinte confissão: — Ah! Senhor! Deus grande e temível   Daniel reconhece que Deus é JUSTO.   [7] A ti, ó Senhor, pertence a justiça, mas a nós cabe o corar de vergonha... [14] O Senhor tinha preparado esse mal e o fez cair sobre nós, pois o Senhor, nosso Deus, é justo em tudo o que faz, e nós não obedecemos à sua voz.   Daniel, mesmo tendo sido tirado da casa dele em Jerusalém, mesmo sofrendo injustamente e sendo perseguido, não atribui culpa a Deus. Daniel sabe que é impossível Deus fazer alguma coisa errada porque ele é “justo em tudo o que faz”.   Que o Senhor nos ajude a responder da mesma forma. Que nossos lábios e nosso coração nunca atribua culpa a Deus. Nós atribuímos soberania e domínio e majestade a Deus. Mas não culpa. É impossível Deus fazer algo errado com a nossa vida e a nossa igreja porque ele é justo, santo e bom.   Mas existe ainda um atributo de Deus que é essencial para nos levar a orar—para nos aproximarmos de Deus para confessarmos os nossos pecados e pedirmos ajuda em nossas necessidades.   É A VERDADE GLORIOSA DE QUE ESSE DEUS GRANDE, TEMÍVEL E JUSTO É TAMBÉM UM DEUS MISERICORDIOSO E FIEL.   [4] (...) — Ah! Senhor! Deus grande e temível, que guardas a aliança [ele é fiel!] e a misericórdia para com os que te amam e guardam os teus mandamentos   Se Deus fosse um tirano poderoso que não tem a capacidade de se compadecer das nossas fraquezas, nós deveríamos ficar longe dele.   Mas esse não é o Deus da Bíblia. O Deus da Bíblia é um Deus de misericórdia. E de fidelidade. É por isso que nós oramos e pedimos perdão.   O Deus que governa o Universo com poder é o mesmo Deus que governa a nossa vida com misericórdia. O Deus que sustenta o mundo com braço forte é o mesmo Deus que sustenta nossa vida com braço compassivo.   Existe uma estranha inclinação da nossa carne de nos afastarmos de Deus quando nós pecamos. Parte se explica por causa da nossa vergonha. O pecado traz vergonha.   Mas nos afastarmos do Senhor nunca é a direção certa. Nunca. A direção certa, sempre, é em direção a Deus, em direção a Cristo e em direção a cruz. Para onde iremos? Só o Senhor tem as palavras de vida eterna.   Quando o peso do pecado nos esmagar, nós fazemos o que Daniel fez. Nós vamos até o Senhor com nossa culpa e nossa vergonha e nos humilhamos e pedimos perdão.   [8] Ó Senhor, a nós pertence o corar de vergonha, aos nossos reis, aos nossos príncipes e aos nossos pais, porque temos pecado contra ti. [9] Ao Senhor, nosso Deus, pertence a misericórdia e o perdão, pois nos rebelamos contra ele.   O maior incentivo para a nossa confissão para Deus é a própria compaixão de Deus. Como nós sabemos que ele é misericordioso, isso nos faz confessar com fé. Nós confessamos com tristeza, por termos pecado contra um Deus tão bom. E nós confessamos com confiança, por termos um Deus tão pronto para perdoar.   Provérbios 28:13—Quem encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e abandona alcançará misericórdia.   REVERÊNCIA E INTIMIDADE Esse conhecimento que Daniel tem de Deus leva ele a orar. Deus é tanto um Deus GRANDE, TEMÍVEL, SANTO E JUSTO—existe uma distância entre Deus e nós, como é também um DEUS FIEL, MISERICORDIOSO, CHEIO DA GRAÇA—existe uma proximidade com conosco. Distância e Proximidade.   Não foi exatamente como Jesus nos ensinou a orar:   “Pai Nosso, que estás nos céus” (Mateus 6:9) .   Deus está nos céus. Ele está acima de tudo e de todos aqui na terra. Ele é grande e temível. E justo. E santo. Mas ele é também o “Pai Nosso”. Deus é o nosso Pai.   Se você olha para Deus como o Soberano Rei do Universo, mas também como o seu Pai, cheio de misericórdia e que ama você, suas orações mudam. Sua vida muda.   Sim, nós precisamos do conhecimento do nosso pecado. Porque é o conhecimento do nosso pecado que nós leva a confissão, ao arrependimento e, mais importante: que nos leva a Cristo. Mas uma vez que você está em Cristo, unido a ele pela fé, agora o Des Soberano e Rei do Universo se tornou o seu Pai.   Eu não lembro muita coisa da minha infância, mas eu tenho algumas lembranças do meu relacionamento com o meu pai. Eu cresci com o meu pai sendo o meu herói. Até uma certa idade, eu não tinha nenhuma dúvida que o meu pai era o homem mais forte, mais sábio e mais amoroso do mundo. Eu tinha uma sensação de segurança só de ficar perto dele. Eu carregava um senso de admiração por aquele homem.   Eu ainda admiro muito o meu pai. Ele continua sendo exemplo para mim. Mas conforme eu fui amadurecendo e conhecendo mais sobre a vida, sobre esse mundo e sobre o meu pai, eu entendi que ele também tinha limitações, como todos nós temos.   Talvez você não tenha tido um pai que fosse um exemplo para você. Mas por causa da sua fé em Cristo, você agora tem um Pai perfeitamente bom.   No nosso relacionamento com Deus, com o nosso Pai Celeste, quanto mais o tempo passa e mais o nosso conhecimento de Deus aumenta, mas nós percebemos que ele não tem nenhuma limitação. Nosso senso de segurança e admiração não para de crescer.   Um homem chamado Michael Reeves escreveu um livro maravilhoso chamado “Deleitando-se na Oração”. Ele fez um comentário simples e revolucionário para as nossas orações:   Quando você pensa em oração como uma atividade abstrata, uma “coisa a fazer”, a tendência será você focar na oração como uma atividade—o que faz ela ficar chata. Em vez disso, foque naquele para quem você está orando. [Deus!] Lembrar-se diante de quem você orando é uma grande ajuda contra distração, e muda a oração [Reeves, Enjoy Your Prayer Life, p. 30].   Se, em vez de nós vermos a oração como uma tarefa que precisa ser feita, nós entendermos a oração como falar com o meu Pai, que me ama e quer me ouvir e me ajudar, nossas orações mudam. Nossa disposição para orar muda.   A oração se torna um relacionamento com a pessoa mais forte, mais sábia e mais amorosa do mundo. Conhecer a Deus molda nossas orações—aumenta nossa vontade de orar, nossa alegria para orar, e aumenta nossa fé no Deus que ouve orações.   UM PEDIDO POR GLÓRIA E GRAÇA Na parte final da oração, Daniel faz uma transição da confissão dos pecados para pedir para Deus perdoar e agir e tirar seu povo do exílio e levá-los de volta para a casa—Israel.   Daniel leu na Palavra que eles estão no exílio por causa dos pecados deles. Ele leu também que o exílio duraria 70 anos, e depois Deus traria o seu povo de volta se eles buscassem o Senhor. Então, Daniel busca o Senhor em oração.   Repare que Daniel coloca esses 3 tipos de conhecimentos—da Palavra, do pecado e do Pai (de quem Deus é)—e mistura esses conhecimentos no caldeirão do coração dele. O que sai é um clamor cheio de fervor e com aroma da glória de Deus.   [17] E agora, ó nosso Deus, ouve a oração e as súplicas do teu servo. Por amor do Senhor, faze resplandecer o teu rosto sobre o teu santuário, que está abandonado. [18] Inclina, ó Deus meu, os ouvidos e ouve! Abre os olhos e olha para a nossa desolação e para a cidade que é chamada pelo teu nome! Lançamos as nossas súplicas diante de ti não porque confiamos em nossas justiças, mas porque confiamos em tuas muitas misericórdias.   O conhecimento que Daniel tem de quem Deus é faz ele orar com fé e fervor:   [19] Ó Senhor, ouve! Ó Senhor, perdoa! Ó Senhor, atende-nos e age! Não te demores, por amor de ti mesmo, ó meu Deus, porque a tua cidade e o teu povo são chamados pelo teu nome.   Daniel ora por perdão. Daniel por salvação. Mas olha a motivação que Daniel!   Versículo 17: “Senhor, ouve as minhas súplicas ‘por amor do Senhor’”–pelo amor que o Senhor tem pela sua própria glória.   Daniel está pedindo: “Deus, nos leva de volta para Jerusalém e reconstrói o templo que foi abandonado para que o mundo veja que o Senhor tem poder para nos salvar, para que o mundo veja que o Senhor tem misericórdia para nos perdoar. Mostra a glória do teu poder e da tua graça.   A motivação de Daniel não é o conforto pessoal. Não é porque é mais fácil viver na casa dele em Jerusalém do que viver na corte do Império da Babilônia. Mas o que deixa o coração de Daniel mais angustiado é não ver o nome de Deus glorificado.   Nós podemos e devemos orar pelo pão nosso de cada dia, por uma situação financeira digna, por uma saúde melhor, por relacionamentos com mais paz e menos conflito. Mas que a nossa motivação em ver Deus agindo seja, principalmente, o nome dele, a glória dele. Que o nosso maior desejo em ver Deus respondendo seja ver Deus sendo adorado.   Que o nosso desejo seja que as pessoas vejam o que Deus está fazendo—curando, salvando, sustentando—e que ele seja reconhecido como Deus. Esse é um conhecimento e um desejo que precisa moldar nossas orações durante o exílio nesse mundo.   NOSSO INTERCESSOR Daniel funciona como um exemplo de exilado para nós. Um exemplo a ser seguido. Nós devemos orar como Daniel orava.   Mas Daniel é mais do que um exemplo. Daniel é também uma sombra. O papel que Daniel tem no povo de Israel é uma sombra do papel que Jesus tem para nós.   Essa oração de Daniel é uma oração de confissão. É uma oração de pedido de salvação. Mas é também uma oração de intercessão. Daniel está intercedendo em favor do povo de Israel.   Daniel se identifica com o povo de Deus como se ele mesmo tivesse cometido todos os pecados que o povo cometeu.   [5] nós temos pecado e cometido iniquidades. Procedemos mal e fomos rebeldes, afastando-nos dos teus mandamentos e dos teus juízos.   No versículo 8 ele fala que o corar de vergonha pertence a ele. Ele está assumindo a vergonha do povo, mesmo ele não tendo pecado como o povo pecou.   Antes de entrar na intercessão dele, olha a última coisa que ele faz no:   [14] O Senhor tinha preparado esse mal e o fez cair sobre nós, pois o Senhor, nosso Deus, é justo em tudo o que faz, e nós não obedecemos à sua voz.   NÓS não obedecemos à sua voz? Daniel obedecia. Daniel não rejeitou a Palavra de Deus como o povo rejeitou. Ele não prestou culto a falsos deuses. Ele vivia pela fé.   Mas Daniel se vê como um homem inseparável do seu próprio povo, mesmo que ele não tenha cometido os pecados deles. Ele se vê unido ao seu povo de uma maneira em que os pecados do povo são os pecados que ele assume como dele.   Você percebe o formato da sombra que Daniel tem. A sombra de Daniel tem o formato da Pessoa de Cristo.   A diferença—a enorme diferença é que—apesar de ser um homem piedoso, Daniel era um pecador também. Daniel também tinha pecados a serem confessados. Mas Jesus não. Jesus nunca fez uma oração de confissão pelos próprios pecados porque ele nunca pecou.   Mas apesar de Jesus ser o grande e temível Deus, justo e santo, Jesus é também o nosso sacerdote. E como Daniel, Jesus intercede por nós junto a Deus. E o escândalo da graça e do amor de Deus é que Jesus—o grande e temível Deus—também escolheu se identificar conosco—um povo pecador—para nos salvar.   Jesus se vê tão unido a nós que os nossos pecados foram considerados os pecados dele.   2Coríntios 5:21—Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós, para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.   Jesus intercedeu por nós com palavras e com o sangue dele. E Deus respondeu com salvação.   Povo de Deus, com um sacerdote assim, como Jesus, você pode orar com confiança. Nossos pecados nos separam de Deus. Mas quando Jesus se uniu a nós em uma aliança de amor e morreu a morte que nós merecíamos naquela cruz, ele nos deu o direito de sermos chamados filhos de Deus e entrarmos na sala do trono de Deus.   CONCLUSÃO Ore com a Palavra de Deus aberta e ore as promessas de Deus. Ore reconhecendo seu pecado e pedindo perdão. E nós temos tanto pecado para confessar. Nossa montanha de pecados chega até o céu. Mas ore olhando para o Deus que é grande, temível, justo, mas também misericordioso e fiel. O Deus que, por causa de Cristo, lança nossa montanha de pecados no fundo do mar e nos perdoa.   Que glória! Que honra! Que privilégio o Senhor Jesus comprou para nós com o sangue dele: termos comunhão com Deus. Uma comunhão que nós já temos aqui toda a vez que nós oramos em nome de Jesus. Amém. Igreja Batista Jardim Minesota Rua Clotildes Barbosa de Souza, 144 Jardim Santa Maria (Nova Veneza) 
 Sumaré - São Paulo

Daniel 9:1-19: A Oração de Daniel

Daniel é um exilado piedoso. Um exemplo para nós. E um dos segredos de Daniel—não tão segredo assim—era a vida de oração dele.

bottom of page